- Eu te amo pai, to the moon and back.
Fechei meus olhos e fiquei sentindo aquela brisa do oceano bater em meu rosto.
Às vezes nós vivemos toda a nossa vida olhando as tragédias acontecendo na TV, todas aquelas famílias sendo destruídas, mas nunca paramos para pensar se tudo aquilo estivesse acontecendo conosco.
Sempre que eu via aquelas pessoas sem casa, sem ter o que comer, eu ficava devastada, eu fazia de tudo para tentar ajudar, doava dinheiro para instituições, fazia trabalhos voluntários, mas nunca cheguei a pensar, “E se eu estivesse no lugar deles? E se fosse eu ali, sem ter o que comer?”
Agora eu me lembro dos filmes, seriados, das noticias que eu via na TV, e até amigas e amigos meus que perderam os pais, eu ficava tentando ajuda-los, e me perguntando por que eles nunca aceitavam minha ajuda, ou por que diziam que eu nunca os entenderia. Eu pensava que era porque eu não era tão apegada ao meu pai, mas eu estava errada, a dor que você sente não tem explicação, aquela pessoa que te criou, que te contou aquelas piadas que na infância você tinha um ataque de risos e na adolescência você falava que era sem graça, aquela pessoa que esteve presente em todas as fases de sua vida, e que você imaginou entrando com você na Igreja no dia do seu casamento, que você imaginou segurando o seu filho. Aquela pessoa que você pensava que era eterna, e hoje você vê que estava errada.
- Em...Emily. – abri meus olhos devagar e encontrei Patrick me encarando.
- O que foi? – falei me levantando meio sonolenta.
- Eu sei que você está cansada, e por mais que você seja fofa dormindo, você precisa comer alguma coisa. – ele falou e eu olhei ao redor, percebendo que já estava dentro do quarto.
- Que horas são? – perguntei bocejando.
- Quase meia noite. – ele falou e eu arregalei os olhos.
- Eu dormi tanto assim? – perguntei e ele riu.
- Você dormiu feito uma pedra. – ele falou rindo.
- Eu to com fome. – falei sentindo minha barriga roncar.
- Que milagre. – ele falou irônico e eu lhe mostrei a língua. – Quem mostra a língua pede beijo. – ele falou rindo.
- Se mata Patrick. – falei me levantando e indo em direção à cozinha do Iate.
- Se eu me matar você vai chorar, e eu não gostaria que você derramasse uma lágrima por minha causa. – ele falou e eu me virei imediatamente para olhá-lo.
- Para com isso. – falei e ele me olhou confuso.
- Parar com o que? Eu não estou fazendo nada.
- Para com esse jeito fofo, encantador, irresistível. Para com isso, nós somos amigos, apenas isso. – falei me virando, Patrick agarrou meu braço e me virou novamente para ele.
- Nós podemos ser mais do que amigos, por favor, Emily, me dá uma chance de te mostrar que eu posso te fazer feliz. – ele falou olhando em meus olhos e eu desviei o olhar.
- Eu não posso. – falei mordendo o lábio.
- Por que não? – ele perguntou e eu o olhei.
- Eu não posso te machucar Patrick, eu não posso me machucar, eu não estou pronta para outro relacionamento. – falei e ele sorriu de canto.
- Você não vai me machucar, nem se machucar. Por favor, é só tentar, se der errado nós não vamos parar de ser amigos. – ele falou e eu neguei.
- Todos falam isso. Nós não vamos deixar de ser amigos. – falei tentando imitar sua voz. – Isso não passa de uma mentira, depois a pessoa não quer mais nem olhar na sua cara, você sabe que é assim Patrick. – falei me soltando de seus braços e correndo para o lado de fora do barco.
- Emily para de fugir de mim, eu só te peço uma chance. Uma chance de te provar que você está errada, de te provar que eu posso fazer você amar de novo, que eu posso te consertar, que eu posso te fazer feliz. – ele falou e eu o olhei.
- Você sabe que isso não dará certo, Pat eu não sou a pessoa certa para você.
- Como você sabe se nós nunca tentamos? Eu sei o que aconteceu com você, eu sei que você teve uma decepção amorosa, eu sei que você perdeu um grande amigo, eu também perdi. Mas nem tudo está perdido, eu posso te ajudar a te encontrar, eu posso te fazer feliz. – ele falou e eu neguei.
- Eu quero ir embora, me leva para casa, por favor. – falei desviando meu olhar para o mar e senti uma pontada em meu coração.
- Como quiser. – ele falou e entrou no Iate.
Voltei a me sentar no lugar em que eu estava antes, na beira do Iate. Logo o barco começou a se mover rapidamente e eu fiquei olhando para a imensidão azul a minha frente. Logo iam aparecendo os primeiros vestígios da cidade se aproximando, as pontas de alguns prédios e as luzes piscando.
O píer surgiu em minha frente e eu respirei fundo, assim que o Iate parou, eu me levantei e fui para o quarto trocar de roupa, coloquei minha roupa que ainda estava um pouco molhada e subi as escadas. Patrick estava sentado no sofá me esperando.
- Vamos? – perguntei o olhando.
- Vamos. – ele falou se levantando sem me olhar.
- Viu? As coisas já mudaram entre nós. – falei e sai sem espera-lo.
- Emily, me espera. – ele falou e eu escutei seus passos atrás de mim.
- Eu preciso pensar, Pat. Deixe-me sozinha, eu vou a pé. – falei e ele negou.
- Eu não deixarei você ir sozinha para casa, olha a hora, é quase meia noite, sua casa é longe, você não vai sair sozinha.
- Patrick eu quero ir sozinha, você não pode me impedir. – falei e ele me olhou irritado.
- Quer saber? Foda-se Emily. Eu não vou mais tentar te proteger. – ele falou e saiu irritado em direção ao seu carro.
O que eu fiz agora? Mas que merda, parabéns Emily, parabéns.
Comecei a caminhar sem destino, que merda eu não faço a mínima ideia de onde ir, eu nem sei para que lado é a minha casa. Peguei meu celular para ligar para alguém e disquei o numero de Jéssica. Ela atendeu e eu pedi que viesse me buscar.
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