Houston Parker
Daniel fechou a porta atrás de si e começou a caminhar pelo largo corredor. Eu deveria manter a cabeça baixa e sem dar nenhum resquício que ele estava me ajudando, ou se não eu provavelmente perderia essa oportunidade.
Eu não sabia certamente se ele havia sido contratado para me ajudar, se ele me conhecia de outro lugar ou conhecia minha família ou se ele apenas sentiu pena de mim e estava me guiando para fora desse prédio agora. Mas, pelo menos, essa duvida foi resolvida quando ele adentrou em uma sala e demos de frente com Colton armado.
-Espero que você tenha me acobertado muito bem, Haynes.
-Relaxa. –disse o loiro.
Continuei parada na porta, afinal, eu não estava entendendo nada, muito menos confiando que isso era real. Será que era novamente uma alucinação? Eu poderia estar em uma cama de hospital em coma e estar simplesmente sonhando. Admito que depois de pensar nisso, fiquei com mais medo ainda.
-Você viu se o caminho está livre?
-Eu estava com ela até agora no escritório. Você acha que eu teria tempo de ver isso?!
-Quer relaxar? Eu já disse que no máximo daqui duas horas você vai estar em casa com a sua esposa.
-Eu não se você sabe Haynes mas o “daqui duas horas” pode não existir se vocês não fizerem essa merda direito e me encobrir.
Colton estendeu a mão para o homem barbudo à sua frente, que o mesmo revirou os olhos pelo fato de ter sido ignorado, e entregou um tipo de rádio na palma que estava coberta por uma luva. Eu fitava toda a situação, alternando meu olhar entre os dois. Sério, isso estava completamente surreal. Eu não tinha nem noção do que estava acontecendo. E a fala de Daniel a qual eu deveria matar Alex continuava a rodar pela minha mente como um repetidor.
-Quantas vezes vou ter que dizer para você relaxar, cara?
Passou-se alguns minutos e pude ouvir algumas vozes chiando pelo aparelho, mas eu não consegui decifrar exatamente o que estavam falando. Quando fui adentrar mais a sala para prestar atenção, Downey pareceu se irritar.
-Eu vou embora daqui.
-Vai o caralho. –disse Colton.
-Já era, Haynes.
Daniel deixou Colton parado naquela pequena sala escura e se direcionou para a saída, até mim no caso. Ele parou na minha frente e colocou a mão no meu ombro, como uma forma de consolo.
-Eu te desejo sorte, garota.
Essas foram suas ultimas palavras até ele sair e começar a andar em direção à sua sala. Mas a mesma mulher que havia me perguntado se eu precisava de ajuda apareceu no caminho e o parou, começando logo uma conversa. Voltei a olhar para Colton, o qual ainda parecia focado no pequeno rádio, quando algo no corredor me chamou atenção novamente. Eram vozes grossas e altas gritando, pareciam vir lá da entrada. Foquei na virada brusca que separava do espaço em que estávamos para aquela “recepção” lá do começo, e num piscar de olhos, incontáveis homens apareceram fortemente armados andando em um tipo de marcha até o escritório de Daniel. Ouvi um tipo de pino, como se fosse metal se chocando, e uma espécie de bola foi jogada dentro da sala em que eu estava minutos atrás. Não deu cinco segundos, um barulho de explosão encheu todo o lugar.
Tudo virou fumaça. Eu ouvi diversos gritos. Alguns chamando por nomes, outros como se estivessem ordenando alguém a fazer alguma coisa. Outros até mesmo eram de dor. O impacto havia sido grande, por mais que eu não estivesse tão perto do local da granada. É, certamente aquilo foi uma granada. Eu estava esticada no chão, sendo que eu nem havia sequer percebido que eu havia caído.
-Colton? –chamei baixinho.
Não ouvi nenhuma resposta. Logo um gelo se instalou pelo meu corpo, como se algo estivesse me obrigando a ficar parada. Mas não era apenas “algo”. Esse algo tinha nome e cabelos loiros. Percebi que um par de olhos me tinham como foco no meio de todo o caos, infelizmente, me fazendo ficar imóvel e desconfortável, porém não por muito tempo. Alexssander estava me encarando no meio da fumaça enquanto diversas pessoas passavam correndo pela frente por diversos motivos, até eu ser levantada do chão por dois homens que eu nunca havia visto na vida e que me levavam exatamente na direção do psicopata.
