Alguns dias haviam se passado desde o encontro de Callie e Arizona no estacionamento. Desde então, a fotógrafa parecia pela primeira vez realmente decidida em esquecer a escritora. Teodora e Amélia preferiram não se envolver por serem amigas de ambas. Deixaram Callie fazer o que achava ser o melhor para ela, e reafirmaram que estariam lá caso ela precisa-se de qualquer coisa. Mark, ainda não havia contato para Arizona sobre sua amizade com a latina. O contador tivera medo de que sua reação prejudicasse o bebê, tivera cismado que a escritora não aceitaria essa amizade. O porquê, nem ele sabia como explicar.
A cada dia que se passava a data do parto se aproximava. Arizona estava cada dia mais nervosa e sentia todos seus hormônios a flor da pele. Tudo era em excesso e com muita intensidade, principalmente a tristeza de estar longe de Callie. Mas sua decisão tivera sido tomada e ela teria que aceitar as consequências, sabia que seria difícil no “começo” assim julgava. Entretanto, mal sabia que não haveria nenhum dia sequer que ficaria sem lembrar-se de sua amada e sentir o seu peito arder de saudade.
Mark passava a maior parte do tempo em seu trabalho, organizando tudo para poder ir embora para África. Conseguiu por o Jackson em seu lugar, o rapaz era seu braço direito na empresa e precisava dar um voto de confiança. Nada como deixar toda sua empresa em sua responsabilidade para morar em outro país. Mark tivera acordado que voltaria pelo menos duas vezes ao mês durante o tempo que fosse ficar afastado. Na parte da manhã, o empresário que também era contador, passava com Arizona. Na parte da tarde ficava na empresa acertando os últimos detalhes, e durante a noite, buscava Callie para irem a um bar.
Por ainda estar muito recente, a fotografa topava ir para os barzinhos, mas sempre se recusava ao ser abordada por alguma mulher. O que deixava Mark espantado, pela quantidade de mulheres que abordavam a latina. Enquanto ele, com sua fama de garanhão desde o colégio, mal conseguira trocar uns beijinhos. Callie apenas se divertia com as tentativas frustradas do amigo tentando paquerar as mulheres que vinham aborda-la.
Após chegar de um dia cansativo de trabalho, Callie havia decidido que não iria sair esta noite. Mark a convidava para barzinhos quase todas as noites e isso estava acabando com seu rendimento no trabalho. Precisava descansar no mínimo oito horas para o casamento duplo que teria de fotografar amanhã. Estava deitada em seu sofá assistindo televisão com Aron quando seu telefone tocou. “Mark” sua mente murmurou ao ver o nome do amigo no display. Atendeu simpática como sempre era com o amigo e como já era de se esperar ela estava a convidando para irem ao bar. Apesar de o amigo lhe fazer muito bem, Callie realmente precisava descansar. Não queria dispensa-lo, mas era necessário. Mark entendeu e disse que tudo bem, iria sozinho com Derek, mas caso mudasse de ideia, estaria no barzinho que costumavam ir. Ao ouvir a voz da escritora no fundo da ligação, Callie já arrumou uma desculpa para desligar mais rápido. Não queria ouvir sua voz... Não queria lembrar-se dela mais, pelo menos por enquanto. Já que buscava todos os dias com todas suas forças seguir seu caminho sem olhar para trás, sem lembrar-se de tudo que vivera ao seu lado. Na tentativa de dissipar seus pensamentos, guardou seu telefone no bolso de sua bermuda larguinha e fora até sua adega buscar um taça de vinho, voltou e seguiu até as escadas onde subiu em direção à sacada do seu quarto. Com uma garrafa de vinho e uma taça, se serviu enquanto sentava-se na cadeira.
