John dirigiu calmamente, dentro do limite de velocidade permitido, para não levantar suspeitas, depois que conseguiu pegar a estrada, indo direto para o enorme galpão escondido e abandonado, que tinha visto anteriormente, e, para onde tinha programado levar Sam. A estrutura quase não era vista da estrada, por ser bem afastada da mesma, e também, devido ao mato alto ao redor, com apenas uma trilha de terra por entre as árvores altas e densas, por onde o carro seguiu em primeira marcha, até parar ao lado da entrada principal, uma imensa porta de ferro que deslizava sobre trilho, há muito, enferrujada, corroída pela ação do tempo e das chuvas. Na frente da entrada, havia uma pequena faixa de chão de cimento, danificado pelo tempo e com mato crescendo nos entremeios e rachaduras, que dava sequência para o chão do lado de dentro do galpão, que se tratava de uma antiga serralheria na cidade.
Somente os sons de alguns pássaros e grilos eram ouvidos no lugar escuro, há anos sem fornecimento de energia elétrica. John teve um trabalho árduo para conseguir remover Dean do carro, com ele ainda inconsciente, retirar o corpo pesado do pequeno espaço no qual estava jogado, com muito custo o puxou pela jaqueta e braços para o chão, e, o arrastou pra dentro, deixando um rastro fino de sangue que vertia dos ferimentos na testa, ouvido e nuca de Dean, causando ainda mais algumas escoriações, nas mãos e no rosto dele, ao ser arrastado pelo chão de terra e mato, e depois pelo o chão de cimento duro e áspero.
John abandonou o corpo de Dean no chão imundo, assim que cruzou o portão de ferro da entrada, e tratou de voltar à caminhonete para providenciar um lampião, que já estava separado dentro do carro, voltando ao galpão, o acendendo, iluminando parcialmente o lado direito do galpão, onde pode ver algumas vigas de cimento de sustentação do telhado, espalhadas pelo lugar, maquinário com serras e nichos redondos e dentados instalados em grandes mesas de madeira maciça, pilhas de troncos grossos de árvores cortados em toras apoiadas contra as paredes, rolos de folhas de metal, tubos de aço, além de alguns galões sobre o chão de cimento, coberto de flocos de serragem e pó. John também havia pego sua bolsa com alguns materiais que iria precisar, dentre eles, cordas e rolos de fita adesiva metalizada, e com isso, arrastou mais uma vez, o corpo de Dean até uma das vigas, perto do lampião, e o prendeu, amarrando as mãos dele, juntas para trás da viga, deixando o corpo dele sentado, mais totalmente arqueado para frente com a cabeça pendendo, diante da inconsciência, assim como, os pés foram unidos com a fita adesiva ao redor dos tornozelos e por cima do jeans.
O cheiro do lugar era, inconfundivelmente, de madeira apodrecida, e era sensível a umidade vinda do chão e do telhado com pontos de infiltração por todo lado, acima das luminárias redondas que outrora deviam iluminar o galpão. John analisou o pouco que conseguia ver, na parca luz, para saber se poderia deixar Dean ali, sem que houvessem surpresas com cobras ou outros bichos, que tivessem conseguido entrar, já que ainda não tinha decidido o que iria fazer com Dean, deixando para tomar esse decisão quanto estivesse Sam em suas mãos também.
John molhou um pouco uma estopa encontrada no meio do chão, com a água que tinha levado na bolsa, limpou, grosseiramente, os ferimentos na testa e nuca de Dean, para observar se, também, haveria a possibilidade dos sangramentos não estancarem, e o levarem a morte rapidamente, antes que conseguisse decidir o que iria fazer com Dean, e qual destino daria a ele. O estado de Dean era preocupante e parecia que tinha exagerado na força em bater nele, revirou a cabeça dele para todos os lados, olhando o ouvido dele, por onde descia um filete incessante de sangue. Jogou um pouco de água no rosto de Dean, para o despertar, e saber qual seria o grau de algum possível dano cerebral, diante das três pancadas na região da cabeça, que tinha absorvido.