-Colton! –tentei gritar, mas minha voz saiu completamente falha e baixa por conta da fumaça que eu inalava.
Comecei a sentir meu corpo todo a ficar mole, por mais que eu estivesse sendo apertada e carregada com uma tremenda força no momento. Eu pressenti que estava quase desmaiando, mas eu lutava severamente para não apagar. Comecei a fazer força para baixo, já que eu estava sendo carregada pelos pulsos e pelos calcanhares e todo meu abdômen estava livre. Pareceu funcionar por alguns segundos, quando eu finalmente cheguei ao chão novamente. Mas quando vi Alexssander parado na frente de uma porta escrita “saída”, ao lado um homem de barba rala e de óculos escuros, afirmei a mim mesma que eu só estava solta porque eles queriam.
-Houston Parker. –me saudou.
Eu tossia tanto que até minha garganta ficou seca. Apoiei-me no chão com as duas mãos, tentando parar de tossir mesmo ficando cada vez mais difícil, enquanto eu fitava o homem misterioso. Ele retirou seus óculos amistosamente, como quem não queria nada.
-Alexssander dê água para a garota.
Alex revirou seus olhos e retirou uma pequena garrafa d’agua, a qual foi jogada diante das minhas unhas que estavam imundas. Agarrei a garrafinha, sem nem ao menos almejar que poderia ter algo peculiar nela, e a virei inteira para o meu estomago.
-O helicóptero já está chegando? –perguntou o homem.
-Sim, está a caminho. –alguém atrás de mim afirmou.
Alex soltou um riso carregado de preocupação.
-Já era para estar aqui, isso sim.
Limpei com meu próprio pulso algumas gotas que insistiram em ficar ao redor do meu lábio. Voltei a olhar para o homem, que agora estava encostado na parede de cimento. Ele tinha a fala lenta e confiante, não apenas a fala como também a postura. É como se ele tivesse controle de tudo e soubesse sobre tudo... Eu o conhecia. Por mais que eu não lembre muito bem, eu já havia visto milhões de vezes esse rosto. Essas rugas abaixo e nos cantos dos olhos, além de sua pele bronzeada e sorriso alinhado, perfeitamente branco, demonstrando que ele era um homem de dinheiro. Assim como Justin, talvez até sendo ele em versão alguns anos há mais.
Seu olhar parou em mim, parecendo lembrar-se em um susto de que eu estava ainda aqui. Aqueles olhos, idênticos aos de Bieber...Era Jeremy. O pai de Justin, o mesmo que matou meu pai.
-Jeremy Bieber. –mencionei.
Ele levantou seu olhar, como quem estivesse surpreso.
-Você matou meu pai. –afirmei, com um pouco de dificuldade.
-Matei? –entortou sua cabeça em tom de ironia.
Forcei meu joelho e fiquei em pé, depois de um baita esforço para conseguir o equilíbrio.
-É você quem estava atrás de mim todo esse tempo. E eu achando que era esse idiota. –direcionei-me para Alex.
Ambos se mantiveram quietos, porém Alex mexia em alguma coisa no celular e o colocou no ouvido depois de me dar uma encarada. Mas Jeremy manteve-se firme em meus olhos.
-Você é um covarde. –falei tremula. –Só porque meu pai era um cara muito melhor do que você sempre foi e será nessa sua vida inútil não quer dizer que você tinha o direito de mata-lo!
Quando eu fui perceber, eu já chorava e gritava contra aquela expressão imóvel. Era como se eu estivesse gritando contra a parede na qual ele estava encostado. Parecia que ninguém estava dando uma mínima sequer atenção para a dor que eu estava descarregando naquele momento.
-Sim, -olhei rapidamente para Alexssander, o qual estava falando no telefone. –Eu gostaria de saber se vocês já estão chegando. Ah, demorou então... Eles chegaram, Jery.
Alex abriu a porta que levava até fora do prédio, e eu pude ouvir o som das hélices do helicóptero se chocando contra o vento bem acima de nós. Engoli em seco, voltando Jeremy ao meu foco principal.