Depois de jantar com Arizona, Mark avisou que iria sair com Derek e que mais tarde voltaria para casa. Qualquer coisa ele estaria no celular, e Izzie lá embaixo caso ela precisa-se. Arizona apenas concordou com a cabeça e continuou mudando os canais da televisão entediada. Algumas horas depois de tédio. Arizona decidiu que iria sair e caminhar um pouco. Já era por voltar das nove horas e Izzie ficou preocupada em deixa-la sozinha e se ofereceu para acompanha-la. A cuidadora era habilidade e poderia dirigir para Arizona que olhou para o tamanho da sua barriga e seus pés inchados e apenas concordou. Saíram e ficaram dando voltas pelas ruas de Nova York, era tudo que Arizona precisava... Sair um pouco de casa e do tédio que sua vida estava se tornando por ter que ficar sempre de repouso, deitada sobre a cama. Não via logo a hora de Sofia nascer, primeiro para conhecer o seu rostinho, e segundo porque já não aguentava mais aquelas condições. Arizona pediu para que Izzie seguisse para um “certo” endereço e sem saber de quem pertencia a casa, apenas obedeceu e seguiu a rota que seu GPS tivera dado.
O endereço que Arizona havia falado as levou direto para o bairro da latina. Ao ser questionada por Izzie se deveria entrar na rua, respondeu rapidamente que não. Quando iria pedir para que ela fizesse o retorno e fosse para casa, Callie apareceu em sua sacada segurando uma taça de vinho. Arizona sorriu... “Tão linda” sua mente murmurou.
“Vamos ficar parada aqui mesmo?” – perguntou franzindo a testa.
“Sim, desligue o carro. Espera só um pouquinho, por favor.” – pediu olhando para rua onde tivera uma plena visão da latina debruçada em sua sacada.
Callie estava vestida com a mesma roupa de quando Arizona fora em sua casa pela primeira vez. A blusa era preta larguinha que deixava seus ombros à mostra, e a bermuda no tom de pele que permitia que Arizona apreciasse as pernas torneadas. Não pôde deixar de umedecer os lábios ao admira-la. “Que saudade” murmurou chamando a atenção de Izzie que finalmente reparou para onde Arizona estava olhando e entendeu tudo, mas não ousou em dizer nada, afinal não queria perder o emprego.
O som do celular de Callie a tirou do seu transe. Ao olhar e ver o nome no display franziu a testa, pois não estava esperando.
“Alô” – atendeu simplesmente.
“Oi, Callie. É a Luiza”
“Oi Luiza, eu sei. Tenho o seu número.” – disse em tom de brincadeira.
“Ah, é que depois do nosso último encontro deduzi que tivesse excluído.” – falou sem jeito.
“Ah propósito eu sinto muito por aquilo” – desculpou-se sincera.
“Está tudo bem. Ela está ai?” – perguntou.
“Ela quem, Arizona?”
“Sim, ela está com você agora?”
“Não, terminamos.” – tentou soar natural, mas falhou.
“Nossa, eu achei que vocês fossem ficar juntas para o resto da vida.” – disse sem pensar.
“Pois é...” – respondeu simplesmente fazendo sua ficha do que havia dito cair.
“Me desculpa.” – pediu sincera. “Eu posso ir ai? Até sua casa para tomar um vinho?” – perguntou.
“Eu estou um pouco cansada, Luiza. Recusei até um convite para ir ao bar de um amigo. Eu tenho um casamento duplo amanhã e preciso descansar.”
“Ah... Eu estou a duas ruas da sua casa. Minha visita não iria se estender muito porque eu trabalho amanhã, só queria te ver mesmo, como amiga. Afinal de contas, somos amigas ainda... Né?” – perguntou e a latina confirmou. “Então...” – sorriu. “Mas tudo bem... Eu liguei porque como eu disse estou perto da sua casa. Então me lembrei de você e queria saber como você está. Mas deixa para outro dia então.”
“Não... Tudo bem, eu estou aqui na sacada mesmo tomando uma taça de vinho sozinha. Pode vir pra cá, à porta está aberta.” – avisou. Luiza disse que estava a caminho e logo em seguida desligaram a ligação.
Após guardar o celular novamente no bolso, Callie finalmente olhou para a entrada da rua e notou um carro parecido com o de Arizona parado na esquina. Forçou os olhos para tentar enxergar quem estava dentro do carro, mas por causa do insulfilme não conseguiu. Revirou os olhos e respirou fundo por achar que estivesse maluca. Claro que Arizona não estaria parada na rua da sua casa, afinal, o que ela estaria fazendo ali?! Faltavam poucos dias para a data do parto e sua médica fora bem clara em pedir para que fizesse repouso total. Resolveu ignorar o carro na entrada da rua e encheu novamente sua taça de vinho.
