Narrador.
Uma vez disseram para não esperar um bom motivo para ser feliz. Seja feliz pelo simples motivo de poder esperar um dia perfeito, de ter voz para dizer coisas boas aos amigos e as pessoas que ama. Não espere o sol se você tem a chuva, não espere o dia se você tem a noite, e não espere o amanhã se você pode ser feliz hoje. Era exatamente assim que Camila havia acordado quando Lauren a chamou e a levou para ver os bebês dormindo em seus devidos berços, calmos como nunca. O seu hoje era melhor que o amanhã nem havia chegado, sua felicidade era o agora.
Com a volta dos bebês e a vitória de Lauren contra sua família, elas só tinham motivos para comemorarem e comemoraram algumas vezes na cama, outras perto da janela e outras na banheira, qualquer lugar fechado era bom para comemorar tudo o que tinham direito. Cansadas, mas satisfeitas com suas comemorações, Lauren e Camila decidiram preparar o café da manhã para todas elas, Lauren só não contava com um roubo diante de seus olhos.
─ Não acredito que fez isso, Camila. - Lauren disse indignada. - Devolve.
─ Vem me pegar.
─ Não ouse...
─ Correr? - Camila pegou uma colher e correu para sala rindo com Lauren atrás dela pedindo para parar, e óbvio que ela não parou até ter uma distância considerável de Lauren. - Que sedentarismo é esse? Nem parece que a Meg e o Thete te colocam para correr todos os dias.
─ Transamos sei lá quantas vezes, as minhas pernas ainda estão fracas. Me devolve a nutella e eu não faço nada com você, Camz.
─ Perdeu, Lern. Essa nutella maravilhosa é só minha agora. - Lentamente, Camila encheu a colher com nutella novamente e colocou tudo na boca, provocando Lauren mais ainda. - Nossa, uma delícia.
─ CAMILA?
─ LAUREN?
─ ME DEVOLVE.
─ ESTOU BEM AQUI, VEM PEGAR.
─ VOU TE TRANCAR NO QUARTO POR HORAS, E SOZINHA.
─ CADÊ ELE? CADÊ, GENTE? - Dinah surgiu na sala com seus olhos arregalados, o cabelo todo bagunçado e um sapato de salto ao nas mãos, procurando por um estranho dentro do apartamento. - ELE CORREU? CADÊ ELE, PORRA?
─ Cadê quem, doida? - Camila perguntou com a boca cheia, mostrando propositalmente para Lauren. - Está atrás de quem?
─ O bandido, ladrão, suspeito, estranho, a mãe falsificada da Lauren, o irmão psicopata dela, não sei, qualquer um. - Lauren revirou os olhos com a gargalhada que Camila deu, deixando Dinah confusa. - Qual é a graça, garota?
─ Não tem ninguém aqui, ficou louca ou seus pesadelos voltaram? Só tem a Camila e eu aqui na sala.
─ E que porra de gritaria e correria toda dos inferno é essa? Já viram as horas, caralho?
─ Estou tentando pegar meu pote de nutella de volta, a Camila me roubou.
─ Não acredito que me fizeram sair da cama por causa de um pote de nutella.
─ Ninguém te chamou, Dinah. - Camila riu comendo mais da nutella de Lauren, não notando a aproximação da loira. - Foi você que apareceu aqui segurando um sapato crente que mataria um bandido, ladrão, suspeito e todo o resto que disse.
─ Já viu o tamanho do salto dessa porra de sapato, Karla? Olhou bem, Michelle? - As duas assentiram, mas não acreditavam que poderia matar alguém com um sapato. - No mínimo, uma pessoa entra em coma com um desse na cabeça.
─ Leva seu salto matador de volta para seu quarto e me deixa resolver as coisas com a Camila, essa traidora.
─ Acha mesmo que vou voltar a dormir depois de vocês duas encarnarem duas crianças encapetadas? Vou mostrar como trato esse tipo de criança.
─ Com água benta? - Lauren riu do deboche de Camila. - Acho que a Ally deve ter lá na casa dela, vai ir buscar?