-Quem lhe disse que matei seu pai? Sua mãe? Justin?
-Por sua culpa, agora minha vida virou um inferno. –ignorei suas perguntas. –Eu não vou deixar você encostar um dedo em mim!
Ele soltou todo o ar preso de seus pulmões e se mexeu, como um milagre.
-Vamos. –ordenou.
Logo ele saiu do meu campo de visão, indo para fora do prédio. Duas mãos gigantescas me pegaram pelo braço e me levaram até a porta onde Alex estava parado. Olhei para seu rosto, que nesse ponto me dava repulsa já.
-Você vai pagar por isso Alex. –rangi entre os dentes.
Ele ofereceu o sorriso mais filho da puta que ele tinha.
-Não se esqueça da garrafinha. –piscou um olho para mim e foi até a merda da garrafa, a trazendo junto consigo.
{...}
Abri meus olhos, deparando-me que eu havia pegado no sono. Tentei me mexer assim que percebi que ao meu redor estava tudo escuro. Óbvio que foi em vão. Eu continuei no mesmo lugar, um local úmido, escuro e que tem cheiro de mofo.
Assim que meus olhos se acostumaram com a escuridão, tentei ver ou achar qualquer coisa no meu alcance. Não obtive muito sucesso, novamente. A diferença é que pude enxergar uma fina e extensa linha de luz alguns metros acima de mim. Ou seja, isso quer dizer que havia uma escada logo na minha frente. Isso sim pode se chamar de progresso.
Eu também conseguia ouvir algumas coisas. Sons que pareciam ser de vozes e, algumas vezes, podia ouvir exatamente algo como marteladas próximas de mim. E há cada barulho desses, eu me encolhia.
Há nessa altura, eu não sentia mais medo. Eu acho que o meu maior medo era de estar onde estou agora. Nunca cheguei a imaginar como seria depois do ABCDM me pegar, talvez fosse porque eu tinha esperanças de que Justin me salvasse. E eu juro que não sei por que eu tinha esperanças nisso. Sério, Bieber não tinha nenhuma obrigação comigo, fazia anos que não nos falávamos e pensando bem agora, é até suspeito ele ter se empenhado tanto em mim. De duas é uma: ou ele está trabalhando com seu pai nessa ou ele sabia que era seu pai fazendo isso e quis intervir. E se é para dar minha opinião, eu prefiro ficar quieta. Porque as duas são horríveis. Prefiro não escolher entre aceitar que fui iludida em pensar que ele queria me ajudar ou aceitar que fui ingênua de acreditar que ele me ajudava pelo simples querer. É... no final as duas escolhas me trazem até aqui.
O pior de tudo é que nem tenho ideia de há quanto tempo eu estou aqui. Podem fazer apenas algumas horas ou semanas. Só de pensar nisso, uma vontade imensa de chorar atacou minha garganta. E por que não? Eu já estou morta mesmo, nada vai mudar se eu chorar. E então, logo após de mais uma martelada estourar, alguns grunhidos baixinhos saíram de mim, os quais já vieram seguidos de bochechas e queixo molhados e salgados.
-Levanta a cabeça princesa, se não a coroa cai.
Meu coração pareceu parar e voltar depois que essa voz surgiu do nada.
-Cala a boca Candy, deixa ela.
-Tranquilo Britt, só deixa eu me apresentar pra novata.
Logo após da frase soar por completa, duas mãos delicadas e ao mesmo tempo firmes, pegaram minhas mãos de minhas coxas e senti como se meus pulsos não estivessem mais sendo apertados. Depois, meus dois tornozelos foram pegos e algo gelado que estava prendendo eles foi desprendido. E por ultimo, uma luz clareou dois rostos desconhecidos há apenas poucos metros de mim.
-Prazer novata, sou a Candy. Essa aqui do lado é a Britt.
A loira ao lado me cumprimentou com um sorriso.
-E eu preciso fazer xixi. –disse a tal de Candy, que logo se levantou e foi para algum lugar mais atrás de mim.
-Não liga pra ela. Juro, ela é legal quando quer.
