Quando os intensos raios de sol romperam as persianas da cozinha, acordaram-me abruptamente. O despertar não foi dos mais delicados, e o alarme estridente do celular, posicionado na bancada, adicionou-se à rude interrupção do meu sono profundo no sofá, em uma posição desconfortável que resultou em um despertar um tanto dolorido.
Despertei cansada e sonolenta, movendo-me em direção ao irritante ruído do celular, silenciando-o com um resmungo. Ah, fazia tempo desde minha última noite de sono tão revigorante.
Estiquei-me e dei início à minha rotina matinal: higiene, café, escolha das vestimentas e preparação da bolsa. Despedi-me de Diona, acariciando suas costas, e ao sair, próximo a trancar a porta, lembrei-me dos meus óculos que havia esquecido dentro de casa. Após alguns minutos de busca, encontrei-os debaixo do sofá.
— Finalmente!. – Murmurei frustrada enquanto colocava meus óculos, levantando-me em direção à porta.
Despedi-me de Di com um último aceno antes de descer as escadas em direção ao meu Prisma branco. Ao abrir a porta e ligar o veículo, imediatamente acionei o ar-condicionado no modo frio. O dia mal havia começado, mas o calor infernal de Enkanomiya já estava se fazendo notar.
Optei por não utilizar meu carro para a viagem até Inazuma por uma razão simples: evitei a possibilidade de sujá-lo com vômito, caso alguém passasse mal. Além disso, concordamos coletivamente que dirigir sob efeito de álcool, considerando que estaríamos alcoolizados durante noventa por cento da viagem, seria uma má ideia.
O trânsito matutino em Enkanomiya não representava um obstáculo significativo, permitindo-me chegar ao meu destino no horário habitual.
As portas do elevador se abriram, revelando a última sala do prédio, já agitada e ruidosa apesar da hora. Ao sair da cabine, avistei Heizou, que se aproximava com uma xícara de Starbucks na mão.
— Bom dia. Você conseguiu finalizar a matéria que a Lisa pediu? Se sim, por favor, faça vinte e cinco cópias desses documentos para mim com urgência. – Expressou com pressa, sem me encarar nos olhos, enquanto entregava a folha de maneira desajeitada. Em seguida, adentrou no elevador.
— Bom dia para você também. Ah, odeio as segundas-feiras. – Comentei para mim mesma, soltando um suspiro. Dirigi-me à sala da copiadora e comecei o trabalho.
Após receber o pedido de cópias do Heizou, dirigi-me à sala de impressão e cópias, que, por sorte, estava vazia. Cumpri com o solicitado e, ao terminar, caminhei até a mesa do funcionário e coloquei todas as folhas, com um copo cheio de canetas em cima, para que não caíssem.
O último andar do prédio Editorial JeanLisa era amplo e arejado, com pequenas paredes que separavam os espaços de trabalho dos funcionários. A decoração era agradável, com cores frias, algumas pinturas de artistas famosos nas paredes, um galão de água no canto externo direito e grandes janelas com vista para o centro da cidade. Era um ambiente agradável
Dirigi-me à minha mesa enquanto aguardava o computador de trabalho inicializar (um processo que parecia levar uma eternidade). Enquanto isso, aproveitei para arrumar os documentos e folhas guardados no meu pequeno armário ao lado, além de organizar minha mesa. Não estava desarrumada, apenas alguns objetos estavam levemente fora do lugar. Talvez seja um pouco obsessiva com a organização, mas uma mesa arrumada contribui para melhor aproveitamento do tempo, aumenta a produtividade e a criatividade, além de ser esteticamente mais agradável!
Quando o computador ligou, dei início à revisões e correções de textos que os outros funcionários haviam mandado e o dia prosseguiu dessa maneira, o habitual e entediante rotina.
No horário do almoço, peguei apenas uma maçã e um café na cantina, sentando-me junto a Heizou e Mona, que pareciam envolvidos em uma conversa instigante.
— Se eu descobrir quem foi o responsável... – Mona espetou agressivamente sua salada de ovos com o garfo.
