Jungkook deslizou a ponta dos dedos pelo contorno da clavícula de Taehyung, abaixando o rosto até tocá-la com os lábios.
Apesar da pele de Taehyung ter se arrepiado com o contato, e, no fundo — talvez nem tão fundo assim — ele quisesse se entregar às carícias, resolveu interferir.
— Será que não podemos passar um tempo juntos sem que acabe em sexo? — Perguntou baixinho, a voz um tanto manhosa.
O mais novo riu soprado.
— Não sei, mas se quiser podemos tentar.
Taehyung riu da face pensativa encenada por Jungkook para dizer a frase; olhar direcionado para cima e polegar abaixo do queixo, deixando-o levemente voltado para o lado. Einstein sentiria inveja, sem dúvida alguma.
Tornou a rir com os próprios pensamentos; estava divagando como de costume.
Taehyung tomou em mãos o sabonete que repousava sobre a saboneteira presa à parede e esfregou-o entre os dedos até que criasse espuma. Pôs o sabonete novamente na saboneteira e levou as mãos ensaboadas aos ombos de Jungkook, descendo pelo peitoral desnudo.
Aparentava ser um gesto erótico, mas, apesar de Taehyung ter um sorriso crescente nos lábios conforme executava a ação, o mais novo não via aquilo como um sinal de malícia; parecia estar brincando com a espuma.
Taehyung pediu a Jungkook para que se virasse e ele assim fez, permitindo-lhe ter acesso às suas costas.
— Taehyung! — Exclamou junto de um pequeno salto, ao sentir as mãos do mais velho escorregarem rápido para baixo e apertarem sua bunda.
Taehyung gargalhou enquanto batia palmas pelo susto que o Jeon havia tomado com sua pequena travessura.
Jungkook virou-se de frente para ele mas, ao invés de ir em direção a Taehyung, esticou o braço até alcançar o sabonete.
— Vingança — falou em tom brincalhão, o que não impediu Taehyung de sentir um arrepio percorrer sua espinha.
Taehyung observou-o devolver o sabonete à saboneteira e se aproximar com as mãos repletas de espuma e um sorriso travesso nos lábios. Que dali não sairía boa coisa, disso ele tinha certeza.
Jungkook encarou-o com as mãos ensaboadas, em um pedido mudo para que se livrasse das roupas. Taehyung desgrudou as peças encharcadas de sua pele e as amontoou em um canto.
Jungkook girou um dos dedos no ar, gesticulando para que se virasse de costas para si.
Taehyung acatou ao pedido. Estremeceu sutilmente quando as mãos de Jungkook passaram a deslizar por seus ombros.
Fechou os olhos brevemente e sentiu um selar casto ser deixado em sua nuca. Sorriu.
As mãos do mais novo o rodearam e, em uma fração de segundo, ele havia caído na armadilha de Jungkook. Taehyung se contorceu gritando em protesto às cócegas que eram feitas em si.
— Guk... Nã-ão! Jungk... chega!
O mais novo segurava o Kim pela cintura com uma de suas mãos, enquanto a mão livre se ocupava de lhe fazer cócegas e arrancar gargalhadas.
— Peça com jeito — ditou sorridente, enquanto observava Taehyung se contorcer contra seu corpo. A voz grave ressoava pelo banheiro em forma de risadas.
— Para, p-por favor! Jungkook!
Jungkook sorriu convencido e o soltou. O mais velho apoiou-se em uma das paredes do box enquanto se recuperava da recente crise de risos.
— Me lembre de não passar mais em frente ao chuveiro quando você estiver tomando banho, ok? — Proferiu Taehyung dramaticamente, fazendo com que o mais novo sorrisse.
— Foi você quem pediu por isso — rebateu simplista.
Um bico emburrado formou-se no rosto do Kim. Jungkook inclinou-se e mordiscou o lábio inferior de Taehyung enquanto fechava o registro com uma das mãos, desligando o chuveiro. A água já havia se ocupado de remover a espuma de seus corpos.
Saiu de dentro do box e abriu uma das gavetas do móvel abaixo da pia do banheiro. Tirou de lá duas toalhas brancas, estendendo uma delas a Taehyung.
Enxugaram-se e, em seguida, Taehyung o acompanhou até o quarto. Assistiu Jungkook revirar o guarda-roupa em busca de uma muda de roupas para lhe emprestar.
Ao terminar, Jungkook separou duas mudas de roupa em pilhas distintas, uma para si e outra para Taehyung. Ambas possuíam peças semelhantes: camisas escuras largas e calças de moletom claro.
Já vestidos, o mais novo ergueu o olhar rapidamente como se tivesse se lembrado de algo.
— Está com fome? Já é quase meio-dia e nem sequer tomamos café.
Taehyung assentiu minimamente.
Estiveram tão entretidos que Taehyung esquecera-se até mesmo de sentir fome.
— Vou ligar para algum restaurante e pedir o almoço. Não sou um exemplo na cozinha — disse Jungkook, risonho.
Taehyung riu baixo, identificando-se com aquela frase. Ele mesmo não era alguém com dotes culinários muito desenvolvidos.
— E também... — prosseguiu. — Quero aproveitar bem meu tempo — falou, expondo um sorriso doce.
