Notas do Autor
Olar
Acho que vocês vão gostar desse capítulo
Ou não k
Sobre o que acontece quando duas verdades se encontram.
Capítulo 6 - Parte II, o sentimento proibido - I. um
proibido.
Rolou sobre a cama lutando contra as pálpebras que insistiam em permanecer fechadas, sentiu a cabeça girar e o mundo ao seu redor perder o foco. Sentou-se de súbito para recuperar o fôlego, mas o ato apenas agravou seu estado, assim que notou quem estava ao seu lado. Piscou repetidas vezes para que a miragem diante de si se desintegrasse, porém a imagem, que quase parecia uma pintura renascentista, estava lá. Ele estava lá.
Estendeu a mão para tocar-lhe a face e ele soltou um suspiro, fazendo-a retrair a mão e fecha-la em punho, ao mesmo tempo em que saltava para fora da cama. Flashes da noite anterior relampejaram em sua mente. Peça por peça, ela montou o quebra-cabeça. A bebedeira, as palavras despudoradas, os diálogos sem sentido, a mesa do jantar, o beijo e tudo o que veio depois. Tudo o que ela pensava ter sido um sonho.
Automaticamente, foi levada para lembranças ainda mais profundas que guardava, trancadas a sete chaves, dentro de si. Aquele era o dia do décimo sétimo aniversário de Dal Po e, aparentemente, ela fora a única se lembrar da data, seu pai e seu avô haviam viajado e até mesmo o próprio aniversariante parecera ter-se esquecido completamente de tudo. O jantar que fizera, o prato preferido de Dal Po, esfriara na panela e o bolo de chocolate, fora metade devorado por ela.
As horas passaram sem que quaisquer uns dos homens da casa chegassem e In Ha acabara adormecendo, acordando horas depois com o barulho de coisas caindo e quebrando. Correra apressadamente para a sala e escondera-se atrás do sofá, se fosse um ladrão ela estaria encrencada, o que poderia fazer sozinha, contra alguém mais forte que ela – e que, talvez, estivesse armado? Respirara fundo enumeras vezes, enquanto os passos iam aproximando-se do sofá, seu coração acelerando cada vez mais e então... Tudo ficara quieto novamente.
Olhara de um lado para o outro, mas aparentemente o ladrão sumira como fumaça. No entanto, antes que pudesse soltar um suspiro de alívio, uma mão apoderara-se de seu ombro, fazendo-a girar sobre os calcanhares. Sufocara o grito no meio da garganta quando olhara para o rosto dele. Aquele era apenas o desajeitado Dal Po, que cheirava a álcool e estava com o cabelo mais bagunçado que o normal.
- O que você estava fazendo baixada aí, In Ha? – Ele perguntara com as sobrancelhas tão franzidas que mais pareciam uma.
- N-nada. – Gaguejara sua mentira, soluçando logo em seguida. Se havia uma coisa da qual ela não sentia orgulho algum, era de ser o que era. Uma Pinóquio. Não que a desonestidade a agradasse, longe disso. No entanto, às vezes, pequenas mentiras eram necessárias, mas isso não era possível para ela. – Dal Po, por que você está cheirando a álcool? – Mudara de assunto.
- Estou? – Ele jogara-se no sofá displicentemente.
- Você sabe que dia é hoje?
- Você sabe, In Ha-yá? – In Ha-yá. Adorava quando ele a chamava daquela forma. Sentia-se especial, mesmo que, para ele, ela fosse apenas a sobrinha a quem deveria proteger.
- Você achou mesmo que eu iria esquecer, Dal Po-á?
- Por que você está só me fazendo perguntas desde que eu cheguei?
- Por que você na está respondendo nenhuma delas? – Rebatera e, como resposta, ele virara-se no sofá, enfiando o rosto entre o braço e o encosto. Aquele não se parecia com o Dal Po de sempre, algo nele estava diferente, mas o que e por quê? Talvez aquele fosse apenas um efeito colateral do álcool. – Dal Po-á... – Sentara-se na ponta do sofá e colocara uma das mãos no cabelo dele, respirara fundo a vozinha da razão gritava dentro dela “Apenas se afaste Choi In Ha, ele é seu tio” .
