— Louis? Onde você está? Venha ver o presente que fiz para você. — O garoto de cabelos cacheados e olhos verdes sorri enquanto desce as escadas lentamente. Há uma pequena caixa de madeira com algumas gravuras, todas esculpidas por ele próprio. — Lou?
— Estou aqui. — Em pequenos pulos, o garoto mais novo vem caminhando até as escadas. Ele estava sentado no sofá enquanto assistia televisão. — Você tem um presente para mim?
— Sim, eu tenho. — O cacheado ergue sua mão para Louis e logo sente a mesma sendo pega. Ele caminha novamente até um dos sofás da casa e se senta, puxando o menor para sentar-se ao seu lado. — Abra a caixa, o presente está dentro dela.
O pequeno pega a caixa não conseguindo perder o sorriso de seus lábios. Ele ama todos os presentes que recebe de seu curly e os guarda com todo carinho. São especiais e tem um grande significado para si, sempre deixa isso claro para ele. Louis abre a caixa com todo cuidado possível e sorri grande quando tira de lá uma simples corrente com um pingente de uma meia lua e no contorno dela, há uma pequena pedra azul, o que significa uma estrela.
— Você gostou? — Harry respira fundo e olha para o garoto cheio de expectativa. Louis concorda diversas vezes com a cabeça quando direciona sua mão até o objeto, ele pega-o entre seus dedos e analisa a peça com curiosidade e cuidado. — Você pode usar… E daqui a pouco, quando formos jantar, pode mostrar para todos.
É quando o garoto arregala os olhos e leva sua mão até os lábios. Ele direciona seu olhar para a janela de vidro existente na grande sala e percebe que já está tudo escuro.
— Eu tenho que ir embora! — Louis bate a mão em sua testa. — Mamãe vai chegar do trabalho e se eu não estiver em casa, vou ficar de castigo e nunca mais vou poder ver você. — ele fala rapidamente quando se levanta do sofá. — Morg! — ele chama a governanta da casa.
Harry sente seu peito se apertar com a hipótese de não ver mais o garotinho. Já era difícil se encontrarem uma vez por semana, já que a mãe do mesmo não permitia que se vissem, então tinham que se encontrar as escondidas. Louis escorrega para fora do sofá e se agacha para poder amarrar seus tênis, os fios caem em sua testa e ele resmunga com aquilo. Em seguida, fica de pé. Ele sorri para o dono de olhos verdes e ganha um sorriso de volta. Harry é seu quase adulto favorito, mesmo com a grande diferença de idade, ele se sente bem com o rapaz.
Eles tem uma cumplicidade, amizade e conexão que ninguém conseguiria explicar.
—Você volta semana que vem, não é? — Harry franze o cenho quando observa Morgana aparecer na sala para que possa levar o garotinho para casa. Ela contava com a ajuda da babá de Louis para promover os encontros entre os dois meninos.
— É claro que sim. — Louis gira os olhos e em seguida caminha até o mais velho, que está sentado no sofá. Tem que apoiar as mãos nos joelhos do cacheado e estica os pés para que possa deixar um beijo na bochecha do mesmo. — Tchau, grandão. Eu amo você.
— Também amo você, boo. — Harry tenta não parecer triste quando deixa um beijo demorado na testa do garotinho. Louis sorri e se apressa para caminhar em direção a Morgana, que tem a mão estendida em sua direção.
Enquanto observa o pequeno de olhos azuis ir embora, Harry se lembra que ele não havia levado o presente.
Styles suspira quando permanece encarando o teto branco e deixa que tais lembranças distantes tomem conta de sua mente. Ele vira seu rosto para o lado e encontra o corpo de seu namorado, Louis está em um sono profundo enquanto deixa sons semelhantes ao ronronar escapar de sua boca.
Leva sua mão esquerda até os fios castanhos que caem na testa do pequeno e o sorriso que surge em seus lábios é grande. Entre o Louis de antes e o Louis de agora não há tanta diferença. Os traços fortes de seu rosto e personalidade ainda permanecem, Harry fica contente por isso. Esse Louis é o mesmo que se apaixonou há quase dezenove anos atrás.
Seus olhos verdes que antes eram fixos na face do namorado, agora são direcionados para a mão enfaixada que está repousada sobre a barriga do mesmo. Novamente se recorda dos acontecimentos do dia anterior e a raiva é o sentimento que toma conta de si. Não tem palavras para poder expressar o quanto odeia Stanley.
É claro que inicialmente pensou que a culpa fosse sua e durante um bom tempo continuou pensando dessa forma, mas quando sua mente se clareou e ele não estava mais sendo guiado pela fúria, pôde ter as lembranças mais limpas em sua cabeça. Conseguiu recordar-se nitidamente de cada segundo e toda a cena que se passou naquele banheiro. No fim das contas, Louis tinha razão, a culpa não era sua.
A única coisa que sente que é sua culpa é o fato de ter deixado que Louis saísse de sua vista. Tem certeza de que se aquele alfa comum cruzar seu caminho novamente, não ficaria vivo. A certeza de que o homem havia machucado Louis deixa-o irritado.
Quando percebe que a raiva vai aos poucos tomando conta dele, acaba respirando fundo e tentando manter sua calma. Tudo já havia passado e não quer ter que pensar nisso ou iria largar tudo para procurar Stanley, iria até no inferno se fosse preciso.
Ele tenta focar sua atenção no namorado para que possa obter a tranquilidade e calma que precisa.
Olhando para Louis, o alfa sente uma felicidade estranha. É como se apenas a existência do ômega fosse o suficiente para fazê-lo se sentir bem. Suspira apaixonado quando vê um pequeno sorriso surgindo nos lábios do garoto e quando sua pequena boca se move murmurando o nome “Harry”. Provavelmente estava sonhando com ele.
Styles acaricia a bochecha rosada com o seu polegar e em seguida aproxima seus lábios dos de Louis, onde deixa um beijo demorado. O ômega sequer se move, ele apenas curva os lábios em um sorriso ladino. Em outro momento o maior desconfiaria que o namorado estava apenas fingindo dormir, mas os batimentos calmos afirmavam seu sono.
Após alguns segundos que mais pareciam minutos, ele desvia o olhar de Louis para a porta e encontra a mesma entreaberta. Ri baixo quando vê um par de olhos violetas curiosos analisando toda a cena naquele grande quarto.
É Gabe.
Harry encara o pequeno garoto por algum tempo e logo em seguida faz um gesto com o indicador, o chamando para entrar no cômodo. Gabe cora ao notar que foi pego em flagrante espiando, ele sorri um pouco sem graça e empurra a porta para que possa adentrar o quarto.
Seus olhos violetas recaem sobre o corpo adormecido no meio dos lençóis e então começa a caminhar nas pontas dos pés para que possa chegar até Harry, que está ao lado esquerdo da cama. Gabe olha mais uma vez para o ômega, querendo ter uma garantia de que ele não havia acordado com sua chegada.
— Você não deveria estar dormindo? — O mais velho franze o cenho quando dá um espaço para que o pequeno possa subir na cama, e assim ele faz. Toma todo o cuidado e tenta não fazer nenhum movimento brusco.
— Já são dez horas, tio Harry. — Gabe responde em um tom baixo, quase sussurrando. — Todo mundo já tomou o café da manhã, só que vocês não desceram e eu fiquei preocupado.
