O aroma do café fresco pairava no ar enquanto eu me aprofundava nos relatórios financeiros da minha Empresas Horizon, a mais recente aquisição de meu império corporativo que mais cedo ou mais tarde, poderia pertencer ao Kamisato Ayato. Minha mente afiada absorvia cada detalhe dos números, enquanto minha caneta deslizava sobre as páginas, fazendo anotações precisas e decisivas sobre as finanças e os gatos. A luz suave do amanhecer banhava minha elegante sala de escritório, destacando a aura de autoridade e determinação tão superestimada que eu exalava. No fundo, apenas eu sabia que aquela determinação não me servia de nada havia algum tempo.
Relatórios e mais relatórios analisados seriam inúteis futuramente, mas eu não poderia simplesmente jogar as mãos para o alto e largar tudo, eu tenho razões para continuar em frente.
Sentada em minha cadeira ergonômica, folheava os gráficos e tabelas com uma expressão séria e concentrada. Meus olhos perscrutavam os números com precisão de águia, detectando padrões e tendências em meio à complexidade dos dados financeiros. Cada xícara de café servia como combustível para minha mente que já estava habituada em trabalhar incansavelmente.
Enquanto a luz matinal banhava o espaço, mergulhava profundamente em minha análise, completamente imersa no mundo dos negócios. A quietude da sala era interrompida apenas pelo som suave de virar as páginas e o ocasional suspiro de concentração.
Enquanto me concentrava nos relatórios, ouço batidas suaves na porta, interrompendo minha imersão nos números. Ergo o olhar e, com uma expressão neutra, convido quem quer que seja a entrar.
— Com licença, Sra. Raiden? Perdão pela interrupção, mas uma amiga veio lhe dar um “oi”.
Para minha surpresa e deleite, é Amber, uma funcionária de confiança que ao se mover para o lado, revelou a figura de uma velha amiga. Ela guiou Chiori até meu escritório, que marcava sua presença com sua aura vibrante e elegante, atravessou a porta com um sorriso radiante. Seus cabelos castanhos caem graciosamente sobre os ombros, complementando sua presença majestosa. Desde os dias da universidade, Chiori exalava um estilo único e uma personalidade cativante, e hoje não é exceção.
— Chiori, que surpresa agradável te ver por aqui! Não tinha ideia que você estava por Inazuma.
Rapidamente me levanto da cadeira para cumprimentá-la efusivamente, compartilhando sorrisos de saudade e calorosas palavras de boas-vindas.
— Querida, estou encantada de estar aqui! Minha viagem tem sido absolutamente fabulosa, cheia de inspiração e novas ideias. Você nem imagina o motivo da minha visita! - respondeu com ambas as mãos nos meus ombros.
Como sempre, ela está impecavelmente vestida, vestindo um conjunto elegante amarelo, sua cor registrada, refletindo seu gosto refinado e sua habilidade inata para a moda. Sua boutique renomada em Fontaine é um reflexo de seu talento incomparável e seu compromisso com a excelência.
— Estou aqui para promover minha nova coleção de roupas de grife em um evento de gala amanhã às oito da noite! Será uma celebração incrível e eu adoraria que você estivesse por lá.
— Um evento de gala? Parece muito bom. Eu adoraria ir, mas não tenho um vestido novo adequado para uma ocasião tão sofisticada. Sabe como é, tenho que renovar meu closet…
— Ah, Raiden, você sabe que é o menor dos problemas! Tenho certeza de que posso encontrar algo em minha boutique que ficará perfeito em você. E não aceito "não" como resposta, você precisa estar lá. Posso pedir para a Kirara lhe entregar.
— Bem, se você insiste tanto, quem sou eu para recusar? Estarei lá amanhã à noite, Chiori. Mal posso esperar para ver sua nova coleção e passar um tempo com você como nos velhos tempos.
— Maravilhoso! Você não se arrependerá, querida. Vou garantir que seja uma noite para lembrar.
Por alguns segundos seu olhar se desviou para a minha mesa com inúmeros papéis.
— Tenho que confessar que notei sua ausência em alguns eventos recentes e achei que não seria tão fácil te convencer a comparecer no meu evento amanhã. A mídia anda especulando muito sobre isso. O que está acontecendo? Tem alguém mexendo com a sua cabeça, não? – seus lábios se curvaram em um sorriso divertido.
— Você sabe como a mídia adora criar histórinhas. A verdade é que estou só um pouco cansada ultimamente e muito focada no financeiro das minhas empresas. E você sabe que eu sempre fiquei longe de relacionamentos. – menti descaradamente. Ela espreitou o olhar, não parecendo muito convencida, mas deu de ombros. Minha vida amorosa certamente não faria a mínima diferença na vida pessoal dela.
— Entendo. A sua vida de empresária deve ser uma loucura mesmo. Mas lembre-se sempre de cuidar de si mesma, ok? Não se sobrecarregue demais. A propósito, estou ansiosa para ouvir mais sobre suas novas empreitadas. – lançou-me uma última piscadela antes de nos despedirmos e eu voltar a trabalhar em uma das minhas dezenas de relatórios financeiros. O dia seria corrido, mas nada fora do comum ou que eu não esteja acostumada.