- In Ha-yá... – A voz dele saíra abafada – Apenas me deixe sozinho.
- Se você quer dormir, vá para seu quarto.
- Você não pode mandar no seu tio, Choi In Ha.
- Quando ele estiver bêbado, posso sim. Apenas vá para o quarto.
- Eu até iria, mas eu não consigo. – Ele gargalhara e ela respirara profundamente mais uma vez. Sem falar mais nada, juntara toda a sua força e o apoiara sobre seu ombro direito, ajudando-o a caminhar, a passos lentos, até o quarto. Jogara-o na cama, pronta para virar-lhe as costas e continuar a dormir, no entanto, um aperto de mão forte a fizera cair sobre o bêbado. – Eu realmente quero ficar sozinho. – A voz enrolada sussurrara contra sua orelha.
- É só você me soltar, tio... – Chamara-o daquela forma mais como um aviso para si.
- Acontece, sobrinha, que eu não consigo. – A declaração dele fizera seu coração, já acelerado, bater ainda mais forte, de forma que até lhe doía. O que deveria dizer-lhe em resposta? Antes que pudesse pensar sobre isso ele prosseguira de uma forma amarga. – Sobrinha e tio... Por que somos assim In Ha? Por que eu não sou outra pessoa? Seria mais fácil, não seria?
- Seria. – Concordara apenas e ambos ficaram em silêncio durante um longo tempo.
Aconchegara-se nos braços dele e fechara os olhos, sabia que tinha de sair dali o quanto antes. Sabia que aquilo que sentia por ele, não conhecia muito bem desde quando, era errado. Mas, saber que, mesmo minimamente, ele também desejava que as coisas fossem um pouco diferentes, reconfortava-a. Sentira uma das mãos dele enterrar-se em seu cabelo e, sem que pudesse controlar, a pergunta escapara de seus lábios.
- Dal Po, você já beijou alguém?
A princípio ele parecera surpreso com aquela pergunta repentina, até ela mesma ficara. Os segundos passaram sem que ele nada dissesse e, quando ela estava prestes a perder a esperanças de obter sua resposta, ela veio. Não em forma de palavras. Os lábios volumosos tocaram os seus de leve por um curto instante e afastaram-se, mas logo tornaram o toque. Carinhosamente, intensamente, apaixonadamente...
Sua mente apoderara-se de um pensamento egoísta e apenas aquele momento passara a lhe importar. O que aconteceria logo depois era algo tão pequeno, tão mínimo diante de sua necessidade daquele beijo, daquele toque... O beijo carregado com sabor amargo do álcool era adocicado pelos afagos trocados, sua pele arrepiara-se quando ele sussurrara, despudoradamente, em sua orelha esquerda um “te quero” rouco e... sensual. Não o respondera, apenas permitira , como se estivesse em um dia frio e precisasse de uma manta para lhe aquecer, ser coberta pelo corpo cáustico. Apreciara a sensação dos dedos longos a tocarem-lhe a pele enquanto a despiam. A sua parte racional abrira a boca para alerta-la do perigo, mas mandara-a se calar antes que começasse seu discurso, não voltaria atrás.
Munida de uma força desconhecida, invertera a ordem e o envolvera, com o quadril entre seus joelhos. Deslizara ambas as mãos por dentro da camisa, de baixo para cima, notando os músculos das costas dele. Apertara-se mais contra Dal Po, como se o espaço ali fosse mínimo, como se precisasse fundir-se a ele. Olhara-o nos olhos e sorrira, era tão errado, estavam indo contra todas as regras, mas sentia-se tão feliz...
- In Ha-yá – Ele sussurrara mais uma vez.
- Dal Po-á – Dissera em resposta.
▫▫▫
Saiu da casa em silêncio, se corresse chegaria ao hospital antes que o horário de visitas findasse. As memórias da noite misturavam-se as memórias de anos atrás e ela tinha de forçar sua mente a pensar em outras coisas. Tentou concentrar-se nos números do elevador que decresciam lentamente, aumentando sua tortura. Quando enfim chegou ao estacionamento, sentiu o frio da noite a envolver e foi tomada pela saudade de sua cama quente – e da companhia... Olhou para sua bicicleta e percebeu que era uma péssima ideia sair pedalando em uma noite como aquela. Encostou-se ao capô do táxi e desejou ter trazido a chave consigo, sua carteira de motorista estava vencida, mas não haveria problema dirigir apenas alguns quarteirões, havia?