Styles consegue conter a risada alta que ameaça escapar dos seus lábios e sorri ladino quando aproxima-se do garoto para deixar um beijo em sua testa.
— Não se preocupe, okay? Acordei já há quase meia hora e Lou está um pouco cansado, achei melhor deixá-lo dormindo. — Harry explica desviando rapidamente seu olhar para o namorado, Gabe também acompanha o olhar do mais velho quando sorri. — E você? Qual o milagre de ter acordado tão cedo após a festa de ontem?
— Nós não chegamos tarde, Steven ficou cansadinho e titio Niall também, então nós viemos. — Gabe explica. — E hoje de manhã acordamos com Lux… Então fomos para sala brincar com ela. — dá os ombros e então parece lembrar-se de algo. Ele cruza os braços e forma um bico em seus lábios. — E vocês? Por que saíram da festinha sem mim?
Harry morde seu lábio e mantêm seu olhar fixo no garotinho por alguns segundos, ele tenta achar uma boa desculpa para dar a uma criança de sete anos de idade. Então acaba por sorrir relaxadamente.
— Você estava se divertindo tanto com Steven e Henry que eu não quis atrapalhar a diversão de vocês… Eu também estava sentindo um pouco de dor de cabeça e também estava cansado. — Harry responde ao pequeno quando vê o mesmo arregalar seus olhos. Gabe engatinha até o mais velho tendo uma expressão preocupada e leva sua mão até a testa do de olhos verdes.
— Você não está com febre? Sempre que eu sentia uma dorzinha de cabeça era por que estava com febre, mas a madre do orfanato me dava um remedinho para que eu ficasse bom novamente. — Gabe conta quando tem as sobrancelhas erguidas, ele percebe que o mais velho não tem uma temperatura alta. — Você já tomou remedinho?
— Estou bem agora, meu anjo. — Styles confirma com a cabeça. — Não estava com febre… E também Lou acabou machucando a mãozinha dele e tivemos que voltar para casa. — ele indica a mão enfaixada do ômega.
— Saiu muito sangue no dodói? — Gabe parece ainda mais preocupado que antes, fica assustado com a hipótese de Louis ter se machucado muito.
— Saiu apenas um pouquinho, mas eu fiz um curativo e cuidei do dodói dele. — Harry diz e isso faz com que o de olhos violetas sorria largamente.
— Namorados cuidam um do outro. — Gabe diz maravilhado, vendo que o homem assente com a cabeça. — Eu quero cuidar do Steven da mesma forma que você cuida do tio Lou.
— E eu tenho certeza de que cuidará dele tanto quanto eu cuido do Lou, por que você é um garotinho muito atencioso e carinhoso. — Harry leva sua mão até a bochecha do pequeno e faz um carinho naquele local com o seu polegar, e é nesse mesmo momento que Gabe se aproxima ainda mais do maior e o abraça pela cintura, em seguida repousa sua cabeça no peitoral alheio. Styles sorri e passa seus braços em torno do garoto o acolhendo. — Eu amo você. — Harry diz após algum tempo em silêncio.
Gabe mantêm seus olhos violetas sobre a mão enfaixada do ômega adormecido, quando ouve o que lhe foi dito, sente seu peito aquecer-se e uma grande felicidade tomar conta dele. Louis o ama e agora é Harry quem diz isso. É uma felicidade tão grande que ele pensa que mal pode caber em seu peito. Sente que aquele sorriso que faz-se presente em seu rosto, pode rasgá-lo a qualquer instante.
— Também amo você. — Gabe responde após um tempo e ganha um beijo carinhoso em sua fronte. Harry, em um gesto carinhoso, aperta a cintura do pequeno com cuidado e isso ocasiona pequenas cócegas, Gabe tenta não rir muito alto e nesse momento vê que o ômega adormecido acaba se remexendo por conta do som. É como se fossem perfeitamente sincronizados, eles se olham.
— Acho melhor descermos ou vamos acabar acordando ele. — Harry comenta baixo com o garotinho, que concorda. — E não queremos atrapalhar o sono do Lou, certo? — franze o cenho e imediatamente o pequeno nega com a cabeça duas vezes consecutivas.
— Não, não. — Gabe diz também em um sussurro. — É melhor descermos. — assente logo em seguida.
— Então vamos, hum? — Styles chama o garotinho que concorda com a cabeça e se inclina para o lado, se aproximando do ômega e deixa um beijo na testa do mesmo. Harry, em seguida, leva as mãos até a cintura de Gabe o ajuda a descer da cama. O alfa lupus também aproxima-se do namorado e deixa um beijo nos lábios rosados. Ele se levanta olhando para o de olhos violetas que está sorrindo. — Estou morrendo de fome, será que todos já terminaram o café da manhã? — pergunta quando estende sua mão para o mais novo que a agarra no mesmo instante.
— Tia Gemma e tio Tristan ainda estão tomando o café da manhã. — Gabe começa a contar conforme eles caminham para fora do quarto. — Sabe… Eu ouvi eles conversando hoje pela manhã. Eles falaram que você ficou muito zangado por causa de um garoto que estava lá na festinha. — ele fala quando finalmente chegam ao extenso corredor. — Foi isso que fez você ficar com aquela dor de cabeça, não foi? — está curioso quando ergue seu olhar para o homem que segura sua mão. Harry respira fundo e fica em silêncio, a lembrança de Stanley lhe causa raiva, mas não quer demonstrar isso e acabar assustado Gabe. — Por que você se zangou com ele?
— Bem… — Harry respira fundo quando tenta achar a melhor forma para explicar aquilo ao garoto, tenta achar palavras que não sejam rudes para descrever o ocorrido da noite anterior. — Uhm… Lembra daquela vez quando você viu um garoto brincando com Steven e ficou chateado? Se lembra de como você se sentiu quando viu aquilo? — se recorda do episódio do parque que aconteceu há algumas semanas atrás e o garotinho assente.
— Lou estava brincando com outro garoto e você não gostou? Por que ele não quis ficar com você? — Gabe quer saber e seus lábios ficam levemente partidos.
— Não exatamente. É apenas que esse garoto tentou beijar Lou e eu fiquei muito chateado. — Styles explica e tenta conter aquela sensação ruim que parece querer se apossar dele, ele vai se controlar por Gabe. Não quer que o pequeno o veja irritado ou raivoso. — Lou não queria que esse garoto o beijasse e ele mesmo assim tentou beijá-lo contra sua vontade, por isso que eu fiquei tão chateado. — diz por fim.
Gabe fica alguns segundos pensativo. Ele parece querer analisar a situação para que possa dar finalmente seu veredito.
— Oh sim… — Gabe responde após um tempo. — Eu também ficaria chateado se um garoto tentasse beijar Stee, bem, ele é meu namorado. — ele soa como se fosse algo obvio e ganha um aceno de confirmação do mais velho, em seguida o garotinho mordisca o lábio inferior e sorri ladino. — Stee disse que gosta de meus beijinhos, ele fica todo vermelhinho.— de repente suas bochechas ficam avermelhadas e ele leva sua mão até seus lábios, os cobrindo no intuito de abafar a própria risada. — E então eu dou vários beijinhos no rosto dele por que gosto de ver ele assim por causa dos beijinhos.