Molhei meus lábios disfarçadamente. Fui tentar me levantar, porém meu pulso fez um barulho estranho e começou a doer. Comecei a massageá-lo, porém a dor só aumentava.
-É normal, você passou uma semana na mesma posição. Vem cá.
Britt puxou minha mão, sem eu nem se quer processar direito o que ela havia falado, e começou a fazer alguns movimentos que, estranhamente, foram aliviando a dor.
-Uma semana? –cerrei meus olhos, desacreditando em suas palavras.
-Pois é, normalmente é de três semanas até dois meses. Você teve sorte, se é que você considera acordar bom.
-Por que não seria bom?
Puxei minha mão novamente para mim quando ela pareceu terminar o que estava fazendo. Meu pulso já estava bem melhor, agora só faltava a dor do resto do corpo sumir.
-Da onde você é, novata? –Candy apareceu novamente e sentou-se no mesmo lugar de antes.
-Villa Park. –respondi.
Ela riu, me deixando confusa.
-E onde diabos fica isso?
-Califórnia, não é? Caramba garota, você veio de longe. –disse Britt.
-Onde nós estamos? –perguntei um pouco receosa.
As duas se fitaram, parecendo que estavam escolhendo quem iria dar a noticia.
-Estamos em São Domingos, na República Dominicana.
Meu maxilar travou.
-O quê? –indaguei.
Meses depois...
Justin Bieber
Bati com a ponta do cigarro em meu dedão, fazendo a mesma cair. Dei uma tragada, decidindo que aquela seria a ultima, e taquei o resto pela janela do carro. Olhei para o retrovisor, soltando a fumaça enquanto eu observava o caminhão chegar lentamente.
-Beleza galera, é agora. –disse Dylan pelo rádio.
Desliguei aquela merda por onde saiu a voz e me joguei no banco, afundando cada vez mais. Passei a mão pelos olhos, tentando afastar os pensamentos que estavam voltando a me perturbarem. Cada segundo que passava meu coração batia mais forte.
-Foda-se. –falei para mim mesmo.
Fechei a janela ao meu lado e olhei para fora enquanto isso. Observei o caminhão estacionar no galpão no meio do deserto que logo mais seria surpreendido pelo Dylan e sua massa de robôs. É, ele conseguiria de boa.
Em um movimento rápido, abri o porta-luvas e retirei o pequeno plástico, a famosa “borsa”. Tirei minha carteira do bolso, pegando uma nota de cem e um cartão qualquer que havia ali. Taquei o pó branco na tela do meu celular e alinhei em uma linha quase reta. Parei por um segundo, e observei a linha. Não, cabia mais ali ainda. Virei todo o pó, arrumei e aí sim eu mandei ver. Puxei com toda a força que me restava e senti, aos poucos, meu corpo voltar a relaxar.
Aumentei o som do carro e fechei meus olhos, deixando tudo à minha volta se foder. De repente, ouvi como se fossem tiros e abri meus olhos em um susto, mas percebi, assim que os abri que era apenas a merda da cocaína me fazendo ouvir coisas. Voltei a olhar para o galpão, onde parecia tudo estar sob controle com Dylan apontando a arma para dois caras ajoelhados no chão e a carga sendo passada de um caminhão para outro.
Meu celular começou a tocar e o peguei na maior má vontade. Olhei para a tela em um movimento automático, quase o colocando no ouvido, porém parei no mesmo segundo que li “Houston”. Minha testa franziu, pois eu não me recordava de ainda ter seu numero salvo. Lembro-me bem de tê-lo apagado depois de ligar milhares de vezes e todas caírem na caixa postal.
-A-alô? –respondi assim que apertei no verde.
-Justin, liga a porra do rádio.
Meu coração deu um pulo quando ouvi a voz de Dylan do outro lado, me deixando puto por saber que era apenas minha cabeça mais uma vez. Taquei o celular com força no banco do lado, que ouvi até um trinchar que pareceu que rachou a tela. Bom, nada que me pareceu interessante naquela hora. Liguei novamente o rádio e apertei o botão para falar.
-O que foi Dylan, caralho?
-Temos um problema. Uma parte da carga não está aqui.
-Tu tem certeza? Contou duas vezes?
