Narrador.
Como Camila poderia dizer que as coisas não estavam indo bem para seu lado, sem dizer que ela achava que seu fim era o fundo do poço? Provavelmente suas orelhas estavam vermelhas de tanto ouvir sermões da Normani, que falava mais que a Allyson e a Dinah juntas. Ela pensou em fugir, mas três contra uma era covardia, sem contar que Dinah a pegaria sem ela sequer piscar antes de correr. O jeito era continuar se fazendo de sonsa até alguém aparecer e tirar toda atenção de si.
─ Alguém tem um alicate? - Normani tentou ser intimidadora, mas só fez Camila rir da situação delas. - Vamos cortar a língua dela, assim ela vai ter um verdadeiro motivo para ficar calada.
─ Vai lá, Dinah, usa sua brutalidade para fazer a Camila abrir a boca.
─ Se vocês tocarem em mim, vou começar a gritar. Os seguranças são meus novos amigos, suas chatas.
─ Agora você fala, Tanajura?
─ Não, vocês estão me escutando por telepatia.
─ Continua com gracinhas, bunda de todos. - Camila deu dois passos para trás quando Dinah se aproximou dela, revirando os olhos quando Allyson e Normani fizeram o mesmo. - Você disse com todas as palavras que virou a segunda mãe dos filhos da Lauren, vira mulher é assume.
─ Você fez o que, Camila? - A voz rouca de Lauren pegou todas de surpresa, mas só Camila sentiu o calafrio percorrer por todo seu corpo. - Não finge que não ouviu.
─ As três estão felizes agora que a Lauren já sabe? Contentes por terem a boca enorme?
─ Não fala como se eu não estivesse aqui... - Camila suspirou pesadamente antes de virar para encarar os olhos que a julgaria, era parecido com os de suas três amigas, agora atrás dela. - Me diz que eu ouvi errado.
─ Não, você não ouviu errado, Lauren.
─ O que tinha na cabeça? - Lauren deu alguns passos para se aproximar de Camila, que também deu alguns passos para trás, se chocando contra o corpo de Dinah - Não pensou que poderia foder tudo?
─ Você pensou que poderia se foder sozinha?
─ Não chega mais perto, Lauren. A bunduda vai fundir o corpo dela com o meu daqui a pouco. - Camila sentiu Dinah segurar sua cintura com firmeza, entendendo que era uma maneira de mostrar apoio. E que também serviu para Lauren interromper seus passos até elas. - Podemos sair daqui de dentro? Vocês podem pegar um ar fresco, sei lá.
─ Quer ver a Camila sair correndo? - Lauren debochou. - Ela sempre foge de assuntos sérios.
─ Vai se foder, Lauren. Não estou fugindo de nada, estou bem aqui na sua frente.
─ E está esperando o que para falar que merda tinha na cabeça quando registrou os bebês com o seu nome?
─ Serve amor? - Lauren riu sem acreditar, um riso de nervoso. - Qual é a graça?
─ Não estou com tempo para as suas brincadeiras, você pode ser adulta por alguns minutos, Camila?
─ Eu fui adulta o suficiente para deixar rolar o que aconteceu no cartório, foi um erro que veio para o bem.
─ Não acho...
─ Você não anda achando muita coisa, Lauren. - Normani não aguentou ficar calada, não quando o assunto envolvia Camila. - Teto de vidro, amiga.
─ Outra vez com essa história, Normani? Sério mesmo?
─ Muito sério, Lauren.
─ Não combinamos que deixaríamos o que aconteceu no passado? - Allyson questionou irritada. - Vou entender como um sim. Agora, fala que erro foi esse, Camila.
─ Obrigada, Allycat, mas agora eu não quero falar. - Camila deu os ombros, provocando Lauren. - Fizeram errado, está feito e assinado. Vai fazer o que, Lauren?
─ Camila? - Allyson insistiu. - Por favor?
─ Okay, okay. Eu falo tudo o que querem saber. Vou começar dizendo que foi por medo.
─ Não era por amor? - Dinah riu ao perguntar. - Foi por amor ou medo?
─ Foi os dois, é, os dois.
─ Você fez isso por amar a Lauren? - Allyson tirou as palavras da boca de Normani, que talvez não quisesse ouvir a resposta ou teria feito a pergunta primeiro. - Foi isso?
─ Que? Não! Eu fui registrar os bebês enquanto a Lauren ficava com eles mesmo do outro lado do vidro. Me mandaram procurar a Amélia, e só tinha o Ethan lá para me atender, foi ele que cometeu o erro, eu só assinei sem olhar antes.
─ E você ficou calada quando poderia ter falado com ele ou ter me falado, Camila?
─ Queria que eu fizesse o que, Lauren? A sua irmã não queria saber dos bebês, você entrou na mesma linha de raciocínio dela e as duas deram as costas para os bebês. - O rosto de Lauren ficou vermelho de vergonha quando Dinah, Normani e Allyson a olharam incrédulas, a Lauren que elas conheciam não faria o que Camila estava dizendo. - Deixei o erro do Ethan passar em branco porque você poderia mudar de ideia depois de conhecer eles, foi por medo deles ficarem sozinhos e foi pensando no amor que eu poderia dar para eles. Pode me chamar de criança, mas fui muito mulher de assumir o que você e a sua irmã não queriam.
─ Não quer saber dos bebês? - Dava para sentir a decepção no tom de voz de Dinah, e doeu em Lauren. - Você cogitou em abandonar dois recém-nascidos? E pense antes de responder, sua resposta pode me fazer ficar aqui ou ir embora para Miami.
─ Não é isso, Dinah. Vocês entenderam tudo errado...
─ Então a Camila mentiu?
─ Não foi o que eu disse.
─ Então fala o que quer falar.