Harry deixa que a risada escape por seus lábios ao imaginar aquilo. Ian, se soubesse, ficaria louco e talvez um pouco insano. Ele iria virar uma garrafa de uísque para tentar esquecer dessa pequena informação. Não é segredo para ninguém que ele é um marido e pai bastante ciumento, e mesmo sabendo que é algo inocente da parte das crianças, sua cabeça imagina como será no futuro.
— Bem, não deixe que Ian saiba disso, ao menos por enquanto. — Harry ri e sua risada é acompanhada por Gabe, mas logo em seguida o garoto se dá conta do que ouviu e fica sério.
— Tio Ian ficaria muito bravo? — Gabe está preocupado quando estão quase chegando ao final das escadas.
— Digamos que ele ficaria um pouco bravo sim, mas não muito. — Styles reponde e vê as sobrancelhas do pequeno sendo erguidas e é uma expressão semelhante a que Louis faz quando está confuso.
— Eu não entendo por que o tio Ian fica tão chateado quando nós fazemos algumas coisas. — Um bico é formado nos lábios do mais novo e Harry acha aquilo extremamente adorável.
— É um pouco complicado de se explicar, mas é que Ian é papai do Steven e por isso gosta muito de protegê-lo. — Styles tenta achar uma forma de explicar ao pequeno de olhos violetas.
— Mas… Eu não vou machucar Stee, eu o amo e nunca o machucaria. — Gabe se apressa para dizer aquilo. Não tem por que Ian ficar preocupado, Gabe pode muito bem proteger Steven e jamais faria nada para machucá-lo.
— Eu sei meu anjo, eu tenho a plena certeza que você vai cuidar dele direitinho… Ian que é um bobão e tem medo de perder o bebê dele. — Harry o tranquiliza. Gabe, mesmo não compreendendo o que aquilo significa, acaba concordando.
E logo eles chegam na cozinha. Os olhos verdes do alfa lupus encontram sua irmã e seu cunhado sentados na bancada enquanto conversam alguma coisa em um tom baixo, mas acabam silenciando quando percebem a presença de Harry e Gabe.
— Olha, olha. Eu trouxe tio Harry para tomar o café da manhã! — Gabe conta sorridente quando põe seus olhos em Gemma, ele conta como se fosse um grande feito e ganha um sorriso enorme da alfa. A Styles mais velha ergue sua mão e estende em direção ao pequeno, fazendo um high five em seguida.
— Parabéns, garotão. — Gemma parabeniza o pequeno e logo seus olhos castanhos voltam-se para o pequeno chocalho que está sobre a bancada e em seguida para seu irmão. — Sabe… Lottie se esqueceu do brinquedo favorito da pequena Lux. Você poderia levar para mim? Eles estão no jardim e ela ficaria muito feliz se você levasse para ela. — usa aquilo como um pretexto para que Gabe possa deixá-los a sós.
— Sim, vou levar para ela! — Gabe assente várias vezes quando pega o chocalho em suas mãos e acena para Harry, em seguida ele corre para fora da cozinha indo na direção do jardim.
Harry fica em silêncio durante um tempo quando olha o caminho que o garoto fez e logo depois vai em direção a bancada, ele evita olhar para sua irmã e seu cunhado quando se serve de uma xícara de café. Seus olhos verdes permanecem fixos em suas mãos quando se senta em um dos bancos vagos e suspira pesadamente.
— Então… — Gemma olha para seu irmão de relance e leva o copo de suco até seus lábios. Harry parece muito melhor que no dia anterior, ele estava muito irritado. — Você está melhor?
O de olhos verdes concorda com a cabeça quando ergue seu olhar diretamente para Tristan. Não sabe se ele está irritado ou não, caso esteja, tem todo o direito.
— Eu sei que você queria apenas protegê-lo, me falaram que ele esteve a festa inteira te provocando… Bem, apesar de não saber o que aconteceu, eu não estou chateado. — Tristan diz ao ter uma pequena ideia do que se passa na cabeça do amigo. Não há como apontar e julgá-lo diante de tudo isso. Eles entendem que Harry não tem seu lado alfa lupus completamente controlado e depois da chegada de Louis, ele tem lutado para obter seu autocontrole. E por ser um alfa lupus, Evans sabe que faria de um tudo para proteger seu ômega.
— Você quer conversar sobre o que aconteceu? — Gemma pergunta novamente após um tempo de silêncio do irmão. Harry parece pensar por algum tempo e há segundos atrás explicou para Gabe, não faria mal algum explicar novamente para sua irmã e cunhado. Eles tem o direito de saber sua versão da história, é óbvio.
— Stanley quem me tirou do sério. — Harry leva uma das mãos até a nuca e com a outra segura a xícara, bebendo um pouco do café em seguida. — Quando fui ao salão de festas procurar Louis, ele estava no banheiro e Stanley também. — dá uma pausa e vê o alfa lupus loiro suspirar de forma pesada. — Eu fiquei na porta e ouvi um pouco da conversa… Lucas disse coisas rudes para Louis e por mais que ele estivesse se esquivando, Stanley insistia em se aproximar. O que me deixou irritado foi quando ele tentou beijar Louis a força.— fecha os olhos por alguns segundos quando aquelas imagens vem em sua mente. Aperta com força os dedos nos fios de cabelo da sua nuca e os puxa levemente. — Sabe aquela sensação de quando seu ômega está diante de si sendo machucado e magoado por outra pessoa e suas mãos estão atadas? Você não sabe o que fazer e então deixa-se guiar por seus instintos… Foi isso que aconteceu. Nos primeiros instantes pensei que fui eu quem tinha machucado Louis, quando saí da festa ainda pensava isso… Só que ele veio até mim e foi tão compreensivo e gentil. Sabe, demorou um tempo para que eu conseguisse entender que não fui eu a fazer aquilo, e sim Stanley. Foi ele quem o machucou e de certa forma eu me sinto vingado após ter quebrado a cara daquele imbecil. — ele termina de contar o resumo daquela história sem que olhe na face dos dois outros alfas lupus presentes.
— Eu entendo você perfeitamente e também não saberia agir com calma em uma situação dessas. É mais difícil se controlar quando alguém machuca seu ômega. — Gemma é completamente compreensiva e Tristan não fica para trás. Ambos são alfas lupus e sabem como é difícil manter a calma em situações como esta, os dois já passaram por coisas semelhantes e não podem julgar Harry.
—Porém, devo admirar e dizer que nunca vi algo daquela forma. Louis conseguiu acalmar você com apenas poucas palavras e um olhar. — Tristan acrescenta, fazendo um comentário. De todas as vezes que viu o cunhado descontrolado, olha que foram muitas, nunca viu ninguém fazer o homem voltar a si tão facilmente.
— Eu estou tentando isso de me controlar por Louis, mas em algumas ocasiões é complicado. — Harry morde seu lábio quando pega um pãozinho doce com granulados e cobertura de creme.
— E eu fico feliz que esteja fazendo isso, Louis merece seu melhor lado. — Gemma ganha a concordância de Tristan quando diz aquilo.