─ Ally é sapatão agora, ela não fica mais atrás de água benta.
─ As gracinhas com a religião alheia acabam por aqui. Já disse para ir dormir e deixar Camila e eu aqui... - Dinah tomou o pote de nutella das mãos de Camila e correu de volta para seu quarto, deixando Lauren indignada com mais um roubo diante dela. - Qual foi, Camz? Você deixou ela levar o pote todo, agora já era.
─ Deixei sim, e acho que devemos fugir antes dela voltar. - Lauren franziu as sobrancelhas sem entender Camila, mas não demorou muito para ver a colher cheia de nutella. - O pote que ela levou está vazio, eu peguei o restinho para você, baby.
Lauren se aproximou para pegar a colher com nutella, correndo com Camila de volta para o quarto quando ouviram o primeiro grito de Dinah e trancaram a porta para terem certeza que não levariam alguns tapas pela brincadeira. Lauren estava quase comendo seu chocolate quando Camila tirou a camiseta e sorriu para ela, o gosto da nutella nunca mais seria o mesmo para elas.
[...]
─ Essa parte vai do outro lado, Camila. Eu acabei de falar e você está colocando aí de novo.
─ Quem me tirou da cama foi você, Dinah. Agora eu não posso colocar essas malditas bolinhas em lugar nenhum porque sempre está errado.
─ Se você me escutasse, já tinha acabado de montar...
─ Mais uma tarde normal nesse apartamento. - Lauren passou por elas com seus braços cheios de sacolas do mercado, voltando segundos depois para implicar com a bagunça que fizeram. - Qual era o nome do furacão que passou por aqui?
─ O nome é o primeiro natal dos meus sobrinhos, Lauren. Achou mesmo que eu deixaria esse dia passar em branco? Quase não tivemos dia de ação de graça por sua culpa, não estraga o nosso natal.
─ Dinah, você mais que qualquer um sabe que não gosto de comemorar o natal.
─ Eu disse que estou fazendo o natal para os meus sobrinhos, não escutou? Você pode ficar trancada no quarto enquanto comemos e tiramos fotos para aumentar o álbum de família.
─ Vamos passar o natal em família, Lern? - Camila jogou as bolinhas em Dinah, se levantando para ir até Lauren. - Tudo bem se você não quiser comemorar, só precisa aparecer nas fotos com os nossos filhos e a nossa família.
─ Quero ver negar agora. - Dinah zombou. - O chá fala mais alto, eu sei.
─ Se vocês querem fazer o primeiro natal dos nossos filhos, não vou ser uma Dinah da vida.
─ Ei, eu escuto muito bem daqui, sabia?! - Dinah jogou uma bolinha em Lauren, mas com sua péssima mira, nem passou perto. - O que você quis dizer com isso, Jauregui?
─ Você é empata foda, empata surpresas, empata relacionamentos alheios. Posso continuar a tarde inteira se quiser.
─ Eu não gosto de vocês duas, vocês não merecem a mulher maravilhosa que sou.
─ Esquece a Dinah, Lauren. Você tem muito tempo para decidir, e seu celular não para de tocar lá no quarto, deve ser importante.
─ Tenho certeza que não é importante, só mais um número querendo atrapalhar minha vida.
Lauren deixou um beijo demorado nos lábios de Camila e saiu caminhando em direção ao quarto enquanto ignorava os xingamentos de Dinah sobre não ser nenhuma empata foda, ela confiava que a própria Dinah não acreditava no que falava sobre aquele assunto. Seu celular vibrava como louco, mas sabia que não era ninguém importante porque aquela linha telefônica só os mais conhecidos tinham, era mais um número bloqueado para sua lista que não parava de crescer.
Respirando fundo para tentar esquecer as ligações e quem as faziam diariamente, Lauren colocou o celular no mesmo lugar de antes e pegou um ursinho minúsculo do bolso, onde guardava o rumo de sua vida. E seu rumo era lindo, pequeno, azul esverdeado e combinava com a metade que usaria, e com toda certeza era a segunda escolha mais bem feita de sua vida.
