Na manhã seguinte da ligação de Dean, Bobby, sem se importar com o horário, após a noite em claro, muito preocupado com a ameaça de John nos arredores, apertou uma mão no cabo da espingarda em seu colo, e a outra ao redor do copo cheio de uísque, sobre a escrivaninha de sua biblioteca, que estava sem seus habituais livros, para dar lugar a garrafa do malte barato, e ao celular, depois de terminada sua conversa com Jody, a delegada local, uma amiga antiga, desde que Bobby a livrou do demônio que matou o filho dela. Bobby pediu ajuda para Sam, e assim, Jody se comprometeu o vigiar, junto de seus homens à clínica veterinária, e onde quer que Sam fosse no centro da cidade, já que o policiamento de centro da cidade era ostensivo, e ficaria fácil reforçar a vigilância naqueles pontos, sem ninguém perceber o objetivo real, nem mesmo John.
Sam sempre soube da implicância de John contra ele, mas nada que o fizesse cogitar a crueldade de John, presumindo que seu pai estava buscando uma agressão verbal e corporal, algo como uma surra, onde o mais velho se iludiria que teria lhe dado alguma lição, enquanto Sam sairia praticamente ileso, já que seu pai estava ficando mais fraco e mais velho, com problemas físicos visíveis por causa do excesso de álcool e da exaustiva vida nas estradas, e por tudo isso Sam não temia a John. Sam jamais poderia imaginar que seu pai o quisesse morto. John jamais deixou transparecer sua real intenção, e nem mesmo Dean se atreveria a tal pensamento de seu próprio pai, assim Sam estava de certa forma, preocupado, mas não temeroso, acreditando que John estava se escondendo, talvez, na intenção de causar um terror psicológico, já que não aguentaria mais um luta aberta com outro homem, muito mais jovem e mais forte.
Bobby, por sua vez, não se rogou em demonstrar seu medo de John, e antes de Sam sair para trabalhar no dia seguinte a descoberta de John os observando, entregou as chaves de sua van para Sam, evitando que ele andasse à pé. E, sem aviso, segurou no rosto do mais novo, bastante apreensivo, notando que Sam não estava atribuindo o valor devido que aquela ameaça representava.
Bobby: Sammy, seu pai é um homem perigoso....toma cuidado com ele......John merece atenção e não que seja ignorado....não o subestime....seu pai enxerga muito mais além do que nós....se você desconfiar o pior dele, pode estar certo que sua desconfiança irá se confirmar.....ele é muito esperto e dissimulado, não deixa nenhuma emoção o dominar....(Pausou)....se ele resolver aparecer na sua frente....não o desafie....não o enfrente....só se mantenha longe dele, em qualquer situação.....e me chame.
Sam sorriu, deu um beijo no rosto de Bobby e saiu, se negando a deixar que seu pai dominasse sua vida. Teve receio com as palavras de Bobby, mas não chegava a ser medo de John, que sempre esteve em seu dia a dia, sempre perseguindo Dean e a ele nas caçadas. Sam passou anos discutindo com John, depois de adulto, por esse mesmo motivo, a intromissão exagerada de seu pai, junto com as piadinhas e o sarcasmo desnecessário do mais velho, o que sempre irritou muito a Sam, que odiava o poder que ele detinha sobre Dean.
Sam dirigiu para o trabalho, relembrando as palavras de Dean, que afirmavam que John já sabia da relação deles, e, imaginou que John iria levar à tona sua raiva, por um sentimento de preconceito, de homofobia agravado pelo fato de ser o pai de ambos, mas sem nunca suscitar, nem mesmo, um possível crime de ódio contra ele. Sam já esperava que toda a raiva de seu pai estivesse canalizada nele, tendo sido Dean o preferido por toda a vida de John, que deixava claro sua admiração e orgulho somente pelo mais velho.
Sam já tinha o discurso pronto para quando encontrasse John, e diria a verdade de sua opinião, o culpando pela relação com Dean, já que cresceram abandonados de sua companhia, sozinhos e isolados, originando o amor exacerbado e plenamente justificável entre eles. Sam só esperava que John acabasse logo com aquela brincadeira hipócrita de se esconder e o vigiar, e surgisse de uma vez, para acabar com aquele clima de expectativa, e também, aliviasse a preocupação de seu amigo e pai.
Sam estacionou a van de Bobby quase em frente a clínica, olhou tudo em volta, e não havia nenhum sinal do carro de John, certamente, aquele seria um dia de trabalho, como outro qualquer, assim pensava. Sorriu sincero ao ver sua chefe estacionar ao lado da van e já sair do veículo lhe retribuindo o sorriso.
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John estava esperando a oportunidade perfeita para pegar Sam, e já tinham se passado dois preciosos dias, desde que tinha chegado na cidade, estava na manhã do quinto dia de vigilância sobre Sam, contando com o tempo de Martin. John estava irritado, com a rotina inconstante de Sam, que estava lhe atrapalhando muito, pois Sam tinha saído para trabalhar a pé somente duas vezes, conforme relato de Martin, intercalado pelo dia em que foi levado de carona ao trabalho por sua chefe, que o tinha trazido do retorno do trabalho todos os dias, e naquele quarto dia, Sam sequer saiu de casa, diante da folga dada por Amélia.
Nesse tempo de espera, John localizou um galpão abandonado para levar Sam, um lugar tenebroso e sombrio, que tinha visto um igual, poucas vezes em sua vida de caçador. O lugar era enorme, afastado de tudo, cercado de mato, e, parecia ter sido uma fábrica ou uma serralheria, no passado remoto da cidade de Sioux Falls. Era perfeito e totalmente aprovado por John, onde conseguiria realizar todos os seus propósitos, manter Sam em cativeiro, enquanto cuidava de neutralizar Bobby, para que não o procurasse por um tempo, lhe dando tempo hábil de acabar com a agonia do mais novo e o desovar, por perto do galpão mesmo, sem chamar a atenção de ninguém.