-Contei até três. –respondeu em tom de piada.
-Eu consegui localizar. –disse Colton pelo rádio, também. –Ela está indo por outra rota, na rodovia há 500 metros de onde vocês estão.
-Filho da...
Nem terminei a frase, logo coloquei o rádio no cinto da calça e saí do carro, batendo a porta atrás de mim. Com o silêncio do deserto, eu chamei toda a atenção para mim. Continuei a caminhar firmemente até o galpão e retirei a arma do cinto, apontando para os dois caras que já estavam na mira de Dylan.
-Ei cara... –disse o gordo que usava boné da BMW.
Assim que cheguei neles, dei um tiro exato na testa de um deles que caiu morto.
-Passa pra cá. –ordenei para o gordo.
-Do que você está falando? –disse trêmulo, olhando assustado para seu companheiro morto.
Apontei com o cano da arma para o corpo estirado no chão.
-Quer acabar igual seu amigo ali? Passa a porra da escuta pra cá.
Pude ver, pelo pouco de pescoço que ele tinha, a saliva passando raspando pela sua garganta. Ele já devia estar todo borrado.
-E devagar. –ordenei, mais uma vez.
Com toda a calma do mundo, ele foi passando seu braço até a parte de trás da sua calça, e num piscar de olhos, sacou uma arma e apontou rapidamente para mim. Com uma só puxada no gatilho, ele caiu morto. Senti até mesmo seu sangue respingar pela minha roupa e meu rosto.
-Justin... –Dylan me chamou, mas o ignorei.
Dei quatro passos e cheguei até no gordo, o virei de barriga para baixo e tirei de seu ouvido o pequeno ponto preto, tacando-o no chão e pisando em cima para o destruir.
-Quando você for roubar a porra da carga de alguém, se certifica de ver se ele não tem nenhuma escuta. –falei irônico.
-Você mesmo podia ter feito isso se não tivesse desligado a porra do rádio.
-E eu achando que você conseguia lidar com isso sozinho... –comentei baixo.
-Qual é, Bieber? Vai ficar de “gayzisse” agora?
-Gayzisse é seu cu, porra! Como a gente faz agora com o resto da carga que está indo para puta que pariu porque você deixou o gordo com uma merda de escuta?
Olhei para o resto da quadrilha, que já estavam sem as máscaras. Eram pelo menos 10 caras me encarando naquele exato momento, com suas expressões de cachorrinhos sem dono.
-Vamos. –falei, já me voltando para o carro. –Vamos embora enquanto eles ainda não chegaram e ainda temos uma parte da carga.
Cheguei até o carro e sentei no assento, colando minha testa no volante. Joguei a arma no banco do lado, a qual fez barulho quando chocou-se com meu celular. Olhei para o mesmo, que realmente ganhou uma tela rachada. Pensei em pega-lo para ver se havia alguma mensagem ou ligação perdida inesperada, mas me contive. Fechei a porta e dei a partida no Jeep, indo em direção até à mansão.
{...}
Uma sensação de alivio invadiu meu corpo quando avistei minha cama no meio de toda a bagunça que meu quarto estava. Eu nem se quer pensei duas vezes antes de me tacar ali e tentar ficar de boa, depois dessa longa noite. Fechei meus olhos durante alguns segundos, mas como de costume, meu momento de relaxar foi interrompido.
-Justin, isso tem que parar. –surgiu Dylan encostado no batente da porta.
-O que? –minha voz saiu abafada, quase impossível de ouvir pelo fato da minha cara estar contra o colchão.
-Você, drogas, matando todo mundo.
-Não é isso que tem que acontecer depois de terminar o ensino médio?
-A formatura foi há três meses atrás. Você deveria estar procurando uma faculdade ou sei lá, seguindo a vida. Mas foda-se. Não é disso que se trata.
Sentei-me no colchão, agora com até um pingo de interesse nessa conversa.
-E do que se trata, O’Brien? Pensa bem no que você vai dizer.
Peguei meu cigarro que estava tacado no chão junto com algumas peças de roupa e o acendi com o isqueiro que eu sempre tinha na carteira.
-Sabe... já deve ter nascido. Fazem 10 meses desde...
