Katniss POV
Em alta velocidade, pelo retrovisor observo Clove tentando me acompanhar. As luzes eram borrões, ainda mais reluzentes a medida que aumentava a velocidade, sorri ao vê-la quase me alcançar. Virei a esquerda com muita habilidade, com as mãos posta na embreagem, trocando as marchas com maestria. Com meu telefone jogado junto com minha bolsa no banco do passageiro, o som do pequeno objeto ecoava sobre o pequeno espaço. Johanna era o nome que aparecia na tela. Com voz alta e clara, falei. " Atenda" e assim, a voz ecoou pelo som do carro
— Ei Katniss, não perca o controle, clove está quase te alcançando — gargalhou.
Olhei novamente pelo retrovisor, e de fato clove estava na minha cola.
— Bom eu não tava querendo fazer um pequeno racha, mas acho que clove tá pedindo — gargalhei ouvindo clove me desafiar.
— Vai amarelar, Katniss. Nunca achei que fosse disso— clove falava no fundo.
— Eu não deixaria barato, Katniss — Johanna falou morrendo de rir. — Clove quer falar.
— Okay Katniss, vamos daqui até a entrada do distrito um. — houve um silêncio torturante, estava com minha adrenalina estava subindo — Lá decidirmos qual o pagamento para quem perder.
— Se prepare para pagar, Clove. Sabe que nunca perdi uma corrida na vida. — falei, comecei a da ré ficando ao lado de seu carro.
Observando cada rosto, supresas com minha ousadia, na verdade não tão assim.
— Então, eu não quero morrer — Johanna falara largando seu telefone — Mas, eu não sou eu se não participar de uma coisa dessas!! — gritou, larguei o volante, pegando meu cabelo fazendo um coque mal feito — PISA FUNDO CLOVE!! FAZ A KATNISS BAIXAR A BOLA DELA!!! — Clove sorriu, ao olhar nos meus olhos, o brilho deles deveriam está como os meus, brilhando de excitação.
— Vamos, Katniss! — falou
— Vamos acabar logo com isso!!
Pisamos fundo, vários carros passando do lado, desviamos com maestria. Focada, pisei no acelerador fazendo os pneus rasgarem no asfalto, clove fez a mesma coisa, desviando de um táxi que estava saindo da área de estacionar. Abri um sorriso de lado, ela não perdeu a habilidade.
Saímos de Panem, ficamos entre as usinas, já nos limites da capital, no grande espaço. Os carros lado a lado. Johanna sorria com seu celular em frente ao seu rosto, é provável que ela esteja gravando para seus seguidores. Quando ela virou o objeto em minha direção, eu gritei para ela parar de gravar. No final da minha adolescência, meus colegas da universidade me desafiaram para um racha, na mesma hora que descobriram meu hobby ilegal.
Foi tão intenso, o meu companheiro de racha avisou que o meu adversário havia lançado pregos na estrada para me fazer perder, no mesmo segundo os pneus estouraram me fazendo perder o controle, no entanto consegui me manter na corrida mesmo com os pneus ferrados, mandei meu companheiro sair do carro pois não podia garantir sua segurança. No fim, terminei ganhando a corrida pois o cara achou que estava tudo ganho. Não consegui parar o carro e o mesmo foi de encontro a um barranco, abri a porta do carro e me joguei no chão cheio de pedras pontiagudas. Meu primeiro carro, foi totalmente destruído. Ganhei, e fiz o cara me pagar. Ele me deu uma das Ferrari"s raras do pai dele, não ia deixar barato.
Porém essa brincadeira custou uma prisão mandada por meu pai, não muito grave. Ele disse que se eu corresse novamente, ia pagar muito caro pois ele não queria sua filha na capa dos jornais por corridas ilegais, é ele prefere uma filha presa do que isso. Tudo foi ocultado. Além de presa? Muito pior que isso. Minha mãe já estava ficando doente, estava com medo do velho fazer alguma coisa com ela. Por isso aceitei, se não, a coisa era diferente.
— JOHANNA, DESLIGA ISSO!!
desviava a atenção para a estrada.
Clove se aproveitou, e arrancou. Me deixando para trás. Acelerei, mas já era tarde demais. A morena baixinha conseguiu ganhar. Ela só não contava com a polícia.
— Merda! — murmurei.
Parei ao lado do carro da Clove. Segurei forte o volante. Retirei a carteira de motorista e os documentos do carro. Sai do carro, soltando o cabelo. Mantendo a calma.