John não temeu ser descoberto em momento algum, o fator surpresa era sempre o mais apropriado em caçadas, e como se considerava uma das pessoas mais espertas, engoliria sua raiva e impaciência, esperaria o tempo que fosse, por uma mínima falha de Sam, de preferência quando ele saísse sozinho, e o arrastaria ao galpão, para depois terminar o serviço, com Bobby, possivelmente, hospitalizado por uma boa surra, que justificasse a traição de seu antigo amigo. Dean, depois que deixasse Lisa, ficaria perdido, sem saber por onde começar as buscas à Sam, rodando pelo país, até receber a ligação da polícia encontrando finalmente o corpo de Sam. John já tinha pensado em tudo, inclusive em facilitar a descoberta da polícia do local de desova, usando pistas claras, como um bom sinal de gps ativado no celular de Sam, que estaria no bolso do corpo abandonado dele. John se animava só de pensar que até Bobby acordar no hospital e dar falta de Sam, já teriam se passado alguns dias, e só depois Bobby acionaria a polícia, que rastrearia o último sinal emitido do celular de Sam. Nesse tempo, iria se distanciar bastante daquela cidade, e seria, também o tempo para Dean se liberar de Lisa, e tudo seria perfeito a partir desse ponto, pois John queria que o corpo fosse descoberto sem grande demora, somente para poder acelerar seu retorno para junto do inconsolável Dean, após descobrir o irmão morto, e depois voltarem a caçar juntos, o quanto antes, ocupando a cabeça do filho para esquecer tudo que tinha vivido com o irmão.
A morte de Sam seria o ponto final na saga de Azazel, na visão de John. Além do óbvio motivo de matar Sam, para o retirar do caminho de Dean definitivamente, livrar seu filho caçador daquele pecado sem precedentes, e ainda o ter nas mãos, para fazer dupla com ele nas caçadas, a morte de Sam seria a paz para os dias e noites conturbados de John, seria a destruição da imagem inesquecível do poder de Azazel segurando o corpo ensanguentado de Mary no teto, para em seguida o incendiar, enquanto ainda notava os olhos de sua esposa se remexerem e se fixarem no pequeno berço, com o bebê Sam dentro, e o próprio Azazel, derramando gotas do sangue impuro, que escorriam de seu pulso talhado, diretamente para a pequena boca de Sam, e olhando para trás, revelando seus olhos amarelos, para que John o identificasse depois, antes de tudo ir aos ares, com o incêndio se alastrando por todo o lado, e sendo obrigado a salvar o bebê e o pequeno Dean, que entrou correndo no quarto do irmão, assustado com o estrondo da casa se desintegrando.
John acabaria com toda e qualquer essência daquele demônio na Terra, nem que para isso seu próprio filho pagasse parte do preço da morte de sua mãe, pois se Azazel o reconheceu e o escolheu para si, o marcando com seu sangue, nada mais justo que Sam, pertencesse ao clã daquela essência imunda do demônio, que tinha lhe tirado cruelmente o único amor de sua vida, também por culpa de Sam.
Dean tinha sempre se mostrado puro, assim como ele próprio, que foram agraciados com o destino de caçador irrevogavelmente. Dean não chegou a ver o demônio, e muito menos ter contato com a criatura naquela fatídica noite, que mudou a vida deles, bem diferente de seu irmão, que mesmo um bebê, se tornou parte do demônio, e quando cresceu por ele foi usado, herdando poderes nada comuns aos humanos, após ser recrutado pelo demônio, depois de perder a noiva, do mesmo modo que sua mãe.
A culpa de Sam estava clara para John, ele foi o alvo de Azazel, que o queria, e sua doce Mary morreu para proteger o filho, e se Sam, anos depois abraçou os poderes concedidos por Azazel, com ele pactuou para a morte da mãe, naquele primeiro contato, e se Sam tinha algo de tão profundo quanto o sangue do demônio dentro de si, ao demônio pertencia, e como ele deveria morrer, em nome da vingança da morte de seu amor, em nome da extinção total de Azazel na Terra.
John levou anos para analisar toda essa trajetória, quando ainda tratava Sam com amor, o mesmo que sentia por Dean, mas a certeza veio quando Sam foi escolhido por Lucifer. Afinal, Sam não venceu a disputa entre os escolhidos por Azazel, mas mesmo assim foi escolhido pelo maior demônio de todos, o rei do inferno, para o libertar e o reencarnar na Terra. Depois disso foi só ligar os pontos cruciais de suas desconfianças eternas. Sam tinha explicitado e acumulado muitos episódios que comprovavam que o sangue de Azazel corria nas veias, tanto que até em sangue de demônio, Sam se viciou, e com ele, explorou mais ainda os poderes, nunca experimentados por caçadores, nem mesmo por Dean.
Se por um lado óbvio John queria Sam morto, por outro lado, o objetivo tomou nova proporção com a ambição de ter Dean ao seu lado, fazendo dupla de caçadores, por precisão de usar seu filho mais velho para ser seu braço direito nas caçadas, sua força e sua agilidade, já tão enfraquecidas. E o estopim da relação carnal entre seus dois filhos acelerou suas pretensões. Sam tinha desvirtuado Dean, e agora iria pagar também por isso, e assim Dean se corrigiria, e estaria sob suas vistas ordens e enquanto vivesse.