— Não acredito que a Lisa iria dispensá-la por algo tão... trivial, talvez? Fique tranquila. Ah, e bom dia, Yae. – Comentou Heizou, direcionando seu olhar para o prato sem me dar total atenção.
— Bom dia, Hei. O que aconteceu? – Indaguei.
Mona ergueu seu olhar para mim, as sobrancelhas arqueadas e uma expressão desagradável. Após endireitar a postura e engolir com dificuldade a salada que mastigava, começou a expressar sua indignação.
— Alguém contou à Lisa que estou pegando as tintas da impressora! Absurdo, não acha? Quem faria algo assim? Sei que posso parecer desfavorecida, mas caramba, que diabos de acusação é essa? - Mona desabafou em um tom elevado, sem perceber, atraindo olhares e risadinhas para nossa mesa, o que a deixou ainda mais furiosa.
Sem conter um leve riso, tomei um gole do café para disfarçar minha vontade de rir. Era difícil levá-la a sério com a maneira como expressava seu descontentamento.
— Bem, concordo com Heizou. Lisa dificilmente tomaria uma atitude tão drástica a ponto de dispensá-la. Ela valoriza muito você e o seu trabalho. – Sorri de forma contida para ela, que tentou retribuir o gesto mesmo estando furiosa, voltando em seguida à sua expressão carrancuda.
Havia algumas pessoas na editora com intenções questionáveis, dispostas a sabotar colegas de trabalho por meio de fofocas, mentiras descaradas e até mesmo acusações, como no caso de Mona. Felizmente, mantenho-me à parte e evito ao máximo interagir com aqueles conhecidos por serem mal-intencionados ou desagradáveis. Assim, mantenho-me fora de seu radar e pretendo continuar mantendo distância. Mona e Shikanoin são meus únicos amigos verdadeiros na editora; os demais são meros colegas de trabalho.
Passamos todo o horário de almoço especulando sobre quem poderia ter acusado Mona e discutindo a peculiar relação entre Jean, a administradora-chefe, e Lisa. Heizou mencionou ter presenciado abraços prolongados e gestos carinhosos entre elas. Após inúmeras fofocas, retornamos ao trabalho.
O restante do dia seguiu seu curso habitual: revisões, correções, leituras, publicações, edições, impressões de documentos, entre outras tarefas. Quando dei por mim, já era uma e quarenta e cinco da tarde; então, arrumei minhas coisas para sair e retornar para casa. Ao me levantar e pegar minha bolsa, fui abordada por Sucrose, uma mulher baixa de óculos e cabelos esverdeados.
— Senhorita Yae Miko, a Lisa solicitou que antes de sair, dê uma passada na sala dela – comunicou a garota com um sorriso sereno. Eu apenas devolvi o gesto e assenti em concordância com a cabeça.
Instantaneamente, senti um calafrio percorrer minha espinha, como uma descarga elétrica que me arrepiou por completo. Será que alguém contou minhas conversas com Shikanoin e Mona? Quem teria feito isso? Seria eu finalmente vítima das fofocas e mentiras disseminadas por alguns membros do RH e auxiliares administrativos? Lisa planeja me demitir? Estarei prestes a perder meu emprego?
Meu corpo todo estava em estado de alerta e eu finalmente havia chegado à porta de Lisa, um trajeto que parecia ter durado uma eternidade, permitindo-me explorar todas as teorias possíveis sobre o motivo pelo qual fui solicitada. Antevia o pior e não estava preparada para enfrentá-lo, muito menos psicologicamente.
Bati três vezes na porta sutilmente e poucos segundos depois Lisa respondeu.
— Pode entrar.
Ao adentrar a sala, deparei-me com Lisa sentada em sua mesa, examinando papéis e documentos, enquanto Jean observava-me do canto exterior do cômodo, com sua expressão habitual. Permaneci imóvel à porta, até que o silêncio foi interrompido pela voz de Lisa.
— Por favor, Sra. Miko, sente-se. Temos assuntos a tratar. – Com um breve olhar em minha direção, ela dirigiu-se a mim de forma calma.
Meu estômago revirou-se e minhas mãos tremiam. Qualquer que fosse a informação que chegara até ela, minha situação parecia complicada. Engoli em seco e acatei sua solicitação, sentando-me conforme instruído.
