História Percy Jackson o Guerreiro Sem Limites - Capítulo 173

POV: Perseus Heitor Jackson.

Depois de ter que explicar toda minha estranha situação com Emuna, nosso relacionamento atípico, Clarisse quis saber os mínimos detalhes, desde como e quando nos conhecemos, até os momentos atuais, nos mínimos detalhes. Clarisse sempre foi uma semideusa bastante desconfiada de tudo, sempre em alerta, sempre pronta para combate, afinal de contas, ela era filha do deus da Guerra. Depois de conseguir explicar finalmente o meu relacionamento para Clarisse, Drew acordou de seu sono também, tendo que também explicar para Drew minha situação, novamente, mas a Drew era mais tranquila e menos desconfiada, apenas um rápido resumo de Emuna, restou para ela deixar-me continuar com os detalhes do desaparecimento delas.

---Agora que finalmente explicamos toda nossa situação. ---Disse animado, olhando para as minhas duas amigas. Após Drew ter acordado, Clarisse levantou-se de sua maca e sentou a beirada da maca da Drew, sorrindo feliz pela sua namorada ter acordado bem.

---Ainda não consigo acreditar que tudo isso aconteceu, em tão pouco tempo, mas sendo você que está me falando, eu não duvido. ---Disse Drew seriamente, enquanto me encarava sorrindo.

---Mas o que eu quero saber mesmo é mais detalhes da guerra no mar, Emuna, por favor. ---Pediu Clarisse animada, era obvio que isso iria acontecer, Clarisse era simplesmente maluca por fatos de guerra, se colocássemos eu contra ela em uma disputa sobre esse tema, duvido muito que eu pudesse ganhar da Clarisse, mesmo com a minha memória eidética. Agora, caso não saiba do que estou falando, memória Eidética, também, popularmente conhecida como Memória fotográfica, é a capacidade de se lembrar de coisas vistas, ou mesmo ouvidas, ao percorrer de uma vida, mas não era uma simples memória, e sim ter acesso a suas memórias com um nível de detalhe perfeito, Eidética vêm do grego εἶδος ('eidos'), significa 'visto', e atualmente é usado para descrever algo marcado por ou envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vívidas, especialmente as visuais. ---Quero saber mais sobre o que o Percy fez lá embaixo.

---Confesso que também estou curiosa. ---Concordou Drew. Eu estava prestes a começar contar, mas Clarisse começou a dizer antes de mim.

---Mas eu quero que a Emuna conte, com o máximo de detalhes possível, quero desfrutar dos detalhes. ---Pediu Clarisse, me interrompendo.

---Certo, Percy como sempre omitiria seus grandes feitos, sua humildade as vezes é bastante irritante, não é? ---Perguntou Emuna sorrindo, Clarisse e Drew assentiram prontamente aqueles insultos.

---Ótimo, todo mundo adora pegar no meu pé. ---Disse desanimado, fazendo-as rir ainda mais, porém, eu estava tão feliz em poder finalmente ter salvo minhas amigas, que nada poderia me desanimar nesse momento, mesmo o pequeno bullying que estava sofrendo. Desta forma, Emuna começou a explicar como fora a guerra no mar, desta forma ela contou como o poderoso General Perseus, derrotou e destruiu diversos e poderosos monstros na guerra, como fui apelidado pelos monstros de Exterminador, de todos os monstros que tiveram suas vidas exterminadas pelo fio de minha espada, Tritões, Thalassomedons ,Kelpies, Leviatãs, Basiliscos, as Bake-kujira, Akkorokamui, Carcinos, e por fim, o meu maior e mais apavorante monstro que derrotei, a gigantesca Hafgufa.

---Percy percebeu que não poderia derrotar aquela monstruosidade com ataques comuns, por mais habilidoso e poderoso que ele fosse, a criatura além de ter o tamanho de uma ilha, ainda tinha fatores de curas surreais. ---Emuna era realmente muito boa em contar histórias, até eu, que vivenciei aquele momento, estava fascinado e preso a sua história, a forma que ela contava era extremamente cativante. ---Então Percy teve uma ideia genial, já que seus mais poderosos ataques, mas pareciam como uma picada de um inseto, ele era apenas mais um parasita, então, ele percebeu que seu tamanho não era sua fraqueza, mas sim, sua maior vantagem.