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Dean tinha chegado na casa de Bobby, se ocultando de John que sabia estar escondido em algum lugar bem próximo e à frente da casa, após verificar no rastreador. Depois de andar em terrenos acidentados de terra batida, e por vezes, entre árvores e parte da vegetação rasteira, que ficava nos fundos da casa de Bobby, Dean deu a volta em todo o perímetro, que tinha a casa alta centralizada, e encobria totalmente a parte dos fundos do lugar. Estacionou o carro e o cobriu com uma enorme lona cinza que achou dentre algumas carcaças de veículos, jogadas perto do muro dos fundos de Bobby, sobre o qual jogou a bolsa e mochila de Mike, deixando a sua sobre a frente do Impala, por cima da lona. Dean ajudou Mike a pular o muro, o seguindo no ato, para logo após, se deparar com o cano de uma espingarda apontada para si, da porta da cozinha da casa, que dava para os fundos, onde Bobby sustentava um olhar cerrado, tentando identificar quem era os dois indivíduos que invadiam seu terreno, ainda meio bêbado e sonolento.
Dean: (Escondeu o pequeno sorriso magoado ao rever o amigo).....Bobby, não atire.....sou eu, Dean.
Bobby firmou os olhos cansados, por tantas horas de vigia, e sorriu largo em rever Dean, apesar de tudo que tinha cativado de sentimentos errados nele, deu passadas largas em direção ao filho do coração, e sem esperar que fosse rechaçado de algum modo, segurou Dean forte pelo rosto, o vendo completamente diferente de antes, tão mais magro e abatido, lhe corroendo o coração, deixando escapar lágrimas em seu rosto barbudo.
Bobby: Vem cá, garoto....(Abraçou Dean, com toda sua alma prometendo que o ajudaria a se recuperar).....meu menino....me perdoa....eu nunca quis fazer você sofrer....(Apertou Dean)......droga....graças a Deus....filho....graças a Deus que não cometeu nenhuma loucura contra si mesmo....eu fiquei com tanto medo disso acontecer depois de tudo....me perdoa.....eu sei que está magoado....mas eu não ligo....depois você esquece....(Cruzou os braços nas costas de Dean, o puxando mais contra o peito, sem se importar se estava o machucando ou não)....agora...você está aqui, e tudo ficará bem novamente....você ficará bem de novo.
Dean gostou muito do imenso carinho de Bobby consigo, algo que há muito tempo não tinha de ninguém, além de Mike, apesar das mentiras de Bobby, sentia que aquele abraço era algo verdadeiro e límpido, sem interesses, sem armações, em meio ao jeito despojado dele, retribuiu o abraço, ainda ressentido, mas se sentindo mais em paz, por estar nos braços daquele que sempre teve como seu pai também, um de seus heróis de infância.
Dean: Bobby....escuta.....(Bobby se afastou do abraço para prestar atenção)....depois nós falamos sobre tudo.....agora, eu preciso que tome conta do Mike....(Chamou o menino que estava em pé ao seu lado, e o abraçou carinhoso meio de lado)....ele precisa de um bom banho, comida e uma cama quente....(Bobby assentiu várias vezes, solícito).
Bobby: Claro, filho.....(Segurou no queixo de Dean).....como você está?.....O que aconteceu?.....(Olhou para Mike, em busca de uma explicação para a presença do menino).
Dean: Ele vai ficar comigo.....e depois conversamos melhor....(Sorriu fraco e fez menção de se afastar)....só cuida dele, por enquanto....por favor.
Bobby: Hei, onde vai?.....(Perguntou ao notar a postura de Dean querendo sair).
Dean: Eu acho que o Sam não vai me querer aqui....na mesma casa que ele....(Falou de cabeça baixa)...eu não quero que ele fique desconfortável com minha presença....não quero forçar nada.......eu vou para um hotel...afinal, eu estou aqui para manter o olho em John, e não quero levantar suspeitas que eu estou aqui, antes de pegar o pai de surpresa e saber o que ele pretende se escondendo desse jeito....e não quero que Mike corra nenhum perigo, ficando comigo ou sozinho num hotel, enquanto eu estiver atrás do pai.
Bobby: Não Dean, fica aqui conosco, será melhor para o Sammy e para você também....juntos aqui, poderemos proteger ele melhor....e ele não se importará de......(Dean o interrompeu).
Dean: Bobby, eu estarei por perto....ele não vai se sentir bem comigo aqui....encima dele o tempo todo...ele deixou claro que não quer voltar comigo...então.....(Falou triste e pausou).....e só ficarei na cidade até resolvermos os problemas com o pai...depois eu e o Mike seguiremos nosso caminho...(Bagunçou o cabelo de Mike e se virou para pular o muro novamente).
Bobby: Espera Dean....espera um minuto...(Pediu e correu afobado para dentro de casa, voltando com um pedaço de papel na mão, o colocando na mão de Dean).
Dean: Que isso, Bobby?
Bobby: É o endereço do trabalho dele.....fica no centro de Sioux Falls....se quiser pode pegar um dos carros do terreno...os que estão funcionando estão com as chaves na ignição....ele está lá agora...vai lá filho, vocês precisam conversar....antes de qualquer coisa.....eu não vou avisar a ele que estará indo até lá...(Sorriu)....vai....vai atrás dele....(Fez sinal para Dean andar rápido).
Dean ficou emocionado em ver a alegria de Bobby naquela pequena ajuda, e viu a sinceridade no ato, sabendo que o mais velho queria o reencontro. Dean leu parcialmente o endereço, envergonhado por ter sido rude com Bobby antes, e, arrependido por ainda estar magoado com ele.