John: Dean.....Dean....(Deu alguns tapas de leve no rosto sujo de terra e sangue dele)....hei, Dean....acorda....acorda, garoto.
Dean voltou da escuridão, ouvindo a voz arrastada e abafada de John, e ao abrir os olhos com forte pressão sentida em toda sua cabeça, se deparou com seu pai lhe olhando de forma estranha e curiosa.
Dean: Seu desgraçado....onde estou....(Balbuciou, retornando aos poucos de sua inconsciência, notando a escuridão e o local fechado que se encontrava).
Dean tentou mexer suas mãos presas, notou que estava amarrado com as costas apoiadas em algo, que parecia uma coluna de cimento, assim, se esforçou para jogar sua cabeça pesada para trás e olhar melhor para John, com seus olhos irritados e ardendo como brasa, sentindo seu corpo inteiro protestar de dor, pela posição que estava depois de ter ficado quase uma hora torto e encolhido entre o chão da caminhonete e o banco do carona. Com seus dedos, Dean sentiu as pontas da corda apertada envolta de seus pulsos, se remexeu um pouco e percebeu seus pés presos por fitas. Foi tomado por forte tonteira, e, apurou seus sentidos com receio de desmaiar novamente, sofrendo com pontadas intermitentes no interior de seu ouvido atingido pelo golpe de John. Tentou olhar em volta, e viu parte do lugar onde estava, mas sua visão estava bloqueada pelo sangue e água que escorriam de seu rosto, além da figura de John agachado à sua frente, tapando seu pequeno campo de visão, sem saída, focou no rosto de John, com muita raiva.
John: Não te acordei para você ficar falando.....só queria ver se estava morrendo ou não.....agora, cala a boca, Dean.....(Falou entre os dentes e baixo, o que deu a Dean um pouco de calma, por John não estar gritando ensandecido como tinha visto).....você vai ficar quieto aqui, enquanto eu vou cuidar do seu irmão....não adianta gritar porque estamos muito afastados da cidade....e de qualquer pessoa.....eu ainda não sei o que fazer com você.....(Levantou e chutou de leve as pernas de Dean).....então vai pensando aí....se vai querer ficar comigo ou contra mim, depois que eu mandar seu irmão de volta pro inferno.....porque seria uma pena perder um bom caçador como você para me apoiar....mas se eu tiver que te matar por causa do Sam, eu vou....esteja certo disso.....entendeu?....(Estalou os dedos na frente do rosto impassível de Dean e deu meia volta para sair).
Dean: (Sorriu com ânsia de vomitar)....Pode me matar agora então....porque se me deixar vivo, eu vou pessoalmente te caçar, e nem que seja na lua, eu acho o senhor....e vamos acertar nossas contas de uma vez por todas.
John voltou para perto de Dean, e segurou os cabelos dele com a mão, fazendo Dean virar o rosto para ele à força.
John: Só estou te dando essa escolha....porque pelo que você andou fazendo às escondidas com seu irmão....já era para eu ter metido uma bala bem no meio dos seus olhos.....seu ingrato de merda....(Soltou a cabeça de Dean contra a viga e colocou o indicador no meio da testa de Dean, apertando o lugar)....pensa bem, filho.....uma dupla de caçadores, pai e filho, com seus nomes famosos e temidos por todos, aproveitando momentos de paz nos bares do país inteiro com lindas mulheres, ou, uma cova rasa no meio do mato ?...(Tirou a mão do rosto de Dean e se levantou, caminhando para a entrada).
Dean: O senhor se acha muito bom mesmo?...Se acha o mais esperto de todos?.....O melhor de todos os caçadores?....E pior, acha que o Sam é um indefeso, um coitado que ele vai se deixar ser pego por você facilmente ?.......(Riu sarcástico).....Ele é tão bom caçador quanto eu.....não vai se deixar dominar sem luta...ele é muito mais forte e mais jovem que o senhor.....(Pausou, vendo que John caminhava de volta lentamente, até parar ao seu lado em pé, sorrindo debochado)....eu posso ter me iludido com o senhor, mas ele nunca se deixou levar por suas conversas.....ele sabe quem o senhor é....ele sabe que não pode confiar no senhor....e tanto ele quanto Bobby já sabiam que estava escondido atrás deles....(Suspirou cansado pela fala)...terá que ser muito bom mesmo para pegar o Sam, depois de tudo isso.....(Falou desabafando, mas querendo prender John o máximo que pudesse naquele lugar, para dar tempo de Sam ter achado o rastreador e ver o sinal parado ali).
