Arizona saiu sem rumo da casa de Callie. Após deixa-la em pedaços, correu sem olhar para trás. Sabia que tivera que tomar essa decisão e que a partir de agora não teria mais volta. Correu com as mãos apoiadas no pé de sua barriga até a esquina da rua. Buscou por seu telefone em sua bolsa e ligou desesperadamente para Teddy que mal conseguira compreender o que a amiga tentava dizer. Arizona conseguiu dar uma pausa no choro para conseguir explicar que tinha terminado tudo com Callie e que estava na esquina da sua casa sozinha, sentada no chão.
Teodora que tinha pausado um momento intimo com Amélia para atender a ligação, desesperou-se pulando da cama colocando sua blusa rapidamente e explicando por cima que Arizona e Callie tinham terminado e que sua amiga estava na rua chorando.
“Como assim, Teddy. Me explica essa história direito, não tem motivo para elas terminarem, meu deus a Callie.” – colocou as mãos no cabelo colocando-o para trás.
“Callie?” – perguntou arqueando as sobrancelhas abrindo um sorriso irônico. “Acabei de te dizer que Arizona está na rua, chorando. Ela está grávida, Amélia.” – disse áspera.
“Sim, mas pra ela estar na rua chorando, imagina onde Callie não está né? Ela jamais deixaria Arizona nesse estado. Ela não é assim, alguma coisa aconteceu.” – disse puxando o zíper de sua calça jeans.
“Aconteceu, elas terminaram.” – disse o óbvio pegando a chave de seu carro que estava sobre o criado-mudo. “Vamos.” – chamou saindo do quarto.
Amélia só teve tempo de pegar sua blusa no chão e sair correndo atrás de Teddy.
Entraram no carro de Teddy e saíram cantando pneu em direção à casa de Callie. Amélia ligou para latina que não atendeu deixando-a mais preocupada. A assistente ligou para casa, em seguida para seu celular novamente e nada nenhum sinal. “Acelera, por favor. A Callie não está atendendo.” – disse encarando-a.
***
Não muito longe dali, Mark estacionava seu carro em frente à casa de Addison. Sem coragem para sair do carro, preferiu pegar um fôlego antes de ir falar com ela. Addison apareceu na janela abrindo as cortinas e Mark não pôde deixar de abrir seu melhor sorriso. “Tão linda” – murmurou sorrindo ainda encarando-a.
A enfermeira lembrou-se do carro ao vê-lo parado na frente sua casa e retribuiu o sorriso. Não poderia enganar-se. Estava com saudades de Mark. Addison repreendeu-se quando soube por Derek que Arizona estava com uma mulher e que ela e Mark agora eram apenas amigos. Addison tivera consciência que o expulsou de sua casa injustamente. Sentiu seu corpo todo dissipar ondas de calor ao vê-lo em sua porta. Ela o amava, e tê-lo ali significava que ele realmente a queira. Qualquer outro homem em seu lugar, provavelmente não iria querer vê-la nem pintada de ouro. Aliviada... Addison sorriu. Abriu um sorriso tão grande que pôde sentir seu maxilar doer. Ele estava lá, estava lá por ela.
Mark retirou o cinto de segurança e quando estava prestes a sair do carro sentira seu telefone vibrar com uma mensagem de Arizona.
“Mark acabou tudo. Ela está destruída, e eu não estou muito diferente. Mas não se preocupe, eu vou para casa da Teddy. Não vou voltar pra casa, pelo menos não hoje. Estamos bem.” – Az.
Ao ver aquela mensagem Mark fechou os olhos por alguns segundos repousando a cabeça no banco. Sorriu irônico por saber que não poderia sair daquele carro. Se Arizona terminou com Callie, ele não a deixaria sozinha e sabia que se saísse daquele carro para conversar com Addison, ela jamais o aceitaria morando com Arizona. Não seria justo também, e ele sabia disso. Instintivamente deu um soco no volante para tentar dissipar a raiva que sentira de si mesmo por nunca ter sorte. A força do soco fizera o barulho da buzina ser ouvida por Addison que estranhou, mas permaneceu dentro de casa esperando que ele saísse do carro. As lagrimas involuntariamente começaram a cair sobre seu rosto. Ele amava Addison, mas sabia que não podia pedir que ela aceitasse essa condição. Mas queria estar com Addison, formar uma família... Ficar ao seu lado. Entretanto sabia que não conseguiria viver longe do seu bebê, já que poderia fazer uma ideia de qual era o próximo passo de Arizona. Com lagrimas nos olhos Mark ligou o carro e olhou pela última vez a mulher amada sabendo que talvez nunca mais pudesse vê-la novamente. Sentindo seu coração doer, mas não tendo alternativa, arrancou com o carro fazendo-a abrir à porta e sair correndo em direção à rua. “Mark” – gritou. Mas nada ele pudera fazer já que tivera tomado sua decisão.