-E o que eu tenho a ver com isso? –dei de ombros.
-Ah vai se foder Justin! É sobre disso que se trata. Você e essas atitudes infantis. “Olha um homem qualquer passando na rua, vou atirar e matar ele.” Parece que você ainda não conseguiu superar o fato de você ter perdido.
Soltei uma risada, mas voltei para a minha postura séria.
-Eu perdi, Dylan? –levantei-me. –O que eu perdi, exatamente?
-Você falhou com mais uma, meus parabéns.
Andei até na direção dele.
-Repete. –pedi.
Dylan abriu seus braços e deu dois passos para trás.
-Segue a vida, Bieber. Talvez isso aqui não seja para você.
Ele voltou para o corredor e começou a se retirar. Dylan teria vazado se eu não tivesse ido atrás dele, puxado seu braço e dado um soco em seu olho esquerdo.
-Repete porra! –gritei.
-Vai se foder Bieber!
O’Brien veio até mim e me deu um soco na barriga, me derrubando no chão. Subiu em cima de mim e colocou meus braços acima da cabeça.
-Você tá parecendo um doente, cara. –tentou me acalmar.
-Foda-se. –gritei de volta.
Em um movimento rápido, o virei para a direita e subi em cima dele, começando a dar vários socos em seu rosto. Dylan tentava revidar, mas eu estava fora de mim. Ninguém conseguiria me deter, além de Colton que apareceu por trás e me segurou para não continuar a bater na cara daquele arrombado.
-Me solta, porra! –falei.
Tentei sair com toda força, mas as mãos de Haynes estavam firmes segurando meus punhos para trás.
-Chega, mano. –falou.
Com o tempo, eu fui recuperando o fôlego enquanto Dylan se recuperava no chão. Quando ele começou a se levantar com dificuldade, tentei mais uma vez sair de Colton, mas novamente não serviu para nada. Dylan apoiou-se na parede e limpou o sangue que escorria de seu olho com a própria mão.
-Vocês vão continuar a brigar? –perguntou Colton.
-Me solta e eu te mostro. –respondi.
-Espero que não, porque tenho algo para mostrar.
Essa frase prendeu minha total atenção. Me soltei de Colton e virei-me rapidamente para ele, o qual estava com uma feição que eu não conseguia distinguir direito. Era uma fusão de preocupação com angústia.
Ele fez um sinal com a cabeça e começou a andar. Olhei de relance para trás e vi Dylan, o qual estava massageando o maxilar com a sua mão. Neguei com a cabeça, não acreditando que esse merda havia falado que sou doente. Doente era ele que fodeu com toda a operação de hoje. Enfim, segui Colton até o escritório, local onde estavam outras pessoas do grupo mais próximas de mim. Todos olharam em minha direção quando cheguei , me fazendo estranhar. Haynes chegou até na televisão que estava presa no topo da parede e aumentou o volume no mesmo momento que a foto de Jeremy apareceu na tela do jornal.
-Foi encontrado morto hoje o corpo de Jeremy Bieber, na sua casa de verão localizada no Golfo do México. A principal suspeita é que tenha sido homicídio, afirma a perícia local. O corpo será direcionado até sua cidade natal na Califórnia, onde será marcado o enterro. As investigações serão tragas até o xerife da cidade Villa Park, pois o governo do México afirma que não tem qualquer envolvimento com a cena do crime. Mais informações em breve.
Sentei-me na cadeira mais próxima de mim e coloquei meu rosto contra minha mão, quais os dedos estavam sangrando depois dos diversos socos no rosto de Dylan.
-Cara, eu nem sei o que dizer... –Xavier apareceu na minha frente, mas eu logo me desfiz dele e de qualquer outra pessoa que achasse que eu precisasse de consolo.
-Um inimigo a menos. –falei.
Levantei-me da cadeira e deixei o escritório, andando em passos largos até meu quarto e fechando a porta logo atrás de mim. Eu ainda não tinha uma opinião quanto a isso. Por mais que eu quisesse dizer que eu estava feliz, eu não estava realmente. Talvez um pouco, mas no momento algo a mais me incomodava. A minha cabeça só se preocupava em saber qual seria a merda que viria com a morte de Jeremy.
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