Naquele momento, o único som audível era o zumbido do ar-condicionado e o movimento de Lisa ao folhear os documentos presos por um clipe. Parecia que os demais sons do mundo haviam desaparecido, restando apenas nós três naquele espaço: eu, Jean e Lisa, imersos em um oceano de silêncio. Incapaz de disfarçar meu nervosismo, minha perna inquieta movia-se para cima e para baixo, enquanto batia levemente no carpete.
— Sra. Miko, você está pálida. Gostaria de um copo d'água? – Lisa soltou os papéis na mesa e poderia-me um olhar, mantendo sua expressão inalterada. Jean, completamente neutra, pegou um copo e serviu água do galão ao lado, oferecendo-me. Aceitei, na tentativa de clarear a garganta e me enganar.
— Yae Miko, você entende o quão apreciado é o seu trabalho, correto? Você é uma das minhas colaboradoras mais valorosas, juntamente com Mona, Shikanoin, Heizou e Fischl.
Apenas inclinei a cabeça, aguardando o que viria em seguida.
— É bom saber disso... Você tem consciência do que admiro em você além da sua escrita? – Fixou seu olhar em mim, esperando uma resposta direta e instintiva.
Indecisa, balancei a cabeça. Não tinha certeza do que responder.
— Seu profissionalismo. - Recostou-se na cadeira, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos. Uma postura típica de "chefe-filha-da-puta-prestes-a-me-demitir". De alguma forma, cada palavra dela parecia carregar uma nuance de ironia e arrogância. Sentia-me na defensiva.
— Yae Miko, suas habilidades com a escrita e jornalismo de fato, são inegáveis e eu sou agradecida por ter alguém como você trabalhando aqui na Editora JeanLisa.
Gradualmente, meu coração desacelerou e a agitação da perna diminuiu, permitindo-me relaxar um pouco.
– Contudo...
O alívio foi rapidamente dissipado.
— Você está sempre atualizada, atenta a tudo, informada sobre os mais variados acontecimentos e notícias do mundo dos famosos. Seu domínio das palavras-chave é notável, sua prontidão e competência são exatamente o que procurávamos há meses: inteligência, agilidade e competência. Como uma dedicação e habilidades tão notáveis ainda não foram reconhecidas? Suas últimas duas matérias publicadas em nosso portal de notícias LS News quebraram nosso recorde de acessos anteriores. Sete milhões de acessos nas primeiras vinte e quatro horas... isso é verdadeiramente excepcional!
Eu permanecia estática, sem reação, incapaz de prever o desenrolar dos acontecimentos.
— E visto que suas habilidades são notáveis, confiarei a você uma tarefa na qual espero que dê o seu melhor! – Expressou com entusiasmo, gesticulando para enfatizar sua empolgação ao se aproximar. Eu a encarava com seriedade, sem saber ao certo como reagir.
— Você está ciente da natureza caprichosa dessas personalidades famosas, não está? – Sua expressão animada desapareceu, dando lugar a uma feição séria. Recostou-se novamente na cadeira.
Jean permanecia em silêncio, observando-me atentamente, analisando minha linguagem corporal.
— E, considerando que não queremos nos envolver em problemas legais ou enfrentar processos por iniciativas não autorizadas... – Fez uma pausa dramática, enquanto minha ansiedade aumentava.
— Você será responsável por uma espécie de entrevista exclusiva com ninguém menos que a única multimilionária de Inazuma: a Toda Poderosa Shogun Raiden! – Sorriu com orgulho e satisfação…
Não.
Isso é inacreditável. Deve ser uma brincadeira. Não é possível que ela esteja falando sério, ter uma conversa com os assessores da...
– Fique tranquila, já entramos em contato com a equipe de assessores dela e obtivemos permissão. Está tudo planejado e confirmado. Sua viagem será custeada integralmente, sem nenhum custo para você! Você ficará hospedada no Hotel Seirai, onde ela também estará acomodada. O encontro de vocês está marcado para o saguão do último andar, às onze horas em ponto, um dia após sua chegada lá...
Fiquei estupefata. Em total choque. Não conseguia me mover, pensar ou articular palavras coerentes.