Um bom par de tempos que ninguém tivera contado já havia se passado e Arizona ainda estava na mesma posição. Sentada em seu carro admirando a beleza latina em sua sacada. Izzie já estava desconfortável em ficar tanto tempo no automóvel e precisava ir ao banheiro, mas nada teve coragem de dizer. Arizona aparentava ser uma mulher muito “brava” desde sua chegada a escritora tem evitado o máximo de contato. Sempre alegando que poderia muito bem se cuidar sozinha. Por esse motivo, Izzie nunca teve coragem de conversar nada que não fosse relacionado a sua saúde e seu bem estar. Tentou adiar o máximo em ter que perguntar, mas ela não aguenta mais ficar ali esperando sabe se Deus o que. Então, finalmente perguntou. Mesmo que isso lhe custasse seu emprego.
“Desculpe me intrometer, dona Arizona. Mas por que a senhora não vai até lá falar com ela ao invés de ficar aqui admirando?” – disse com a voz tremula com medo de ser repreendida.
Arizona estava com o cotovelo apoiado na porta dando suporte com a mão para sua cabeça. Um pouco inclinada e bastante confortável a escritora podia ficar ali por muitas horas apenas admirando a beleza de Calliope. A voz de Izzie a fez sair de seu transe e automaticamente sacodir a cabeça. Encarou a loira maior por alguns segundos e franziu a testa com sua tamanha intimidade.
“Oi, desculpe acho que não entendi.” – se fez de desentendida. Afinal, Izzie não soubera de nada a respeito de sua sexualidade. Ou será que Mark já havia abrido a boca?! Questionava-se.
“Desculpe-me, eu não queria lhe faltar com o respeito.” – pediu sem jeito. “É que já estamos aqui há bastante tempo. Ela nunca vai te ver se você continuar sentada nesse banco. A senhora precisa levantar-se e ir lá falar com ela, ou voltar para casa. Ficar aqui sentada só babando não vai adiantar nada.” – disse franzindo o cenho e a testa ao mesmo tempo por ter falado a última frase sem pensar. Arizona arqueou as sobrancelhas encarando-a abismada, realmente não esperava tamanha intimidade. “Desculpe-me, eu.” – fora cortada.
“Está tudo bem, só pelo amor de Deus pare de se desculpar.” – pediu encarando-a. “Você tem razão. Eu deveria ir até lá não é mesmo? Mas creio que ela não quer me ver... A forma como ela saiu daquele estacionamento...” – falou lembrando-se do último encontro. Izzie a encarava com a testa franzida, afinal, não fazia a menor ideia sobre qual encontro ela estava se referindo.
“Acho que você só vai saber se ela não quer te ver, se você ir até lá.” – tentou ajudar.
“Talvez você tenha razão.” – falou retirando o sinto de segurança. “Vou até lá, o máximo que pode acontecer é ela me colocar para fora.” – disse com um sorriso nervoso.
Arizona abriu à porta e com certa dificuldade levantou-se. Ainda de frente para à porta do carro, ajeitava o cabelo quando sua atenção fora desviada para a moto que entrava na rua com o farol alto. Levou a mão até os olhos com certa insatisfação já que não tivera necessidade de um farol tão alto em uma rua tão tranquila. Revirou os olhos e estava prestes a fechar à porta quando percebeu onde a moto tivera estacionado. Achou muita coincidência parar justo em frente à casa de Callie. Forçou os olhos tentando reconhecer a mulher, mas o capacete estava atrapalhando-a.
Luiza estacionou sua moto em frente à casa da latina que estava tão distraída olhando para o céu que mal ouvira o barulho da moto se aproximando. Então resolveu chamar sua atenção buzinando duas vezes, fazendo-a sair de seu transe.
“Oi, Luiza. Não vi você chegando.”
“Eu percebi, por isso buzinei. Posso entrar?”