— Falando nisso… E ele? Onde Louis está? Quando o vi ontem tinha um machucado em sua mão e quando chegamos vocês dois estavam dormindo abraçados… A mão dele está melhor? — Tristan agora se sente livre para fazer todas as perguntas que queria ter feito assim que pôs os olhos no cunhado. O cacheado ri baixo pelo fato do loiro mal parar para respirar ao fazer tais perguntas.
— Vá com calma… — Harry pede. — Sim, ele está bem. Eu fiz um curativo em sua mão assim que chegamos… Ele acabou dormindo depois que nos deitamos e agora o deixei lá descansando. Ontem foi um dia cheio para todos… — sorri ao lembrar-se da maravilhosa visão que teve ao acordar na manhã daquele dia.
Tristan acena positivamente e então o silêncio se instala no local. Harry permanece olhando para os dois e então lembra-se que quando chegou naquele cômodo, eles estavam conversando sobre algo.
— Então… — Harry faz uma pausa para um gole de café. — Quando cheguei vocês estavam falando sobre alguma coisa, confesso que fiquei curioso, mas acabei me distraindo e esqueci de perguntar sobre o que era. — ele franze o cenho ao ver que os dois ficam de repente sérios. Tristan e Gemma se olham e parecem se comunicar apenas pelo olhar. — Parem de fazer isso e me digam o que está acontecendo. — pede quando percebe que eles estão fazendo aquilo de se comunicarem pelo olhar.
— Você não lembra, não é mesmo? — Gemma pergunta em um tom baixo, é como se aquilo fosse um segredo.
— E do que eu deveria me lembrar? — Harry está confuso. Será que seria aniversário de Gemma ele confundiu as datas?
—Em uma semana completará quatorze anos desde o acidente. — Gemma contínua a dizer de forma baixa. — É uma semana antes do aniversário de Louis e Lottie.
Harry parece entrar em um pequeno estado de choque e franze o cenho quando encara o nada. Não se lembrava disso. Em sua cabeça já havia feito quatorze anos em alguma data, mas ele não conseguia se lembrar com exatidão. É uma semana após o aniversário de sua mãe e dos gêmeos e uma semana antes do aniversário de Louis e Charlotte. Como ele pôde se esquecer disso?
— E-eu não me lembrava. — O cacheado está triste consigo mesmo. Ele deveria ter se lembrado disso, é sua obrigação. — São tantas coisas que acabei me esquecendo… São quatorze anos. — murmura para si mesmo e sua mente parece voar longe. — Já faz tanto tempo e ao mesmo tempo parece que foi ontem.
— Eu ainda consigo me lembrar de quando recebemos a notícia do acidente… Tudo ainda é nítido em minha mente. — Gemma leva sua mão até a do irmão e a aperta com cuidado, seu polegar faz círculos no dorso dela.
— É… Na minha também. — Harry consegue ter um pequeno flashback em sua cabeça. Como um filme, se recorda de quando o carro perdeu o freio e acabou batendo, também se lembra de como seu corpo quase foi lançado para fora do automóvel, mas seu pai o abraçou com força o impedindo de ir para frente e que os estilhaços dos vidros o cortasse.
— Sabe… — Gemma molha os lábios após um tempo e ganha atenção dos olhos verdes. — Ás vezes eu ficava esperando o momento que o papai iria entrar pela porta, colocar a pasta sobre o sofá enquanto começava a contar sobre os presentes que trouxe de viagem… — ela dá um riso fraco. — Mamãe iria preparar chocolate quente enquanto papai iria distribuir os presentes e certamente você iria pegar o embrulho de Niall para não deixar que ele abrisse… — seus olhos ganham um brilho diferente devido a sensação nostálgica.
— E então tio Des iria fingir que está brigando com Harry apenas para deixar Niall feliz. — Tristan diz, também sorrindo. Ele consegue lembrar-se com nitidez de tais coisas que aconteciam com certa frequência.
— Então Louis brigaria com o papai na tentativa de defender Harry. — Gemma completa, por fim. E então vem o silêncio.
Todos os três sentem-se mergulhados em um mar de lembranças. É doloroso para ambos, já que os três tiveram perdas nesse acidente e tudo isso é pior ainda para Harry, afinal, seu pai morreu para salvá-lo e isso o faz se sentir culpado. Era péssimo ver seus irmãos mais novos perguntando sobre quando Desmond iria voltar para casa e ter que ver sua mãe chorando pelos cantos pela perda de seu marido. Foi ainda mais doloroso explicar para duas crianças que o pai deles havia morrido e que eles nunca mais iriam vê-lo.
Ninguém pronuncia uma única palavra pelos segundos seguintes. Harry segura sua xícara de café com ambas as mãos e em seguida toma um pouco do líquido quente e sem açúcar.
— Eu só… Só espero que a justiça seja logo feita… Não quero ter que esperar mais quatorze anos para que aquele bandido pague pelo que vez. Só estou conseguindo esperar por tanto tempo apenas pelo bem de Louis. — Tristan diz, mas é mais para si mesmo do que para os dois amigos de infância.
— Um dia Mark pagará por tudo que fez. — A alfa dá ao loiro um olhar compreensivo, eles partilham do mesmo pensamento. Porém, antes que diga mais alguma coisa, ouve um som vindo da porta. Direciona seu olhar para quem quer que esteja na entrada da cozinha e se surpreende ao dar de cara com nada mais e nada menos que Louis.
— Pelo que meu pai pagará? — Louis une as sobrancelhas olhando para os três alfas. Harry sente seu corpo gelar ao ouvir aquelas palavras sendo proferidas pela voz de seu namorado, ele engole o seco e não consegue olhar para trás. Ele permanece com os olhos fixos em suas mãos. — Do que estão falando? É sobre meu pai, certo? Pelo que ele tem que pagar? — volta a questionar quando percebe a grande tensão que se estabelece entre Gemma e Tristan, mas seus olhos azuis permanecem fixos no cacheado. — Harry? Você vai me dizer o que está acontecendo? — Tomlinson acaba por alterar um seu tom de voz. Ninguém o responde e isso está o deixando um pouco irritado.
Harry desvia seu olhar para o garoto quando percebe que ele não parece muito contente com todo aquele silêncio. Louis tem os braços cruzados na altura do peito e parece esperar que lhe seja dada a ele alguma explicação, afinal é de seu pai que eles estão falando. O Styles mais novo suspira e faz um gesto com sua mão, chamando o namorado, mas o mesmo não se move.
— Venha aqui, por favor. — O de olhos verdes pede suavemente, ele vê o menor suspirar e a contragosto caminha na direção de seu namorado. Tomlinson parece estar desconfiado e quando para ao lado do alfa lupus, ainda tem seus braços cruzados a uma expressão dura.
— Você não vai dizer do que estavam falando? Era sobre meu pai, não era? — Louis morde a parte interna de seu lábio.
— O que você ouviu? — Harry o questiona e em nenhum momento ele demonstra estar irritado ou algo do tipo em relação ao fato do garoto ter ouvido a conversa, no entanto, o garoto não entende bem o por que da pergunta.
— Apenas que… Meu pai ainda iria pagar pelo que ele fez. — Tomlinson explica e pode observar que o maior fica aliviado ao ouvir aquilo, é isso que o deixa ainda mais confuso e curioso.