John passou a mão no rosto sorridente, ajeitou sua jaqueta orgulhoso, e voltou o olhar para Dean.
John: Pegar seu irmão será fácil, bem mais fácil do que pensa.....assim que ele souber que estou com você....(Riu).....será uma proposta justa que farei para ele, a sua vida pela dele.....e eu acho que ele gosta de você...o bastante para se entregar....(Bateu palma)...bom, pelo menos o lado humano dele....porque se o lado demônio prevalecer na decisão....aí será mesmo um tiro à distância para ele....e um à queima roupa para você...(Riu alto, divertido em sua loucura, notando o rosto revoltado de Dean).....ah...qual é, Dean...não tem senso de humor ?
Dean: Pai, por favor.....deixa o Sam seguir a vida dele.....ele já estava fazendo isso aqui em Sioux Falls.....e eu vou com o senhor para onde quiser, sem olhar para trás....(Pediu sentindo medo real de John conseguir atirar em Sam à distância, antes mesmo dele chegar até aquele galpão).
John fez sinal que não com o indicador para o alto e andou um pouco, se sentando numa das mesas com serra, de frente à Dean, fazendo ele relaxar um pouco, por John está se posicionando para conversar, e podendo prender mais da atenção dele ali, dando tempo para Sam o encontrar e surpreender John.
John: Sabe....eu até que poderia aceitar.....(Pensou, olhando para o escuro)....o Samuel iria sumir de nossas vidas e você viria comigo para bem longe dele, e nunca mais vocês teriam qualquer contato um com o outro.....e nunca mais, nós dois pisaríamos aqui nessa cidade....(Pausou dramático).....mas eu não livraria o mundo do seu irmão, da presença nefasta dele....e muito menos vingaria a morte de sua mãe....(Parou de falar e sorriu)...e porque aceitar esse seu jogo?....Se eu posso ter o melhor de vocês dois.....o Sam morto e você comigo de qualquer forma.
Dean começou a se apavorar, já sem argumentos para manter aquela conversa, sentindo seu enjoo aumentar absurdamente, enchendo sua boca de saliva com sangue, sua cabeça começou a rodar, e passou a pedir, mentalmente, por um milagre, e para que não perdesse os sentidos novamente, sem conseguir manter John ali mais tempo, pediu até por Castiel, que ele reaparecesse do nada, como sempre fazia nas horas mais impróprias e sem precisão alguma, bem diferente do momento, em que deseja a presença do anjo mais do que a própria vida.
Dean cuspiu ao lado, segurando um pouco a vontade de se entregar a ânsia e o bolo que descia e subia por seu esôfago. John viu a cena, e querendo massacrar Dean, depois que ele se propôs a trocar sua liberdade de toda uma vida, para que Samuel vivesse longe deles, resolveu destilar sua maldade.
John: Vejo que está disposto a barganhar pela vida do Sam....que, provavelmente, o ama daquele modo repugnante de vocês dois......eu acho que você não sabe o motivo pelo qual Sam tem uma vida aqui, sabe?......(Dean tentou focar seus olhos difusos em John, que o encarou em silêncio).....Pois é, seu irmão tem uma namoradinha....bem bonitinha ela....eu já vi com ele algumas vezes....ela o leva para o trabalho e para casa de Bobby.....eles se dão muito bem....(Dean sentiu as palavras entrarem em seu coração, o enfurecendo de ciúmes, sacudiu a cabeça para espantar a queda de pressão, que sentiu que iria o levar ao desmaio em breve).
