Quando pensou em Caminhos Subterrâneos, Phillip Alexandrus imaginou um local claustrofóbico. Se abrisse os braços, seria incapaz de seguir em frente, pois as paredes o travariam. Um lugar cheio de Zubat onde não conseguiria enxergar nem mesmo a ponta do próprio nariz. Seria um começo desagradável para uma jornada, porém separaria aqueles verdadeiramente determinados — ou loucos — dos pouco motivados — ou sensatos. Entretanto, o que viu ao encontrar os Caminhos Subterrâneos, seguindo Maria Antonieta e seu Zacian, foi bem diferente do que imaginou.
Os Caminhos Subterrâneos eram uma verdadeira cidade. Não tão grande quanto a metrópole cosmopolita que era a Cidade de Sanvice, mas uma cidade digna de consideração. Conforme se descia para chegar ao subterrâneo, mal era possível perceber isso, pois os caminhos tinham tamanhos colossais. Como quando se anda de carro em uma rodovia, ao olhar para um lado, para o outro, para a frente e para trás, não se via um fim. A única coisa que indicava o fato da dupla estar descendo, foi a falta de luz natural. O que não significava escuridão, pois refletores de luz apontados para baixo iluminavam muito mais do que a lua.
Pouco depois de vinte minutos de caminhada, Maria Antonieta e Phillip Alexandrus perceberam que nunca chegariam ao seu destino andando, mesmo para Zacian seria um trajeto muito cansativo. Viram que carros iam para os Caminhos Subterrâneos e vinham deles. Pensaram em pedir uma carona, mas logo encontraram um ponto de ônibus, para a sorte do Barão de Sanvice, que tinha odiado a ideia da carona.
Maria pagou as passagens do ônibus com as poucas moedas que tinha no bolso, já que não havia forma de pagar através do cartão de Phillip. Como todos os transportes públicos de Sanvice, o ônibus possuía uma entrada especial para cadeirantes, foi por onde Zacian entrou.
—Você tem que guardar ele. — Phillip apontou para Zacian. O Pokémon Guerreiro estava encolhido no fundo do ônibus. Todos os presentes o encaravam incrédulos. — Está chamando muita atenção.
—Ele não tem Pokébola. — respondeu Maria Antonieta. — E segundo a tradição da família, não é adequado colocá-lo em uma Pokébola. Apenas se for uma Masterball.
—Não estamos mais sob as tradições da família. — Phillip ajeitou seu headphone, pôs a canção Revisão, interpretada por um cantor enigmático e sem nome, fechou os olhos, cruzou os braços e apoiou a cabeça no banco. — Me cutuca quando a gente chegar.
. . .
—E agora? — indagou Phillip após descer do ônibus e tirar os fones. Em seu interior os Caminhos Subterrâneos eram ainda mais surpreendentes, o que a dupla de jovens via era, sem dúvidas, uma cidade, sem edifícios muito altos, mas definitivamente uma cidade. — Que lugar cheio.
A estação na qual o ônibus parou estava lotada de gente. Pessoas de todos os tipos, indo de um lado para o outro. O Barão de Sanvice esbarrou em pelo menos meia dúzia de pessoas em menos de trinta segundos, Maria por outro lado, conseguia desviar de todo mundo sem problemas.
—Temos que fazer nosso registro no Campeonato Mundial.
—E onde fazemos isso?
—No Trem do Amor. — Phillip fez uma careta de nojo com a resposta de Maria, a garota, por sua vez, se manteve impassível, sem entender a reação do Barão. — Ele deve ficar por aqui em algum lugar.
—Informações bem claras, hein. — O Barão girou o corpo e se colocou na ponta dos pés, em busca de qualquer coisa que parecesse um trem, até que parou ao ouvir um alarme, característico, irritante e familiar. — Ah, não.
—Hora do jantar. — anunciou Maria Antonieta. — Vamos ali. — a garota apontou para um restaurante de fast-food que estava lotado. — Acredito que seja um lugar adequado. São muitas pessoas. Quer dizer que eles têm um público cativo, o que significa que seu produto é de qualidade.
—Olha, não sei se é bem assim que funciona. Rock não é tão escutado quanto outros gêneros musicais, mas claramente é o melhor.