— Uhm… Bem. — O cacheado coça sua nuca com a mão esquerda. — Você sabe que seu pai roubou a empresa… E que não foi apenas uma vez. — ele tenta dizer de uma forma que seja convincente, mas não é de toda uma mentira. Esse é apenas mais um dos crimes cometidos pelo beta. — Mark já nos roubou cinco ou seis vezes… Das outras vezes ele havia mexido apenas no dinheiro do banco, já que ele tinha acesso a nossa conta. E da última vez roubou também algumas joias. — Harry explica ao que leva sua mão até a cintura delicada do ômega e faz carícias naquele local com os seus dedos. Louis, no entanto, não parece acreditar naquilo cem por cento.
— E v-vocês… V-vocês pretendem prendê-lo por isso? É assim que ele vai pagar? — Louis questiona em um sussurro baixo. Seu pai não pode ser preso. Se ele fosse, tudo que fez até agora foi em vão. — E-ele n-não pode… Olha, eu s-sei que o que ele fez foi errado. — sua voz soa desesperada quando uma lágrima molha sua bochecha esquerda, mas ele trata de enxugá-la. — É s-só que… Os meus irmãos… E-eu n-não quero que eles cresçam sem o p-pai p-por perto. N-não quero q-que eles passem p-pelo que eu passei. Eu faço qualquer c-coisa, mas não prendam meu pai, é p-pelos meus i-irmãos. — quando se dá conta está falando entre alguns soluços.
Harry sente seu peito se apertar e desce do banco, ele passa os braços em torno da cintura do namorado e o puxa para si, o abraçando.
— Tudo bem. — O alfa lupus leva seus dedos até os fios de cabelo castanhos lisos. — Não estávamos pensando nisso… Olha… Estávamos falando que ele pagaria pelo que ele fez e quem o castigará quanto a isso é a vida. Tudo que vai acaba voltando, não é? Se cometemos erros, um dia a vida nos dá uma lição e isso é inevitável. — Harry diz algo, que para ele não faz tanto sentido, mas parece convencer ao garoto.
“Quando você souber o que seu pai realmente fez, é você quem vai querer colocá-lo na cadeia.” Harry acrescenta mentalmente.
— Desculpe, Lou. Não queríamos que entendesse errado. — Tristan se pronuncia e acaba ganhando a atenção do ômega. Sabe que tem que entrar no jogo de seu cunhado para que Louis possa acreditar, embora, ele também saiba que logo não poderão mais mentir e omitir.
— Tudo bem, eu posso entender. Sei que não foi certo o que ele fez, mas no fundo ele é uma pessoa boa. Meu pai apenas está passando por uma fase ruim e conturbada, mas sei que ele será tão bom pai para meus irmãos como foi para mim. — Tomlinson funga baixo e enxuga as poucas lágrimas que molharam suas maçãs do rosto.
— Tenho certeza que sim. — Harry murmura baixo, mas ele sabe que não. Seus dedos continuam fazendo carícias nos fios castanhos, ele está tentando acalmá-lo e sabe que o ômega está nervoso com a situação. — Nós não vamos fazer nada. — promete. É Louis quem irá fazer.
Louis assente e permanece em silêncio, ele demora algum tempo para que possa se acalmar realmente. Seus olhos azuis estão fixos no nada quando sente os dedos longos fazendo algumas carícias em sua pele, por debaixo da camisa qual ele usa. E quando finalmente consegue se tranquilizar, olha para Gemma e Tristan, que estão os observando. Tomlinson sorri sem graça pelo que houve há alguns minutos atrás.
— Desculpa por isso. — O ômega pede completamente sem graça e suas bochechas ficam levemente vermelhas.
— Não se preocupe, querido. Entendemos você perfeitamente. — Gemma sorri e se levanta, ela caminha até o garoto e deixa um beijo em sua testa. — Eu vou para o jardim… Você vem, Tris? — olha para seu cunhado que concorda com a cabeça e se levanta.
— É claro. — Tristan assente e caminha até o ômega, ele deixa um beijo na testa do mesmo e caminha para fora da cozinha, seguindo a alfa.
— Então… Sua mão está melhor? — Harry pergunta após um tempo e começa guiar o namorado em direção a bancada, em seguida o ajuda a se sentar no banco qual era ocupado por ele anteriormente. Ele serve um pouco de suco em um copo e alguns bolinhos em um prato, colocando de frente para o ômega logo em seguida.
— Está sim… Só está um pouco dolorida, mas já tomei um remédio para dor assim que acordei. — Tomlinson explica quando pega um dos pãezinhos com sua mão não machucada. — E você? Está bem? — seu olhar está sobre o homem enquanto leva o alimento até sua boca.
— Bem melhor hoje. — Harry não demora para entender sobre a que o menor está se referindo. — Consegui pensar um pouco sobre tudo aquilo e percebi que você estava certo… — ele não aprofunda o assunto. Louis, então, concorda com a cabeça. O alfa lupus não está mais se culpando e isso é bom, mas também nota que ele não quer conversar sobre aquilo.
— Certo. — Tomlinson estica sua mão para poder pegar o copo de suco e toma um pouco do líquido alaranjado. — E quando vamos voltar para casa?
— Provavelmente amanhã pela tarde.— Styles para logo atrás do corpo menor e cola seu peitoral nas costas de Louis. Ele pega um dos bolinhos de chocolate e leva um pedaço até sua boca. — Nós pretendíamos ficar um pouco mais, mas achamos melhor não demorar tanto. E como já aconteceu a festa de aniversário… — ele deixa a frase no ar.
— É bom estar aqui, mas admito que estou sentindo falta de estar em casa. — Louis ri baixo e vira um pouco seu rosto, sente os lábios quentes roçando em sua bochecha e isso o faz se arrepiar. — E também estou curioso sobre as minhas notas da faculdade. Eu ainda não consultei as notas no sistema para saber se passei e as minhas aulas voltam em breve.
— Quanto a isso não deve se preocupar, é um ótimo aluno e suas notas serão as melhores. — Harry deixa um pequeno beijo no canto esquerdo dos lábios do namorado e leva um pedaço do bolinho até a boca do mesmo, o alimentando. — E assim que chegarmos lá, vou marcar a consulta.
— Oh… É mesmo, tem a consulta. — Louis murmura ficando pensativo, realmente tinha a consulta e por um instante se esqueceu sobre isso. Quando está com Harry, ele parece esquecer-se de todo o resto. — Sabe que apesar de estar ansioso com tudo isso, eu também estou bastante receoso e nervoso. Nunca me consultei com um psicólogo ou algo do gênero… Não sei como será.
— Ele não irá te morder nem nada do tipo, eu o socaria se tentasse. — Harry usa de um tom brincalhão e ouve uma risada baixa.
— Eu sei… É só que fico um pouco inseguro. — Tomlinson continua a murmurar quando o homem lhe entrega mais um dos pãezinhos com cobertura.
— Não precisa ficar inseguro. — O alfa lupus acaricia seu polegar na bochecha do namorado quando o vê sorrir. — Eu estarei lá para ajudar você a enfrentar isso e sei que você estará comigo para me ajudar também. — completa quando espalha alguns beijos por toda a face rosada e desce para o pescoço, fazendo algumas cócegas. Louis tenta não rir enquanto mastiga o pãozinho que lhe foi dado por Harry e encolhe seu corpo, sentindo seus pêlos ficarem arrepiados.