“Sim, claro. A porta está aberta, aproveita e traga uma taça para você.” – avisou levantando a garrafa de vinho que estava em sua mão. Luiza apenas assentiu com a cabeça e seguiu em direção a sua casa.
Ainda na esquina da rua, Arizona tentava controlar sua respiração após identificar a mulher que tivera acabado de chegar. Em busca de amenizar a dor que estava sentindo, levou a mão até o seu peito tentando controlar sua respiração. Arizona não soubera exatamente descrever sua dor, mas sabia que jamais tivera sentido algo parecido em toda sua vida. Callie aparentemente já estava seguindo sua vida... “E justo com essa mulherzinha” sua mente murmurava. Arizona não pudera acreditar, estava decepcionada. Não que tivesse algum direito sobre a latina, mas ela não pudera esperar sequer Arizona ir embora para África, enquanto Arizona estava sofrendo por causa da decisão que tivera que tomar, Calliope estava se divertindo aproveitando sua vida de solteira novamente. Apoiou suas mãos sobre o carro e começou a respirar fundo tentando controlar-se. Ao perceber a forma que Arizona ficou ao ver a mulher chegando de moto, Izzie rapidamente levantou-se e fora em sua direção.
“Arizona, por favor, respire.” – pediu levando a mão em seu rosto arqueando-o. “Você não pode se estressar, cuidado com o bebe, fique calma.” – pediu tentando não se desesperar com a probabilidade de Arizona passar mal e tê-la que levar para ao hospital. “Isso, respire fundo. Respire pelo nariz e solte pela boca, devagar.” – incentivou enquanto esfregava levemente suas costas. “Vamos para casa, acho que chega de visita por hoje.” – avisou séria. Arizona decidiu não contraria-la, afinal, tivera que admitir que não estava se sentindo bem. Queria ir para casa.
Luiza chegou na sacada segurando uma taça de vinho. Ao ouvi-la se aproximar Callie virou-se para cumprimenta-la e fora surpreendida pelos lábios famintos nos seus. Não tivera nenhuma reação, não cedeu mas também não contribuiu para que o beijo ficasse intenso. Luiza colou seus lábios com vontade nos carnudos e após perceber que a latina não retribuiu, afastou-se sem jeito.
“Desculpe, mas eu estava com muita saudade.” – pediu sem jeito.
“Confesso que fiquei surpresa, mas está tudo bem. Não se desculpe por isso.” – disse sincera. “Deixe-me te servir.” – falou depositando o liquido da garrafa em sua taça.
Arizona estava prestes a entrar no carro mas sentiu sua intuição dizer que precisava dar mais uma olhada. Afinal, poderia ser nada daquilo que estava pensando. Mas infelizmente tivera o desprazer de ver Luiza aproximando-se de Callie para beija-la. Como estava longe, não pudera ter a visão do que exatamente estava acontecendo, mas não precisava enxergar bem para saber que elas estavam se beijando. O pouco que viu fora o suficiente para fazer seu coração disparar e sentir o ar preso em sua garganta. Arizona agora sentia-se como tivesse desaprendido a respiração. Simplesmente o ar não passava, e automaticamente começou a ficar ofegante. Izzie desesperou-se e colocou-a imediatamente com cuidado no carro.
“Arizona, respira fundo por favor. Estamos indo para o hospital, só por favor, respire fundo.” – pediu tentando não se desesperar. Afinal, se Mark soubesse que ela fora conivente em sair de casa tarde da noite para viajar uma mulher na sacada da sua casa, seu pescoço estaria em apuros.
Como se tivesse adivinhado o que estava acontecendo, Mark ligou para Arizona. O telefone da escritora chamou por diversas vezes, sem nenhum retorno. Começou a ficar preocupada e resolveu ligar para Izzie que desesperou-se ao ver seu nome no display. “É o Mark.” – disse tentando desviar o olhar para Arizona sem perder a direção. “E agora o que eu faço.” – perguntou mais pra si, do que para a escritora ao seu lado.
“Atenda, diga que estamos indo para o hospital, eu estou sentindo muita dor. Eu acho que...” – não conseguira completar, algo havia chamado sua atenção.