Por que justo eu?
Não estou preparada para isso, vou travar, gaguejar, e isso está fora das minhas atribuições. Se algo sair minimamente errado, aquela mulher vai querer me processar ou me humilhar de alguma forma!
— A proposta principal é criar uma biografia autorizada, algo que tenho certeza que terá grande sucesso de vendas! Note bem, os jovens e pessoas de todas as idades têm uma verdadeira obsessão por ela. Um nome tão influente como o dela certamente atrairá muita atenção. É uma estratégia excelente. – Lisa mantinha aquele sorriso sinistro no rosto enquanto delegava todo o trabalho pesado para mim. Eu a ouvia atentamente, procurando uma brecha para interrompê-la.
— O que pode se tornar um desafio para nós é o fato de que Shogun Raiden preserva muito sua vida pessoal. Nunca houve qualquer escândalo ou polêmica envolvendo-a na mídia. Ela tem habilidades excepcionais para ocultar informações e manipular a mídia a seu favor. – Lisa desviou o olhar para o chão e franziu as sobrancelhas, como se estivesse ponderando sobre algo.
— Contudo, no momento oportuno, se ela deixar escapar algo mínimo que possa ser transformado em polêmica... Você redigirá sobre isso em um artigo sob um pseudônimo! Conhece a popularidade do "exposed" nos dias de hoje, não é mesmo? Aproveitaremos isso a nosso favor. – Riu com malícia. Seu semblante era assustador, mas não tanto quanto sua proposta.
— E-eu lamento, Sra. Lisa, mas eu não posso concordar com isso. – Murmurei com insegurança, num tom quase inaudível. Seu sorriso se desfez, revelando uma clara expressão de surpresa e desapontamento.
– Eu acho que não sou capaz disso. Eu não sou boa com palavras, com certeza deve ter alguém melhor para isso… você deve ter se enganado.
— De maneira alguma, Sra. Yae! Tenho total confiança na sua capacidade, e não tenho dúvidas de que você é a pessoa ideal para essa tarefa. Seria um desperdício não lhe encarregar desse trabalho, pois sei que você o desempenhará com perfeição! Já elaboramos uma lista de perguntas, detalhando tudo o que você precisará indagar e solicitar autorização para incluir na biografia. – Jean se aproximou, entregando-me um papel com algumas falas listadas. Porém, meu foco ainda estava voltado para Lisa, incrédula com toda essa situação.
— Então, o que me diz? – Lisa sorriu com entusiasmo, inquieta em sua cadeira.
O que eu realmente penso sobre seu plano de tentar foder a pessoa mais influente e rica de Inazuma, e sobre o fato de que se conseguirmos isso, ela possivelmente retaliará contra nossas famílias, arruinando nossas vidas de forma terrível, sua louca sádica?
— Eu não sei, Lisa... Estou hesitando, pois temo falhar durante a entrevista. – E por achar essa ideia maluca e retardada!
É como: top dez formas idiotas de conseguir um processo e arruinar a sua vida. Lisa só poderia estar brincando com a minha cara.
— Não se preocupe, caso cometa algum erro, você terá um acompanhante. Heizou estará lá para retificar qualquer equívoco. Você não estará sozinha. Além disso, depois de terminarem, os dois poderiam aproveitar um passeio por Inazuma City, uma cidade encantadora, não acha?
Jean assentiu ao fundo e voltou à sua postura de estatueta silenciosa.
— Ah, sem mencionar o aumento salarial de mil moras que você receberá ao concluir com êxito essa biografia. – Lançou-me um olhar monótono, como se fosse um mero detalhe sem grande importância.
— Eu aceito.
Talvez não seja uma má ideia afinal…
[...]
Houve alguns meses desde minha última visita ao apartamento de Gorou.
Quando bati na porta, ele surpreendeu-se inicialmente, mas logo exibiu um sorriso.
— Olha só, apareceu a margarida... Caramba, faz tempo, hein? – Gorou abriu uma porta para que eu entrasse.
— E aí, Miko! – Itto me complementou do outro lado, relaxado no sofá. Após cumprimentar ambos, dirigi-me ao sofá próximo a Itto e pendurei meu casaco no encosto.