***
Teddy estacionou o carro na esquina da casa de Callie e desceu correndo para falar com Arizona que estava sentada na calçada. “Arizona o que foi que aconteceu.” – perguntou preocupada.
“Eu terminei com ela, eu não podia continuar... Eu não posso” – tentou explicar gesticulando. “Eu a amo tanto, está doendo muito.” – disse chorando buscando os braços da amiga.
Amélia que observava de longe só esperou ter certeza de que Arizona estava “bem” e que não tinha acontecido nada de grave com ela, então correu. Correu com toda velocidade que pôde atrás de sua amiga que com certeza estaria arrasada. Adentrou pela sala em uma velocidade jamais testada por ela, subiu os degraus gritando o nome da latina que nada respondera. Só após chegar à entrada do quarto que vira Callie estirada no chão. Seu coração disparou-se “Callie” – gritou indo em sua direção.
Amélia colocou a latina em seu colo e tentou reanima-la dando leves tapas em seu rosto. “Por favor, fala comigo” – implorou. Só então Callie finalmente abriu os olhos. “Arizona” – chamou.
“Calma, sou eu Amélia, o que aconteceu com você?” – perguntou preocupada alisando seu rosto.
Suas pupilas dilatadas buscaram por Arizona sem sucesso. Callie levantou-se do colo de Amélia e sentou encarando-a. “Diz pra mim que isso tudo foi um pesadelo e que ela ainda não chegou de viagem. Foi tudo um pesadelo né? Diz pra mim Amélia, por favor.” – suplicou.
“Eu sinto muito.” – disse com voz triste. “Mas isso não foi um pesadelo.” – afirmou fazendo-a iniciar um choro sonoro. “Venha” – chamou-a para um abraço. “Eu queria muito que isso fosse um pesadelo, eu queria tanto tirar essa dor de você. Eu sinto muito.” – afirmou acariciando suas costas.
“O que eu vou fazer da minha vida sem ela? O que eu vou fazer com esse berço?” – perguntou afastando-se do abraço limpando o rosto.
“Você vai viver do mesmo jeito que você viveu antes dela chegar, não é a primeira vez que você apanha Callie. Isso vai passar, eu te prometo.” – afirmou.
“Mas ela é diferente, eu a amo tanto.” – murmurejou.
“Eu sei, eu sei... Eu estou aqui, você não vai enfrentar isso sozinha, não dessa vez. Eu estou aqui com você, pode chorar o quanto for necessário. Isso vai passar.” – prometeu.
Callie desfez-se do abraço novamente e deitou em seu colo segurando suas coxas com a mão. “Eu tinha preparado tudo pra ela, eu estava pensando em comprar uma casa maior... No campo como ela gosta... Eu planejei uma vida para nós duas Amélia, e ela simplesmente pulou fora no primeiro obstáculo. Meu deus, por que tem que doer tanto.” – perguntou-se voltando a chorar.
Amélia sentia seu coração doer, jamais vira sua amiga nesse estado. Se Arizona não estivesse grávida, com certeza daria lhe uns bons puxões de orelha. Mesmo sem saber o motivo do termino, a assistente sabia que elas poderiam enfrentar o que quer que fosse, juntas. E que poderiam sentar e conversar para resolver qualquer coisa... Não precisava terminar e deixar Callie naquele estado, pensou.
Seus pensamentos estavam a mil e a todo o momento se perguntava o porquê da separação do casal. Porém não tivera coragem de perguntar e deixa-la pior. Então ficou ali acariciando os fios negros, dando o suporte que ela precisava.