“Oi, Mark.” – atendeu afobada ainda aérea sobre o que estava acontecendo com Arizona.
“Izzie? Onde você está? Cadê Arizona?” – perguntou direto.
“Mark, eu posso te explicar tudo depois. Mas agora eu estou indo para o hospital. Estou levando-a para o Mercy West. Ele é o mais próximo de onde estou.” – falou tentando segurar o telefone, e passar a marcha ao mesmo tempo.
“O que vocês estão fazendo ai a essa hora. Arizona sabe que precisa ficar de repouso. Eu estou indo pra lá, como ela está? Algum sintoma de que o bebê vai nascer?” – perguntou entrando em seu carro correndo.
“Não, ela só está com um pouco de dor, e com falta de ar. Mas não acho que esteja sentindo contração, ela parece estar melhorando - OH MEU DEUS!!!!!” – gritou ao ver as pernas de Arizona mostrando suas mãos molhadas. “A bolsa estourou, o bebê vai nascer, eu preciso desligar. Por favor, venha correndo.” – pediu antes de desligar.
“Calma, estamos chegando, vai ficar tudo bem.” – tentou acalma-la dizendo isso mais para si do que para própria Arizona que ainda estava em choque.
Não poderia acreditar que seu momento havia chegado. Não podia, estava muito cedo, faltava poucas semanas para Sofia nascer, e se ela não ficasse bem? Questionava-se em silêncio. Arizona jamais poderia se perdoar por colocar a vida de sua filha em risco dessa forma. Queria pedir para Izzie correr mais, precisavam chegar antes que alguma coisa acontecesse com Sofia, mas nada conseguira dizer. Sua boca sequer abria para dizer algo, estava paralisada. A única coisa que pensava era em sua filha.
Enquanto isso, na casa de Callie, alguma coisa estava errada. No meio de uma conversa digamos até que animada com Luiza, a fotógrafa sentira uma pontada forte em seu peito. Logo em seguida seu corpo fora tomado por angustia e agonia. Alguma coisa estava errada, alguém estava em perigo. Seria seus pais? Não... Não era possível. Afim de acalmar seu coração, pediu licença para Luiza e pegou seu celular para ligar para seu papa. O senhor Torres tentou tranquiliza-la afirmando que estava tudo bem com ele, inclusive com sua mãe; com quem Callie não tinha mais nenhum vínculo há muito tempo. Falar com seu pai havia lhe confortado um pouco mas ainda não era o suficiente, alguma coisa estava acontecendo com alguém próximo e isso estava deixando-a cada minuto mais angustiada. Até que seu telefone começou a tocar e o nome de Mark apareceu em seu display. “Arizona” murmurou chamando atenção de Luiza que estava atenta.
“Mark, está tudo bem com Arizona?” – perguntou sem deixa-lo sequer dizer alguma coisa.
“Como você sabe?” – retrucou.
“Sei do que? O que aconteceu Mark? Ela está bem?” – começou a questiona-lo ficando nervosa andando de um lado par ao outro.
“Você foi direto perguntando dela. Acabei de receber uma ligação da Izzie, Arizona passou mal e está indo para o hospital. A bolsa estourou, Callie. Sofia vai nascer.” – falou emocionado.
“Sofia vai nascer.” – concordou com um sorriso mega watt. Seus olhos já estavam marejados. Callie finalmente conheceria a menina que tivera ganhado seu coração antes mesmo de nascer. “Ela está no hospital central? Eu estou indo para lá agora.” – disse correndo em direção ao seu quarto.
Parou ao lembrar-se de Luiza que estava ao seu lado. “Eu preciso ir, vamos deixar esse vinho para depois. Minha filha nasceu!!!” – falou com emoção fazendo-a abrir um sorriso sem jeito. "Isso é ótimo" – falou com falsa animação.
“Callie espera, não.” – Mark chamou do outro lado da linha buscando sua atenção. “Ela está no Mercy West.” – avisou fazendo-a finalmente parar de andar pela casa.
“Como assim, o que ela está fazendo aqui tão perto? Você não avisou para Izzie que qualquer sintomas que ela tivesse que era para leva-la para lá?” – perguntou confusa.
