Ao sea lado, Hades viu que Perséfone enxugava uma lágrima depois de sua mãe acenar pela última vez e desaparecer em uma nuvem branca. A deusa notou que estava sendo observada e sorriu fraco para ele. Hades a abraçou, sabia que tudo estava resolvido e estava mais do que orgulhoso de sua esposa por tudo aquilo.
- Você está bem? - Ele perguntou acariciando os cabelos da deusa.
- Sim, estou. - Perséfone sorriu novamente. - Vou sentir falta dela...
Os dois ficaram em silêncio, mesmo antes de aparecer, Hades sabia que seu tenente estava vindo.
- Meu senhor, minha rainha. - O deus da morte fez uma reverência.
- Tânatos! - Perséfone disse feliz e o abraçou.
O deus olhou para Hades, que o olhava com irritação, mas retribuiu o gesto.
- Quanto tempo! - A deusa sorriu para ele. - Fico feliz em vê-lo.
- Igualmente, minha rainha. - Tânatos respondeu. - Creio que temos assuntos urgentes a tratar aqui, principalmente com relação as audiências...
- Sim, pode voltar ao trabalho, Tânatos. - Hades o interrompeu. - Eu vou cuidar o resto.
Tânatos apenas fez mais uma reverência e saiu voando dali. Hades passou o braço pela cintura da esposa e a conduziu para dentro do palácio.
- Do que estavam falando? Que assuntos urgentes? - Perséfone perguntou.
O deus não respondeu de imediato, o que preocupou a deusa.
- Não permiti que ninguém entrasse ou saísse do Mundo Inferior até que você retornasse. - Hades suspirou.
- O que? - A deusa perguntou incrédula. - Como assim? Eu estava bem, não precisava ter...
- Posso lidar com isso. - Ele rebateu.
- Desculpe, eu sei que fez isso por mim, mas não era totalmente necessário, Hades. - Ela acariciou o rosto dele. - Mas obrigado, meu amor. - Perséfone o beijou.
A deusa sabia que quando Tânatos começasse a enviar as almas para o reino novamente, eles teriam o dobro de trabalho, mas mesmo assim, Hades havia feito aquilo por ela. Mesmo tendo sido inconsequente e saído sem avisar, ele não a havia questionado ou julgado por ter feito o que fez, na verdade, ele nunca o fazia.
- Eu queria falar com Hécate primeiro, posso encontrá-lo depois no salão para ajudá-lo. - Ela disse.
- Seria melhor se descansasse, passou a noite...
- Eu estou bem, me sinto ótima! - Perséfone respondeu sorrindo. - Prometo que não vou demorar.
Ela levou as mãos até o rosto dele e o puxou para um beijo apaixonado e cheio de desejo. Uma parte dela, não queria se afastar dele nem por um segundo, mas queria falar com a amiga que a apoio desde o início na ideia de reunir sua família. Quando separou o beijo, Hades sorriu para ela e puxou sua mão delicadamente, onde depositou mais um beijo olhando diretamente para ela, o que fez a deusa corar.
- Acho bom que não demore, quero começar a formar nossa família logo... - Ele disse se virando e indo em direção ao salão.
Perséfone não conteve o sorriso de felicidade ao ouvir aquilo dele. Estava tão distraída que mal percebeu a presença de outra deusa chegando pelo corredor atrás dela.
- Fico feliz que está de volta! - Hécate falou sorrindo.
A deusa do Mundo Inferior se virou e correu para abraçar a amiga, ambas riam por ter tudo acabado bem, embora não tivesse sido nada fácil.
- É bom estar no meu reino, e perto das pessoas que amo. - A deusa respondeu.
- Sabe que a profecia ainda não foi cumprida não é? - A deusa da magia sorriu.
A expressão de Perséfone mudou de feliz para assustada no mesmo instante.
- Calma, estou falando dos filhos que vocês ainda vão ter... - Hécate tocou a barriga dela.
- Como sabia? - Perséfone perguntou surpresa.
- Pude sentir a fertilidade que emana de você do final do corredor. - Ela respondeu rindo.
As duas deusas foram rindo e conversando até chegar ao quarto de Hécate, que fez um chá para as elas. Perséfone sabia que já estava demorando demais, e resolveu se despedir da deusa da magia.
Mal havia saído do quarto quando viu Hades indo em sua direção com uma expressão séria. A deusa caminhou até ele.
- Eu sei que eu demorei mas é que... - Perséfone tentou se justificar.
-Não é isso, Perséfone. - Hades cruzou os braços. - Apolo está aqui.
O deus fez uma pausa e olhou diretamente para ela. Perséfone sabia que ele estava avaliando sua reação, e sua cara de culpada a havia lhe entregado. Hades suspirou, já sabendo que era por causa dela.