—Não estou falando de música, jovem mestre. Sua analogia não faz sentido. Estou falando de comida. Uma comida ruim, estragada, causa efeitos negativos no corpo de uma pessoa. Se alguém come algo que a faça passar mal, não voltará a comer no mesmo lugar, que ficará mal falado. Se aqui há muita gente, há muita chance de casos como o que citei agora serem de extrema raridade. Sendo assim, um lugar seguro para comer. Ainda que os valores calóricos da alimentação, possivelmente, não sejam adequados. — Phillip Alexandrus, perplexo, encarava Maria durante seu discurso. Era realmente como se um robô estivesse falando com ele. — Em caso de eu estar errada, trouxe comigo alguns remédios. Sei bem que o jovem mestre tem uma saúde frágil.
—Primeiro, não tenho a saúde frágil. Segundo, já deu de jovem mestre e terceiro, escolha seu lanche, eu pago. Mas você entra na fila.
. . .
—Viu algo?
—Não. — respondeu Maria e começou a comer seu segundo hambúrguer.
—Porra, temos que achar esse trem logo.
—Por que estamos com pressa? — indagou a garota, após terminar a mastigação. O Barão respondeu apenas com um gesto de mão, indicando todos ao redor deles. — As pessoas estarem me olhando é um problema?
—Sim. É um problema. Me incomoda.
Maria Antonieta deixou Phillip em silêncio e puxou seu celular. Fez uma rápida pesquisa e então disse:
—Você está com ciúmes? — falou Maria, pontuando especialmente a última palavra.
—O quê?! Não, de onde você tirou isso? Eu só não quero ser o centro das atenções. Sei que estão olhando pra você. Mas eu tô junto, né.
—Entendo. — Maria se levantou. Havia terminado o segundo hambúrguer. — Vamos em busca do trem.
A garota olhou para o restaurante fast-food e Phillip viu uma dose de insatisfação no rosto de sua antiga criada.
—Vá pegar outro hambúrguer para a viagem. — O Barão entregou seu cartão para Maria. — Aliás, dois. — A ex-criada não questionou a decisão de Phillip e voltou para a fila, chamando atenção de todos com seu Zacian ao lado. — Essa merda de Trem do Amor… Que nominho asqueroso também.
Mais uma vez Phillip Alexandrus girou o corpo para procurar alguma pista do trem e outra vez foi interrompido. Dessa vez, por uma garota, que apareceu de repente em sua frente. O jovem deu um passo assustado para trás e quase derrubou seu refrigerante.
—Está perdido? — questionou a garota. O Barão ficou em silêncio. — Eu sei que tá. Ouvi você e sua amiga conversando.
—Bom pra você, estranha. — Phillip deu às costas para a garota.
—Olha só, parece que alguém tem medo de mulher. — a jovem riu alto. — Não vou te morder não. Sei onde fica o Trem do Amor.
—Em troca do quê? Você não tem cara de quem faz algo de graça.
—Olha como você fala comigo, hein, garoto. Ou te sento a porrada. — Phillip sabia que era uma ameaça vazia, mas não duvidou das capacidades da garota de reduzi-lo a um amontoado de carne amassada. A jovem tinha a mesma altura que ele, mas seu corpo, marcado por uma calça legging preta e um top de mesma cor, era definido, os braços dela eram magros e fortes e as pernas da garota eram tão grossas quanto três pernas do Barão. — Mas você acertou, eu tô sem o dinheiro pra pagar a taxa de inscrição e vi que você tá cheio da grana. Paga minha taxa e uma pizza e te levo pro Trem do Amor.
—Trato feito. — O Barão estendeu sua mão e a garota, com seus grandes olhos esmeraldas brilhando, apertou ela. Assim Phillip teve a confirmação de que ela era de fato mais forte que ele.
Phillip Alexandrus sequer pensou na oferta da garota. Ele teve sorte. Odiaria ter que perguntar para qualquer pessoa onde o trem ficava e Maria Antonieta também não faria perguntas, seu motivo era diferente, mais uma tradição da família. Não perguntar nada a ninguém que tenha como cunho a curiosidade. Perguntas deveriam ser feitas apenas para servir. Por isso, a garota estranha havia sido uma benção. Uma taxa de inscrição e uma pizza não eram nada para o cartão sem limites de Phillip.