“Acho que elas estavam na rua, não sei. Ela falou muito rápido, acho que ele era o mais próximo.” – avisou simplesmente. “Eu estou perto, já estou chegando.”
“Eu estou indo para lá, por favor dirija com cuidado.” – pediu desligando o telefone.
Buscou pela chave de sua moto e mal tivera tempo de pegar um casaco. Correu em direção à porta onde Luiza ainda esperava por ela. “Quer uma carona?” – ofereceu. “Acho que você está muito agitada para pilotar, deixe que eu te levo, por favor. Eu insisto.” – pediu e por achar o melhor a ser feito, apenas aceitou. Fora até sua moto buscar seu capacete e sentou-se junto à Luiza. Que ligou sua motocicleta e deu à partida em direção ao Mercy West Hospital.
**********
Tudo havia acontecido muito rápido. Em questões de minutos, Arizona estava deitada em cima de uma maca à caminho da cirurgia. Sofia precisava nascer agora e as pressas! Direcionaram-na para a sala de cirurgia onde somente um poderia entrar para acompanhar o parto. Após aplicarem uma anestesia em sua lombar, as dores que sentira foram amenizadas e em poucos minutos não aliviadas. Arizona não sentira mais nada da cintura para baixo. Alguém precisava entrar para acompanha-la. Estava com medo, assustada e começando a entrar em pânico, sua pressão arterial estava se alterando. Arizona precisava mantê-la estável para que conseguissem retirar Sofia. Seu bebê ainda era prematuro, seu parto era de risco e todo tempo agora era decisivo. Arizona precisava de alguém ao seu lado. “Onde está você Mark” sua mente murmurou. Seus olhos azuis dançavam de um lado para o outro, nenhum rosto conhecido, ninguém para segurar sua mão. Estava sozinha... Assim imaginava.
Após ser avisado que somente um poderia entrar para acompanha-la, Mark cedeu seu lugar para Callie que recusou imediatamente. “Claro que não, você é o pai, Mark. Pode ir que eu espero aqui. Ainda preciso avisar a Teddy e Amélia.” – lembrou. “Você pode ir, Mark.” – disse tentando soar sincera. “Você é o pai.” – reafirmou encarando-o com certa tristeza no olhar.
“E você é a mãe, tenho certeza que Arizona quer você segurando a mão dela.” – afirmou empurrando-a para dentro. “Agora vai que ela precisa de você lá.” – falou com um sorriso. E antes que Callie pudesse retrucar, fora surpreendida pela enfermeira que a puxou rapidamente e ajudou-a colocar a toca, mascara e avental.
“Venha, vai começar.” – chamou-a para perto de Arizona que estava de olhos fechados pensando estar sozinha.
Callie aproximou-se lentamente ainda despercebida e segurou sua mão com cuidado. Ao reconhecer o toque, Arizona abriu os olhos rapidamente. Suas sobrancelhas se arquearam com a surpresa de encontrar a latina ao seu lado e logo em seguida sua testa se franziu. “Calliope” – conseguiu pronunciar com certa dificuldade abrindo um lindo sorriso de covinhas. “O que você está” – tentou perguntar, mas fora cortada.
“Shiii” – pediu apertando sua mão tentando passar segurança. “Eu estou aqui com você, isso que importa e é só isso que você precisa saber Arizona, eu estou aqui com você.” – disse visivelmente emocionada.
“Obrigada” – agradeceu com seus olhos marejados.
Callie segurava a mão de Arizona com as duas mãos tentando passar o máximo de segurança possível. Queria que a escritora soubesse que independente do que havia acontecido entre elas, Sofia sempre seria prioridade e viria em primeiro lugar. Calliope jamais deixaria de ir até o hospital. Lembrou-se de agradecer Mark para o resto de sua vida por deixa-la estar ali, por ceder o seu lugar. Lembrando-se do amigo, virou-se para olha-lo pela grande janela de vidro que os separavam. Após o médico pegar o bisturi, fora questão de segundos até que as mulheres ouvissem pela primeira vez o choro de Sofia.