---Incrível. ---Disse Clarisse fascinada com a história.

---Com essa brilhante ideia em mente. ---Disse Emuna sorrindo. ---Ele não hesitou, nadou rapidamente, disparando feito um torpedo para dentro da criatura, literalmente sendo engolido por ela.

---Não acredito, você realmente fez isso? ---Perguntou Drew incrédula, enquanto me olhava com um misto de admiração, nojo e dúvida.

---Sim, eu fiz, e realmente foi a segunda experiencia mais nojenta que tive em toda minha vida. ---Disse fazendo uma careta, lembrando as duas vezes que estive dentro de um monstro, em primeiro lugar foi dentro da Píton, era tão apertado, viscoso e nojento de tantas formas. Já Hafgufa, apesar de também ter sido extremamente nojento, eu tinha muito mais espaço para me locomover, podia ficar em pé, não me rastejando em meio a líquidos nojentos e viscosos como aconteceu com a Píton, mas com toda certeza não poderia escolher qual dos dois monstros era mais fétido por dentro.

---Continua, continua. ---Pediu Clarisse sorrindo animada, em continuar ouvindo minhas aventuras.

---Então, uma vez lá dentro, Percy começou a procurar um órgão vital, cérebro, coração, pulmão, qualquer órgão que fosse essencial para Hafgufa, então, não demorou e finalmente ele encontrou o coração do monstro colossal, ele era tão grande quanto um elefante, pulsava alto, fazendo todo o corpo da besta tremer, Percy podia sentir abaixo de seus pês, sem pestanejar, Percy atacou o coração da besta com um Tridente Supremo. ---Emuna contava animadamente, ela estava se divertindo contando a história para as duas garotas. ---BOOM... ---Ela fez um barulho de explosão, dando mais realidade a sua história. ---Tudo começou a rodar, fazendo o Percy ir de um lado para o outro, ele sentia que estava preso dentro de um liquidificador, sangue verde e pó dourado eram tudo que o Percy podia ver, Hafgufa, a besta colossal, finalmente havia sido destruída, pelas mãos do Percy e sua coragem.

---Incrível demais. ---Disse Drew animada.

---Muito mais que só incrível. ---Emendou Clarisse extasiada com a história.

---Infelizmente, Atena e Roda não pensaram o mesmo que vocês, e literalmente mandaram me prender. ---Disse rindo, lembrando de como minha avó e Roda agiram depois da minha luta com Hafgufa.

---Não é pra menos, você agiu de uma forma insanamente irresponsável. ---Criticou Drew, meio que me repreendendo.

---Entrar dentro de um monstro, e atacar órgãos vitais, você com certeza é o melhor. ---Disse Clarisse animada, em reposta, ela levou um belo tapa em sua cocha, dada por sua namorada irritada.

---Não fica incentivando, ou terá problemas com Hera. ---Brigou Drew, eu ri, apesar de que sabia que ela tinha razão, Hera realmente não gostou nada do meu ataque parasita suicida, falou um monte, fiquei até surdo de tanto ouvir na mensagem de Íris que recebi e íris sendo uma das cervas de minha mãe, com toda certeza as mensagens pra minha mãe não tinha tempo limite, então, Hera falava o quanto queria, ela ficou horas me repreendendo, quase que ela veio pro mar.

---Já falamos demais sobre mim. ---Disse seriamente, tentando mudar rapidamente de assunto, mesmo que estivesse mesmo querendo saber sobre o que aconteceu com as meninas nesses longos meses desaparecidas, eu queria mesmo é não ter que falar mais na guerra do mar, sobre Ligea, ou aquele maldito do Fórcis, tenho certeza se Clarisse soubesse que matei outro deus, iria querer ficar falando apenas dessa batalha, batalha essa que queria mesmo é esquecer que existiu. ---Eu quero saber mais sobre o que aconteceu com vocês, onde estiveram todo esse tempo?