***
“Venha, entre no carro vamos para casa.” – Teddy chamou segurando-a.
“Por favor, me leve para a sua casa. Eu não quero ficar sozinha.” – pediu.
“Tudo bem, só vamos sair daqui. Você não pode ficar nesse chão, vamos ao médico saber se está tudo bem com o bebê? Você não deveria ter tido tanta emoção assim, precisamos saber se está tudo bem.”
“Está tudo bem, acredite. Só vamos para sua casa, por favor.” – pediu enquanto Teddy lhe ajudava a entrar no carro. “Você nem se despediu da Amélia.” – lembrou.
“Aposto que ela vai entender.” – disse entrando do outro lado.
Arizona abaixou o vidro e olhou a rua da casa de Callie que estava vazia. Só o barulho do vento pudera ser ouvido. Teddy deu a ré para fazer o retorno e pela última vez Arizona olhou para sacada de Calliope. “Eu te amo, para sempre” – disse antes que a aeromoça retornasse com o carro pegando a avenida principal indo em direção a sua casa.
***
Durante toda noite Teddy e Amélia trabalharam arduamente em casa separadas para tentar fazer suas amigas dormirem. Arizona não conseguia dormir, agonizava e mexia-se o tempo todo na cama repetindo o quanto a vida era injusta e ela amava Calliope.
Na casa de Callie as coisas não estavam muito diferentes, depois de muita insistência Amélia finalmente conseguiu tira-la do chão e arrasta-la até o banheiro para tomar banho. Convenceu-a de deitar-se e ajudou-a vestir uma roupa mais confortável. Depois de um longo tempo a latina conseguiu dormir, entretanto teve pesadelo durante a madrugada e acordou chamando por Arizona.
Sem conseguir pegar no sono por causa de Callie, Amélia ligou para Teddy que atendeu rapidamente antes que o barulho do celular acordasse Arizona. Levantou-se atendendo a ligação indo para fora. Amélia perguntou como Arizona estava e Teddy disse que só agora a escritora tinha finalmente conseguido dormir. Logo em seguida perguntou sobre Callie que não estava muito diferente. Amélia perguntou se Teddy sabia o motivo do termino e ela respondeu que sim, e contou por cima o que tinha acontecido. Depois de alguns minutos na ligação despediram-se para tentar dormir enquanto Callie e Arizona não acordavam.
***
Uma longa semana havia se passado desde o dia que Callie e Arizona romperam. Nenhum contato fora mantido entre as mulheres, as únicas informações que Callie tinha era as que Amélia lhe passava, graças a Teddy que as deixavam informadas.
A escritora durante os últimos sete dias pensou em voltar atrás, todo dia era o mesmo sofrimento e a mesma dor no coração por saudade de sua amada. Entretanto, mantinha-se firme. Alguma coisa dizia que isso era o certo a se fazer. Mesmo que todos fossem contra, ela se mantivera ali, firme e forte com a decisão de manter-se longe de Callie, mesmo que sonhasse com ela todos os dias. Mesmo seu peito doendo de saudades.... Ela ainda sim se mantivera firme.
Callie estava acabada, não passara nenhum dia sequer sem ligar para Arizona, mesmo sabendo que a escritora não atenderia ainda sim ela ligava. Queria que Arizona soubesse que ela estava ali, e que se desistisse dessa ideia absurda de distanciar-se, Callie ainda estaria ali, por ela... Por Sofia.
***
Agora fazia três semanas desde o termino. Arizona e Mark foram para consulta de rotina para saber se estava tudo bem com o bebê. O primeiro sorriso que Arizona dera durante semanas fora quando ouviu o seu coraçãozinho bater e junto com ele a imagem no monitor. Seu coração disparava toda vez que o ouvia. Era com certeza o seu som favorito no mundo, junto com a risada de Callie... “Callie” – sua mente murmurou. Arizona tinha saudades, tanta saudade que seu peito doía. Mas sabia que não poderia voltar atrás. Seu bebê merecia uma vida melhor, e ela não podia negar isso a ele. O sexo do bebê já era possível de ver, mas Arizona preferiu fazer surpresa até o dia de seu parto.