John viu como abalou Dean e se aproximou curioso, para o enxergar melhor em meio a penumbra. Puxou uma tora de madeira, da altura de um banco, para perto de Dean e se sentou de pernas cruzadas e de forma bem relaxada, notando as enormes pupilas dilatadas dos olhos verdes, no rosto muito pálido de Dean, em sinal de que ele estava entrando em colapso fisicamente. John colocou um pouco de água na boca dele, deixando a garrafa largada ali, e viu Dean engolir com dificuldade, mas o vendo voltar a si, aos poucos, para continuar sua explanação cruel.
John: Está querendo dormir de novo?.....(Riu, vendo o estado de Dean)....Mas, logo agora, que estávamos conversando tão bem....ou será que não gostou do que ouviu?....que seu irmão anda se agarrando com a chefe bonitinha dele.....(Dean apertou os lábios em desaprovação e John percebeu claramente, pela pouca distância que estava)....ele deve gostar muito dela, para estar querendo viver aqui....nesse lugar....talvez ele estivesse pretendendo se mudar para a casa dela.....(Pausou analisou o ciúme estampado no rosto de Dean).....eu já fui lá....para vigiar seu irmão por algumas noites em que ele estava com ela....e olha que ficava a noite toda e só saía pela manhã.....(Riu alto).....acho mesmo que ele andou preferindo mulher de novo....(Viu Dean virar o rosto para o outro lado).....não fica triste não, filho....ele ainda te quer como irmão....ele sempre foi muito apegado a você como irmão mais velho dele...(Sorriu dissimulado e cínico).
Dean ficou inquieto, muito incomodado com as palavras de John, por causa de sua realidade com Sam, e de até mesmo acreditar que Sam queria uma vida nova naquela cidade, como já tinha pensado, depois que Sam o recusou. O coração de Dean acelerou relembrando os momentos de amor e saudade que viveu com Sam na noite anterior, para logo após, Sam dizer que não o queria de volta em sua vida, o que levava a dura certeza anterior, de que Sam poderia estar mesmo com a chefe dele, como John afirmou, e que era com ela, que ele pretendia montar sua nova vida.
Dean: Eu não quero saber....isso não quer dizer nada para mim.....eu só quero que deixe ele viver....seja como for ou com quem for.....deixa ele viver, que eu te seguirei para qualquer lugar...(Abaixou a cabeça, se sentindo fraquejar diante de John).
John: (Riu e se ajeitou sentado).....Muito heroico de sua parte....bem a sua cara, Dean....mas nós sabemos que não vai acontecer.......eu tenho mesmo que matar o seu irmão....e farei isso, enquanto você pensa se prefere seguir ele no inferno ou vir comigo...(Se levantou novamente).
Dean: (Se alarmou com John se levantando)...É repulsivo...como pode odiar seu próprio filho?....Como pode querer matar seu próprio filho?....O senhor é um monstro...sem alma, sem caráter....louco, o senhor está complemente louco....será que não vê?....(Respirou fundo, ouvindo o eco de sua própria voz dentro de seu ouvido ferido)....O Sam era um bebê quando a mamãe morreu....ele não teve culpa se o demônio jogou sangue dentro da boca dele....ele já se livrou de tudo isso há muito tempo....ele voltou do inferno limpo de todo esse passado com os demônios...que ele só aceitou para salvar o mundo todo....e agora, vem dizer que ele é um perigo para os humanos, o senhor que é....caçador droga nenhuma....só é conhecido por que eu e o Sam salvamos o mundo, e infelizmente carregamos seu sobrenome.......seu velho inútil....parasita....me quer para poder se sentir jovem novamente....para poder sugar minha força....porque não tem mais nenhuma.....armou tudo isso.....e não foi por causa do que eu e o Sam sentimos um pelo outro ou porque quer vingança.......foi por inveja, tem tanta inveja do Sam...e até de mim.....que ficou cego, e transformou tudo em ódio....não foi?....Sua inveja que te enlouqueceu.....(Esbravejou alto, revoltado).
John se inclinou rapidamente, e, deu um forte soco no rosto de Dean, atingindo seu maxilar, e cortando a boca dele por dentro, que se encheu de sangue imediatamente, fazendo a visão de Dean escurecer por uns segundos, e sentir uma forte dor no local.