Dean: (Segurou forte o papel e encarou o mais velho)....Bobby, me desculpe.....eu não queria ter falado com você daquele jeito....eu só estava magoado....(Riu sem graça)....ainda estou....eu só não aguentei quando soube que você mentiu tanto para mim, mesmo sabendo o quanto eu estava desesperado atrás dele....sabe, todo mundo mentiu para mim de um jeito que....(Parou de falar, ficou com os olhos marejados e tentou se controlar para não chorar).....mas eu vou me esforçar para tirar isso de mim...(Passou a mão no peito)....você não merece....eu sei disso...não quero que nada mude entre nós dois....de verdade...(Abaixou a cabeça e deu de ombros).
Bobby puxou Dean para um novo e forte abraço acolhedor, e Dean chorou em seu ombro, recebendo carinho em seu cabelo e nas costas, depois Bobby o encarou, com uma mão pesada sobre seu ombro.
Bobby: Eu sei....eu vejo o quanto está quebrado, garoto....mas eu amo você, assim como eu amo seu irmão....você não tem que carregar mais essa culpa....eu que errei com você....eu que tenho que te pedir perdão por ter mentido para você....mas foi porque o Sam estava tão arrasado quando chegou aqui....que eu não tive outra escolha....a não ser o proteger de você e de tudo que envolvia o seu nome para ele.....que nem conseguia encarar a realidade direito, e acreditou em tudo que aquela .....(olhou para Mike)....que a Lisa tinha dito a ele....e por isso ele não queria você aqui, atrás dele....e só me restou acatar o pedido dele....me perdoe, meu garoto...(Olhou com piedade para Dean).
Dean: Tudo bem Bobby, eu pensei muito vindo pra cá.....e eu entendi que não tinha como vocês saberem a verdade, se nem mesmo eu sabia...eu imagino o quanto o Sammy sofreu e o porquê dele me querer longe.....e que você só o acolheu.....depois das mentiras da Lisa...(Pausou pensativo)....e....ainda tem muito mais para eu contar......(Não quis falar sobre as últimas descobertas das mentiras de Lisa e John, na frente de Mike, que Dean só contou para ele durante a viagem, esclarecendo que Lisa não esteve grávida dele e que tudo realmente tinha sido fruto da orientação de John, quando o menino chorou por muito tempo, por causa de sua mãe).
Bobby limpou, grosseiramente, o rosto de Dean das lágrimas, ajeitou a gola da jaqueta dele, ainda meio sem graça.
Bobby: Que bom que entendeu....agora vai.....(Pegou duas chaves do seu chaveiro, sendo da casa e do portão dos fundos e colocou no bolso de Dean).....nada de pular muros....(Riu).....vai logo e acaba com esse martírio...acaba com essa separação de uma vez....(Empurrou Dean, e deu um tapinha na bunda dele).....anda logo, vai atrás do seu irmão....(Riu baixo)....e eu vou cuidar desse menino aqui....(Pegou na mão de Mike)....pode deixar comigo.
Dean riu do jeito de Bobby, que nuca mudava e agradeceu a ajuda com um gesto juntando as mãos, vendo ele se afastar com Mike, para dentro de casa. Dean olhou em volta do terreno, e viu um chevette antigo, em cinza chumbo, bem discreto e simples, viu a chave pendurada na ignição, sorriu e depois de abrir o portão dos fundos, pegou sua mochila sobre o Impala, e seguiu para onde o endereço de Bobby mandava, sentindo seu coração falhar a cada respiração profunda que dava, por sua ansiedade e medo do reencontro com Sam.
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Após alguns minutos de espera, quando Dean ficou observando as lojas e a rua, para ver se encontrava rastro de John no lugar, o que descartou ao notar a ronda da polícia naquele perímetro, ele viu Sam com o rosto quase colado no vidro, depois de virar a placa de clínica fechada. Sam estava lindo, seu rosto parecia mais saudável e mais alegre do que a última vez que o tinha visto, na noite em que fizeram amor e depois ele tinha partido. Sam estava com um jaleco branco com o logotipo da clínica no bolso, mas podia ver que estava de calça jeans, uma camisa de manga longa xadrex por baixo, nas cores preto e branco. Seus cabelos tinham sido cortados recentemente, e estavam na altura dos ombros, cobrindo sua nuca e a gola do jaleco, seus olhos parecia mais vivos do que nunca e inclinados a um tom amarelado, daquela distância em que o estava vendo. Sam ficou longos minutos olhando o nada pelo vidro, concentrado em algo dentro de seu pensamento, que Dean supôs que poderia ser o dono daquele rompante, e sorriu, feliz em rever o seu grande amor, de quem sentia uma terrível falta a cada minuto sem ele.
Com o coração batendo muito acelerado e a garganta seca, Dean não resistiu em sair do carro, que estava estacionado na frente da loja, e ligou para o telefone pintado na parede da clínica, enquanto se posicionava bem visível à Sam, de pé, fora do carro, do outro lado da rua, chamando a atenção dele para o sorriso lindo e distraído, que ele estava dando ao atender ao telefone da clínica.
Emocionado, Dean ouviu a voz simpática de Sam ao telefone, e viu quando ele correu até o vidro, e parou seus olhos sobre si, surpreso em lhe ver, e com um sorriso inocente e perfeito estagnado no rosto tão amado, enquanto percebia os olhos dele se tornarem marejados de emoção. Não conseguiu segurar o desejo de abraçar Sam, e matar a saudade torturante de três meses sem o ver e sem o tocar, independente do que Sam fosse achar de sua atitude, queria o ter em seus braços nem que fosse por um minuto apenas.