---Finalmente minha memória está voltando ao normal. ---Disse Clarisse, sua expressão era extremamente seria, aquela expressão de quem viu muita coisa e passou por muita coisa, das bem ruins. ---Fomos enviadas por Quíron a uma missão simples, sem grande importância e com uma dificuldade mínima, acho que nem podia ser considerado uma, uma recém chegada, uma garota de 11 anos, indeterminada, informou a Quíron ter avistado um símbolo antiga, uma letra do alfabeto Grego, um antigo Delta Grego, perto de sua casa em Phoenix, mas não era desenhado, ele brilhava, como se fosse feito de luz pura, a menina nos disse depois, mas quando Quíron ouviu aquela afirmação antes, ele ficou muito inquieto, imediatamente mandou chamar-nos, e ordenou a missão, mandou-nos averiguar, mas insistiu que não chegássemos muito perto, apenas olhar. ---Disse Clarisse seriamente, isso não fazia sentido, Quíron enviar dois semideuses do calibre de Clarisse e Drew a uma missão tão simples, como analisar um simples símbolo na parede, não fazia sentido, mandar elas apenas para isso, Clarisse, a conselheira de chalé de Ares, a Campista mais poderosa de Ares e uma das mais fortes do Acampamento, e a Drew, a semideusa mais poderosa de Afrodite, melhor guerreira entre seus irmãos e com o melhor charme na voz, ela só não é a conselheira, devido a Silena ser mais antiga no acampamento.

---Agora faz sentido. ---Murmurou Drew, ela realmente parecia assustada.

---Realmente. ---Disse Clarisse tristemente.

---Como assim, me explica melhor. ---Pedi para elas.

---Eu não escutei as recomendações de Quíron. ---Disse Clarisse tristemente. ---Não foi difícil encontrar o símbolo, eu devia ter ouvido a Drew. ---Os olhos de Clarisse começaram a se encher de lágrimas, ela fazia muita força para não começar chorar. ---Ela me alertou, mais de uma vez. ---Drew também parecia abalada e prestes a chorar, mesmo assim, ela segurou firmemente a mão de Clarisse e apertou firmemente. ---Eu devia ter ouvido os alertas que me deram, foi tudo minha culpa.

---Não diga isso... ---Drew começou a dizer, mas Clarisse já estava embalada e chorando.

---Se eu tivesse ouvido, não teríamos passado um inferno, esse maldito labirinto, maldito lugar, eu nunca, nunca mais quero voltar aquele maldito lugar, era escuro, não tínhamos lanternas, tivemos que improvisar tochas, mas sempre faltava combustível pro fogo, a fome, a sede, eram suportáveis, mas o escuro, era horrível, desumano. ---Clarisse falava com a voz embargada, cheia de medo. Clarisse sempre foi uma das pessoas mais corajosas que já conheci, mais do que isso, ela simplesmente amava estar em uma aventura, sempre amou, algo para abalar esse amor dela por aventuras, deve ser algo terrível, realmente assustador. As missões do acampamento normalmente trazem perigos, as vezes semideuses arriscam seus pescoços nelas, mas com toda certeza alguns adoram estar em missão, em especial os filhos de Ares, ainda mais Clarisse, nunca conheci um semideus mais insano por batalhas, lutas e aventuras. ---Se a Drew não estivesse comigo, eu não pudesse sentir o calor de seu corpo e o carinho em sua voz, tenho certeza que não teria sobrevivido.

---Deixa de bobagem, Clari. ---Disse Drew forçando um sorriso amoroso a sua namorada, muito embora, seu rosto estivesse molhado de lágrimas. ---Se não foste sua habilidade incrível de luta, jamais teríamos sobrevivido a tantos ataques e armadilhas, naquele maldito labirinto.

---Labirinto?  ---Indaguei confuso, vasculhei minha mente atrás de informações sobre o labirinto, o único que eu tinha algum conhecimento, claro, do antigo mundo grego, era o labirinto que fora construído por Dédalo, para o Rei Minos, dessa forma, o lugar ficou conhecido como o Labirinto de Creta, conheço uma ou duas histórias sobre o Labirinto de Dédalo, mas o Labirinto se encontra na antiga Grécia, porém, depois de todos esses anos de aventuras e experiencias com o mítico, até podia presumir que o labirinto foi transferido ao ocidente, acompanhando os deuses antigos, construções famosos dos tempos antigos, tais como o Olimpo que foi transferido ao Empire State, o submundo para Los Angeles e o Monte Ótris em São Francisco. Em todo caso, essa era a segunda vez que recentemente, me deparava com o nome de Dédalo e ficava ainda mais confuso.