- Olha, eu não sei o que ele quer, mas só disse que vai sair quando você der a ele o que prometeu. - Ele falou e continuou esperando uma resposta dela.
- É, eu meio que esqueci de te falar que eu prometi pra ele que ele teria a namorada de volta ou sei lá... - Perséfone deu uma risadinha esperando que isso amenizasse as coisas.
Hades respirou fundo antes de voltar a encarar a deusa.
- Sabe que eu não posso fazer isso!
- Sei, mas talvez possamos apenas deixá-lo visitá-la, só um pouquinho. - Perséfone tentou argumentar. - Sei que pode achá-la, já vi você fazer isso antes!
Ele a olhou como se imaginasse se estava falando sério, mas ela estava nervosa, e agora tinha que ajudá-la a resolver aquele problema.
- Vamos. - Hades falou e a deusa se apressou em segurar o braço dele, só para garantir de que ficaria perto dele o tempo todo.
Os dois foram até o salão, onde Apolo aguardava. Perséfone se sentiu mal ao ver que ele parecia esperançoso, e ainda mais quando ele sorriu quando a viu.
- Ai está, a rainha do Mundo Inferior. - Apolo fez uma reverência para ela. - Com certeza bem mais receptiva que o rei.
Hades apenas o olhou de cima a baixo e o ignorou como de costume. Perséfone não queria desgrudar do marido, mas teria que dizer a verdade para Apolo.
- Bem, eu queria te tivesse um modo menos doloroso de dizer isso mas... - A deusa começou. - Sua amante, Dafne, não sei onde ela está.
Apolo simplesmente riu sem humor e Perséfone olhou para Hades em busca de ajuda, mas ele continuava impassível.
- Eu sou o deus da verdade se não se lembra. - Apolo caminhou na direção dela. - Sei que está mentindo. Agora, cadê ela?
- Fique onde está. - Hades respondeu notando a aproximação do deus.
Aquilo já estava começando a ficar sinistro, Perséfone estava nervosa mas sabia que era ela quem havia prometido a Apolo que teria a amada de volta, agora tinha que consertar o erro.
- Não vou sair daqui! - Apolo respondeu irritado e apontou para Perséfone. - Você jurou pelo Estige, fizemos um acordo!
- Não vai mais existir acordo se chegar mais perto dela. - Hades falou devagar e calmo. - Agora, lembre-se de onde está e abaixe o tom de voz.
- Querido, eu posso resolver isso. - Perséfone pousou uma mão no ombro do marido.
Apesar de estar impaciente e extremamente irritado, Apolo não podia se opor, afinal, estava no reino deles e podia ser preso caso achassem que estava ameaçando-os. Portanto, Perséfone se aproximou do deus do sol e respirou fundo.
- Me fale sobre ela. - A deusa pediu. - Sobre Dafne, como ela era?
Mais uma vez o coração da deusa se apertou ao ver em como Apolo ficou triste novamente.
- Ela... Ela era uma ninfa, me apaixonei por ela assim que a vi. - Ele respondeu baixo. - Tinha cabelos escuros, olhos castanhos... No dia em que ela se foi, usava um vestido branco.
Perséfone fechou os olhos, tentou concentrar todo o seu poder nas palavras dele para fazer o que seu marido havia feito no ano anterior quando um homem foi até lá para tentar trazer a amada de volta. Ainda com os olhos fechados, a deusa viu os rostos de centenas de almas que estavam no Mundo Inferior, mas sentia que nenhuma delas era Dafne.
A deusa abriu os olhos e olhou surpresa para o marido, que sabia o que ela havia feito. Finalmente conseguiu se concentrar para localizar uma alma, mas esta alma não estava lá.
- Apolo... - A deusa começou. - Dafne não está aqui.
- O que? - Ele gritou.
Foi então que o deus perdeu o controle e começou a gritar palavras não muito gentís para os dois. Perséfone tentou acalmar Hades, que ameaçava jogá-lo no Tártaro se não parasse de gritar. A deusa propôs uma solução e mandou chamar os três juízes do Submudo. Hades apenas foi para o fundo da sala se servir de uma taça de vinho, e Perséfone agradeceu mentalmente por ele tê-la deixado lidar com isso.
Não demorou muito para que eles chegassem, mas Apolo ficara andando de um lado para o outro murmurando poemas sobre Dafne, o que deixou a deusa um tanto desconfortável apesar de ser fofo.
- Éaco, Minos e Radamanto. - Perséfone os cumprimentou. - Bem-vindos!
- Em que podemos serví-la, rainha do Submundo? - Minos perguntou fazendo uma reverência, assim como os outros.