John: Cala a boca.....cala essa boca....quer parecer corajoso?...Não tem medo de morrer?....(Sacou a arma que estava em suas costas, por dentro da jaqueta e apontou para a cabeça de Dean).....Agora não tem mais opção para você.....eu vou matar seu irmão e volto aqui para acabar o serviço com você, já que vou enterrar os dois nesse lugar mesmo....(Riu enlouquecido)....vou realizar meu sonho, enfim....ver o seu irmão morto será minha maior glória, já que você não quer me acompanhar....(Riu novamente)....eu deixei passar muito tempo....eu deveria ter acabado com seu irmão quando aquele lobisomen incompetente, que eu contratei para fazer o serviço, falhou....mas fazer o quê?....(Deu de ombros)....Eu sou um jogador....gosto da sensação de caçar....e tudo que fiz, foi uma grande caçada....a melhor de todas...(Deu um tapinha na cabeça de Dean)...caçar seu irmão me deu um prazer muito maior do que caçar criaturas.
Dean sabia que a conversa tinha acabado, ficou tão desesperado que pouco deu importância ao que tinha acabado de ouvir, que o ataque do lobisomen que quase matou Sam com um tiro dado pelo bicho, tinha sido proposital, encomendado por John. Viu seu pai mexer na bolsa na qual ele tinha pego a garrafa de água, e, prestou total atenção, agradecendo a adrenalina do último soco, por mantê-lo acordado. John retirou um rifle pequeno de caça, um Varmint, potente a longa distância, o armou e o municiou com balas, retiradas de uma caixa, tudo acompanhado por Dean, com seus olhos suplicantes. A figura tenebrosa de John, em seus ombros largos e a pele morena lhe causavam um ódio muito grande, por tudo que tinha passado nas mãos de seu pai, por todo o sofrimento desgastante que ele intencionalmente lhe causou, por cada uma das milhares vezes que chorou longe de Sam, e infelizmente, sentiu que iria chorar mais uma vez, por não ter conseguido proteger seu amor, seu irmão, por ter fracassado, vergonhosamente, e por bem diante de seus olhos assistir seu tempo acabar, sua última tentativa de salvar Sam, já que John iria cumprir seu intento, atirar em Sam de longe para ele não poder revidar ou se defender, fazendo jus a covardia que John demonstrou desde o início, se escondendo, e não enfrentando Sam cara a cara. Dean sentiu seu corpo esquentar, com a sensação de morte que John lhe inspirava.
Dean: Pai....(Viu John dar as costas e seguir para a entrada).....pai...por favor....não faz isso....o Sam não tem culpa de nada....não seja covarde, encare ele de frente....e diga tudo que pensa.....(John não atendeu ao clamor e continuou andando para a entrada).....PAI, PAI.....pare com isso, PAI.....ele não fez nada....ele nunca fez nada contra o senhor....PAI !!!.....Mate a mim.....mas deixa ele viver.....acabe comigo, mas deixa ele em paz....por favor.....Pai.
John parou um instante, a poucos passos da entrada, olhou sério para Dean.
John: Sabe a ironia disso....que Sam tirou o meu único amor, a minha Mary, minha razão de viver....e agora eu vou tirar a sua, Dean....(Deu as costas para Dean).
Dean continuou chamando John, em completa exasperação, gritando alto, aflito em seu desespero que chegava a sufocar sua respiração, acreditando no fim de Sam.
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Assim que Sam chegou na casa de Bobby, após dirigir como um louco, mesmo na terra encapelada e desnivelada, fazendo a van arrastar o fundo várias vezes, sem se importar com nada, estacionou de qualquer jeito e correu para dentro da casa, gritando por Bobby, que veio ao seu encontro, na sala.
Bobby ouviu os gritos de Sam, do seu quarto, onde costumava relembrar sua falecida esposa, em momentos de agonia como o que estava vivendo com seus meninos em perigo, caçando John. Se assustou com Sam, assim que ouviu a freada brusca na brida em volta de seu terreno, seguida dos gritos por seu nome, e se apressou até a sala, quase trombando com Sam que entrou correndo.