Callie e Arizona entreolharam-se emocionadas...
“É a nossa menina não é?” – Arizona perguntou com a voz embargada e com os olhos brilhando.
“Sim, é a nossa Sofia.” – respondeu emocionada soltando uma das mãos para limpar as lágrimas que caiam por seu rosto.
A enfermeira aproximou-se trazendo a pequena Sofia em seus braços. A colocou próximo ao rosto de Arizona. Que abriu seu sorriso de covinhas emocionada. “Oi minha pequenininha...” – tentou falar, mas o choro não a deixou completar a frase. Arizona aproximou seu nariz da pequena esfregando-o lentamente em sua testa. Callie apreciava o momento com seu melhor sorriso. A enfermeira retirou-a de perto de Arizona e aproximou-a de Callie que segurou o choro para conseguir apreciar a pequena que era a cara de Arizona.
“Oi meu amor... Você é tão linda, tão pequena.” – disse aproximando-se para depositar um beijo em sua testa por cima da máscara.
A enfermeira precisou leva-la para fazer todo o procedimento padrão. Mas antes de coloca-la na incubadora, levou-a até a janela de vidro para que Mark pudesse vê-la. Callie e Arizona entreolharam-se ainda mais emocionadas. A fotógrafa aproximou-se lentamente e depositou um beijo em sua testa fazendo-a fechar os olhos automaticamente. Arizona puxou levemente a mão até sua boca depositando um beijo demorado em seu dorso. “Obrigada” – agradeceu-a com um sorriso antes de fechar os olhos... Adormecendo.
Minutos depois do parto, Mark conseguiu convencer a enfermeira a deixa-los pegarem Sofia. Insistiu para que Callie pudesse trocar a primeira fralda e vesti-la. Por ser o pai, e ter uma boa lábia o contador conseguiu que ela os deixasse fazer, claro com sua supervisão. Callie colocou-a em seu colo e fez tudo que a Enfermeira a ensinava. Após troca-la, a fotógrafa a colocou em seu colo e a ninou por alguns minutos. A pequena era manhosa e se ela soubesse como fazer tenho certeza que sorriria para Callie. A Enfermeira não pudera negar que uma conexão como esta era vista poucas vezes, afinal, Sofia estava chorando quando o casal chegou. Geralmente, só a mãe que consegue acalma-los. Por estarem tanto tempo na barriga, quando saem é a primeira coisa que sente falta. Mesmo que a incubadora estivesse com a temperatura parecida da barriga de Arizona, ainda sim não era a mesma coisa. Sofia parou de chorar no momento em que Callie a pegou. A conexão fora imediata e a latina mais uma vez se vira apaixonada por um par de olhos azuis.
“Espero que você não se esqueça de mim... Combinei com seu papai que ele vai falar de mim para você todos os dias. Minha casa vai estar sempre de portas abertas para quando você voltar.” – falou enquanto segurava sua mãozinha que estava com uma luva cor de rosa. “Não importa onde você esteja, ou a quantos quilômetros de distância estivermos uma da outra. Eu sempre vou estar com você. Mama te ama.” – declarou-se beijando sua mãozinha. Callie retirou uma das luvas rapidamente sem que a Enfermeira que estava comovida e distraída percebesse e colocou a palma da mãozinha de Sofia em seu rosto. Queria que a pequena sentisse verdade em suas palavras. Colocou novamente a luvinha e a aproximou de seu rosto para depositar um beijo demorado cheio de amor e cuidado em sua testa. Ao notar que seu supervisor estava no andar, a Enfermeira pediu para que Callie saísse, afinal, ela não poderia estar ali dentro em hipótese alguma. Caso fosse pega, seria demitida. Com muito custo, mas querendo preservar o emprego da Enfermeira, despediu-se de Sofia apertando-a um pouco mais contra seu corpo. A pequena havia pegado no sono, assim seria mais fácil para que Callie saísse despercebida. Ao saírem, Mark a abraçou com força, a fotógrafa não havia dito nada, mas o amigo sabia que era tudo que ela precisava agora.
“Ela te ama, eu tenho certeza.” – falou referindo-se a Sofia. Callie sorriu.