─ Minha mãe sempre diz que as pessoas que pensam muito não se casam. - Camila abraçou Lauren por trás, inalando o aroma de seu cabelo enquanto beijava sua nuca e brincava com as pontas dos dedos na barriga da mulher de olhos verdes. - No que está pensando?
─ Estou pensando que poderíamos começar um namoro de cinco minutos, um noivado de dez minutos e um pedido de casamento algumas horas depois porque teríamos que comemorar o namoro e o noivo com muito sexo, mas eu acho que ninguém me quer como esposa.
─ E como sabe que alguém, que esteja brincando com seu o umbigo, não está esperando um pedido de namoro de cinco segundo, um noivado de dez segundos e um pedido de casamento depois de algumas horas porque essas pessoas estarão ocupadas fazendo amor?
─ Fazendo amor soa muito melhor do que fazendo sexo. - Lauren se virou para Camila, encarando aqueles olhos castanhos que tanto admirava, e entregou o ursinho minúsculo para ela segurar. - Esse é o rumo das nossas vidas.
─ Nome grande para um ursinho minúsculo, Lern.
─ O nome grande simboliza a minha vontade de te fazer a mulher mais feliz do mundo enquanto eu viver, quero deixar seu nome um pouco maior, quero ter motivos para dormir e acordar sorrindo por ter você do meu lado, além de dar a família que o Théo e a Megan merecem.
─ Quer me fazer chorar?
─ Chorar de alegria? Todos os dias. - Com os olhos marejados, Lauren tirou alguns fios de cabelo do rosto de Camila, acariciando sua pele macia. - Eu queria ter preparado um dia perfeito só para nós duas, mas eu não quero ficar longe dos nossos filhos. E deixar eles com a Normani e a Dinah não me traz nenhum conforta, poderíamos encontrar eles vestidos de duendes ou qualquer outra coisa relacionada ao natal.
─ Tenho certeza que encontraríamos eles exatamente assim.
─ Não te dei um dia perfeito, mas posso tornar a nossa noite maravilhosa.
─ Lauren, se estou com você o lugar não importa.
─ E isso te torna a pessoa mais perfeita do mundo. - Lauren tirou as duas alianças do ursinho minúsculo que Camila ainda segurava, sorrindo com os olhos brilhantes de sua futura namorada, noiva e esposa. - Karla Camila Cabello Estrabao, você aceita pular os segundos do pedido de namoro para aceitar ser a minha noiva?
─ Eu...
─ LAUREN? - Camila e Lauren fecharam os olhos sem acreditar que até em outro cômodo Dinah conseguia estragar o momento delas. - LAUREN?
─ O que ela quer com você? Nem esperou pela minha resposta, Lern. Vou arrancar o cabelo da Dinah se ela acordar os bebês.
─ Senta um pouquinho e guarda a resposta junto com as nossas alianças que eu vou ir lá na sala cortar a língua da Hansen. - Lauren saiu do quarto pensando em várias formas de bater em Dinah, e ela só pegaria leve porque seus filhos não tinham acordado com toda a gritaria que fez. - Solta a sua noiva, Normani. Eu vou tirar cada fio de cabelo da cabeça dela...
─ Nossa, é assim que você recebe as visitas? - O corpo de Lauren travou quando ouviu a voz atrás dela, se virando para ter certeza que estava mesmo ouvindo a última voz que gostaria de ouvir no mundo inteiro, talvez nem isso. - Olá, Jauregui.
─ Você não pode ser chamada de visita, sua demônia ressurgida das profundezas de algum buraco. - Dinah esbravejou nos braços de Normani. - Manda a Normani me soltar, Lauren. Eu vou matar essa vagabunda.
─ Não posso te soltar, Dinah. Estou me segurando em você para não arrastar a cara dela no chão.
─ Isso tudo é saudade, meninas? É compreensivo a saudade depois de tanto tempo, mas precisa mesmo das ameaças?
─ Não vou segurar nenhuma das duas, Keana. - Lauren avisou. - Fala o que você quer aqui e quem te deixou subir.
─ Não importa quem me deixou subir, estou aqui para conhecer o Théo e a Megan. Cadê os fofinhos?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.