─ A Taylor teve complicações na hora do parto, precisou ser reanimada e culpou os bebês pelo que aconteceu com ela. Fiquei com medo de perder a minha irmã e também culpei os bebês, mas a Camila me deu um choque de realidade. Não cogitei abandonar eles, só precisava de um tempo para assimilar tudo.
─ Ninguém falou nada de lado, mas eu fico do lado da Camila. - Dinah informou. - Acho que ela deve ser a outra mãe dos bebês.
─ Não é assim que as coisas acontecem, Dinah. - Allyson também informou. - O que pretende fazer, Lauren?
─ Vou registrar os bebês novamente, agora sem o nome da Camila na certidão deles.
─ Você não pode fazer isso, Lauren. Não pode tirar o meu nome...
─ É obvio que eu posso e vou fazer isso, eles são os meus filhos, não os seus.
─ Não é justo falar assim comigo. - Camila sentiu vontade de chorar por causa das palavras que Lauren decidiu usar, mas escolheu deixar a raiva falar por ela quando avançou em Lauren. - ME PREOCUPEI COM OS BEBÊS DESDE O SEGUNDO QUE COLOQUEI OS PÉS NESSE HOSPITAL E DESCOBRI QUE A TAYLOR ESTAVA EM TRABALHO DE PARTO ANTES DE TEMPO. ENQUANTO AS IRMÃS JAUREGUI PERFEITAS CULPAVAM DOIS RECÉM-NASCIDOS E NÃO SÓ A TAYLOR POR SE NEGAR A FAZER A PORRA DO PRÉ-NATAL, POR NÃO FALAR QUE ESTAVA GRÁVIDA DE DOIS BEBÊS E NÃO CONTAR QUE TINHA CAÍDO, EU ESTAVA LÁ COM O MÉDICO BODEN PEDINDO PARA ELE NÃO DEIXAR OS BEBÊS MORREREM. VOCÊ NÃO TEM IDEIA DO MEDO QUE SENTI QUANDO VI ELES DENTRO DAQUELAS INCUBADORAS, COM AQUELE TAMANHO DELES...
─ Camila... - Normani, Allyson e Dinah chamaram juntas.
─ NÃO...
─ Ei, fica calma, Camila. - Lauren pediu com os olhos arregalados e as mão para frente na intenção de segurar ou afastar Camila, ela precisava fazer alguma coisa antes de todas serem expulsas do hospital. - Para de gritar e se acalma.
─ EU NÃO QUERO FICAR CALMA. - Sem pensar duas vezes, Lauren puxou Camila para seus braços e a segurou com toda sua força, a impedindo de se soltar ou se debater. Camila tentou se soltar como Lauren havia deduzido, mas suas forças já tinham lhe abandonado e o choro tomou conta de seu ser. - Eu fiquei com medo do que poderia acontecer com eles, e você não. Eu só quis dar amor quando achei que eles não teriam a mãe e a tia para cuidar deles.
─ Não precisa chorar, eu não vou tirar seu nome da certidão de nascimento deles, só fica calma. Eu prometo que se ficar calma, vamos ser as mães dos bebês. - Lauren procurou por ajuda em suas amigas, mas elas também estavam abaladas emocionalmente para fazer qualquer coisa que envolvesse sair do lugar. - Sabe que não gosto de ver você chorando, não gosto de te fazer chorar.
─ Eu descobri o verdadeiro significado de amor a primeira vista com os bebês, Lauren.
─ Deixa a gente ter essa mesma sensação? - Dinah limpou suas lágrimas, sorrindo amigavelmente quando Lauren soltou uma Camila totalmente calma. - Podemos conhecer as nossas sobrinhas?
─ Amor, são nossos sobrinhos. Dois menininhos para arrepiar os cabelos nas festas de família.
─ Não sejam bobas, somos tias de um casal de gêmeos. Fala para elas, Laur.
─ Ally está certa, Camila e eu somos mães de um casal de gêmeos. A nossa menininha chama Megan, sem dois nomes como a maioria de nós.
— E o menininho? - Allyson perguntou animada, mas sua animação não durou nada quando viu o olhar confuso de Lauren para Camila. - Eu vou te bater, como assim você não escolheu um nome para ele também?
— Não deu tempo de escolher um nome para ele, eu nem sabia que eram dois bebês.
— Camila? - Normani a chamou para não xingar Lauren. - Você registrou os bebês, qual nome escolheu para o menininho?
— Vamos ir até o grande vidro.
Camila não conseguia esconder a felicidade por saber que Lauren se dedicaria a ser uma mãe de verdade. E talvez sua felicidade não fosse duradoura, mas ela aproveitaria o tempo que ainda restava para ser mãe dos bebês. E foi com esses pensamentos que Camila colocou todas de frente ao vidro da UTIN, sentindo seu coração aquecer por ver que os bebês usavam as meias que ela tinha comprado.
— A menininha com a meia da mulher maravilha é a bebê da Chlöe, apelidamos ela assim porque está sendo forte mesmo sem a mãe por perto.
— Imagino que os outros dois de meias são os nossos sobrinhos? - Normani riu quando Lauren e Camila assentiram. - As meias são gigantes para eles.
— Alexa e eu procuramos por meias menores, e essas são as menores que conseguimos. Megan Jauregui Cabello é a com meias da supergirl, e o com meias do homem-aranha é o Théo Jauregui Cabello, seus sobrinhos.
— Por que colocou o nome do nosso filho de Théo?
— Não gostou?
— Gostei, só queria saber como pensou no nome.
— Quando a minha mãe ficou grávida da Sofia, os médicos disseram que era um menino, ela contou essa história. Eu me deitava com a minha mãe e chama o Théo todos os dias, aí nasceu uma menina com espírito de uns dez meninos.
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