—Eu sou Cassie Resilence. — falou a garota, ajeitando seu cabelo negro em penteado chanel. — E você…
Fez-se um breve silêncio e o Barão percebeu que Cassie não iria desistir.
—Sou Philip Alexandrus e a garota comigo é Maria Antonieta. Não é minha amiga.
—Namorada.
—Também não.
—Tudo bem então, senhor mistério. No caminho eu descubro. — Cassie deu uma longa olhada no copo de Phillip. — Isso aí é refrigerante zero?
—Claro que não. Refrigerante zero é horrível.
—Ah, garoto. Você não sabe nada sobre as coisas boas da vida, né?
O Barão decidiu não retrucar mais. Cassie apenas falaria mais e mais e, mesmo sem as falas dele, ela continuava a falar.
Vinte minutos depois, Cassie, Phillip e Maria Antonieta partiram para o Trem do Amor, carregados de uma caixa de pizza tamanho família e dois sacos com hambúrgueres para a viagem.
Maria Antonieta era o sonho de Cassie. Tudo que ela falava, a ex-criada respondia. Para Phillip isso era um pesadelo, nem com seus ouvidos sob músicas, ele seria capaz de fugir da garota de olhos verdes.
Sentado em uma das mesas da praça de alimentação, um pequeno garoto, dono de longos e lisos cabelos brancos, olhava fixamente para o trio que havia acabado de se formar. Diferente da grande maioria das pessoas presentes no local, não era o Zacian o seu interesse.
O grupo sumiu do campo de visão do garoto por um instante, mas não passou disso. Ele se colocou de pé e logo localizou os três. Sem pressa, o de cabelos brancos pegou uma barra de chocolate de sua mochila e passou a comê-la, o trio se afastava, porém isso não importava. De sua visão não escapariam, não importava o quão longe fossem.
. . .
—Não é bem o que eu esperava. — comentou Phillip, ao ver o Trem do Amor.
—Impressionante, né?
—É, dessa vez vou ter que concordar com você.
—Com licença, vocês vieram fazer o cadastro no Campeonato Mundial? — perguntou uma mulher alta e elegante que estava ao lado de uma das várias portas do trem, atrás de um balcão.
—Sim. — Maria Antonieta respondeu de prontidão.
—Vou pagar as taxas no débito. — O Barão se pôs à frente com seu cartão em mãos.
—Ah… — a atendente sorriu envergonhada. — Estamos tendo um problema com os sinais eletromagnéticos. Hoje só estamos aceitando moedas. Mas não se preocupe — A mulher se adiantou a ver um pingo de irritação no rosto de Phillip. — Temos caixas eletrônicos bem ali para que o senhor possa retirar suas moedas.
—Tá, tá… — O Barão bufou e foi para a fila dos caixas. — Pode explicar tudo pra elas que depois eu fico sabendo.
—Certo. Então, meninas. Após o pagamento da taxa de inscrição, vocês receberão um código único para cada um e em seguida serão realocadas em um dos quartos do Trem do Amor. Vocês estão em quatro?
—Não. — respondeu Maria Antonieta.
—Não tem problemas, pensei que aquele menino estivesse junto com vocês. — Cassie olhou para trás e viu um menino, que a princípio ela teve dúvidas se era mesmo um garoto. Pelo rosto andrógeno, os delicados olhos azuis, o cabelo branco longo, brilhante, bem cuidado, liso e sem pontas duplas, não era possível diferenciá-lo entre menino ou menina. A garota só conseguiu ter certeza de que era um homem, por causa de seus músculos. Apesar de pequeno, tinha braços fortes e pela gola, Cassie também conseguiu ver um peitoral definido. — Então vocês ficarão num quarto que já tem uma pessoa.
—Pera aí, esse Zacian não tem Pokébola. — constatou Cassie. — Então pode-se dizer que estamos em quatro sim.