Taehyung sentiu algo bom dentro de si ao ouvi-lo dizer aquilo. Algo que transbordou em um sorriso. Algo chamado de felicidade.
Sem nem sequer pensar, impulsionou-se para frente, juntando seus lábios aos de Jungkook.
O Jeon lhe recebeu de bom grado. E, logo, suas mãos já contornavam a cintura de Taehyung, enquanto os dígitos do mais velho bagunçavam seu cabelo.
Conforme o beijo se encerrava, Taehyung desceu as carícias para a lateral do rosto do Jeon, exercendo movimentos circulares com seu polegar sobre a bochecha de pele clarinha e macia.
Jungkook pôs a mão sobre a dele e fechou os olhos, incentivando-o a continuar. O Kim deslizou a ponta dos dedos pela curvatura do rosto do mais novo, até o maxilar.
Taehyung riu baixinho de si mesmo, ciente de que estava parecendo uma criança descobrindo algo novo. Bem, ele estava, na verdade, redescobrindo.
Há quanto tempo não fazia carinho em alguém?
Se tentasse alguma aproximação amigável demais com sua mãe, ela com toda certeza estranharia completamente e lhe perguntaria se ele havia bebido mais do que deveria.
Mas Jungkook... Ah, o Jeon estava sorrindo; um sorriso infantil e doce. Taehyung sentiu-se o idiota mais esperto do mundo, ou o sábio mais tolo que pudesse haver.
Quando se aproximou na intenção de selar os lábios do outro uma vez mais, ouviu o toque alto e distante de seu celular.
Jungkook abriu os olhos e afastou-se devagar.
— Se eu não ligar para algum restaurante agora, não vamos conseguir almoçar a tempo — disse Jungkook, sentindo-se um pouco aéreo por causa da carícia feita por Taehyung. — Seu celular está tocando. Acho que você o deixou no banheiro.
Taehyung assentiu e virou-se rapidamente, andando apressado até o banheiro. Jungkook seguiu para o lado oposto, indo até a cozinha a fim de procurar em sua agenda o número de algum restaurante próximo.
— Alô? — Proferiu Taehyung, rispidamente.
Ele estava adorando o momento com Jungkook, e aquela ligação certamente havia os interrompido.
— Taehyung?
Sentiu o corpo tornar-se tenso ao reconhecer a voz do outro lado da linha.
— S-sim?
Quem quer que visse a face aterrorizada de Taehyung naquele momento, diria que o garoto estava em uma ligação com algum assassino ou algo do gênero, quando, na verdade, tratava-se apenas do farmacêutico da farmácia na esquina.
O mesmo para o qual ele devia uma quantia em torno de cinco mil e trezentos pelo remédio de sua mãe que comprara no mês passado.
O SUS bancava apenas os medicamentos básicos, mas o único remédio que surtia efeito em sua mãe era importado. Logo, o preço pinicava no bolso.
O jovem Kim ouviu um suspiro pesado do outro lado da linha.
— Não quero parecer ruim, Taehyung, mas amanhã acaba o prazo para você pagar o remédio, ou não terei dinheiro para encomendá-lo novamente a tempo e sua mãe terá de ficar sem o medicamento durante o próximo mês.
— Certo, certo — murmurou Taehyung. — Amanhã, ok. Sem problemas — disse, tentando manter a voz firme.
— Está bem, obrigado.
A ligação se encerrou.
Taehyung não sabia o que era pior: ter se esquecido de pagar o remédio, ou ter que aturar o tom piedoso do homem que o fornecia.
Taehyung sabia que ele tinha ciência do que fazia para arranjar o dinheiro, e que se sentia culpado por cobrá-lo.
Por mais que soubesse que aquele homem estava apenas tentando lhe ajudar na medida do possível, sentia-se desconfortável ao saber que ele tinha pena de si.
Por sorte, faltavam-lhe apenas, aproximadamente, duzentos reais para que tivesse a quantia correta. Bastava que fosse ao cassino, vencesse uma partida e pagasse os medicamentos no outro dia, certo?
Sem problemas.
— Tae — a voz de Jungkook o fez tomar um pequeno susto.
O moreno se aproximou. Intrigou-se ao ver a face pálida e inexpressiva de Taehyung.
— Está tudo bem? — Perguntou preocupado.
Taehyung deu-lhe um sorriso e assentiu, como se estivesse apenas distraído.
A vida o tornara um profissional na arte de fingir sorrisos, afinal.
— Eu estava pensando em, sabe, eu... não, você... aish — Jungkook hesitou, sorrindo envergonhado. Taehyung não conseguiu não sorrir em conjunto, esquecendo-se por uma fração de segundo de seus problemas. — Podíamos sair essa tarde. Quer dizer, não estou falando maliciosamente nem nada disso, mas, também, não só como amigos — sua mão buscou pela do Kim, entrelaçando seus dedos aos dele, deixando Taehyung estático. — Sabe, só... eu e você, juntos. O que acha?
As orbes escuras o fitavam em expectativa, esperançosas por seu consentimento.
Taehyung então lembrou-se: havia sim um problema em voltar ao cassino.
Havia Jungkook.
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