---Sim, um maldito labirinto, sem fim, escuro. ---Disse Drew com a voz embargada, ela estava muito abalada mesmo com aquele lugar. ---Percy, o labirinto parecia ter vida própria, ele tentava nos matar, parece surreal demais pensar nisso, mas tenho convicção que aquilo tinha vida própria.

---Eu senti a mesma coisa, eu juro que quase podia ouvir as paredes sussurrando coisas, chamando-nos para a escuridão sem fim, mais fundo e mais fundo, era um destino pior que a morte. ---Disse Clarisse com a voz trêmula, eu percebi que se as forçassem a falar e lembrar do Labirinto, as coisas iriam ficar mais tensas, ainda estava muito recente, e além disso, eu podia ver que elas não tinham mais informações relevantes para me dizer. ---Mas o que quero saber é como você nos achou? Como eu estava em um tipo de sonho perfeito, está muito confuso, me explica isso? ---Pediu Clarisse, tentando mudar o assunto do Labirinto.

---Não foi fácil, nada fácil. ---Disse seriamente as encarando. ---Tentei diversas formas para poder encontra-las, esgotei quase todas as que podia no mundo mortal, tentei falar com Apolo e com os outros deuses, mas mesmo para eles, vocês haviam desaparecido completamente, eu sabia que estavam vivas, pedi para Lorde Hades ficar de olho, caso vocês chegassem ao reino dele, já que meu tio estava me devendo uma.

---Você cobrou um favor do rei dos mortos? Perguntou para Apolo e os outros deuses? Você fez tudo isso por nós? ---Perguntou Drew emocionada, deixando-me meio sem jeito.

---Não foi nada demais, na verdade, Hades não se importou muito. ---Disse sem jeito, com o olhar carinhoso, doce e de muita gratidão que ambas me davam, o que me deixava um pouco sem jeito. ---Enfim, depois de algum tempo, finalmente recebemos uma informação sobre o paradeiro de vocês.

---Vocês foram sequestradas por dois Gênios, ou também conhecidos como Jinn, são uma espécie muito poderosa de monstro. ---Explicou Emuna seriamente. ---Enquanto ao sonho, eles têm uma habilidade de colocar suas vítimas em um sono profundo, com uma toxina criada do próprio corpo deles, criar uma ilusão de vida perfeita na mente daquela pessoa, deixando-a completamente vulnerável e se alimentando de sua energia vital aos poucos.

---Assustador. ---Concluiu Clarisse.

---Muito. ---Concordou Drew.

---Finalmente consegui uma dica. ---Disse sorrindo, por um momento, eu quase quis falar de quem viera essa dica, porém, eu resolvi não prolongar a discussão, podia ver que elas estavam muito cansadas, além é claro de terem perdido muita energia vital, isso resulta em muito sono. ---Felizmente ela era verdadeira, e nós pudemos finalmente acha-las e resgata-las.

---Por Afrodite, eu não me lembro de nada disso. ---Disse Drew confusa.

---Muito menos eu. ---Concordou Clarisse.

---Muito bem, muito bem. ---Disse sorrindo o mais calorosamente que podia para elas. Achei melhor omitir que Laila ainda está viva e está no quarto ao lado, talvez Clarisse não fosse ficar tão calma, e até explicar que Laila é minha escrava e não poderia fazer nada contra elas, não estava afim de ter que explicar que escravizei um ser vivo. ---Está na hora de vocês terem seu merecido descanso, precisam descansar e recobrar as forças, para poderem voltar ao acampamento e suas vidas cotidianas.

---Eu até queria discutir sobre isso. ---Disse Drew sorrindo. ---Mas agora temos que respeitar as ordens do novo diretor do acampamento, não é? ---Disse ela voltando-se para Clarisse, que forçou um sorriso e limpou as lágrimas do rosto.