— Uhm… — O murmúrio que o ômega dá mais parece um gemido, e o alfa raspa seu dente naquela área, dando um pequeno chupão em seguida. —Pare com essas coisas. — pede e isso parece ser um incentivo para que o maior continue. — Sua família está lá fora! — leva sua mão sã até o peitoral largo e o empurra levemente para trás.
— Me desculpa. — Harry pede quando leva seus dedos até os fios de cabelo e os joga para trás, o menor suspira com aquela visão. Em outra ocasião ele se entregaria aos toques do homem, mas não pode fazer isso naquele momento.
Louis sorri e suas bochechas ficam vermelhas quando toma um pouco do suco e termina de comer o pedaço daquele pãozinho. Ele bebe o resto do suco e aquilo é o suficiente para ele. Não que sua fome esteja completamente saciada, mas pensa que talvez seja melhor ir para fora. Sabe que se ficar lá dentro, Harry não vai parar de tentar provocá-lo.
— Eu vou lá fora. — Louis vira-se para o namorado e deixa um beijo em seus lábios. Ele pega mais um pãozinho e vê que o maior se afasta, dando a ele espaço e auxílio para que possa descer do banco qual estava sentado. — Você vai lá quando terminar?
— Sim, eu vou lá assim que acabar. — Harry responde e deixa um beijo gentil na testa do ômega e o observa sorrir enquanto se afasta. É inevitável quando os olhos verdes se voltam para as coxas expostas. Louis está usando apenas um short que é quase todo coberto pela camisa branca.
Assim que Tomlinson chega na parte do jardim, a primeira coisa que vê é Gabe e Steven junto com Amanda enquanto brincam com Lux, que está no carrinho branco de bebê. Vê que próximo deles, estão Zayn e Niall que provavelmente conversam sobre a gravidez. Os outros estão na área o lago, alguns estão sentados sobre a toalha de pequenique, outros jogam futebol e Tristan e Bradley estão dentro do lago enquanto riem e conversam. Seus olhos azuis se cruzam por alguns segundos com os de Luna, que está sentada sobre a toalha enquanto ouve algo que Gale está lhe falando. Mantém aquele contato visual por algum tempo e em seguida desvia seu olhar.
Louis morde o lábio optando por caminhar até os dois ômegas grávidos e senta-se no banco de madeira, ficando de frente para eles.
— Hey. — Louis sorri ladino e ganha a atenção dos outros dois, que devolvem o sorriso na mesma intensidade. Ele morde um pedaço do pãozinho que trouxe e em seguida passa a língua entre os lábios, tirando o pouco açúcar que ficou ali.
— Então, como está? — Malik é o primeiro a perguntar quando põe seus olhos sobre seu amigo.
— Estou bem. — Tomlinson responde e ergue sua mão enfaixada. — Está apenas um pouco dolorido, mas já está melhorando. — em seguida põe ambos os braços sobre a mesa, tendo a mão machucada por cima. — Oh… E eu queria pedir desculpas por ontem a noite, quando me chamaram e eu não fui até vocês e…
— Não, tudo bem. — Niall nega quando faz gestos com suas mãos.— Não precisa se preocupar com isso. O Tristan e Ian explicaram que você foi atrás do Harry e isso me deixou muito contente. É ótimo saber que você é meu irmão estão começando a se entender nesse nível. Você é como uma garantia de que ele não fará nada contra si próprio. — completa sorrindo enquanto faz carícias em sua própria barriga e sente um pequeno chute.
— Eu não quero que ele se magoe ou que se machuque, acredite. Harry é maravilhoso e eu gosto muito dele. — Louis admite tendo suas bochechas novamente rosadas. Zayn dá uma risada ao que encara seu e tenta cobrir seus lábios no intuito de contê-la. — O que foi?
— É que… — Malik respira fundo para que possa ficar sério. — Até um tempo atrás você costumava dizer que jamais iria gostar de Harry e coisas desse tipo. E olha só onde vocês estão… Agora namoram e prestes a formar uma família, vocês vão adotar o Gabe e você está gostando disso. — e então ele morde o lábio parecendo lembrar-se de algo. — Se lembra de quando eu disse que não tinha nada que lhe desse a mesma sensação de se estar com um alfa lupus e você disse que nunca saberia, pois provavelmente nunca se envolveria com um? — pergunta quando vê seu amigo ficar ainda mais tímido quando tenta esconder seu rosto com sua mão. Louis nega com a cabeça, embora lembre-se perfeitamente. — Eu lembro e queria saber de você se há alguma outra coisa que o faça sentir as mesmas coisas que um alfa lupus?
Niall olha para o moreno ao seu lado e em seguida desvia o olhar para Louis, que parece um tomate de tão vermelho que está.
— Não vou responder essa sua pergunta.— Louis murmura baixo e sua voz soa abalada.
— Qual é? É apenas dizer se sim ou se não. — Malik insiste um pouco mais e vê que o amigo passa a língua entre os lábios, cogitando a ideia. O de olhos azuis olha para os lados como quem busca uma garantia de que ninguém está por perto para ouvir o que ele tem a dizer.
— Não. — Louis murmura como se tivesse medo que mesmo de longe, Harry pudesse ouvi-lo.
— Não o que? — Zayn faz-se de desentendido sobre aquela resposta.
— Você disse que era só para dizer sim ou não. — Tomlinson diz ao que leva o resto do pãozinho até sua boca. Ele olha para seu amigo como quem pede para que não continue a insistir nisso.
— Sim, eu disse. Só que quero saber sim ou não o que. — Zayn gira os olhos e cruza seus braços sobre a mesa, em seguida inclina seu corpo para frente. — Vamos lá, Lou. Estamos apenas nós aqui e não vamos contar nada a ninguém, é algo de amigos.
— Uh… Okay. — Louis dá-se por vencido e vê que o amigo faz uma comemoração ridícula com as mãos. — Não… Não há nada que… Hum… Que me faça sentir as mesmas coisas que um… — ele fecha os olhos com força.— … Que um alfa lupus. Okay! Já disse, agora parem com isso. — diz rapidamente de uma forma que quase não pode ser acompanhada.
Niall dá uma gargalhada alta e joga sua cabeça para trás quando faz isso. Os olhos azuis de Louis ficam arregalados e imediatamente olha para os lados, não querendo chamar atenção. Ele sabe que pode confiar no loiro, em pouco tempo de convivência sabe ele é alguém de extrema confiança. De toda a forma, ele dá ao cunhado um olhar repressivo para que ele pare com aquilo, já que está o deixando envergonhado.
— Se eu pudesse contar cada vez que você me faz passar vergonha, eu poderia falar por uma eternidade. — Louis diz entre dentes para o moreno que ainda sorri tendo um olhar de falsa inocência. — Mas realmente não há ninguém que me fez sentir tudo isso que Harry faz e eu tenho certeza que nunca terá. — agora ele adota uma expressão de seriedade.
— Isso quer dizer que… — Niall também fica sério de repente e não há nenhum resquício de malícia em sua voz ou expressão.