Tentei retomar minha análise dos relatórios financeiros, tentando me concentrar nos números, planilhas e gráficos mas logo fui interrompida por uma série de notificações em meu grupo de mensagens com Venti e Zhongli.
Os PIB de Teyvat
Hoje
[11:41] Venti: não se esqueça @Ei, aqui em casa às nove!!!! (๑•﹏•)
[11:41] Venti: Vamo encher muito a cara e capota o Corsa
[11:41] Venti: (つ✧ω✧)つ
O assunto era sobre um pequeno encontro que eles estavam planejando na casa de Venti para aquela noite. Eles falavam sobre beber algumas bebida que provavelmente custaria dez salários mínimos e bater um papo descontraído, e eu havia prometido que iria, não era babaca o suficiente para cancelar.
[11:46] Ei: Vou sim.
[11:49] Venti: \(^o^)/
Eles me encorajaram a participar, sabendo que eu tinha andado meio distante dos encontros sociais ultimamente. Era importante, mesmo que poucas vezes, eu me desconectar do trabalho. Assim, me encostei na cadeira e respondi confirmando minha presença, pronta para tentar curtir um tempo de qualidade com meus dois amigos favoritos naquela noite.
Avançando um pouco para mais tarde e após uma manhã intensa de trabalho, decidi encerrar minha jornada majoritariamente mais cedo naquele dia. Geralmente, eu trabalhava até o anoitecer, mas senti que precisava de uma pausa. Odiei admitir mentalmente que o motivo principal de eu querer sair mais cedo, era para passar um tempo com Yae Miko e Kuni. Eles transmitiam uma aura e energia diferente, uma perspectiva que eu nunca havia tido. Era como se eles me fizessem sentir acolhida, um sentimento que eu não vivenciava há anos. Sem mencionar a euforia descomunal e estranha que eu sentia quando Miko estava por perto, aquilo não era normal, com toda certeza, mas eu apreciava.
Depois de um almoço com meus funcionários e algumas conversas jogadas fora, dei as orientações finais para eles. Pedi para a equipe de marketing preparar um plano estratégico para uma nova campanha do meu relógio digital que está avaliado no valor de oito mil, enquanto a equipe de recursos humanos trabalhava na contratação de alguns profissionais-chave que precisávamos para os próximos dias que seriam intensos.
Com as diretrizes dadas, chamei Kaeya e pedi que me levasse de volta para casa. No caminho, aproveitei para descansar um pouco e me preparar mentalmente para a noite à frente, um sorriso involuntário surgiu. Talvez eu finalmente pudesse aproveitar um pouco do meu tempo livre com os rapazes.
Quando cheguei em casa, me deparei com Guuji. Ela estava dobrando roupas no sofá, enquanto meu sobrinho brincava de Lego no extenso tapete da sala. Eles pareciam estar envolvidos em uma conversa animada e riam juntos. As covinhas de Kuni sobressaltam enquanto sorri, o tornando mais fofo.
Assim que entrei na sala, os olhares dos dois se voltaram para mim, e eles parecem surpresos, acredito que seja pelo meu retorno do trabalho mais cedo que o comum. Miko se levantou prontamente, parecendo um tanto desconcertada e constrangida. Contudo, eu não entendi logo de cara o porquê do rubor em suas bochechas, mas ao observá-la da cabeça aos pés, percebi que ela estava vestida de maneira mais casual, mais casual que habitualmente…
Ela estava usando uma regata azul listrada justa e um shorts de pijama folgado amarelo, seus cabelos presos em um coque com alguns fios rebeldes escapando. Nos pés, ela calçava uma pantufa adorável. Era uma visão inesperada, mas me fez sentir um pouco mais em casa.
— Boa tarde, Yae Miko. Oi, Kuni. – cumprimentei, sorrindo para os dois. Eles retribuíram o sorriso, mas eu pude ver que Miko ainda estava um pouco corada. Havia algo acolhedor naquela cena doméstica, algo que me fazia relaxar após uma manhã agitada.
— Nossa… você normalmente só volta no anoitecer. O que aconteceu?
Notei alguns sinais de nervosismo, como o jeito que ela passava a mão no braço repetidamente e evitava contato visual comigo, desviando seus olhos dos meus continuamente. Resolvi elogiar sua aparência, pois queria que ela se sentisse confortável em casa.
— Você está muito bonita hoje, Miko. Parece que você está começando a se sentir em casa aqui. Fico feliz com isso. – sorri docemente. Entretanto, a rosada talvez tivesse tido uma interpretação diferente de meu elogio singelo.
— Ah, então minha escolha de pijama e pantufas agora é digna de elogios? Isso deve ser um avanço na moda. – ela brincou, tentando amenizar a situação e disfarçar o constrangimento. Mal ela sabia que todos os mínimos detalhes dela eram mais que dignos de elogios. Miko realmente era uma mulher muito bonita.