---Sim, temos um novo mandachuva no pedaço. ---Disse Clarisse entrando na brincadeira, dizendo isso, ela levantou-se da cama de Drew e foi deita-se na sua. ---Temos que obedecer às suas ordens.

---Sim, vocês têm mesmo. ---Disse entrando na brincadeira. ---Descansem bem, amanhã nós falamos melhor.

Depois de deixar Clarisse e Drew o mais confortável que podia, afinal de contas elas estavam basicamente em um quarto de hospital, sinceramente, não tem como deixar qualquer um confortável nessa situação, mas depois de tudo que elas passaram, de toda a energia perdida, duvido que tenham problemas para dormirem. Eu não podia deixar de pensar em Dédalo e o Labirinto, eu nunca ouvi falar de uma coisa assim, algo que colocasse medo no coração de duas semideusas tão corajosas como Clarisse e Drew, entretanto, o que mais me deixava intrigado, era a semelhança de Dédalo do meu sonho ao famoso Dédalo o inventor, a dúvida deles serem a mesma pessoa estava me corroendo. Outra coisa que também me deixou inquieto, foi Quíron ter mandado Clarisse e Drew naquela missão, Quíron tinha um receio que o Labirinto estava ligado ao símbolo que elas investigavam, talvez ele tenha mais informações sobre isso, afinal de contas, ele é mais velho que os deuses Olímpicos mais velhos, viveu muita coisa e viu muita coisa.

---Percy, você está muito cansado, talvez seja bom descansar. ---Disse Emuna chamando minha atenção. Por um momento, quase a esqueci, Emuna é uma criatura muito antiga, ainda mais antiga que Quíron, viu muita coisa do mundo, talvez ela saiba alguma informação sobre o Labirinto. ---Sim, eu sei de algumas coisas. ---Respondeu Emuna, como sempre, lendo a minha mente o tempo todo.

---Então, quer dizer o Labirinto que Drew e Clarisse estiveram é o mesmo em que mantinham o Minotauro, nos velhos tempos? ---Perguntei curioso.

---Exatamente. ---Disse Emuna.

---Então... ele não está mais debaixo do palácio do rei de Creta. ---Eu supus. ---O Labirinto está debaixo de algum prédio na América, talvez uma cidade?

---Debaixo de um prédio? Uma cidade? Não, Percy. ---Disse Emuna seriamente. ---O Labirinto é enorme, não iria caber debaixo do Estado Unidos, ele liga praticamente o mundo todo. ---Tentei pensar naquilo que ela estava me dizendo, era surreal demais, o Labirinto era maior que toda a extensão do USA, mais de 9.371.174 Km², era surreal imaginar algo do tipo.

---Como pode ser tão grande, ele chega fazer parte do mundo inferior? ---Perguntei curioso, estando no Olimpo, não tínhamos muitas informações sobre os reinos de Hades, então, tinha curiosidade de saber mais sobre isso.

---Não exatamente, o Mundo Inferior é muito, muito para baixo, o Labirinto está logo sob a superfície do mundo mortal, como se fosse uma segunda pele. dizem que existem passagens do labirinto que levam diretamente ao Mundo Inferior, ou mesmo para o Olimpo, para Atlântida no fundo mar, não tenho certeza, na vez que estive lá, não achamos nada disso.

---Você já esteve no labirinto?

---Estive, missões de reconhecimento das Súcubos, com o intuito de descobrir formas de usar o labirinto em nosso favor, porém, é quase impossível de navegar naquele maldito inferno de paredes sem fim. ---Disse Emuna angustiada, podia sentir, devido a nossa ligação, que mesmo Emuna não tinha boas memórias daquele maldito lugar. ---Res a lenda, que após a morte de Dédalo, o labirinto tem crescido por milhares de anos, atando sua forma debaixo das cidades mortais, conectando tudo pelo subterrâneo, mas o mito é que você pode ir pra qualquer lugar pelo Labirinto, muito mais rápido que pela superfície.

---Parece-me meio suicida tentar navegar por esse lugar. ---Conclui.

---Não se você tivesse o fio de Ariadne. ---Disse Emuna seriamente. ---Nos velhos tempos, o fio de Ariadne guiou teu irmão Teseu para fora do Labirinto, era um tipo de instrumento de navegação, inventado por Dédalo, claro que o fio está perdido, a milênios.