—Hm… — a atendente ruminou a ideia. — Tudo bem. Vocês três e o Zacian ficarão no Quarto 777. Durante o tempo de estadia no trem vocês poderão transitar por ele sem problema algum, o código pode ser exigido para algumas atividades, só colocar ele e está tudo certo. No mais, fiquem atentos quando o número do quarto de vocês for chamado nos alto-falantes internos, pois essa será a hora do registro oficial no Campeonato Mundial. Receberão Pokébolas, alguns itens medicinais e a Pokédex.
—É isso? — Cassie desconfiou da facilidade do processo.
—Sim.
—Que bom, pensei que ia ter mais burocracia.
—Enquanto o garoto não volta com as moedas, que tal vocês darem a vez para o próximo? — sugeriu a atendente.
—Ah, claro. — Cassie deu um passo para o lado. Maria Antonieta continuou parada à frente do balcão de atendimento, até ser puxada pela garota de olhos esmeraldas.
O próximo era o garoto de olhos azuis. Ao seguir em frente, ele não notou que Cassie o encarava. O menino pagou sua taxa de inscrição, fez os devidos registros, pegou seu código e apontou o corpo para o interior do Trem do Amor. Porém parou ao ouvir um chamado:
—Ô do cabelo branco. — O garoto deu meia volta e viu grandes olhos verdes o encarando. — Tu mesmo. Se não for nenhuma ofensa, quanto que tu levanta no agachamento livre?
—No agachamento livre? — Por um instante o garoto não soube o que fazer na situação repentina que se formou. Não era a pergunta que ele esperava receber. Muito menos vindo de uma garota. Nos breves segundos que se passaram enquanto o menino buscava a resposta, ele ajeitou a guitarra que levava nas costas. — Cinquenta quilos.
—Só? — Cassie riu. — Eu levanto cento e cinquenta.
—Faz sentido. — Os olhos azuis desceram para as pernas da garota.
—Sim, elas são bem grandes, né? — Sem saber se deveria responder, o menino permaneceu calado. — E no supino, faz quanto?
—Cem. — O garoto respondeu rapidamente.
—U-A-U. — A surpresa de Cassie era genuína, mas ela resolveu exagerar um pouco em sua fala, a envolvendo em um tom travesso. — E você tem o quê, sessenta quilos?
—Cinquenta. — Outra resposta rápida.
—Bem impressionante.
Enquanto as pessoas pagavam suas taxas de inscrição, se fez silêncio. O menino encarava Cassie esperando o momento adequado para se retirar, porém não sabia quando chegaria tal momento. Olhou para um lado, para outro, para Cassie, tateou os bolsos, pegou um pirulito, mexeu na guitarra.
A garota de olhos verdes não conseguiu segurar um riso ao ver o desconforto do menino.
—Pode ir, garoto. — falou Cassie. O garoto virou as costas e sumiu dentro do trem.
. . .
O Trem do Amor era único em proporções e luxos. Era como um gigante hotel cinco estrelas que fora colocado deitado, sobre trilhos e com rodas. Um verdadeiro colosso. Uma aberração. Projetado por um grande cientista local, Luke, nenhuma pessoa normal conseguia explicar o funcionamento daquela maravilha da mecânica. Era possível se perder no interior do Trem do Amor como se ele fosse um navio de cruzeiro. Seu número de vagões era equivalente a todas as outras monstruosidades. Não eram infinitos, mas eram incontáveis por qualquer um.
A viagem já havia começado há pelo menos duas horas, junto dos registros para o Campeonato Mundial. Sem as janelas, seria impossível dizer que o trem estava em movimento.
Phillip Alexandrus, Cassie, Maria Antonieta e Zacian estavam no interior do Quarto 777.
O Barão contava suas moedas restantes pela vigésima vez. Tinha certeza de que algumas estavam faltando.
Cassie, que havia chegado a pouco tempo depois de andar pelo trem procurando uma academia, comia fatias de sua pizza de tomate seco enquanto fatias de quatro queijos esquentavam no micro-ondas.
Maria Antonieta, que já tinha dado um fim ao seu lanche para viagem e ao segundo, que Phillip deu a ela, encarava seu Zacian, que estava sentado à sua frente, na cama, a encarando de volta.
—Bora na academia depois. — disse Cassie de boca cheia.
—Nem que me paguem. — respondeu o Barão em meio a contagem. Ele estalou a língua. Havia se confundido e se perdido na contagem, então recomeçou.