— Claro, especialmente se as pantufas combinam com o tapete. – decidi retrucar com bom humor. Era bom ver que ela estava relaxando, mesmo que ainda parecesse um pouco desconcertada.
— Eu só decidi descansar um pouco, por isso sai mais cedo. Mas não pense que vai se acostumar comigo aqui esse horário todos os dias, e só por hoje. Não posso me dar ao luxo de descansar. – expliquei enquanto tirava meu blazer e o dobrava.
Kuni se levantou e veio ao meu encontro, envolvendo seus pequenos braços em minhas pernas e me recebendo com um abraço gostoso. Eu me agachei para abraçá-lo decentemente. Ainda era estranho manter contato físico com ele, mas aos poucos eu estava me habituando e gostando.
— Ah… que pena, eu gostaria que você chegasse cedo mais vezes. Aqui é bem vazio. – seu olhar penetrante parecia decepcionado.
— De qualquer maneira deveria descansar mais. Você trabalha demais.
— Bom, vou tirar a minha tarde e minha noite especialmente para relaxar. Vou ir a casa de Venti, Zhongli também vai estar lá, sabe… atualizar sobre nossas vidas uns aos outros.
“Atualizar nossas vidas uns aos outros” era um termo menos escandaloso e fútil para “fofocar”. Que mal tem?
— Ah, e amanhã eu vou em um evento de gala da estilista Chiori. Conhece?
— Claro! Eu já escrevi algumas matérias sobre ela, nossa, como aquela mulher é linda! – ela aparentou uma admiração genuína por Chiori, uma empolgação adorável acompanhada de um sorriso tão simpático e único que só ela havia.
— Bom, não preciso nem te avisar que quero você como minha companheira para o evento.
Talvez eu estivesse arriscando demais em levá-la comigo a um evento tão público como os eventos de Chiori, mas eu não podia perder a oportunidade. Eram essas saídas que nós aproximavam, era uma chance de conhecer melhor a Miko.
Ela aparentou uma surpresa imediata e fez “não” com a cabeça, balbuciando palavras que provavelmente eram negações ao meu convite.
— Antes que negue dando mil desculpas, eu te compro um vestido, contrato maquiadores, cabeleireiros… Não aceito “não” como resposta. – a cortei sem esperar por uma resposta e subi para o meu quarto.
[...]
Ao chegar à mansão de Venti, me deparei com o processo de segurança bem rigoroso que toda a elite tinha. Eu me aproximei do posto de controle com Kaeya ao volante e tive que abaixar a janela do carro para falar com o guarda de segurança. Ele me pediu que me identificasse.
—Nome, identidade… Shogun Raiden?! – antes que eu pudesse falar, ele me reconheceu imediatamente.
Haviam vantagens sendo a marca registrada e o rosto mais famoso de Inazuma, não era surpreendente que o guarda me reconhecesse tão rápido.
— Perdão, Toda Poderosa Shogun Raiden! Estava escuro, eu não a reconheci… Desculpa pelo incomodo, eu sou um estúpido! Seja bem-vinda! – com um aceno respeitoso, ele abriu o extenso portão eletrônico para nos deixar passar.
À medida que entrávamos na propriedade, fui recebida pelo jardim com arbustos perfeitamente aparados em formatos circulares. As luzes chiques iluminavam o jardim de maneira quase teatral, destacando sua beleza. Enquanto Kaeya dirigia em direção à garagem, eu observava os carros de luxo estacionados, cada um deles mais extravagante que o outro. A ostentação do local era notável, mas também combinava perfeitamente com a personalidade extravagante e escandalosa do Venti.
Assim que o Kaeya estacionou, a porta principal da mansão se abriu rapidamente. Venti correu animadamente dando alguns pulinhos, já balançando a garrafa de vinho em sua mão, uma grande expressão de entusiasmo em seu rosto e suas bochechas evidentemente coradas. Ele parecia já ter tomado alguns goles, o que tornava seu comportamento ainda mais descontraído.
— Olha quem tá aqui! – ele exclamou com um sorriso largo, aproximando-se enquanto eu descia do carro.
— Finalmente a majestade decidiu nos dar o privilégio de sua presença! – ele riu da própria piada, aproximando-se para me dar um abraço caloroso.
Eu sorri, devolvendo o abraço.
— Você está em ótima forma, pelo visto. – respondi, observando a garrafa da marca de vinho de Diluc em sua mão.
– Claro que tô! Faz muito tempo que a gente não se reúne! Além do mais, a festa só começa quando você chega. – ele me conduziu pela entrada da casa. Sua animação sempre me recordava dos bons tempos da faculdade. Ah, como sabíamos aproveitar a vida.