Dean estava prestes a atravessar a rua, quando viu uma mulher, com o mesmo jaleco que Sam, caminhando na calçada, após sair de um carro, em frente a clínica, e, entrar na mesma, segurando duas bolsas plásticas em uma das mãos. Sam dividiu sua atenção entre abrir a porta e ajudar a mulher com as bolsas e olhar para ele, que parou quase no meio da rua, observando tudo.
Amélia circundou o braço na cintura de Sam, e lhe deu um selinho no rosto, próximo ao canto da boca, enquanto falava algo, como que agradecendo a ajuda, e outras coisas. Sam olhou para Dean totalmente sem graça, tímido diante do gesto da mulher.
Dean sentiu um imenso vazio gelado chegar dentro do coração, diante da cena, com Sam sendo tão íntimo daquela mulher, que demonstrava que tinha algo naquela relação, além da posição de colegas de trabalho ou até mesmo de amigos. O olhar amoroso de Sam denunciou o quanto aquela mulher significava para ele, que não conseguiu ocultar, mesmo que estivesse de frente para Dean, que se sentiu muito mal em estar ali, observando tudo, apoderado de ciúmes, e, totalmente, esquecido por Sam.
Um carro buzinou alto pedindo passagem para Dean, parado no asfalto, o que acordou e o fez sair quase correndo do local, andando rápido em direção ao carro de Bobby, com os olhos cheios da água, sentindo o quanto tinha se tornado insignificante na vida de Sam, que agora não tinha qualquer ligação com a sua, e por isso que ele estava mais saudável e alegre, porque ele tinha seguido adiante, tinha uma vida de verdade longe dele, e sem ele, como tinha deixado claro nas ligações, ele realmente tinha se esforçado para o esquecer e o retirar definitivamente de sua vida. Se sentiu um grande idiota por ter feito aquela brincadeira e ter demonstrando uma reação tão apaixonada para Sam, que nem mais pensava nele, pelo visto.
Sam ficou sem chão, vacilou as pernas quando viu Dean fugir do carro que quase o atropelou, sentiu seu coração se apertar, e quase gritou o nome dele, para que não se afastasse, mas já era tarde demais, viu Dean entrar num carro desconhecido e sumir da frente da loja, sem lhe dar a menor chance de correr atrás dele. Sam ficou parado no mesmo lugar, e Amélia percebeu o seu rosto apático encarando a rua, sem mover um músculo sequer.
Amélia: O que foi Sam?.....(Olhou na direção em que ele estava olhando e viu somente um carro sair em disparada de onde estava estacionado na beirada da rua).....quem era aquele?
Sam: Dean....(Falou baixo, num murmúrio).
Amélia colocou a mão na boca, assustada com a revelação de Sam, e a presença de Dean, depois de tudo que Sam tinha lhe contado sobre ele, e sobre as mentiras da ex mulher de Dean, que causou a separação deles, e a vinda de Sam para Sioux Falls.
Amélia: Ele veio atrás de você, Sam....(Falou com um sorrisinho nos lábios, alegre pelo amigo, mas com uma pontada de ciúmes).
Sam: Ele viu quando você me beijou e fugiu....(Explicou o motivo de estar parado no mesmo lugar e de Dean ter sumido tão rápido quanto apareceu).
Amelia: Ah...não....me desculpe, Sam....por favor...eu não sabia, não tive essa intenção...(Pediu atrapalhada)....se quiser eu falo com ele, eu explico que não temos nada.
Sam: Tudo bem Amélia....está tudo bem...(Acalmou a mulher que falava e andava pela recepção)....eu ainda irei falar com ele...com certeza.
Sam abraçou pacientemente Amélia, que se reprimiu por ser tão espontânea e as vezes avançando além do permitido por Sam.
Amélia: Desculpe Sam.....de coração....(Sam afagou o cabelo de Amélia e assentiu).
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Dean seguiu rápido para um pequeno hotel, próximo da clínica, apenas enfiou o carro no estacionamento de qualquer jeito, assim que viu a placa com a seta indicando o lugar. Estava exausto pela longa viagem de dois dias junto de Mike, que por ser uma criança exigia mais paradas do que estava acostumado a fazer, se estivesse sozinho.
O sentimento de derrota e desilusão despedaçaram ainda mais o coração de Dean, que após pegar a chave do quarto aconchegante e muito limpo, se desfez em um grito abafado por entre as mãos em seu próprio rosto, apoiado ainda contra a porta do quarto, em suas costas, com sua mochila jogada ao lado de seu corpo. Chorou por longos minutos, parando somente quando sentiu necessidade de se mover até a cama, dominado pela exaustão.
Dean abriu os olhos pesados, sacudiu a cabeça, espantando sua tristeza e seu cansaço, forçou seu pensamento para outra direção, e agradeceu mentalmente, pelo quarto ser muito melhor do que costumava conseguir, pelo preço que pagou. Dean jogou sua mochila na cama larga de solteiro, olhou a decoração prática e simplista em tons de cinza e branco, nas cortinas de uma só janela gradeada e no chão acarpetado, haviam dois abajures que estavam nos criados mudos um de cada lado da cama, viu a TV na parede em frente a cama, e um pequeno frigobar branco. Foi até a parede ao fundo do quarto, onde havia uma porta que dava para o banheiro, com louças brancas e um box pequeno com portas de vidro espelhado.