—Você é quem mais precisa. Magrelo desse jeito daqui a pouco o vento vai te quebrar. — Phillip não retrucou a provocação e Cassie se virou para Maria. — E você?
—Eu? — Maria Antonieta olhou para Phillip, mas o garoto estava focado em sua busca pelas moedas perdidas. — Eu… É… — Foi de repente, mas havia chegado o momento em que a ex-criada teria de responder algo por vontade própria. Ela buscou seu antigo jovem mestre, esperando um comando, mas nada viria dele.
—É uma pergunta de sim ou não… — falou Cassie despretensiosamente.
—Jovem m… — Maria se interrompeu ao lembrar das palavras de Phillip. Nada mais de jovem mestre. Uma ordem clara. — Eu i…
Maria Antonieta foi interrompida pelos alto-falantes anunciando o registro do Quarto 777. Ela levantou para abrir a porta. Um grupo de pessoas entrou, fez o registro, entregou os itens que a atendente falou que seriam entregues e em seguida as pessoas saíram.
Sem dizer mais nada, Cassie terminou sua pizza e saiu para a academia. A olhando, em silêncio, Maria permaneceu olhando nos olhos de Zacian e Phillip, cada vez mais irritado, ganhava mais certeza de que suas moedas estavam desaparecendo.
. . .
Cassie estava há quase uma hora na academia, competindo em silêncio com o garoto de cabelos brancos que também estava lá. O menino era realmente impressionante, fazia vários exercícios diferentes, com extrema facilidade, a garota estava no limite e resolveu ir para sua arma final, o agachamento livre, porém um recado tomou conta do interior do Trem do Amor.
—Boa madrugada a todos os presentes no meu Trem do Amor. Aqui quem vos fala é o presidente de tal veículo, me chamam de Valentine. — O homem que falava através dos alto-falantes tinha uma voz vagarosa e aveludada. — É um prazer mais uma vez guiar uma viagem levando novos competidores do Campeonato Mundial. Tenho alguns avisos para vocês.
Valentine pigarreou e deu início aos avisos.
—Primeiro, nossa viagem até Sanvice continental demorará aproximadamente trinta horas, faremos uma parada de duas horas e meia e em seguida seguiremos até a Cidade de Coroto sem mais pausas.
Foi feita uma breve pausa, dando aos seus ouvintes tempo para entender bem o que estava sendo dito.
—Segundo, para aqueles que acham que o campeonato começa só em Coroto, estão muitos enganados, ele já começa aqui. Batalhas estão liberadas e após nove delas, o primeiro elo de vocês será definido. Cada um tem direito a dez desafios por dia e pode recusar batalhas sem limites, porém sempre que recusa, perde pontos. Alguém que recusa uma batalha não pode ser desafiado pela mesma pessoa no mesmo dia e a pessoa que a desafiou não perde um de seus dez desafios diários.
Outra pausa.
—Terceiro, vocês não estão em quatro pessoas juntas em um quarto à toa, são um time e o desempenho de todos os membros do time serão somados para a pontuação final. Além disso, vocês devem obrigatoriamente enfrentar outro time em uma batalha 4x4.
Cassie não gostou do que ouviu. Até porque seu time tinha uma pessoa a menos.
—Quarto, os três times que melhor pontuarem receberão ovos Pokémon como prêmio.
—Quinto, aqueles que tiverem outros Pokémon guardados no PC estarão limitados a um complexo sistema de força criado por Luke. Isso significa que, conforme você sobe de elo, mais fortes são os Pokémon que pode ter ao seu lado. Então nem tente pegar seu Gigamax Charizard do PC e explodir tudo. O mesmo vale para evoluções, se seu elo estiver muito baixo, seus Pokémon podem acabar não evoluindo. Então se esforcem.
Valentine deu uma longa respirada, retomando o fôlego.
—E por último, mas não menos importante, eu, Valentine, estarei vagando pelo trem em busca de desafios. O que reservo à vocês? Só Arceus sabe… Valentine desliga.