Quando adentrei mais a casa, fui recebida por um carinho inesperado. O gato alaranjado de Venti se aproximou de mim com um ar de superioridade, esfregando-se nas minhas pernas de forma manhosa em busca de atenção. A presença do felino sempre me causou uma certa estranheza, considerando que o Vento tinha alergia a gatos. No entanto, era claro que ele tinha desenvolvido uma conexão especial com o animal, que parecia ser o próprio dono da casa.
Enquanto fazia um leve carinho no gato, observei que Zhongli já estava na sala, sentado em uma poltrona ao lado de uma lareira apagada. Ele sempre fora o oposto do anfitrião: mais reservado e sério, mas me recebeu com um sorriso caloroso e uma expressão de simpatia. Eu achava interessantel o contraste da personalidade dos dois.
— Ei, que bom vê-la por aqui. – ele disse, levantando-se para me dar um abraço educado. Eu o respeitava muito, não apenas por sua trajetória de sucesso em sua carreira, mas também por sua postura responsável em relação a tudo que fazia. Ele era bom em tudo o que se propõe a fazer.
— É sempre bom te ver também, Zhong – respondi, sentindo-me acolhida por sua gentileza e me derretendo com o cheiro excepcionalmente amadeirado que projetava de seu perfume.
Venti colocou uma música suave para tocar de fundo, criando um ambiente acolhedor e descontraído. Todos se acomodaram ao redor da mesa, saboreando os deliciosos aperitivos de maçãs, tortas e bolos. Enquanto a conversa fluía com risadas e alguns brindes com cidra e vinhos refinados, eu não percebi o tempo passar.
De repente, me dei conta de que estava deitada de maneira "folgada e mais relaxada" no sofá, com meu braço servindo de travesseiro sob minha cabeça e minhas pernas esticadas desordenadamente. E quando observei o teto, aquela infame situação voltou a tona: a possibilidade de ter que ceder minhas empresas para o Kamisato, algo que estava pesando em minha mente há um tempo.
Nesse momento, tão de repente e de maneira sutil, eu senti uma saudade inesperada de Miko e de como queria encontrar consolo novamente em seus braços… que eram bem macios. Era um desejo profundo de vulnerabilidade e conforto, algo que raramente permito a mim mesma. Nos braços dela, eu sabia que poderia encontrar um lugar seguro, sem julgamentos, apenas calor e compreensão. Eu só desejava novamente o direito de ser vulnerável e humana, apenas mais uma vez com ela.
Por mais que estivesse cercada dos meus amigos mais queridos, os pensamentos e ausência da Miko naquele momento me fez perceber o quanto ela significava para mim e como sua presença era capaz de me tranquilizar. Aquela saudade começou a se tornar quase palpável e eu senti uma pontada de desespero repentino por estar lutando contra a saudade insuportável. Eu precisava mandar uma mensagem para ela.
— Eu prefiro não manter contato com ela. Definitivamente temos personalidades bem distintas. – Zhong declarou.
Meus amigos pareciam distraídos em uma conversa instigante, na qual eu estava por fora. Aquilo me assegurou que eles não me viriam digitando desesperadamente.
— Sem contar que ela só entrou no ramo do direito e moda por conta da mãe dela, Focalors. A Furina… aquela garota é a própria definição de nepo baby! – Venti criticou, balançando a garrafa em sua mão em sinal de indignação.
Estiquei minha mão até meu celular, que estava desligado e virado com a tela para baixo justamente para que eu não me distraísse com algo do trabalho. Abri o chat da nossa conversa e sem cerimônia mandei mensagens.
Yae Miko
[23:49] Ei: Oi.
[23:49] Ei: Só estou mandando mensagem para saber se está tudo bem aí em casa.
[23:49] Ei: E com o Kunikuzushi.
[23:49] Ei: Talvez eu não tenha pensado no fato de que talvez vocês estejam dormindo a essas horas
[23:49] Ei: Se estiver dormindo boa noite, não precisa responder.
Assim que eu terminei de digitar a última mensagem, eu só joguei meu celular no sofá. Nem percebi que já era quase meia-noite e que Miko provavelmente já estava dormindo. Esfreguei o rosto com constrangimento pelas mensagens enviadas. Por que eu mandei aquilo? Ela claramente vai notar que eu estava bêbada. E por que eu não consigo simplesmente puxar assunto como uma pessoa normal?
Para tentar esquecer aquilo, coloquei meu celular no modo silencioso e decidi ignorar as mensagens, se sequer houvessem respostas. No entanto, os pensamentos nela continuavam martelando e torturando minha mente.
Avançando a madrugada, Venti sugeriu que relaxássemos na jacuzzi, e então concordamos. Me levantei, um pouco tonta pelo álcool, e fui trocar minha roupa por uma roupa de banho e prender o cabelo num coque.
A música que preenchia o ambiente dessa vez era mais alta e animalesca. A água quente nos envolvia como um abraço reconfortante, ajudando a aliviar qualquer tensão restante.
— Mas eae, como estão as coisas do divórcio?