Dean apreciou a visão do chuveiro elétrico, que facilitaria seu relaxamento ao invés de ficar contando o tempo de disponibilidade de água quente fornecida pelo sistema americano de aquecimento efetuado por aquecedor portátil, comum nos hotéis de estrada. Dean recolheu todas as pequenas garrafas de vodca e uísque que haviam no frigobar e se enfiou embaixo da água quente do chuveiro, bebendo uma garrafa de tempo em tempo, querendo apagar a imagem de Sam sendo praticamente beijado por aquela mulher, que o segurou como se possuísse total liberdade para aquele toque. Deixou seu corpo arriar no chão do box e se sentou no ladrilho frio, deixando a água escorrer livre em todo o seu corpo e sobre sua cabeça, levando suas lágrimas, que caíam mais uma vez, na certeza de que Sam tinha continuado sua vida sem ele, e por estar com outra pessoa, o tinha negado, mesmo já ciente de seu sofrimento, e de que tinha vivido em função de o reencontrar por todo aquele tempo.
Sam não aceitou nem comer o seu almoço, levado, gentilmente, por Amélia, que assim que terminou de comer, insistindo que Sam fizesse o mesmo, recebeu um chamado para uma emergência em uma fazenda perto do centro, deixando Sam sozinho. Sam ligou para Bobby, que esclareceu toda sua conversa com Dean naquele fim da manhã, e com um incômodo na garganta, disse que Dean não aceitou ficar em sua casa, com medo dele não gostar e de tirar sua liberdade, assim, ficaria hospedado em um hotel. Sam foi alertado por Bobby do estado em que Dean estava, e do quanto ele estava arrasado fisicamente também. Bobby deixou claro que tinha mais a dizer, mas não contou o motivo de Mike estar na sua casa, adiantou apenas que Dean tinha se separado de Lisa para sempre, depois que descobriu da falsa gravidez, que foi contada por Mike à ele.
O mundo pareceu parar de girar, quando Sam ouviu tudo aquilo, que Bobby lhe disse. Bateu a testa algumas vezes no balcão da recepção da clínica, recebendo aquela avalanche de novos sofrimentos para Dean, e ainda, sentido por ter lhe imputado mais aquele, com a visão de algo que não existia entre ele e Amélia, que com certeza, o tinha magoado e provocada a sua fuga, quando sua clara intenção em tentar atravessar a rua, era lhe encontrar.
Sam não aguentou ficar dentro da clínica, fechou tudo e foi a pé, até um primeiro hotel da cidade de sua pequena lista de busca, o mais perto da clínica, e não precisou nem perguntar se era naquele que Dean estava hospedado, pois assim que estava chegando, faltando somente alguns metros, viu Dean saindo de carro de dentro do estacionamento do hotel, com os cabelos molhados. Sentiu seu peito doer, tentou chamar atenção de Dean, sem sucesso pois ainda estava a uns metros de distância dele, andando no canto da calçada.
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John observou quando Sam saiu com a van de Bobby, bateu várias vezes no volante da caminhonete, praguejando a sorte de Sam, de não estar a pé, pois aquele dia nublado seria o ideal para pegá-lo, se ele estivesse sozinho caminhando até o trabalho, estava se cansando de ficar somente observando, sem nenhuma ação. E aquela novidade de Sam usar o carro de Bobby, era mais um golpe de sorte, já que o filho estava acostumado a andar até o trabalho ou ir com Amélia, e John teve que anotar mais aquela façanha para Sam se livrar, mais aquela novidade na rotina diversificada de Sam, que cada dia estava indo trabalhar de forma diferente, atrapalhando seus planos.
Sem outras chances de pegar Sam, John resolveu o vigiar na clínica, atrás de qualquer oportunidade, e ficou alarmado quando depois de algum tempo, percebeu que haviam policiais circulando pela centro da cidade em maior quantidade, o que o irritou mais profundamente, o impedindo de ficar parado horas, num mesmo lugar, sem que fosse percebido por tais policiais, e com isso, não poderia se atrever a pegar Sam na saída do trabalho, lhe restando somente esperar a oportunidade perfeita e desimpedida para segurar sua presa, longe do centro da cidade.
Com esse novo impedimento, John nem reparou que cruzou sua caminhonete com um velho chevette cinza, com Dean no volante, enquanto saía do centro da cidade quase na hora do almoço.
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Dean se recusou ao cansaço, e deixou o hotel, após renovar parte de suas energias debaixo da água quente, e, o álcool amenizar sua cabeça e corpo doloridos. Queria resolver o problema com John o quanto antes e fugir para longe daquela cidade, para longe da visão de Sam com outra pessoa. Decidiu não perder mais tempo para localizar seu pai, não gostava da ameaça pendente no ar, e gostava menos ainda da raiva que sentia quando se recordava de John e suas ideias manipuladoras para lhe separar de Sam, ainda mais de forma tão mesquinha e baixa, quanto a invenção e morte de um filho, usando seu coração. John o feriu, muito mais intensamente que Lisa, por ser seu próprio pai, que o conhecia tão bem, ao ponto de utilizar um sonho do passado para poder o destruir do modo que fez.
Dean passou momentos de fúria durante a viagem, se controlando pela presença de Mike, mas engolindo a revolta contra John, que esclarecidamente, foi o grande responsável por absolutamente tudo de errado que aconteceu em sua vida, depois que reassumiu seu amor por Sam. E o pior de tudo, que seu pai ainda tinha o desplante de ameaçar seu irmão, mesmo depois de conseguir acabar com o amor entre eles, não satisfeito de toda a crueldade que tinha promovido contra ele. Dean não queria pensar que mataria John quando o reencontrasse, mas não afastava a hipótese, no caso de uma reação de John, sendo a importância maior a liberdade de Sam para viver, sem a presença dele.