Após a consulta terminar Mark deixou-a em casa e disse que voltava logo. Mentiu dizendo que iria resolver umas coisas de trabalho e saiu deixando-a sozinha finalizando seu livro. Mark entrou em seu carro e dirigiu até a casa de Callie, que quando ouviu a voz do homem chamando-a assustou-se.
A latina estava tomando vinho sentada no chão do seu estúdio folheando algumas fotos quando o som forte da voz de Mark pudera ser ouvida. O som só não fora mais alto do que o latido de Aron, avisando uma visita com certeza inesperada. “Arizona” fora tudo que pensou ao ouvir a voz do homem e sair correndo em direção à porta abrindo-a bruscamente. “Mark, está tudo bem com Arizona? Com o bebê?” – perguntou buscando fôlego.
“Calma Callie, está tudo bem.” – afirmou. “Eu só vim fazer uma visita.” – disse com um sorriso segurando um envelope em suas mãos.
“Ah, graças a Deus, entre.” – pediu dando passagem.
“Obrigado” – agradeceu entrando.
Aron pulou em cima de Mark que levantou as mãos em rendição. “Relaxa, ele gostou de você, não vai te morder.” – garantiu fazendo-o rir, acariciando seu pelo.
“Vim te entregar isso, acho que você vai gostar. Eu pedi secretamente para que fizessem uma cópia. Fomos à ultra hoje, e eu senti que deveria fazer isso.” – disse entregando-lhe o envelope.
Callie pegou e o abriu rapidamente e franziu a testa ao encarar o objeto. “O que tem aqui dentro?” – perguntou.
“O coraçãozinho... As imagens que vimos hoje está crescendo tão rápido.” – disse com um sorriso bobo e percebeu os olhos castanhos ficarem marejados. “Callie eu...” – não soube o que dizer.
“Está tudo bem, não se preocupe.” – disse passando a mão no rosto bruscamente limpando a lágrima que estava escorrendo. “Eu vou ficar bem...” – mentiu. “Obrigada, eu vou assistir com carinho... Você não faz ideia o quanto isso significa pra mim.” – sorriu.
“Ela também é sua, não importa o quão louca Arizona esteja para afastar você assim da vida delas. Mas ela também é sua, é nossa. E eu espero de verdade que Arizona perceba a burrada que está fazendo e volte atrás o quanto antes. Vocês precisam uma da outra... E Callie, ela não está nada bem.”
“Eu cansei de ligar... Cansei de ficar correndo atrás dela. Eu não desisti, mas quero deixa-la em paz e respeitar sua decisão. Eu a amo muito, mas eu não sei até quando vou poder esperar.” – disse sincera.
“Posso te dar um abraço?” – pediu.
“Mas é claro.” – confirmou com um sorriso abrindo os braços.
Abraçaram-se...
“Espero muito que ela volte atrás.” – Mark disse sincero desfazendo-se do abraço.
“Eu também.” – confirmou encarando-o. “Muito obrigada.” – sorriu.
“Eu vou fazer uma cópia para você sempre que formos à consulta. Vou te manter a par de tudo. Não se preocupe. E eu quero que você saiba que estou ainda morando com ela, mas não temos absolutamente mais nada. Ela não desistiu de você para ficar comigo... Dormimos em quartos separados, eu apenas estou cuidado delas, não me odeie.” – pediu sorrindo.
“Não te odeio, Mark. Fique tranquilo, eu não tenho motivos para odiar você. Muito pelo contrário, não vou esquecer nunca o que você está fazendo por mim. Obrigada por me dar uma cópia.” – agradeceu.
“De nada, como eu disse. Sempre que tivermos uma consulta eu vou te manter informada de tudo. Hoje iriamos saber o sexo, mas ela não quis. Decidiu deixar tudo para a hora do parto. Eu não tenho voz, então nem discuti você sabe como ela é quando cisma né.”
“Eu sei muito bem.” – disse sentida. “Reparei que você está usando “ela” para se referir ao bebê.” – sorriu.
“Eu concordo com você, também acho que seja uma menina. Bom, agora eu já vou indo. Obrigado por me receber. Fique bem, se precisar de qualquer coisa pode me ligar, Callie.” – pediu.