---Dédalo, sempre esse nome. ---Indaguei cansado, não só por ter tantas dúvidas, como por não conseguir um rumo para responde-las, será que Dédalo inventor é o mesmo que me veio no meu sonho, sendo filho de minha avó, aquilo me intrigava demais. Bocejei, o sono estava cobrando seu preço, depois de ter tido um dia cheio no acampamento, ter tido minha aventura como ator de filmes adultos e depois batalhar e usar muito de minhas habilidades mágicas e de cura, eu estava cansado, com muito sono.

---Vem, vamos tomar um banho e descansar. ---Disse Emuna segurando minha mão e me arrastando para os quartos, para poder dormir um pouco. ---Mesmo você tem que ter uma boa noite de sono, para recobrar suas forças.

Depois que tomei um demorado e relaxante banho e deitei em uma confortável e grande cama de casal, ao lado de Emuna, não demorou para o sono e o cansaço cobrar seu preço e rapidamente, eu estava dormindo, e como sempre, para o azar de um semideus como eu, o sonho não demorou a vir, em meu sonho eu me via parado em uma velha sala feita de massivas pedras, podia sentir o frio e até a escuridão que emanava desse lugar, cheirava a urina e fezes misturadas a lama com esterco animal, e para piorar tudo, eu via um garoto em uma túnica grega que um dia fora branca, mas agora estava mais parecendo marrom, de tanta sujeira, até havia algumas manchas de sangue seco, embora eu não visse ferimentos no garoto, ele também usava sandálias velhas e acabadas, ele estava agachado sozinho em um dos cantos dessa massiva sala de pedra, ele parecia um pouco doente, muito magro e bastante sujo, ele devia ter quase 1,60cm, acho que por volta dos 14 anos, talvez menos, seus cabelos eram longos e negros, caindo por seus ombros, ele tremia com o frio, eu olhei para cima e notei que o teto era aberto para o céu da noite, mas as paredes tinham mais de seis metros altura e eram de mármore polido, completamente suaves, praticamente impossível de serem escaladas. Espalhados ao redor do quarto havia caixotes de madeiras, alguns estavam quebrados e espalhados, como se tivessem sido jogados lá, também haviam ferramentas de bronze espalhadas, um compasso, uma serra, martelos, e várias outras coisas, que fariam quase todo tipo de trabalho, ainda mais na antiguidade, onde me parecia que essa memória vinha.

---Garoto, você está bem? Pode me ouvir. ---Para desencargo de consciência, tentei me comunicar com ele, porém, para confirmar a minha teoria, ele não podia me ouvir, afinal, isto devia mesmo ser uma memória do passado. O garoto se encostou ao canto, tremendo de frio ou medo, olhando-o mais de perto, ele parecia-me que fora jogado na lama e arrastado a força, suas pernas, braços e rosto foram arranhados como se ele tivesse sido arrastado com as caixas, mas nada muito grave que podia explicar a grande quantidade de sangue seco em sua roupa, o que me levava a crer que aquele sangue não era do garoto. Então a porta dupla de madeira atrás de mim, se abriu, com um rangido alto, me fazendo voltar atenção para ela, onde eu pude ver dois guardas grandes e fortes, vestidos com armaduras de bronze marcharam para dentro, segurando um velho entre eles, eles jogaram o velho no chão, golpeando uma pilha de caixotes velhos de madeira.