— Isso quer dizer que o que eu sinto por Harry vem crescendo cada vez mais e eu me sinto bem com ele, de uma forma que nunca senti antes. Com ninguém. Ele é uma das melhores pessoas que já conheci e não me importo de repetir isso quantas vezes for necessário… Eu admiro o seu jeito de ser e sua determinação em algumas situações. Ele é extremamente carinhoso e gentil, mas ao mesmo tempo é ele quem precisa de carinho, gentileza e compreensão. Eu posso dar para ele um pouco disso, mas há coisas que não posso realmente dar. Não quero ter que fazê-lo pensar que sinta coisas que ainda não sinto. — Louis não tem pressa ao dizer isso e conforme fala os seus olhos brilham de forma apaixonada. — Não posso negar que ele vem cada dia mais me conquistando… Às vezes eu me vejo perdido em seu olhar ou seu sorriso e me dou conta do quão ferrado estou.
Niall e Zayn não dizem nada nos primeiros segundos, é como se eles servissem para que pudessem assimilar e compreender tudo que Louis os disse. Eles se olham e logo ambos estão sorrindo de orelha a orelha com a declaração feita por Tomlinson.
Ele acaba de assumir em indiretamente que está apaixonado por Harry.
— Então… Você está realmente apaixonado por meu irmão? — Niall mal consegue conter a felicidade que se apodera de seu corpo. Ele sempre soube que seria assim.
— Talvez. — Louis tem seus ombros escolhidos quando diz aquilo. Não tem coragem de encarar nenhum dos outros dois ômegas.
— E Harry sabe disso? Você já disse isso para ele? — Zayn o pergunta. Ele conhece bem o amigo e tem quase certeza que a resposta é não, mas quer confirmar isso primeiro.
— Ainda não e nem sei se devo. — Tomlinson começa a brincar com a barra da camisa que usa, ele enrola seus dedos naquela área em um sinal claro de nervosismo. — Não sei se realmente devo contar a ele, não quero que ele se magoe por minha culpa. Harry quer meu amor e isso não é o que posso dar agora ou o que sinto. Eu admito que estou perdidamente apaixonado por ele, mas entre paixão e amor há uma certa distância.
— Realmente entendo seu lado. — Niall concorda e é claro que ele entende, mas ao mesmo tempo pensa que Harry tem um direito de saber. Seu irmão já sofreu tanto por isso e daria felicidade a ele saber que Louis ainda sente algo. — É só que meu irmão esperou tanto tempo por isso… Harry te ama tanto e ele ficaria imensamente feliz em saber que você sente ao menos a paixão por ele.
— Eu sei… É só que quero ter a plena certeza de que é isso que sinto por ele.— Louis tenta achar a melhor forma de se explicar. — Não quero acabar o iludindo e não final não ser assim. Ele não merece sofrer ainda mais, não é? Harry deve ser tão quebrado por dentro e já deve ter passado por tanta coisa… — suspira quando sorri de lado. — Seu irmão é maravilhoso e só quero ter certeza que sou capaz de amá-lo.
— Fico imensamente feliz que tenha esse cuidado todo com meu irmão. — Niall ergue suas mãos para que possa pegar as do cunhado, ele faz leves carícias no dorso dela e também sorri. — Sei que ele não poderia estar em melhores mãos.
E é no mesmo instante que o ômega loiro pode ver por cima dos ombros de Louis a figura de Harry saindo da cozinha, ele está prendendo seus fios de cabelo com um elástico. Observa Steven correndo em direção ao tio, que se agacha para poder abraçá-lo. Niall vê que seu filho fala alguma coisa no ouvido do alfa lupus que ri e faz que não com a cabeça, eles parecem ter uma conversa breve e logo em seguida Steven corre de volta para onde está Gabe, Amanda e Lux. O cacheado volta a caminhar em direção aos ômegas e assim que chega à mesa qual eles estão, ele senta-se atrás do namorado - o banco de madeira é largo o suficiente para que caibam os dois - quando passa os braços em torno da cintura delicada e deixa um beijo na nuca do mesmo, notando que ele se arrepia com aquele toque.
— Então… Do que estão falando? — Harry olha para Niall e Zayn. Ele não percebe, mas Louis fica com seu rosto quase todo vermelho, inclusive suas orelhas.
— S-sobre nada de i-importante. — Tomlinson se adianta para dizer e mesmo não querendo, ele soa desesperado. O cacheado, no entanto, franze o cenho e ri baixo.
— Tem certeza? Parece um pouco nervoso. — O maior sobe as pontas de seus dedos pelo braço do ômega enquanto empurra um pouco as mangas da camisa, em seguida deixa um beijo na parte detrás de sua orelha.
— Tenho. — Louis se surpreende quando sua voz não sai falha por seus lábios, ele devia seu olhar para o nada e se arrepia novamente quando sente um beijo sendo deixado em seu ombro esquerdo. Niall olha para aquilo e se remexe desconfortável.
— Bem… Vocês dois não precisam ficar fazendo isso em público, tampouco em minha frente. — O loiro resmunga e nota seu cunhado abaixar a cabeça cobrindo seu rosto com suas mãos. Zayn acaba dando uma risada alta quando encara o casal diante de si, nota o sorriso ladino e convencido que é dado por Harry e a forma que seu amigo esconde seu rosto no pescoço do namorado.
— Você era muito pior com Ian. — O cacheado acusa vendo que seu irmão caçula gira os olhos conforme leva o canudo de seu copo até os lábios e suga um pouco do seu suco de beterraba e cenoura com leite. Nos últimos tempos Niall vem tomando muitos sucos naturais, nessa etapa de sua gestação era fundamental que tivesse uma alimentação muito saudável.
— Pior como? Você sequer deixava que ficássemos sozinho a sós… Quando tentávamos ir para o quarto, você nos barrava. Ou quando tentávamos ficar no sofá, você se sentava entre nós dois. — Niall desvia seu olhar do seu irmão para seu cunhado. — Sério, Lou. Harry agia como se fosse o macho alfa supremo da casa e que seu dever era evitar uma gravidez antes do casamento, mesmo que naquela época eu todos pensassem que eu era um beta. — é explicita sua irritação.
— E pelo visto não deu certo. — Harry resmunga baixo vendo que Zayn os olha e cobre os lábios com as mãos, evitando dar mais uma risada alta e escandalosa.
— Então quer dizer que você não permitia que seus irmãos namorassem? — Louis olha curiosamente para seu namorado, ele tem que erguer o olhar para poder encarar o rosto alheio.
— Não mesmo. — Niall que responde por seu irmão. — Acredita que Harry quase matou Tristan quando ele descobriu que Bradley havia passado o heat com ele? Lembro que ele deu dois socos no Tristan e trancou o Brad no quarto, foi uma longa semana de negociação até que tudo voltasse ao normal. — ele demonstra indignação em sua voz. — Harry sempre foi ciumento com os irmãos… Até já ameaçou os possíveis futuros namorados de Benjamin.
— Mentira! — Harry se apressa em se defender. — Não ameacei não… Só disse que se eu soubesse que ele estava namorando qualquer cara por ai, sem apresentar a família, eu ia conversar com o moleque. — ele explica olhando diretamente para seu garoto.
— Oh… É claro. Uma conversa entre seu punho e o rosto do garoto. — Niall diz fazendo com que Louis dê uma risada.