“Obrigada. Você tem sido incrível comigo... Eu realmente não esperava.” – disse sincera. “Obrigada mais uma vez, esse DVD é a melhor coisa que me aconteceu em semanas.” – afirmou antes de se despedir.
Após Mark entrar no carro e ir embora, Callie fechou a porta e foi direto ligar a televisão. Correu para o sofá com o controle na mão e chamou Aron para acompanha-la. Quando seu bebê apareceu na televisão, não pôde conter a emoção. O som do coraçãozinho saia por todas as caixinhas de som espalhadas pela sala. Os olhos castanhos brilhavam inundados... Seu bebê estava crescendo, estava saudável. Um sorriso bobo fora esboçado, o primeiro sorriso depois de três semanas.
Não importava o que Arizona decidisse fazer com a relação delas... De algum jeito Callie estava ligada a esse bebê para sempre.
***
Cinco longas semanas havia se passado desde que Arizona decidiu retirar Callie de sua vida e de seus planos. Por motivos que ela julgava ser o suficiente para abrir mão do amor de sua vida. Durante toda essas semanas não houve um dia sequer que Arizona não olhasse o contato de Callie, ou perdesse um bom par de tempo admirando sua fotografia. Toda noite antes de dormir os momentos que passara ao seu lado vinha lhe assombrar em um flashback. Cada detalhe durante todo o período que passou ao seu lado passara como um filme.
O primeiro encontro... A primeira vez que andou de moto, a descoberta de que Callie era lésbica, a noite que passaram juntas na casa de seus pais no campo.
O beijo no bar... A descoberta de sensações que até então eram desconhecidas... Sua resistência em admitir que estava apaixonada por uma mulher...
O aniversário de Calliope...
A primeira noite de amor...
O primeiro eu te amo...
Tudo passava em sua cabeça fazendo-a sentir-se mal por ter acabado com tudo assim. Arizona não acreditava muito em destino, mas poderia jurar que estava destinada a Calliope, e vice-versa. Mas por que não sentia-se segura para viver ao seu lado? Por que o medo de fazer sua filha sofrer no futuro lhe atormentava tanto?! Mas e se ela desistisse dessa loucura de viver longe de seu grande amor? E se elas não passassem o que o casal passou na escola de Bailey? E se...
Estaria disposta a viver toda sua vida imaginando como seria se tivesse voltado a trás?! Arizona não teria paz... Não estava tendo, e com certeza nunca teria se continuasse a viver tão perto de Callie. Então, em meio ao choro que para ela tinha se tornado rotina, tomou uma decisão. Após o lançamento de seu livro, aceitaria a proposta que April lhe fizera antes. Morar na África... De primeira recusou o convite por achar que seria melhor manter-se em Nova York, afinal sua família e seu noivo estavam aqui.
Mas agora não vira alternativa que não fosse aceitar essa proposta e viver para sua filha e seu trabalho bem longe de tudo que fizera lembrar-se de Callie. Uma hora acabaria cedendo e voltando para os braços da latina. E ela não poderia ceder, e isso acabaria acontecendo se ficasse tão perto. O cheiro de Callie estava impregnado em Arizona como se tivesse passado todo o dia ao lado dela. Sua própria casa lembrava Callie mesmo sem ela nunca ter pisado lá. Quando estava na editora as imagens das duas juntas em cima de sua mesa desconcentravam-na e nada conseguia produzir. Não importava onde Arizona fosse ela sempre achava um jeito de lembrar-se da latina.
Decidida a por fim nesse tormento, levantou-se para contar a novidade para Mark, que estava deitado no outro quarto. Entretanto ele já esperava por essa decisão. Avisou-a que estava já se programando para noticia e que iria com ela. Arizona até tentou impedi-lo, porém o empresário afirmou que a África não era ali do lado onde ele pudesse visitar a filha todos os dias. Estava decidido, ele iria junto. Estava disposto a abdicar de toda sua vida em Nova York, para acompanhar Arizona.
Apesar de acompanha-la, Mark era totalmente contra essa decisão... Arizona não tinha o direito de tirar Callie desse jeito da vida desse bebê. O empresário tentou usar a latina e até a obstetra de confiança que tivera conseguido aqui. Mas não adiantou, nada iria fazê-la desistir. Estava convicta de que era o certo, então após o lançamento do seu livro, estava decidido. Arizona e Mark iriam embora.