Venti, sempre com seu jeito direto de puxar conversa, perguntou a Zhongli, o amigo mais reservado do grupo, sobre a situação de seu divórcio. Zhong, com seus 32 anos, havia se casado aos 24 e, aos 29, se divorciado. Agora, três anos após o divórcio, ele ainda enfrentava questões judiciais em andamento relacionadas à separação de bens.
— As questões legais ainda estão pendentes, especialmente no que diz respeito à divisão dos bens. Acredito que estamos perto de chegar a um acordo, mas ainda há detalhes que precisam ser resolvidos. Yanfei tem me ajudado muito. – Zhong respondeu com calma e clareza. Ele continuou:
— Não sinto nenhum tipo de repúdio ou rancor pela Xianyun. Foi uma fase da minha vida que chegou ao fim, e não vejo motivo para manter ressentimentos. Claro que também não vou fingir que nada aconteceu ou tentar manter uma amizade.
Xianyun é realmente uma figura fascinante em vários aspectos. Como consultora estratégica para assuntos históricos de Liyue, ela é uma figura de autoridade, que reflete seu vasto conhecimento e experiência na área em que atua. Sua presença é marcante, lembro-me muito bem dela nas poucas vezes em que a vi em eventos importantes e sua abordagem metódica à pesquisa a torna uma pessoa extremamente respeitada.
Lembro-me claramente daquela noite. Eu estava no evento de gala anual de Liyue, uma ocasião repleta de poderosos magnatas, políticos e personalidades influentes. Então que a vi pela primeira vez, Xianyun estava do outro lado do salão, conversando com um pequeno grupo de convidados. Ela era uma visão impressionante, vestindo um vestido rico em detalhes e babados, mas imponente, que refletia sua posição de destaque e seus óculos vermelhos. Sua presença era marcante e todos ao redor pareciam atentos ao que ela dizia. A maneira como ela gesticulava com precisão enquanto discutia um tópico que parecia envolver história ou cultura.
Eu sabia que Xianyun era uma consultora estratégica respeitada, especialmente por sua expertise em questões históricas. Sua reputação a precedia, e parecia que todos estavam ansiosos para ouvir sua opinião.
— Como se amizade com ex fosse bom. Geralmente, quando vocês mantêm amizade, é porque ainda não superaram e ainda tem alguma faísca de esperança que alguma oportunidade irá surgir para se pegarem sem compromisso. – Venti revirou os olhos e se afundou mais na água. Ele ainda tinha muitas questões mal resolvidas com seu ex.
— Mas que bom que as coisas entre vocês já estão se resolvendo. Se os arcontes quiserem, você e Xianyun nunca mais vão se ver. – Zhong fez uma pausa, refletindo sobre a fala do amigo.
— Sabe… eu apenas procuro manter a cortesia quando precisamos conversar, mas percebo que Xianyun ainda parece irritada comigo. Não sei se é apenas parte do processo ou se há algo mais por trás disso.
Lembro-me de pensar que Zhongli e Xianyun formavam um par notável, pelo menos em teoria. Eles compartilhavam um profundo interesse em história e cultura, especialmente de Liyue. Era fácil imaginar eles mergulhando em longas conversas sobre tradições antigas, lendas esquecidas e a riqueza cultural de Liyue. Eles tinham uma reverência comum pelo passado.
Essa paixão compartilhada manteve o relacionamento deles forte por um bom tempo. Eles eram companheiros de mente, capazes de se entender em um nível que poucos conseguiam.
— É normal você acabar guardando ressentimentos por uma pessoa na qual você compartilhou boa parte da sua vida, e que simplesmente agora não faz mais parte dela. Uma hora vai passar. – opinei, enquanto balançava e observava o líquido roxo em minha taça. Fez-se uma pausa até algum deles se pronunciar.
— Época boa mesmo era a da faculdade… Sem compromisso algum.
Entre copos de bebida e risos, a conversa começou a tomar um rumo inesperado quando o tema dos relacionamentos surgiu.
— Ah, Ei, lembra dos velhos tempos na universidade? Você era o centro das atenções. – brincou o menor, me provocando.
Deixei um riso escapar, mas meus olhos indicavam uma certa melancolia escondida por trás da expressão divertida.
— Isso foi há muito tempo. As coisas mudaram desde então.
— Você realmente parecia saber como viver a vida ao máximo naquela época. As histórias que eu ouvi… – Zhong deu um sorriso divertindo em minha direção. Eu sorri, apesar de sentir uma leve tensão no ar, sabendo que o assunto estava prestes a tomar um rumo mais delicado.
— E Kokomi! Como esquecer a época em que vocês estavam juntas? Kokomi era tão insistente, você não conseguia escapar dela. Vocês duas eram um casal bem inusitado. – Venti pareceu estar se divertindo com aquele tema, entretanto, eu dei um gole em minha bebida, tentando manter a compostura enquanto relembrava aquele período conturbado.
— Sim, É… foi... complicado, para dizer o mínimo. Kokomi era muito intensa, e eu acabei me deixando levar pelo momento. Foi uma fase estranha.