Todo a dor que Dean sentiu por ter visto Sam em sua nova vida, tinha que ser deixada de lado, e por isso não se permitiu se afundar mais do que naquele momento no hotel, porque tinha um propósito a cumprir. Depois seguiria seu caminho com Mike, com poucos planos futuros, apenas uma parada em Seattle para deixar seu emprego e tomar algumas medidas práticas quanto a escola e documentos de Mike. E só depois, iria procurar uma cidade calma com pouca incidência de criaturas, para se instalar com seu filho, procurar um emprego e uma escola para Mike, viver longe das caçadas, proteger Mike, ser o melhor pai para ele, até o mesmo crescesse e quisesse seguir com sua própria vida, o que lhe daria alguns bons anos, para tentar esquecer Sam, e por mais que lhe doesse, abraçar a solidão. E mesmo que o sofrimento lhe arrastasse novamente para o precipício, só se entregaria, depois que Mike o deixasse, afinal, enquanto tivesse forças, seu filho de coração seria seu motivo de viver, sua resistência.
Dean precisava de alguns mapas da região e, principalmente, do entorno da casa de Bobby, e tinha certeza que o amigo os teria em sua vasta biblioteca, assim, planejou com isso, também visitar Mike, rapidamente, para ver como o menino estava, e o ajudar a se ambientar um pouco na nova casa. Dean sabia que naquele horário, Sam ainda estaria no trabalho e não o encontraria na casa do mais velho, apesar de que, não pretendia sair da cidade sem falar com Sam, mas também resumiria o reencontro para somente uma única ocasião, quando já tivesse resolvido a questão com John.
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Sam chegou na casa de Bobby ainda de dia, já que não conseguiu voltar a trabalhar, depois que viu Dean saindo do hotel. Com o coração cheio de esperança de que Dean estaria indo para a casa de Bobby, correu de volta para clínica, pegou o carro, e voltou para casa, se culpando, no caminho, pelo choque de reencontrar Dean e o ver fugir, o ter paralisado de tal modo que o fez demorar para ligar para Bobby, e ainda, depois de passar algum tempo tentando almoçar com Amélia.
Sam entrou em casa ansioso e ofegante, encontrou Bobby, tranquilamente, preparando algo para o jantar reforçado para Mike, enquanto o menino descascava algumas batatas sentado à mesa. Sam sorriu para ambos, que o olhavam surpresos com sua presença tão cedo, largou seu jaleco numa cadeira, para se aproximar de Mike.
Sam: Olá....(Disse encabulado para o menino).
Mike se levantou depressa e se agarrou as pernas de Sam, com saudade dele, num carinho imprevisto, arrancando um grande sorriso sincero de Sam, que olhou para Bobby que também sorria diante da atitude do menino.
Sam: Oi amiguinho.....você está bem?....(Se ajoelhou e abraçou Mike, ficando da mesma altura que ele).
Mike: Sam, eu fiquei triste quando você foi embora...que bom que te achamos....(Falou sincero).
Sam ficou emocionado pela espontaneidade do menino, o abraçou novamente, depois olhou em volta, procurando por Dean.
Sam: Cadê o Dean, Mike?....(Perguntou soltando Mike, e o olhando curioso).
Bobby: (Interviu na conversa).....Vocês não se encontraram, pelo jeito....(Sam negou com a cabeça).
Mike puxou a Sam pela mão, se sentando novamente, fazendo Sam se sentar ao seu lado.
Mike: Sam, não deixa ele triste....por favor....ele não parou de chorar desde que você foi embora.....(Encarou Sam).....ele bebe muito e não está se alimentando mais....(Falou afobado, ainda preocupado com Dean).
Antes de Sam responder alguma coisa, todos escutaram o barulho de carro se aproximando dos fundos da casa, já que a porta da cozinha que dava para o mesmo estava aberta. Bobby, discretamente, segurou no ombro de Mike, antes que o garoto corresse para Dean, já que ambos sabiam que era ele, vindo daquela direção da casa. Bobby olhou a reação no semblante de Sam mudar, querendo que o reencontro entre ele e Dean não tivesse interrupções, nem mesmo a sua ou de Mike.
Mike olhou para Bobby, entendendo o motivo de ser contido, e o mais velho piscou para ele, enquanto Sam olhava perdido para a porta, sem conseguir se mover.
Bobby: Sammy....(Sam o olhou desconfiado).....chegou a hora, filho.....é o Dean....por favor, não fuja mais....(Sam ficou com os olhos marejados e levantou a cabeça corajoso).....acaba com essa separação....está em suas mãos....ele é tão vitima quanto você...não se esqueça disso.
Bobby segurou na mão de Mike, e o conduziu para a biblioteca da casa.
Bobby: Vem garoto, vamos ver uns livros de feitiços bem legais....depois nós continuamos com essa comida....afinal....ainda é de dia...né....(Ambos saíram da cozinha, deixando Sam sozinho para receber Dean).
Sam engoliu a saliva, que arranhou sua garganta fechada pelo nervoso. Ficou de pé, andou pela cozinha, enfiando as mãos nos bolsos da calça, e, depois ajeitando o cabelo, sentindo uma leve sensação de frio descer do seu peito até suas pernas.
Sam não aguentou ficar parado, e foi até a porta da cozinha, respirou com dificuldade ao ver Dean sair do carro, sem olhar em sua direção e abrir o portão dos fundos, concentrado, com semblante pesado e debilitado, mesmo ainda tão lindo. Dean estava pensando nos longos minutos que perdeu, fazendo um reconhecimento parcial do perímetro do terreno em frente à casa de Bobby, de dentro do carro, estacionado entre árvores num ponto mais próximo que acreditou onde estaria o carro de John, quando fez suas anotações, se demorando propositalmente, para poder seguir para a casa de Bobby, onde conseguiria o mapa condizente com suas anotações do terreno.