---Pai! ---Gritou o garoto, que correu para ele. Se eu já achava a situação do garoto preocupante, a do velho era duas vezes pior, na melhor das hipóteses, as roupas do homem estavam em farrapos, que nem ao menos sabia o que era e de qual cor um dia ela foi, ele estava extremamente magro, que onde as roupas esfarrapadas não cobriam, eu via perfeitamente suas costelas, seu cabelo que um dia fora amarelo, estava raiado de cinza em diversos pontos, e sua barba era longa e enrolada, e completamente cinza e coberta de sujeira, seu nariz fora quebrado, estava bastante torto, e saia bastante sangue, seus lábios estavam ensanguentados, com vários dentes faltando, além de haver várias outras marcas em seu corpo, agora entendi de onde viam as manchas de sangue na roupa do garoto. O garoto botou a cabeça do homem em suas pernas e acariciou com cuidado o rosto do pai. ---O que eles fizeram com o senhor? ---Perguntou o garoto tristemente, o velho homem abriu os olhos, me surpreendendo bastante, seu corpo e sua idade avançadas podiam aparentar que ele era um homem velho e perto da morte, porém, seus olhos não, eles brilhavam de poder, vontade, iguais aos olhos dela, aquele cinza tempestade poderoso e cheios de raiva, os mesmos olhos de Atena, com toda certeza. Aquilo me surpreendeu muito, nunca virá olhos como aqueles em pessoas normais, somente nos descendentes de minha avó, era meio que uma marca registrada da descendência divina da minha avó. ---Eu vou matar vocês! ---Berrou o garoto para os guardas, me surpreendendo, trazendo-me de volta a toda aquela terrível situação de pai e filho.

---Não haverá nenhuma morte hoje. ---Uma voz grave disse, vindo de trás dos guardas, os guardas se moveram para o lado, atrás deles estava um homem alto, cerca de 1.90cm, ele era musculoso e esguio, devia ter por volta dos 45 anos, estava vestindo uma túnica branca com detalhes em ouro puro, ele usava um pequeno círculo de ouro em sua cabeça, como uma coroa de louros, onde haviam cabelos negros, rajados de branco, sua barba era pontuda como a lâmina de uma lança, embora houvesse muitos fios brancos nela, seus olhos azuis elétricos, brilhavam cruéis. ---Você ajudou o ateniense a matar meu Minotauro, Dédalo. Você virou minha própria filha contra mim. ---Não há dúvida, este era Minos, ele foi um rei da ilha de Creta, muito embora, ele também foi um semideus, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa, teria nascido em cerca de 1.445 A.C. e reinado de 1.406 a.C. a 1 204 A.C. Há diversas variantes de seu mito, tendo em algumas dela a existência de dois Minos, além disso muitos estudiosos questionam a interessante semelhança entre o nome Minos e o nome de outros reis semi-lendários da Antiguidade como Menés do Egito, Mannus da Germânia, Manu da Índia, a civilização que prosperou em Creta, quando foi descoberta pelo arqueólogo Arthur Evans, recebeu a alcunha de minoica, em referência a Minos, dentro da hierarquia minoica, os reis recebiam o nome de Minos, o que os mortais acreditam que teria salientado, possivelmente, a origem de tal mito, mas as dúvidas dos mortais ainda continuam, no poema épico: A Divina Comédia, Minos aparece como um dos juízes do inferno sendo ele quem ouve as confissões dos mortos e designa-os a um círculo ou subcírculo específico de acordo com a falta relatada. Enfim, chega de falar das dúvidas dos mortais, claro que estás não existiam para nós, que tínhamos mais detalhes de como foi a história do Rei-semideus Minos, seu mito começa quando Zeus, que havia raptado Europa, filha de Agenor e Teléfassa, mais uma vez que o maldito hipócrita do Zeus, traiu minha doce mãe, o que me irrita profundamente. Todavia, Agenor saiu para procurar Europa, ordenando que seus outros filhos, que, depois de um tempo, acabaram desistindo da busca e fundaram vários reinos: Cadmo fundou Tebas, Fênix a Fenícia, Cílix a Cilícia e Tasos a cidade da ilha de Tasos. Zeus se transformou em um touro, e levou Europa até Creta, lá, Europa teve três filhos com Zeus: Minos, Sarpedão e Radamanto. Astério, rei de Creta, casou-se com Europa, e criou seus filhos, após a morte de Astério, houve uma rivalidade entre os filhos de Europa, pois estes haviam se apaixonado pelo mesmo homem, Mileto, filho de Apolo e Ária, filha de Cléoco. Por Mileto preferir Sarpedão, Minos entrou em guerra aberta contra ambos, o que causou a fuga destes para a Cária. Radamanto quando morreu tornou-se um dos três juízes do inferno, assim como Minos também. Minos fez as leis dos cretenses, e se casou com Pasífae, filha de Hélio e Perseis, no entanto, seus filhos foram Catreu, Deucalião, Glauco e Androgeu, e suas filhas foram Ácale, Xenódice, Ariadne e Fedra, além destes, ele teve filhos com a ninfa Paria, Eurimedonte, Nefálio, Crises e Filolau, e com Dexiteia ele teve o filho Euxâncio. Pasífae havia enfeitiçado Minos para que sempre que tentasse traí-la, bestas sairiam do corpo de seu marido e matariam sua amante; no entanto, Minos acabou por ter um caso com Prócris, filha de Erecteu e esposa de Céfalo, que antes já havia se prostituído para Pteleão, e havia fugido para Creta quando foi descoberta. Minos ofereceu a ela um cachorro veloz e um dardo que jamais errava o alvo e está, em troca, ofereceu a ele uma raiz que permitiria que fossem para cama com outras mulheres e que se anula a praga da esposa, Está que também aprontou com um touro, mas como todos já sabemos sobre isso, melhor não repetir. Androgeu havia vencido todas as provas dos jogos pantatênicos suscitando a inveja do rei Egeu, que acaba por mandar assassinar o príncipe. Minos invade então a Ática, mas não consegue tomar Atenas, dessa forma ele reza a Zeus para que este provoque peste e fome à cidade, desta forma, com a derrota do rei Egeu, Minos impôs um tributo de sete rapazes e sete moças que deviam ser sacrificados ao Minotauro anualmente. Depois, como todos conhecem, meu irmão Teseu, derrotou o Minotauro, com ajuda de Dédalo e Ariadne, dessa forma, o que estava vendo aqui, era a punição de Dédalo, por ter traído o rei Minos.