— Relações às vezes nos ensinam lições valiosas, mesmo que não sejam fáceis de enfrentar. – Zhongli, como sempre, vendo o lado reflexivo das situações.
— Sim, definitivamente aprendi muito. Me arrependo de ter brincado com os sentimentos dela, e de ter entrado em algo que não estava pronta para lidar. Mas também não era como se eu tivesse muita escolha, quero dizer, nós ficamos uma vez numa calourada e depois disso ela não saiu mais do meu pé. – engoli em seco ao lembrar das inúmeras mensagens por dia, brigas, discussões, insegurança e incerteza.
— Não saiu do seu pé? Ela não queria é sair da sua vida! Eu lembro que depois do término, ela ia quase todos os dias no seu dormitório pedindo para voltar. – o menor riu, dando mais um gole na sua garrafa. Zhongli pareceu surpreso com aquele fato. Como o mais velho do trio, o conhecemos pós faculdade, o que o deixou de fora das nossas maiores acontecimentos daquela época.
— Só não se culpe, Ei. Todos nós fazemos escolhas na vida, algumas boas, outras nem tanto. - o moreno ofereceu um sorriso reconfortante, tal qual eu devolvi com um forçado.
— Você perdeu essa fase, Zhongli! Ela costumava ter um monte de parceiras, mas agora está toda focada no trabalho. Bem que você podia nos surpreender e dar uns beijos na tal da nova assistente, só pra matar a curiosidade!
O pedido do Venti foi recebido com um sorriso forçado de minha parte. Eu estava bêbada, mas ainda mantinha a lucidez para resistir à provocação idiota dele. Mas por algum motivo, algo dentro de mim foi despertado pela sugestão. Um olhar de curiosidade passou por meus olhos antes que eu balançasse a cabeça em negativo.
— Não, isso não seria apropriado… – neguei, desviando o olhar, embora a sugestão tivesse me deixado um pouco intrigada.
— Aposto que isso daria um bom ponto de partida para muitas histórias interessantes… se é que você me entende.
— Você realmente não tem limites, né? Não posso misturar as coisas desse jeito. Sem contar que eu quero ficar longe de relacionamentos por enquanto.
— Vocês não precisam namorar, alguém falou sobre namoro aqui? você escutou alguém falar sobre namoro? Fica sem compromisso! – ele me cutuca com seu cotovelo enquanto lançava uma piscadela para Zhongli, que posteriormente riu e balançou a cabeça com a sugestão inadequada do amigo.
— Você está fora de si, Venti. Não posso fazer algo assim sem uma razão válida.
— Uma razão válida? Diversão é uma razão válida o suficiente! Você precisa relaxar um pouco.
— Nem ferrando… – eu continuei a negar.
Após muitos goles, piadas, risadas, discussões sérias e até choros, eu voltei para casa e nem ao menos me lembro como. Tudo estava girando e eu sentia meu corpo lento e minha visão desfocada. O mundo ao meu redor girava e eu podia sentir cada passo como se estivesse andando em uma nuvem macia, mas totalmente instável. Como eu havia chegado na minha sala?
Eu me joguei no sofá despreocupadamente e meu celular em algum canto. Será que Yae Miko me escutou chegar? Por que ela não veio me cumprimentar?
A ideia de beijar ela ainda ecoava na minha cabeça e por algum motivo, a ideia não parecia tão absurda quanto deveria ser. É óbvio que eu não poderia misturar assuntos pessoais com minha vida profissional, e muito menos sabia se Miko gostava de mulheres… mas algo naquela situação era diferente.
O jeito como ela cuidou de mim, a paciência e a gentileza que demonstrou ao me ajudar a se recompor após a festa dos meus tios, tudo isso mexeu comigo de um jeito que eu não quero admitir. Eu vou continuar me repreendendo mentalmente por considerar qualquer coisa além do que já temos, afinal, manter a fachada de controle e distância era crucial para o meu mundo. Eu continuei encarando o vazio da sala, lutando com a confusão.
Após alguns minutos, ainda em conflito com meus pensamentos, decidi que um banho poderia ajudar a clarear as coisas e talvez me ajudar com aquela embriaguez desgraçada. Com esforço, ela me levantei do sofá e me dirijo à enorme escadaria da mansão.
— Que merda… quem decidiu construir uma escada nessa casa? Eles não pensaram nos bêbados? – resmunguei a mim mesma, duvidando se seria uma boa ideia tentar subir. O primeiro degrau parecia uma montanha gigantesca, e eu senti como se estivesse prestes a escalar o pico mais alto de Teyvat.
De repente, ao colocar meus pés nos primeiros degraus, a tontura me fez perder o equilíbrio, eu tentei me segurar no corrimão, mas meus movimentos eram lentos e então, eu caí de costas.
Um estrondo ecoou pela casa quando minhas costas chocaram contra o piso gelado. Tentei me levantar com toda a dignidade que consegui reunir, mas ainda estava tonta demais e não tinha força o suficiente.