***
Amélia chegou de um jantar com Teddy, iria passar a noite com sua namorada e aproveitar sua folga, mas após a ligação de Arizona contando a novidade, preferiu ir direto para casa e dar a infeliz noticia pessoalmente. Ao estacionarem em frente à casa de Callie, Teodora perguntou se Amélia estava certa que deveria contar. A assistente assegurou-a que sim, já que sabia que Arizona não teria coragem e não queria que a amiga descobrisse caso fosse visita-la e soubesse que eles se mudaram para talvez nunca mais voltar. As mulheres despediram-se e Amélia retirou sua chave de dentro da bolsa. Respirou fundo antes de abrir a porta e finalmente adentrou.
Nas últimas semanas Callie tinha se entregado a bebida, a latina que só bebia aos fins de semana uma taça ou duas. Agora bebia todos os dias três a quatro garrafas de vinho. Chegou a perder compromissos por não conseguir levantar-se da cama por conta da ressaca. Sua sorte era que Amélia estava sempre pronta para ajuda-la e substitui-la. Amélia fora muito mais que sua assistente, fora Callie quando a latina não pudera ser ela mesma.
Quando o amor que sentia por Arizona tornou-se doloroso e massacrante, Callie viu que precisava apegar-se em alguma coisa ou acabaria fazendo uma loucura. Então, infelizmente na bebida encontrou a falsa paz para amenizar a dor que sentia em seu peito toda vez que se lembrava de Arizona. Entregou-se na bebida sem pensar no seu trabalho ou na sua própria saúde. Callie estava colocando em jogo seu nome como fotógrafa por causa do amor que agora ela julgava não ser correspondido. A dor da ausência machucava-a cada dia mais, então quanto mais os dias se passavam, mais ela bebia.
Ao entrar, Amélia chamou por Callie e preocupou-se com o silêncio. Quando estava prestes a subir os degraus a latina apareceu vestida apenas com uma camiseta grande preta. Estava descalça e os fios negros estavam soltos e bagunçados. Na mão segurava uma garrafa de vinho onde bebia no gargalo.
“Como foi o jantar... Achei que fosse dormir com a Teddy” – disse com a voz embolada visivelmente embriagada.
“Callie, você me prometeu que iria maneirar na bebida.” – disse subindo os degraus.
“Eu tentei... Mas eu não consigo parar de pensar nela.” – disse sentindo-se meio tonta. “O problema é que quando eu fecho os olhos... Vem sempre o mesmo sorriso.” – declarou fechando os olhos desequilibrando-se.
Sua sorte fora Amélia ter sido mais rápida segurando-a pela cintura. “Callie pelo amor de Deus!” – implorou. “Vem, me da essa garrafa antes que você se machuque.” – pediu tomando-a de sua mão.
Amélia que era bem menor que Callie, buscou forças de onde não tinha para praticamente carregar a latina até seu quarto. Carregou-a até o banheiro e ligou o chuveiro no gelado. “Por favor, tome banho enquanto eu vou fazer um café para você. Chega de bebida por hoje.” – avisou retirando-se do quarto deixando-a sozinha.
Pegou a garrafa de vinho de volta, desceu as escadas e fora em direção à cozinha, mas antes que chegasse a mesma, ouvira a campainha tocar. Voltou para atender e ao abrir à porta fora surpreendida por Teodora.
“O que você está fazendo aqui?” – perguntou deixando-a entrar.
“Eu sei que disse que iria embora, mas eu vim saber como ela está.”
“Ela quase caiu da escada, eu não a reconheço mais.” – lamentou-se. “Nunca a vi nesse estado, é preocupante e eu não sei o que posso fazer para ajuda-la.” – afirmou abaixando a cabeça em derrota.
“Não fique assim. Você já está fazendo.” – tentou. “E como ela reagiu quando você disse que Arizona está indo morar na África?” – perguntou.
Antes que Amélia pudesse responder. Foram surpreendidas pelo barulho estrondoso vindo da escada. “Meu deus” – gritaram em uníssono colocando as mãos na boca, ao verem a imagem de Callie desacordada no chão e seu sangue espalhando-se pelo local.
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