---Você fez isso, sua majestade. ---Sussurrou o homem, Dédalo. Vendo isso, vendo seus olhos, eu tinha mais convicção que o Dédalo filho de Atena e o que eu estava vendo diante meus olhos eram o mesmo, o Dédalo inventor é filho de Atena? Essa dúvida estava me corroendo. Um dos guarda deu um chute nas costelas do velho homem, fazendo ele gritar em agonia.

---Pare! ---O jovem gritou, se colocando entre eles, protegendo o pai com o corpo, nesse momento, eu vi algo que me tirou qualquer dúvida, uma pulseira de ouro, com um pingente em forma de coruja, com toda certeza era a mesa que minha mãe usou, a mesma que hoje eu carrego comigo, o dédalo do meu sonho, filho de Atena, que foi o primeiro filho de minha avó a receber a lança e o Dédalo inventor que construiu o labirinto e ajudou Teseu, realmente eram a mesma pessoa.

---Você ama tanto o seu Labirinto. ---Disse o rei Minos, chamando minha atenção e tirando-me dos meus pensamentos. ---Que eu decidi deixar você aqui, esta será sua oficina, faça-me novas maravilhas, surpreenda-me, todo Labirinto precisa de um monstro e você será o meu, filho de Atena! ---A cada palavra eu tinha mais certeza que estava certo, embora, o Dédalo do mito do inventor nunca foi ligado a Atena, e eu nunca vi ou li algo sobre um filho de Atena com este nome, isso só pode dizer uma coisa, Dédalo fez algo que desagradou minha avó, para ela riscar da história qualquer ligação dela com ele.

---Eu não tenho medo de você. ---O velho gemeu, o rei sorriu friamente. Ele botou os olhos no garoto.

---Mas um homem se preocupa com seu filho, hã? ---Ameaçou o velho rei Minos. ---Desagrade-me, velho, e na próxima vez que meus guardas infligirem uma punição, será nele! ---O rei saiu da sala com seus guardas, e as portas fecharam com uma batida, deixando o pai e o garoto sozinhos na escuridão.

---O que devemos fazer? ---O garoto lamentou. ---Pai, eles vão te matar se continuar dessa forma! ---Concluiu o garoto tristemente, o velho homem engoliu com dificuldade, ele tentou sorrir, mas era uma visão horrenda com sua boca sangrando e com dentes faltando.

---Fique calmo, meu filho. ---Ele olhou para as estrelas. ---E...eu vou achar um jeito, Atena não me abandonará nesse momento.