Yae Miko
Era por volta de três da manhã quando fui acordada por um estrondo vindo do andar de baixo. Acordei com um sobressalto, meu coração batendo rápido com a ideia de que algo estranho poderia estar acontecendo na casa e pôr em risco o Kunikuzushi.
Pensei em todos os possíveis cenários em que poderia me encontrar: uma invasão? Um acidente doméstico? Não podia ser apenas minha imaginação pregando uma peça, eu realmente escutei algo.
Calço minhas pantufas e saio do meu quarto da forma mais silenciosa possível para verificar o que estava acontecendo. Ao abrir a porta, fui ao corredor e, ao olhar em direção às escadas, eu me deparo com o que possivelmente seria… o defunto da Shogun Raiden caído no chão no fim das escadas?
Eu desci correndo, preocupada com o que poderia ter acontecido com ela. Aproximei-me com cuidado, tentando entender a situação. Minha primeira preocupação era saber se ela estava machucada. Fiquei surpresa ao ver que ela parecia estar ilesa, mas um tanto confusa e atordoada. Eu afastei os cachorros que estavam a rodeando para que me abrissem espaço.
— Raiden! Você está bem? – perguntei, enquanto a ajudava a se levantar.
Aparentemente, ela estava bastante embriagada. Suas palavras eram confusas, e sua risada boba indicava que ela não estava em perigo, mas claramente não estava em seu estado… mais normal.
Me senti aliviada por vê-la inteira, mas também preocupada com o que poderia ter levado a essa situação. Tentei levá-la de volta ao seu quarto, certificando-me de que ela estivesse segura.
Sem pensar duas vezes, eu tomei a decisão de ajuda a maior a se recompor. Não queria que ela voltasse a dormir nesse estado. Eu a apoiei no meu ombro enquanto caminhávamos até o banheiro, onde eu ajudei a milionária a se sentar dentro da banheira, ainda completamente vestida. Liguei a água na temperatura morna, crente que isso poderia a fazer recuperar um pouco da sobriedade. Ela reagiu, arregalando os olhos rapidamente, mas logo entrou em estado de transe novamente.
— O que aconteceu? Você está bem? – me agachei ao lado da banheira e me aproximei com cuidado.
Ei tentou formular uma resposta, mas suas palavras saíam arrastadas e confusas devido à embriaguez.
— Foi só um... um tropeção nos degraus, acho. Eu... a escada me pegou de surpresa. – eu contive um sorriso diante da tentativa de explicação. Céus, aquilo não era só álcool.
— Parece que a escada ganhou dessa vez, né? – ela assentiu com seriedade, mas logo sua expressão mudou para um olhar perdido.
— Mas acho que... eu ganho na próxima rodada. Ninguém ganha de mim, eu repito, ninguém ganha de mim! – ela tentou fazer um gesto de vitória, mas só conseguiu balançar a mão de maneira desajeitada.
Segurei o riso novamente, vendo o esforço de Raiden para manter a compostura.
— Você acha que consegue ficar sentada aqui enquanto a água enche a banheira? – a maior assentiu vigorosamente, mas quase perdeu o equilíbrio na tentativa.
— Claro, claro... essa banheira é minha amiga agora. – sorriu, mas sua expressão logo mudou para um olhar confuso.
— O que mesmo estamos fazendo? – eu ri suavemente.
— Estamos tentando te ajudar a se recuperar um pouco. A água vai te fazer bem – Ei assentiu novamente, um sorriso sonolento se formando em seus lábios.
— Água é ótima, muito obrigada, água. – ela fez um gesto de agradecimento para a torneira, arrancando uma risada que eu estava tentando conter.
Assim que a deixei na banheira, fui até o quarto de Raiden pela primeira vez. Era um espaço elegante e minimalista, com toques modernos que contrastavam com detalhes tradicionais de Inazuma. As cores suaves e as decorações refinadas refletiam perfeitamente a personalidade de Raiden: organizada, mas com um toque sofisticado e autêntico. Também havia uma katana pendurada em uma das paredes, uma decoração bem inusitada e a mais chamativa do quarto.
Procurei em seu closet algo confortável para ela vestir após o banho. Escolhi um robe macio de cor lilás, que combinava com as paredes do banheiro. Peguei também uma toalha limpa e dobrei tudo cuidadosamente antes de voltar para o banheiro.
Coloquei as roupas e a toalha ao alcance de Raiden, que ainda estava na banheira parecendo meio morta.
— Deixei roupas secas e uma toalha aí do lado. Quando terminar me chame, que eu vou te ajudar a se deitar na sua cama. – Ela murmurou um “uhum” como resposta. Eu saí do banheiro, fechando a porta para dar a ela um pouco de privacidade.
Trinta minutos depois, ouvi Raiden me chamar. Abri a porta e fiquei aliviada ao vê-la. Ela tinha conseguido tomar banho, se secar e se trocar, mas ainda estava claramente embriagada. Mesmo assim, ela parecia estar mais lúcida do que antes, o que me fez ficar um pouco menos preocupada.
— Vem, vou te colocar na cama.