A deusa calmamente explicou a situação e o motivo de Apolo estar ali. Os juízes ouviram atentamente apesar de não terem idéia do porque haviam sido chamados, mas logo entenderam quando ela explicou sobre Dafne, e Apolo até descreveu como ela era.
- Poderiam tentar se lembrar dela? - Perséfone perguntou esperando ouvir uma resposta positiva.
Os juízes se olharam por um instante, e sem trocar uma palavra, eles olharam para Apolo.
- A ninfa Dafne de quem fala, nunca adentrou o Submundo. - Eles responderam em conjunto. - Sua alma ainda habita o mundo dos vivos.
- Então... Ela está viva? - Ele perguntou em voz baixa, Perséfone detectou uma pontinha de esperança na voz dele.
- Sim! - Perséfone confirmou sorrindo.
O deus do sol andou até ela devagar e a abraçou. A deusa riu e retribuiu o gesto.
- Obrigado pela sua ajuda! - Apolo sorriu para ela. - Eu também agradeceria ao seu marido, mas ele não fez nada.
- Foi um prazer. - Hades rebateu.
- Espero que vocês dois sejam muito felizes juntos! - Perséfone tentou melhorar o clima desejando boa sorte ao deus antes dele partir.
Apolo saiu do salão e a deusa não conseguia parar de sorrir ao ver que havia finalmente, e pela última vez, resolvido tudo. Hades dispensava os juízes para que voltassem ao trabalho e Perséfone se aproximou dele bem devagar e em silêncio e tocou seu ombro, quando ele se virou ela foi para o lado.
- Como você faz isso? - Hades riu.
- Eu já disse... - Perséfone levou as mãos até o rosto dele. - Você sempre cai nessa!
O deus a puxou para mais perto e a beijou. Sem que percebesse, a deusa os transportou através das sombras até o quarto.
- Devo admitir que estou impressionado! - Ele sorriu. - Mas o que estamos fazendo aqui, minha rainha?
- Você sabe o que eu quero fazer. - Ela respondeu corando. - Só quero passar um tempo sozinha com o meu marido.
Ele riu como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.
- Tem certeza? - Hades provocou. - Não tem mais nenhum problema que precisa ser resolvido? Não preciso me preocupar com a possibilidade de mais algum deus entrar aqui te procurando?
A deusa deu risada e sentou na cama.
- Na verdade... - Perséfone falou puxando as cobertas. - Só tem mais um deus que eu quero que me encontre.
A deusa se cobriu tomando cuidado para que não deixasse nenhuma parte do corpo de fora. Não demorou para que Hades fosse "procurá-la", mas ela não estava mais lá. O deus se virou confuso mas a deusa saiu das sombras e foi parar na cama novamente.
- Me procurando, Lorde Hades? - A deusa riu.
Ele suspirou e se virou para ir até a deusa, que gritou de surpresa quando Hades ficou em cima dela.
- Agora você não vai a lugar nenhum. - Ele respondeu e a beijou em seguida.
Lentamente, foi despindo a deusa enquanto a beijava. Ambos não conseguiam esconder o desejo que sentiam. Os dedos da deusa percorreram os cabelos do marido e em seguida foram até sua camisa para retirá-la. Hades parou de beijar o pescoço da esposa para terminar de tirar as poucas peças de roupa que haviam restado.
Perséfone já estava complemente perdida, e gemia ao sentir o toque do deus em sua pele. O deus afastou as pernas dela devagar e a penetrou. A deusa tinha as pernas em volta da cintura dele, e suas mãos foram até seu rosto para puxá-lo para mais um beijo apaixonado e cheio de saudades.
Hades continuou com os movimentos bem devagar apenas para provocá-la, mas não conseguiu negar os gemidos da deusa que pediam para que fosse mais rápido. Ele sentia o corpo da deusa se contorcer de prazer em baixo do dele, e logo em seguida também chegou ao seu ápice.
- Eu poderia fazer isso o dia todo. - Perséfone falou depois de alguns minutos.
O deus sorriu para ela e foi para o seu lado.
- Descanse, deusa... - Ele a cobriu e beijou sua testa. - Teve uma noite agitada ontem.
Ela sorriu sonolenta.
- Como eles irão se chamar? - Perséfone perguntou.
Hades franziu a testa confuso, mas logo ficou surpreso ao perceber do que ela estava falando.
- Ainda temos tempo para isso, minha querida. - Ele a beijou novamente.
- Sempre temos tempo para esperança, não é mesmo? - A deusa sorriu ao lembrar que havia dito essas mesma palavras para ele há um ano.
E ele respondeu exatamente como antes:
- Sempre.
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