— Senhora quero que fique onde está! — falou uma voz que me fez sorrir. Clove e johanna estavam nervosas.
— O que vai fazer comigo, senhor?— retruquei no mesmo tom.
— Katniss, está ficando maluca? É um oficial de polícia!! — clove falara alterada. Ignorei o que ela falou , Johanna digitava rápido em seu celular.
— Bom, acho que já sabe.
Virei meu rosto e dei de cara com ele, o oficial de polícia que na verdade, era meu primo, Marvel.
— Então venha fazer — respondi.
— Katniss!!! — as garotas falaram uníssono.
Ele veio, segurando meu pulso me puxando para um abraço. Me senti segura nos braços dele , como a tempos ele fazia. Cerrei os olhos sentindo meu peito pesar. A única pessoa que me conhece muito bem além daquelas duas, minha irmãzinha Prim, minha mãe é esse aqui, Marvel. O meu companheiro de racha, era ele.
— Senti saudades, Katniss— falou já mirando meu rosto.
— Eu também fiquei com saudades.
Olhamos para trás e observei a cara de alívio e confusão das minhas amigas.
— Bom morena, eu posso livrar a sua cara, mas a delas não. — Marvel retrucou com um bloco e um tablet.
— Marvel!! Por favor, não prende elas— falei segurando seu braço, olhando no fundo de seus olhos.
— Golpe baixo Katniss!!! — Marvel falara — Sabe que eu não resisto a seus olhos — falou rindo — Posso fazer alguma coisa, eu não quero ver vocês correm assim, principalmente você Katniss, sabe porque.
— Vamos garotas, temos uma longa jornada — respondi séria, ao lembrar do dia horrível de amanhã. A prova do vestido de noiva.
Entrando no meu carro, indignada com tudo. Definitivamente meu momento de esquecimento dos meus problemas se foram. Já no veículo, Marvel veio ao meu encontro.
— Seu pai me pediu para que acompanhasse você até o seu casamento, vou passar um tempo na sua casa — terminou, bufei indignada uma vez mais.
Arranquei, girando o carro em 180 graus. Acelerei de volta a capital. Perdida em meus devaneios cruéis, pensei em Prim, será que ela é feliz? Espero que sim, a minha vida já não está em minhas mãos. O som do telefone se fez presente novamente, " Atenda" falei.
— Katniss, vou direto para casa? Precisa de nós? — Clove perguntava.
— Não, vão descansar. Até amanhã, garotas— falei virando a rua que dava no meu bairro.
— Até! — Clove e Johanna falaram uníssono.
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Não fechei os olhos desde que cheguei em casa, agoniada durante a noite, mirava as luzes da grande Panem. E quando conseguia, um louro tomava conta de meus pensamentos. Suas mãos seguindo meu corpo. Em poucos segundos já não conseguia me manter dentro do quarto. Discretamente, abri a porta do meu quarto. Andei devagarinho até o quarto da minha mãe. A porta estava entreaberta, espreitei e o vi. Parado ao lado da cama dela, seus olhos de cobra sobre a criatura mais doce e frágil. Respirando, deixando o ar quente sobre o copo de whisky. Ele falava alguma coisa, porém não conseguia ouvir, o som das máquinas me impedia. De repente todo o quarto que estava com o sons daqueles aparelhos tornaram-se mais barulhentos. O coração da minha mãe estava acelerado, meu pai apenas a olhou. Escancarei a porta correndo até a mesma.
— O que disse a ela!?! — gritei olhando os batimentos fora de coordenação.
— Eu? Katniss está vendo coisas onde não tem. — respondeu calmamente.
— Como queria tirar esse sorriso do seu rosto, pai. Mas minha mãe precisa da minha atenção! — murmurei entre dentes, quase os quebrando com tanta força.
Procurava os remédios, abri as gavetas não os encontrei. Olhava tudo a minha volta, os olhos começando a marejar estavam brincando com minha visão. Ainda mais o velho de barda branca estava no quarto.
— Saia daqui!! — gritei.
— Não tem o direito de me mandar sair — respondeu.
Sai do armário de remédios segurando uma seringa com o medicamento para o coração.
— Se não quiser ser acusado de assassinar sua esposa , é melhor!! — respondi — tenho provas, olha em volta paizinho!! — falei com raiva mostrando que tinha câmeras.