Ajudei-a a se levantar, ela estava sentada na patente. A guiei até seu quarto com ela se apoiando em mim e caminhando com passos trôpegos, fomos lentamente em direção ao quarto.
Chegamos ao quarto de Raiden e a ajudei a se deitar na cama. Coloquei um travesseiro sob sua cabeça, a cobri com um cobertor e me sentei ao lado dela. A escuridão do quarto dificultava minha visão, e eu mal conseguia enxergar o rosto de Raiden. Percebi que ela estava mais quieta do que antes, e algo sobre sua presença me deixava com a sensação de que havia algo incomodando-a.
Eu podia sentir a inquietude em seus olhos, embora não conseguisse vê-los com clareza. Ficamos nos encarando por alguns segundos, em completo silêncio. Minha mente estava vazia, absorvendo o momento e tentando entender o que estava passando pela mente de Ei.
— Está tudo bem com você? – resolvi quebrar o silêncio com uma pergunta gentil, querendo saber se estava tudo bem com ela.
Antes de qualquer resposta, Raiden com sua expressão séria, aproximou seu rosto rapidamente em minha direção, estávamos tão próximas que eu podia sentir sua respiração quente em minha face, talvez até mais próximas do que qualquer contrato de trabalho permitiria.
Então, de repente, ela puxou meu rosto em sua direção e selou meus lábios com um beijo. Um movimento tão rápido, que eu sequer notei com meus olhos. Fiquei parada, processando o que acabara de acontecer.
Minha mente estava vazia, e eu completamente assustada e atônita. O que deveria fazer? Beijar alguém que estava bêbado e vulnerável não era correto? Estava me aproveitando dela?
Essas perguntas passaram rapidamente pela minha mente, mas logo se esvaíram quando dei total atenção aos seus lábios extremamente quentes e macios. Eles estavam tão quentes que eu poderia interpretar aquilo como um grito de necessidade, como se eles estivessem precisando daquele contato.
Nossos corpos estavam distantes e apenas suas mãos quentes tocavam meu rosto gelado. Incapaz de antecipar tal movimento, eu pude sentir a língua de Raiden entrando e então meu coração disparou. Fiquei atônita com sua ação, a intensidade de suas ações me pegou de surpresa, mas não tive tempo de reagir, fiquei imóvel. Eu nunca tinha me sentido daquela maneira, era demais para mim.
Ela se afastou por um segundo, parecendo querer dizer algo. Seus olhos se abriram, revelando um olhar que exalava luxúria, fervor e desejo, misturado a uma expressão indecifrável que não conseguia enxergar com clareza. Naqueles poucos segundos em que trocamos olhares, senti meu coração ameaçar explodir no peito, subindo pela garganta. Aquela mulher estava me tirando o fôlego… era a visão etérea de uma arconte.
— Yae Miko, me beija. — Raiden implorou tão baixo que soou quase como um murmúrio.
Engoli em seco, tentando recuperar o controle. A intensidade do momento me arrebatou, e o pedido dela ressoava em meus ouvidos, me provocando de uma maneira que eu nunca tinha experimentado antes.
Era uma urgência que não podia mais ignorar. Os olhos de Raiden estavam fixos nos meus, como se pedissem algo mais, algo que não era fácil de definir.
O apelo dela mexia comigo de uma forma descomunal. Não consegui resistir, estava totalmente rendida àquele pedido. Havia uma intensidade ali que me deixava sem palavras, mas eu sabia que não podia negar aquele desejo que estava crescendo em mim há um bom tempo.
Eu engulo em seco, antes de perder o controle.
Rapidamente choquei nossos lábios e, dessa vez, deslizei minha língua para dentro de sua boca. A sensação da língua de Raiden tocando a minha, deslizando e fazendo movimentos variados, era tão quente que em dado momento soltei um som estranho, quase um gemido misturado com um suspiro de desejo.
Raiden parecia saber exatamente o que estava fazendo. Nossas línguas se moviam em perfeita harmonia, como se dançassem juntas em um ritmo extremamente íntimo. A sensação era eletrizante e, ao mesmo tempo, sentia meu corpo em chamas, quase causando uma sobrecarga.
Quando perdemos o fôlego, ela afastou brevemente nossos lábios e, para minha surpresa, passou a chupar minha língua com uma intensidade que eu nunca havia experimentado antes. Era algo novo para mim, mas o prazer daquele pequeno ato me surpreendeu. Assim que ela terminou, retribuí sugando sua língua com minha boca, reproduzindo o mesmo movimento de sucção que ela havia feito comigo.
Eu poderia passar a noite inteira ali. Sei que não é certo, mas não havia como negar a atração que sentia. Definitivamente não mais.
Queria o seu toque, seu calor, o suor de suas costas e o sangue em suas veias. Desejava que ela me quisesse da mesma forma que eu a queria, mas sabia que exigir algo dela seria um sacrilégio. Não poderia forçar nada, apenas me render ao momento e ao que estava acontecendo entre nós.
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