“Eu sei... Eu posso sentir.” – afirmou deixando uma lágrima escorrer.
Algumas horas depois, chegaram Teodora e Amélia que seguiram direto para o berçário onde estavam Callie e Mark babando em Sofia pela grande janela de vidro que separava os pais da pequena. Os quatro amigos conversavam sobre o parto enquanto apreciavam Sofia. Certo par de tempos depois, Mark e Callie afastaram-se para conversar com Izzie, afinal, eles queriam saber o que aconteceu com Arizona.
A jovem contou que Arizona estava se sentindo entediada em casa e pediu para dar uma volta. Até que dera o endereço da casa de Callie que arqueou as sobrancelhas surpresa. “Então era ela.” Sua mente murmurou. Mas nada dissera, deixou que Izzie terminasse de contar. Falou sobre incentivar Arizona a ir até ela, e que ela o faria até que chegou outra mulher. Explicou que com a chegada da mesma, Arizona se descontrolou e começou a sentir falta de ar. E que em decorrer disso sua bolsa estourou e a aqui estavam elas. Callie afastou-se chamando a atenção de Mark que pediu para que Izzie esperasse um pouco.
“O que houve?” – perguntou colocando a mão em seu ombro.
“Ela viu Mark. Se algo acontecesse a Sofia a culpa seria minha.” – falou tentando prender o choro.
“Viu o que? Não estou entendendo. Você não tem culpa de nada.” – avisou.
“A Luiza lembra? Aquela que Arizona praticamente expulsou da minha casa?” – perguntou esperando a confirmação. “Então, ela foi à minha casa essa noite, e me beijou. Estávamos na sacada, é claro que Arizona viu e ficou com raiva. É por isso que ela esta aqui nesse hospital hoje, por minha causa Mark.”
“Callie fique calma. Comece pensando que Sofia está ótima. Arizona está em repouso, a cirurgia foi perfeita. Está tudo bem! Você não tem culpa de absolutamente nada, por favor, não leve isso para você.” – pediu segurando seus ombros encarando-a. “E você não iria me contar não é? Que esta beijando mulheres na sacada da sua casa. Você não precisava descansar?” – perguntou franzindo a testa.
“Ela me ligou, pediu para ir até minha casa porque estava à poucas ruas de lá. Eu não quis recusar por conta do último incidente né.” – disse como se fosse óbvio. “Arizona a viu me beijar...” – falou com a voz triste.
“Callie... Você é solteira, livre. Mais cedo ou mais tarde isso acabaria acontecendo mesmo. Arizona fez a escolha dela, e não há nada que podemos fazer para mudar isso. Então você precisa seguir sua vida. Graças a Deus que as duas estão bem e que Izzie estava lá para ajuda-la. Vamos pensar que agora conhecemos o rostinho da nossa garotinha. Somos pais, Torres.” – disse com um sorriso orgulho abraçando-a. “Você não tem culpa de absolutamente nada, por favor, não pensa assim.” – pediu desfazendo-se do abraço.
“Somos pais...” – confirmou não tão animada quanto seu amigo.
O casal fora surpreendido pela chegada rápida dos Robbins. O que fora a deixa que Callie precisava para deixar o local. Não queria estar lá quando Arizona acordasse. Também havia tomado uma decisão importante e por mais que o nascimento de Sofia tivesse deixado suas emoções mais afloradas, ela precisava cumprir o que havia prometido para si. Callie agora havia feitos planos e infelizmente Arizona não fazia parte de nenhum deles. Despediu-se de Mark e da família Robbins e seguiu direto para o Elevador. Ao ser questionada, avisou que precisava ir para casa tomar um banho e ir direto para a igreja. Iria fotografar um casamento duplo e precisava pelo menos de um banho antes de ir. Despediu-se e Mark lhe acompanhou até a porta de ferro que se abriu. Despediram-se com um abraço apertado e demorado. Callie se desfez do mesmo e afastou-se entrando no elevador. E antes que a as portas de ferro pudessem se fechar ele a encarou com olhar doce.
“Você lutou, você amou, você perdeu...
Cabeça erguida, Torres.”
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