Sam: Bobby, o pai....o pai....(Falou esbaforido)...ele pegou o Dean.....e o feriu de algum modo....e os dois sumiram...(Levantou o rastreador que trazia nas mãos para Bobby, que o pegou imediatamente).
Bobby: Ah meu Deus, nós deveríamos ter ido com ele.....(Puxou o braço de Sam para se sentarem no sofá, enquanto olhava para a pequena tela do rastreador).
Sam: (Apontou para o aparelho no colo e mãos de Bobby)....Eu não sei ler isso....não sei onde ficam esses endereços.....e ele está parado nesse lugar....nos últimos cinco minutos, desde a última vez que olhei....deve ser para esse lugar que ele levou Dean....mas eu não conheço essa estrada...nem sei para que lado fica, e preciso de sua ajuda.....para me guiar até lá....(Falou ofegante, com as palavras intercaladas).
Bobby: Eu sei onde é....(Bateu nas costas de Sam).....pegue as armas....(Apontou para a biblioteca)....estão todas no armário....(Colocou uma pequena chave na mão de Sam).
Mike estava nos fundos da casa, brincando com a terra, fazendo pequenas pistas de corrida de lama e depois destruindo tudo, e refazendo, com alguns carrinhos de brinquedo passeando entre elas, quando ouviu Sam gritar, e voltou para dentro da casa, parando na sala, e ouvindo a conversa de pé ao lado de Bobby e Sam no sofá. Ficou nervoso e com medo ao ouvir que seu pai do coração estava ferido e tinha sido levado por John, de quem tinha medo, ainda mais depois que dele ter feito sua mãe se transformar em uma pessoa muito ruim, mentirosa e agressiva.
Sam se levantou, passou por Mike, olhando para ele rapidamente, e, quase o atropelou para chegar à biblioteca de Bobby. Mike, segurou na mão de Bobby, quando esse também se levantou com o rastreador em mãos.
Mike: Bobby, o que aconteceu com o Dean?....(Perguntou muito preocupado).
Bobby: (Olhou com pena de Mike)....Escuta garoto, seu amigão vai ficar bem, nós vamos trazer ele de volta....ele se desentendeu com o pai dele, só isso....mas agora eu quero que seja um bom menino, e fique aqui, esperando nós voltarmos, sem sair para lugar nenhum, fique dentro da casa....está bem?...(Mike concordou com a cabeça, com os pequenos olhos marejados por ter ouvido de Sam que Dean estava ferido)....proteja a minha casa, confio em você...hein...(Bobby tentou amenizar a situação tensa).
Mike: Ele vai voltar mesmo, não é?...(Protestou por Dean).
Bobby: Sim, pequeno....claro que sim......(Sorriu falso)....todos nós....pode esperar....(Esticou a mão e pegou o controle da tv na mesinha ao lado do sofá, entregando para Mike)....porque não assiste alguma coisa?....E tentar se distrair, enquanto vamos lá, trazer seu pai de volta...(Fez um carinho rápido no cabelo de Mike).
Mike assentiu, e, obediente se sentou na ponta do sofá, ligando a tv, mas acompanhando os movimentos de Bobby e de Sam, que conseguia ver, de onde estava, retirando algumas armas e munição de um pequeno armário da parede na biblioteca e colocando sobre escrivaninha com alguns livros, enquanto Bobby, entrou em seu quarto, saindo logo em seguida, com uma maleta de primeiros socorros e dois coletes à prova de bala nas mãos. Mike enxugou duas lágrimas que caíram em seu rosto, colocou os pés encima do sofá, abraçou os joelhos, e se encolheu quieto, não querendo atrapalhar ninguém, e sentindo falta de Dean.
Sam juntou as armas e munição em uma bolsa de tecido que achou na biblioteca, encontrou Bobby saindo do quarto dele, e sem aviso, pegou um dos coletes das mãos do mais velho, vestiu com rapidez, e ajudou Bobby a vestir o dele, mesmo sem soltar a sacola com as armas, e Bobby com sua maleta e rastreador firmes nas mãos.