— Você chegou na hora certa, pegamos um vinho para assistir ao jogo entre Inazuma e Liyue! – Informou o baixinho enquanto se dirigia à cozinha, desaparecendo do meu campo de visão.
— Caramba, estou tão ocupado que até esqueci o jogo de Inazuma hoje.
— Hmm, você tem um motivo específico para aparecer aqui depois de tanto tempo? Alguma novidade para me contar? – Ele retorna da cozinha com uma garrafa de vinho debaixo do braço e três taças na mão. Itto deixa o celular de lado e se levanta rapidamente para encher nossas taças.
Solto uma risada sugestiva em resposta à pergunta de Gorou e dou um gole na minha taça.
— Claro que tenho coisas para te contar! Você nem vai acreditar. - Dou outro gole na taça, mantendo um sorriso no rosto.
Normalmente, não costumo beber durante a semana, especialmente no início, mas tinha motivos para querer brindar e comemorar numa segunda-feira, ah se tinha!
Depois de algumas taças e conversas descontraídas, compartilhei com o moreno e seu namorado a proposta que Lisa me fez hoje. Ambos ficaram igualmente surpresos e animados, e à medida que as taças esvaziavam, a conversa se tornava mais animada.
— E acredita que vou ficar hospedada no Hotel Seirai! No Hotel Seirai, com todas as despesas pagas! – Eu me exibia, erguendo a cabeça, e ele tinha um brilho nos olhos.
— Incrível, Miko! Que sorte!
— O que é o Hotel Seirai? – Como de costume, Itto parecia estar perdido na conversa.
— É o hotel de luxo mais caro de Inazuma, como você não conhece? Passamos na frente dele naquele dia. – Gorou revirou os olhos e voltou a focar em mim.
— Quem me dera estar no seu lugar, caramba.
Sorri para ele, esvaziei minha taça e a enchi novamente.
— Ei, aproveita e tenta pegar o número da Shogun, arranja uma sugar mommy para você, Yae! Está solteira mesmo. – Itto soltou rindo, seu namorado concordou com uma gargalhada.
— Imagina só você namorando uma milionária? Diz que vai bancar a gente, não custa nada. – O moreno disse entre risadas.
No entanto, após mais algumas taças, retornei para o meu apartamento, que ficava logo acima do dele. Já eram 23:51 e eu precisava dormir. Subindo as escadas, rindo das bobagens que tínhamos dito, quando ergui meu olhar para a minha porta, vi Lumine mexendo no celular. Assim que a loira notou minha presença e levantou os olhos para mim, ficou sem reação, balbuciou algumas palavras e se aproximou, mas levou um tempo para falar.
— Hmm, oi, podemos conversar? – Sua voz soava doce, mas carregava uma tristeza evidente.
— Não acha que está um pouco tarde para isso? – Indaguei, sem qualquer vontade de prolongar a conversa. Droga, só quero dormir.
— Eu sei, esperei por você aqui, mas você nunca voltava. Só quero conversar rápido, tudo bem? Não quero atrapalhar ou tomar muito do seu tempo.
Já estava incomodando.
— Eu sei que errei... não devia ter sido tão fria e insensível. Mas se me der uma segunda chance, eu prometo que não se repetirá. Percebi nesse tempo que gosto muito de você, Miko.
Eu mantive uma expressão irônica e as mãos na cintura.
— Sempre volta com a mesma conversa. "Quero voltar, sei que errei", some por dias, fica com alguém e depois volta para mim. Você me acha idiota? – Imitando seu tom de voz, estreitei os olhos. Estava cansada desse vai e vem dela.
— Você bebeu? Tá fedendo a vinho. Acho melhor conversarmos quando você estiver sóbria. — Disse em tom calmo, tentando invalidar o que eu acabara de dizer e me deixando mais fodidamente irritada.
– Vai se foder Lumine. Não me procure mais para suprir suas carências momentâneas. – Falei em tom alto.
Provavelmente alguns vizinhos escutaram mas não dei importância. Passei por ela esbarrando em seu ombro grosseiramente e fechei a porta com força, causando um estrondo.
Eu não quero pessoas momentâneas.
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