Snow trincou sua mandíbula, batendo os pés ao sair do quarto. Virei para aplicar o remédio direto na veia. O líquido transparente adentrou seu corpo, logo deixando seu coração mais calmo. Pude respirar normalmente. O barulho da porta sendo aberta me deixou em alerta. Marvel apareceu me deixando aliviada.
— Ouvi gritos, o que houve? — Marvel perguntou, seu cabelo estavam bagunçados. Olhos semicerrados. Vestia apenas uma calça de moletom.
— Quem acha que foi? — respondi com ironia.
— O que ele tentou dessa vez? — perguntou segurando minhas mãos.
— Na realidade eu não sei — disse tristonha— Mas o que eu vi foi que ele falou alguma coisa, ela ficou alterada na mesma hora.
— Ele não vai desistir de te casar, vai tentar de tudo até afetar a saúde de sua mãe para que você faça o que ele quer.— Marvel falara.
— E vai conseguir, não vou deixar que ele a afete desse jeito— falei olhando para minha mãe debilitada — Vai chegar o dia que eu irei mata-lo!! E não me importo de ir presa mais uma vez. E dessa vez, vou saber que minha mãe vai ficar livre desse indivíduo, feliz por fazer uma escolha minha e não seguir ameaças de ninguém.
Sai do quarto da minha mãe, não antes de selar meus lábios no topo de sua cabeça, desci as escadas batendo os pés. Graesy sae estava na cozinha, já eram cinco da manhã, sinto o cheiro do chá invadir minhas narinas juntamente com os pães lindamente decorados, as massas me chamaram a atenção. Marvel acompanhava sentando ao meu lado, a mais velha sorriu ao vê-lo.
— Não sabia que estava na cidade — falou feliz, abraçando-o.
— Quando tempo nana, estava com saudades — Marvel falou com um abraço caloroso.
Quando crianças e até o final da nossa adolescência éramos grudados, todos confundiam nosso relacionamento, dizendo que namorávamos. Mas isso só na cabeça das pessoas que não tinham o que fazer.
— Ah vista uma camisa, você não é mais criança. — graesy o repreendeu.
— É, você não mudou — o galego sorriu.
— Não estrague a visão nana — respondi em um tom brincalhão.
Ela por sua vez, me jogou uma olhada que fazia qualquer pessoa tremer. Abri meu sorriso, disfarçando a preocupação que tinha há alguns minutos atrás.
Com uma xícara de chá, ouço uma voz que me faz tremer dos pés a cabeça. Tive dificuldade de engolir o líquido que havia posto a minha boca.
— Por aqui senhor Mellark — meu pai falava.
Mellark, o sobrenome que tirou meu sono. Dono de cada pelo ouriçado do meu corpo, finalmente senti o líquido descer.
— ... Ela deve está na cozinha.— continuou.
— Não tem pressa senhor Everdeen— respondeu educado.
— O que você tem Katniss? — Marvel falou rindo da minha expressão.
— Não tenho nada — omiti bebendo mais um gole de chá.
— É, você já foi uma mentirosa melhor — murmurou tomando um gole generoso de seu café descafeinado.
— Estão aqui? Ótimo! — meu pai falava sorridente — Bom, o senhor Mellark veio te acompanhar até a loja que vai provar o vestido de noiva — falou.
Estava de costas, não tive coragem de virar e encarar aqueles par de olhos azuis.
— Na verdade, Gale me pediu, ele está tendo uma reunião de negócios e não pode vir visitá-la — Peeta falou, voz calma levemente rouca, meus outros três sentidos se foram — Ele vinha conversar com o senhor, porém me mandou vir para falar com sua noiva.
Como uma pancada no estômago, a palavra noiva me deixava enojada, o estômago literalmente revirando. Mas nada comparado ao asco que estou sentindo sobre meu pai. Respirei fundo, finalmente o encarei. Peeta estava lindo com uma roupa casual, bermuda, tenis e uma camisa, seu cabelo estava modelado para cima, como um topete, no entanto meio bagunçado. Barba mal feita, um sorriso lateral, é uma visão para acabar com minhas estruturas. Me mantive firme e o observei ele me olhando de cima a baixo, e foi aí, nesse instante que percebi que estava de roupa de dormir, um baby Doll de seda preto. Poderia sim, corar violentamente, contudo isso não acontece. Com cuidado, tentei não agir como a noite passada. O álcool ainda está correndo por minhas veias, não vai ser uma coisa boa.