Dean só levantou a cabeça, após encostar o portão, na pretensão de não se demorar demais, ficou estagnado no mesmo lugar, com as chaves em mãos, olhando para Sam à sua frente, como se ele fosse uma miragem, sentindo uma mistura de sensações que não saberia denominar, a emoção era tanta que mal conseguiu se manter de pé, e assim não conseguiu avançar nem um passo. Todo o amor que sentia por Sam estava pulsando em sua mente letárgica pela surpresa, o amor estava sendo reconhecido dentro de si, o obrigando a sorrir suave para Sam, como se todas as dores de seu coração se esvaíssem naquele momento. Seu coração descompassado e o peso em sua barriga denunciavam sua fraqueza diante de Sam, sua paixão e todo o seu desejo misturados, confusamente, ao seu amor fraternal, pelo irmão, companheiro de toda uma vida. A saudade gritante que dominava seu olhar vidrado e apaixonado sobre Sam apagou toda e qualquer lembrança do que tinha visto mais cedo, ou de toda o sofrimento para encontrar Sam até aquele instante.
Sam que tinha visto o estado catatônico de Dean, ao lhe rever tão de perto, sorriu tímido pela reação dele, e com toda a saudade que comandava seus atos, correu incontidamente até Dean, e mesmo sem querer o assustar, se jogou contra ele, num abraçou urgente e desesperado, e foi parcialmente correspondido por Dean, no início somente com um levantar de braços nas suas costas, mas que no segundo seguinte, já o apertava contra o corpo dele, com toda sua necessidade e força, o trazendo para junto dele de forma feroz, cruzando os braços em torno de Sam, que sorriu aliviado pela entrega de Dean.
Dean enterrou seu rosto no pescoço de Sam, e o soluço do seu choro foi ouvido bem perto do ouvido de Sam, que sentia o corpo dele tremer em seus braços, o impulsionando a o agarrar mais forte, apoiando suas mãos espalmadas nas costas de Dean, enquanto ele segurou firme no tecido da camisa xadrex de Sam, para não cair, sentindo que poderia desfalecer a qualquer segundo, tamanho o peso de suas emoções, que deixaram sua respiração presa por aqueles minutos e sua cabeça tonta.
Dean: Como eu esperei esse abraço....meu Deus.....como eu sonhei com isso, Sammy....(Chorou mais alto, fazendo pequenos espasmos contra o ombro de Sam)....eu te achei...eu nem acredito que te encontrei.
Sam: Eu estou aqui, Dean.....eu estou aqui com você agora....(Só conseguiu dizer isso, sentindo todo o aperto de seu coração morrer entre as palavras).
Ficaram naquele enlace durante alguns minutos, até Sam se separar de Dean, colocando as duas mãos no rosto dele, o vendo diferente, totalmente abatido, e não aguentou e voltou a lhe abraçar forte.
Sam: Dean, como eu te amo.....eu não quero te ver assim nunca mais.....(Separou o abraço novamente e desceu as mãos pela extensão dos braços dele, cruzando seus dedos aos de Dean, que lhe sorriu com o rosto coberto por lágrimas)....o que eu fiz com você?...Meu amor...eu nunca quis que sofresse desse jeito....nunca.
Dean desviou um pouco o olhar, envergonhado do seu estado físico, mas sentindo sua pele queimar, morrendo de vontade de tocar em Sam, de passar horas o admirando, o sentindo perto de si, para poder acreditar no quanto era real a presença dele tão ao seu alcance. Estava sem palavras para expressar o que sentia, ficou mudo, diante do furacão de sentimentos que povoavam seu peito.
Sam: (Se preocupou com o silêncio de Dean, que poderia estar o recriminando pela separação)....Dean...é maravilhoso saber que tudo o que aconteceu não foi resultado de você me enganando......agora eu sei que você nuca mentiu para mim....escuta......eu só acreditei porque...(Dean soltou uma mão e colocou os dedos na boca de Sam).
Dean: Sammy.....(Olhou confuso e sério para o rosto tão lindo quanto se lembrava e depois para suas mãos juntas)....Você quer sair daqui comigo?.....(Encarou Sam, sem explicar).
Sam assentiu, sem entender para onde Dean queria ir, não disse nada, apenas o acompanhou, quando ele cruzou o portão novamente para o lado de fora, e, entrou no carro, um pouco afobado. Sam encostou o portão e entrou no carro, seguindo os passos de Dean, que antes de dar a partida no veículo, segurou uma mão de Sam, com suas duas mãos trêmulas e frias.
Dean: Eu não quero conversar sobre nada agora....eu acho que não vou conseguir falar nada.....(Engasgou um pouco, chorando sentido novamente).....eu preciso ficar com você....só nós dois....por favor...não me negue isso.....eu tenho que saber que é real...(Sam assentiu vendo o quanto Dean estava nervoso e não conseguindo formular seus pensamentos corretamente).....Você quer vir comigo?
Sam: Sim....eu vou onde você quiser....(Sorriu e passou a mão no rosto de Dean que fechou os olhos para sentir melhor o carinho)....não chora mais....eu estou aqui....eu te amo, Dean...(Sentiu suas pernas pesarem, e um enorme embrulho no estômago, mas relevou).
Dean soltou a mão de Sam e deu partida no carro, tentando controlar o tremor interno e externo que dominavam seus movimentos, olhou Sam do seu lado, sem se lembrar de mais nada no mundo, respirou fundo e sorriu, simplesmente, porque estava feliz.
CONTINUA...
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