Ambos olharam para Mike, em despedida, Bobby somente sorriu, e, Sam, extremamente nervoso, com o olhar petrificado, somente correu de volta para a van, na frente de Bobby, jogou tudo no chão atrás dos bancos da frente e deu partida no veículo, enquanto Bobby entrava no carro, apressado, depois de ter dado um aceno breve à Mike, condoído pelo semblante sofrido do menino.
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Bobby ditou o caminho para Sam, que contou com detalhes tudo que tinha visto no meio das pedras, onde tinha encontrado o rastreador. Estacionaram na estrada, no meio do asfalto, justamente, onde estava parado o sinal do rastreador, sem saber para onde seguir, já que não havia nenhum vestígio de John ou Dean em volta, naquele lugar ermo, onde só avistavam mato de um lado e de outro da via. Bobby desceu do carro, olhou com paciência tudo ao redor, e ao longe, avistou o telhado e parte de uma estrutura que parecia um galpão coberto, olhou novamente para o rastreador, e não teve mais dúvidas.
Bobby: (Apontou para direção que estava olhando antes)....Sammy, ele está naquele lugar....não tem mais nada por perto, onde os dois possam estar....tem que ser ali.
Sam concordou com a experiência de caçador de Bobby, que entrou no carro, e ambos começaram a circular bem lentamente, pela estrada, atentos aos dois lados, até encontrarem uma passagem marcada no chão de terra, em meio ao mato, por onde John tinha entrado, provavelmente. E após ultrapassarem esse limite do asfalto para essa entrada no meio do mato, logo, caíram em uma pequena trilha de terra, por onde, visivelmente, carros já haviam transitado. Sam parou a van, um pouco distante para não ouvirem o motor da van, no meio das árvores mais baixas que encontrou, assim que viu toda a extensão do galpão, com a caminhonete de John parada em frente à entrada, trocando um olhar de cumplicidade com Bobby.
Os dois saíram do carro sem fazer barulho algum, somente encostando as portas, pegando a bolsa com armas e maleta, deixando o rastreador no carro. Seguiram abaixados, até a enorme parede lateral do galpão, onde não poderiam sem vistos, por não ter janelas, conseguiram avançar até a entrada do lugar, ouviram vozes baixas, enquanto ambos olhavam os vestígios de sangue no cimento, e, marcas de um corpo que foi arrastado. Sam quase se descontrolou, abaixou a cabeça, puxando o ar que lhe faltava, tendo palpitação no coração, deixou escorregar de seu braço a bolsa com armas até o chão, e Bobby também, arriou a maleta, e, abriu a bolsa de armas, pegou quatro pistolas, ficou com uma na mão, em riste e a outra colocou na canela, por dentro da meia, tocou no braço de Sam, que estava apoiado com as costas na parede, visivelmente, atordoado pela visão do provável sangue de Dean no chão.
Bobby: Sammy, calma, garoto....seu irmão é forte....(Pegou a mão de Sam e deixou as duas armas na mesma)....ele está vivo....isso que importa...(Apontou para dentro de onde vinham as vozes, provando o que dizia).
Sam respirou fundo algumas vezes, evitando olhar para o sangue no chão, sorriu fraco para Bobby, com uma arma em cada mão, analisou a grande entrada, notando que estava muito escuro do lado de dentro.
Sam: Bobby, acho melhor ficar aqui....eu vou entrar e me esconder...aconteça o que for lá dentro, se o pai sair, você rende ele aqui fora....concorda?....(Perguntou querendo proteger o mais velho).
Bobby: Tudo bem, Sammy....mas toma cuidado....(Deu um tapinha carinhoso no rosto de Sam).
Sam assentiu e se abaixou mais ainda, andando agachado, escorregou, sorrateiramente, pela entrada, e seguiu para a escuridão que dominava todo o lado esquerdo do galpão, oposto ao lado de onde viu Dean amarrado a uma pilastra e John sentado ao lado dele, nenhum dos dois notou sua presença, já que mantinham um diálogo constante.