— Agora estou entendendo seu comportamento — Marvel falou em um tom que só que pudesse ouvir.
No mesmo tom, respondi..
— É melhor você calar essa boca!
Olhando os olhos de cobra, o homem que na minha certidão de nascimento se diz meu pai, me encara fortemente.
Peeta ainda me olha, seu olhar se tornou escuro e frio. Procurei nas brilhantes bolas negras o azul claro. A tensão estava grande, a análise e um frio em todo ambiente, graesy sae quebrou tudo com um simples " Venha tomar café, senhor Mellark."
De repente, os olhos que estava procurando voltou.
— Não precisa senhora — respondeu com uma doçura desconhecida.
— Eu insisto, não aceito um não como resposta — continuou e dessa vez foi a minha vez e falar.
— Vai ser um desgosto recusar o café da manhã da nana, Peeta — falei devagar — Seu paladar vai agradecer se aceitar.
— Sendo assim, aceito senhora.
E nesse momento, Marvel saiu, segurei seu braço.
— Onde vai? Não tomou seu café — falei.
— Preciso trocar de roupa e algo me diz que vou atrapalhar o café da manhã — disse rindo malicioso — Prazer em te conhecer, senhor Mellark. Me chamo Marvel, primo da Katniss, não sou ameaça para você, não se não se meter encrenca.
Ele falou apertando forte a palma de Peeta. Marvel se voltou para mim, e depositou um beijo na minha bochecha logo desaparecendo de vista. Graesy sae saiu da cozinha até a outra área, pois havia um empregado que estava precisando de sua atenção.Deixando-me a sós com o loiro.
— O que quer falar comigo, Peeta? — perguntei dando a atenção a minha xícara de chá.
— Queria te ver — disse com uma voz baixa e rouca o que fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem — Queria te sentir mais uma vez — falou saindo do seu lugar, segurando meu rosto quando chegou ao meu encontro — Estou louco por você..
Todos os sentidos do meu corpo, cada célula, meu sangue começou a ferver deixando minha barriga se apossar de uma sensação estranha. Não pude deixar de sorrir, ao encontrar seus olhos me responder com um brilho que daria para iluminar toda a cidade. Senti o calor se espalhar com o simples toque. Meus lábios abriram ao sentir seu hálito inebriante sobre minha pele.
— Peeta.. — chamei seu nome baixo — .. não, aqui não por favor.
Minha boca falava tudo o que eu não queria, pois a casa inteira tinha câmeras não quero da motivos a meu pai para se vingar na minha mãe.
— Me diz que se o que eu sinto é correspondido, eu estou feito um louco por gostar da futura esposa do meu melhor amigo — ele fechou os olhos com força — Quero rouba-lá, mas eu sei que isso pode prejudicar sua mãe até mesmo você e isso eu não quero — abriu os olhos encontrando os meus — E não me perdoaria por isso.
— Peeta, para — falei sussurrando, afastando suas mãos do meu rosto.
Me senti vazia, o calor de seu hálito já não estava ao meu corpo. Porém, ele segurou com firmeza minha nuca, depositou um beijo em meus lábios, indo para a minha audição.
— Eu não vou desistir de você, eu posso morrer tentando, mas não desisto. — falou — Vamos para a prova do seu vestido de noiva.
Peeta falou deixando uma lágrima escapar dos seus olhos. Sua sensibilidade era visível, não achei que um homem desse porte chorasse por uma mulher. E nesse momento, percebi que estava realmente apaixonada por ele. Meus sentindos estavam a mil, queria puxa-ló para mim e beija-lo como nosso primeiro beijo. Porém caio na realidade e rezo para que meu pai não veja o que aconteceu aqui se não, minha mãe é uma pessoa morta e isso eu não vou permitir. Sai do banco, senti seus braços fortes puxar meu corpo, fazendo-o chocar com o seu corpo firme, suspirei ao sentir novamente seu hálito no meu pescoço.
— Vou conseguir um jeito de concertar isso e você, Katniss, vamos nos casar. Guarde minhas palavras. Vou salvar sua mãe e cuidarei dela e de você.
Me livrei de seus braços, pensando em minha mãe, subi as escadas, seguindo para meu quarto colocando uma roupa, indo para a prova do vestido já que meu casamento é amanhã.
— É Katniss, vai para a prova do vestido do seu funeral — falei comigo mesmo.
Continua???
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