[No Quarto 777]
Mesmo com o aviso, Phillip Alexandrus ainda estava focado em seu objetivo e, finalmente, conseguiu ter uma prova cabal de que estava mesmo tendo suas moedas subtraídas. Em meio a mais uma contagem, uma moeda caiu e rolou para baixo da cama, o Barão se abaixou rapidamente em busca dela e viu um vulto minúsculo a tomando para si. Em seguida a moeda foi arremessada, saindo por baixo da porta e indo ao corredor. Phillip saiu do quarto e novamente viu com o canto do olho a sombra, ao buscar mais uma vez a moeda no chão, não a viu. Olhou para além do corredor, e viu o brilho dourado circular se afastando dele.
Sem pensar duas vezes, o Barão de Sanvice correu atrás de sua moeda.
Maria Antonieta acompanhou seu antigo jovem mestre com os olhos. Ela continuava sem saber o que fazer, por isso fechou a porta e sentou. Zacian olhava para a porta, como quem tinha o desejo de sair, porém a ex-criada não entendeu isso.
[Na Academia]
—Ei, qual seu nome? — indagou Cassie.
—Eu? — o garoto de cabelos brancos olhou para os lados. Ele e a portadora dos grandes olhos verdes eram os únicos na academia. — Newcastle. Lane Newcastle de Snowpoint.
Cassie puxou sua Pokébola.
—Aceita um desafio, Lane?
—Sim.
Os dois ficaram em silêncio se encarando e o repentino ímpeto de Cassie deu lugar a uma altíssima gargalhada.
—Você não vai nem perguntar o meu nome?
—Ah… É… — Lane Newcastle paralisou e respirou fundo, para que nenhuma de suas emoções transparecesse. — Como você se chama?
—Resilence. Cassie Resilence. Agora vamos com isso, garoto de gelo.
[No Salão de Jantar]
—Não vem pra cá, não. — disse um homem que saía correndo do Salão de Jantar para uma mulher que fazia menção de entrar. Ele não era o único a fugir do lugar. Dúzias de pessoas tentavam escapar do centro do lugar, temendo por seus preciosos Pontos de Ranking.
No centro do Salão de Jantar, em meio a mesas e cadeiras tombadas, estava um trio.
À direita, havia uma garota, ela estava com a mão no queixo e encarava cada canto do salão com seus ameaçadores, analíticos e bestiais olhos cor de sangue. Ela tinha a pele pálida e cabelos negros como a noite que escorriam como rios aterradores sobre seus ombros. E, assim como suas madeixas, tudo na garota era escuridão. O longo vestido que usava, as jóias, o batom, os delineados e as sombras, eram todos pretos.
Muito diferente da garota envolta em soturnidade, à esquerda estava um animado menino em cima da única mesa que se mantinha de pé. Ele era pequeno e magro, levava óculos redondos no rosto que envolviam seus grandes olhos castanhos-escuros, mesma cor de sua pele.
No centro, outra garota, essa estava de costas para todos os outros. Ela apertava os punhos e riu de escárnio ao ver mais um desafiante aparecendo.
—Mais um pra ser humilhado. — falou a garota. Seu Turtwig se colocou à frente pronto para mais uma vitória.
—Espero que Lane não esteja fazendo nada para prejudicar nosso desempenho como time. — disse a analítica, seu Eevee pulou em seu colo e foi envolvido pelas roupas escuras.
—O QUARTO 666 VAI ACABAR COM GERAL!!! — gritou o menino de óculos. Seu Mantyke rodopiou entusiasmado. — A GENTE VAI SAIR VOANDO NA FRENTE DE TODO MUNDO!!
[No Quarto 001]
—Vocês estão prontos? — indagou uma mulher loira, que chegava perto de dois metros de altura com seus saltos-altos.
—Nasci pronto! — falou, empolgado, um homem de boné vermelho e branco. Em seu ombro, um Pikachu compartilhava do mesmo ânimo:
—PIKA!
—Tô tão animada! — disse uma mulher de pele morena usando um vestido frufru rosa.
—Começar do zero de novo é uma sensação incrível. — comentou um homem dono de longos cabelos roxos. Ele estava com sua mão sobre a maçaneta da porta. No rosto mantinha um permanente sorriso confiante, desafiador e vibrante. — Minha alma está pegando fogo!
—Vocês são tão agitados. — disse a loira após um suspiro. — É bom que não estejam enferrujados.
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