Espreitou sobre a vidraça o interior do táxi e, assim que viu o objeto prateado largado sobre o banco do carro, sentiu um sorriso brotar-lhe automaticamente na face. Dal Po deixara as chaves do táxi dentro do próprio automóvel, a sorte dele era que aquela vizinhança era tranquila. Rezando para que a porta estivesse destrancada, In Ha puxou-a e teve de conter mais um gritinho de contentamento. Sentou-se no banco e, o motor respondeu de imediato quando ela girou a chave.
Aquele carro cheirava a Dal Po e, mais uma vez, sua mente vagou para horas atrás. Há 8 anos, quando acordara após a noite do aniversário, a culpa a atingira em cheio. Lembrava-se claramente de ter-se levantado apressada e corrido para seu quarto e tentara, inutilmente, dormir e esquecer absolutamente tudo. Quando seu pai voltou para casa sentira-se ainda pior. Soluçara todas as vezes que respondera que estava “perfeitamente bem” quando perguntada na mesa do jantar.
Não conseguira entender como Dal Po a encarava como se nada tivesse acontecido e, por um momento, sentiu raiva dele. Até descobrir que, para ele, nada havia sobre aquela noite para se lembrar. Como ele mesmo dissera, enquanto estavam lavando a louça juntos, após aquele jantar incômodo, a noite de seu aniversário fora um borrão. Ele só lembrava-se de ter bebido e depois, quando recobrara a consciência, estava em seu quarto com uma grande dor de cabeça. In Ha nada dissera após ouvir aquilo e foi então que ela descobriu algo importante sobre sua síndrome, ela não podia mentir, mas poderia guardar os próprios segredos dentro de si, desde que ninguém lhe perguntasse diretamente sobre, obviamente.
No entanto, diferente do que acontecera anos antes, Dal Po não estava bêbado dessa vez e, infelizmente, ela não também estava bêbada o suficiente para esquecer o que fizera - novamente. Afastou os pensamentos inúteis da mente assim que chegou ao hospital, estacionou o táxi numa vaga qualquer, agradecendo aos por ter chegado a tempo. Cumprimentou a recepcionista, indo diretamente para o quarto onde estava seu avô. Viu seu pai dormindo na poltrona desconfortável.
- Aeboji. – Chamou-o baixinho.
- Hm. – Ele resmungou.
- Pode ir pra casa e eu vou ficar aqui com haraeboji.
- Tem certeza?
- Tenho sim.
Despediu-se do mais velho com um aceno e tomou seu lugar na poltrona, não conseguiu dormir um segundo sequer e observou o nascer lento através de uma das janelas do quarto. Nesse meio tempo seu avô só acordara uma vez, não conseguia permanecer por muito tempo com os olhos abertos por conta dos sedativos. Logo seu pai estava de volta ao hospital e ela fez seu caminho de volta para casa. Novamente naquele táxi que cheirava a ele.
Assim que saiu da rua do hospital uma viatura encostou ao seu lado e o policial sinalizou para que parasse o carro. Não sabia o que havia de errado, mas esperava que ele não pedisse sua carteira de motorista, ou as coisas não sairiam muito bem. Talvez o carro fosse apreendido e Dal Po não gostaria nada que algo assim acontecesse, já conseguia visualizar o rosto dele vermelho de raiva... Desceu o vidro da janela quando o homem fardado chegou perto do carro, sorriu tentando soar simpática e despreocupada, mas não pareceu ter surtido efeito algum sobre o outro. Antes que pudesse perguntar o motivo daquilo, ele disse com a voz carrancuda:
- Senhorita, você está presa.
Notas Finais
Yolo, essa é uma pergunta importante, então respondam: vocês querem mais flashbacks da in ha ou só a história no presente?
E sim, antes que alguém pergunte, a parte ii é narrada pela in ha sim.