Bobby seguiu abaixado até a entrada, e ficou escondido por detrás do imenso portão de ferro, com a arma apontada para a entrada, preparado para se John saísse, o render prontamente.
Sam observou o quadro diante de si, notou que Dean estava bastante ferido, mesmo através da luz fraca e insuficiente do lampião bem próximo a ele, conseguiu ver o estado dele, o rosto amado muito sujo, com sangue coagulado e um pouco escorrendo de sua cabeça e ouvido, além do corpo parecer muito fraco, posicionado daquela forma desconfortável. Sam se esforçou para conseguir acreditar no que estava ouvindo, a voz engasgada e fraca de Dean, e a voz altiva de John, em tom risonho e debochado como sempre, dizendo que o tinha visto com a Amélia por várias noites, o que Dean retrucou que não queria saber, e implorou por sua vida, mesmo que estivesse dado confiança as palavras de seu pai, ainda assim, implorou para que John não o machucasse, não o matasse.
Por um breve instante, Sam abaixou a cabeça, controlando suas emoções, pois sofreu como aperto no peito, ao ouvir aquela lamúria que traduzia o sentimento de amor gigantesco que Dean tinha por ele, ofertando sua vida para que ele ficasse a salvo, numa proposta injusta e desesperada, mesmo que tivesse acabado de ouvir de seu pai mentiras sobre ele estar com Amélia e querer formar uma vida ao lado dela, mesmo assim, seguiu, sem nenhuma vergonha ou orgulho, implorando pela sua vida, numa prova maior do seu amor, incontestável e puro. Seu coração doeu de arrependimento por suas atitudes que fizeram duvidar do amor dele, e o por ter feito ele sofrer por tanto tempo, numa sensação que rasgava seu peito de remorso e culpa.
A compreensão foi rápida para Sam, mesmo em meio aos sentimentos latentes ao ouvir Dean, sua consciência entendeu que John o queria morto, e para tanto, seu próprio pai havia encomendado sua morte ao lobisomen, que o baleou, além de ter ouvido, claramente, John dizer que o mataria. Entre as ameaças de John, notou todo o sadismo que nunca tinha visto antes nele, que sempre estava mascarado em sorrisos vazios e sem sentido, além de perceber, os olhos distantes e insanos do mesmo, quando apontou uma arma, momentaneamente, para a cabeça de Dean. Sam viu John seguir para uma mesa, deixando Dean desesperado e gritando pela atenção de seu pai, e mais uma vez, clamar por sua vida, quando viu o pai preparar uma arma maior e mais alongada, que não conseguiu identificar, e assim seguir com a mesma em direção a entrada.
Naquele momento, Sam não podia mais esperar, para render seu pai, antes que ele alcançasse a porta e se deparasse com Bobby. Mesmo que John ainda estivesse empunhando a arma que tinha acabado de apontar para Dean, e a outra maior transpassada no peito, por um cordão pendurado acoplado ao cabo da arma, Sam tinha que evitar que John enfrentasse Bobby, teria que proteger ao mais velho e também a Dean, que na outra direção, estaria numa linha de tiro, se John revidasse com a arma que estava em sua mão.
John estagnou um momento na porta, ficou de lado e falou com Dean, o que Sam ouviu perfeitamente, enquanto se locomovia para o mais perto possível de John, mas sem que se revelasse na escuridão ainda, ansiando em render John assim que ele ficasse de costas para Dean.
Sam estava com as duas armas apontadas para John, e conseguiu ficar encoberto pela escuridão, parou a pouca distância de John, e assim que seu pai virou de costas para Dean, com a intenção de continuar até a entrada, Sam saiu do meio da escuridão, com uma passada larga, se revelando em meio a alguns troncos encostados na parede, e permaneceu com as armas apontadas para a nuca de John, ficando por trás do seu pai, estagnado e em silêncio, sendo ouvido somente o engatilhar das armas, que fez John parar de andar no mesmo instante a menos de dois passos da entrada.
Sam: Acabou pai.....ninguém vai morrer aqui hoje....(Falou sério)....solta essa arma.
John: Sam....sempre o Sam....(murmurou baixinho).
CONTINUA....
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