— Harry! — Tomlinson volta seus olhos azuis brilhantes para o maior. — Se você é assim com seus irmãos, não quero nem imaginar como será com os filhos… — faz um comentário enquanto nega com a cabeça. — Ainda bem que eu serei o pai legal que irá acobertar os namoros. — diz baixo e estranha quando Harry perde o sorriso de seus lábios, os olhos verdes se focam na face do ômega e ele está em um estado de choque, completamente desacreditado. É então que Louis se dá conta do que disse. — Oh… E-eu quis dizer q-
— Quis dizer que eles terão o melhor pai do mundo. — Harry completa e não pensa duas vezes antes de pressionar seus lábios contra os de Tomlinson, ele fecha seus olhos e não consegue evitar de demonstrar o quão feliz está.
Louis ainda está envergonhado pelo que acabou de falar e ri baixo, concordando com a cabeça. Aquelas palavras não foram planejadas, saíram naturalmente de seus lábios e quando deu por si, já tinha dito. Teme que tendo dito isso, tenha demonstrado o quão apaixonado está.
— Louis realmente será um ótimo pai… Ele ama crianças. — Malik conta. — Lembro que ele adorava brincar com minha irmã mais nova, que é insuportável, em minha opinião.
— Tenho certeza não gosta tanto quanto eu. — Harry responde. Ele é louco por seus sobrinhos Henry, Lux e Steven, já é um tio babão com Candice e os filhos de Zayn, que ainda não nasceram. E também tem Gabe, que será seu filho em breve, e agora quer realmente ter seus biológicos com Louis.
Tomlinson se prepara para dizer algo, mas é interrompido.
— É melhor vocês não começarem uma discussão sobre quem mais ama crianças. — Niall faz um sinal de pare com sua mão. Louis e Harry se entreolham e concordam.
— Ele em razão…— Harry suspira e sorri.
— Até por que eu ganharia. — Tomlinson se gaba e em seguida dá uma risada. Harry, mesmo que gire seus olhos, acaba sorrindo também. É inevitável.
— Sim, você quem iria ganhar. — O alfa lupus concorda com a cabeça e o abraça com força, mas ao mesmo tempo cuidado. Louis sorri largamente com aquelas palavras ditas por seu namorado.
— O que Louis ganharia? — Charlotte pergunta conforme se aproxima dos que estão sentados à mesa, ela caminha até o lado onde estão Niall e Zayn, se sentando a esquerda de seu cunhado. Bradley e Tristan vem logo atrás, eles se sentam próximos a Harry e Louis. O alfa lupus loiro senta-se de lado, ficando de frente para a lateral do corpo de seu namorado.
— Estamos falando sobre quem gosta mais de crianças. — Harry responde a loira quando direciona seus olhos verdes para a mesma, ela sorri concordando com a cabeça.
— Você tem meu voto. — Charlotte admite e logo recebe um olhar não amigável de Louis. Ela consegue lembrar-se ligeiramente de algo de sua infância. Quando eram menores, Louis sempre odiou ser contrariado e sempre fica emburrado quando alguém concordava com a opinião de outras pessoas, ao invés da dele. E é como se estivesse vendo aquele mesmo garotinho teimoso e emburrado, só que em uma versão maior. Sente a maior vontade de poder abraçá-lo e dizer o quão sente saudades, mas sabe que infelizmente não pode ser dessa forma. A loira suspira e trata-se de corrigir o que disse. — Louis… — E é assim que ela ver o sorriso voltar para os lábios finos e rosados.
Tristan ri com aquela cena enquanto faz que não com sua cabeça. Após tantos anos, consegue se sentir completo. Ou parcialmente. Seus irmãos estão ali e são a única família que lhe resta.
— Sabe que Harry é um pouco desajeitado com crianças? Às vezes ele não sabe segurar muito bem. — Bradley começa a contar. — Lembro que quando Steven nasceu, ele ficou muito afobado e queria segurá-lo… Só que quase o derrubou.
— Eu só não sabia como encaixá-lo em meus braços. — O cacheado se explica, ele fica um pouco sem graça e sorri pequeno quando sente um beijo sendo deixado em seu maxilar.
— Nunca fiquei tão desesperado como naquele dia. — Niall conta ao se lembrar que estava ainda de resguardo quando aquilo aconteceu, Ian teve que segurá-lo para que ele não levantasse da cama e batesse em seu irmão por ser desajeitado.
— Não achei que ele fosse tão desastrado dessa forma… Harry parece ser cuidadoso.— Louis desvia seu olhar do namorado para o cunhado de cabelos loiros.
— Olha… Se for para vocês ficarem falando mal de mim, na minha frente, para meu namorado… Eu me retiro. — Harry ameaça se levantar, mas sente as pequenas mãos do seu ômega segurando seu braço, o impedindo.
— Deixe de drama. — Bradley pede impaciente. — Você, apesar de ser extremamente carinhoso e protetor, é muito desastrado… Inclusive com crianças. Nunca vou me esquecer de quando você colocou a cola no cabelo do Steven por que não tinha gel. — Louis não consegue evitar. Ele acaba rindo com aquela história, mesmo que ele não tenha estado presente naquela ocasião, tudo parece ser realmente engraçado. — Niall e Ian tinham viajado com mamãe para poder visitar uma tia nossa, que estava doente. Nós que ficamos cuidado de Steven… Confesso que deu um pouco de trabalho tirar toda aquela cola endurecida do cabelo dele. — ele consegue se lembrar perfeitamente daquele dia.
— Em minha defesa, eu imaginei que daria o mesmo efeito que o gel. A cola era transparente e pensei que não ficaria tão ruim, ela também costuma endurecer… Só improvisei um pouco. — Harry leva a mão esquerda até seu peito, se fazendo de ofendido pelas acusações.
— Achei que seria preciso cortar o cabelo do Stee e fiquei imaginando que Niall e Ian iriam nos matar quando voltassem. — Bradley dá continuidade, ficando pensativo.
— E eu quase matei… O Harry, é claro. A sorte dele foi que Ian me segurou e não deixou que eu fizesse nenhuma besteira. — O loiro fala olhando diretamente para seu irmão mais velho, que novamente gira os olhos. Para que tanto rancor?
— Até por que eu consegui tirar toda a cola sem cortar nenhum único fio. — Bradley se gaba e Harry dá a língua para ele. Louis acaba por rir devido a forma que seu namorado parece um crianção quando está com seus irmãos.
— Não podemos também esquecer de quando Brad deixou que Steven caísse em uma poça de lama e ficou desesperado por não saber o que fazer. — O cacheado sorri vitorioso quando vê que seu irmão faz uma careta. — Não ignorando o fato de que ele empurrou o garoto.
— Eu já disse que foi sem querer! Da mesma forma que você deixou Niall se sentar no formigueiro, quando éramos crianças. — Bradley eleva um pouco seu tom de voz, fazendo sua defesa.
— E quem disse que isso foi sem querer? — Harry pergunta com o semblante sério. Niall, que até então ria, acaba ficando também sério quando encara o de olhos verdes.
— Eu não posso acreditar, Harry! Você disse que era seguro sentar ali. — O ômega grávido grita, ficando indignado. — Como pôde fazer isso comigo? — Ele não pensa duas vezes antes de jogar o copo na direção do irmão, que acaba se abaixando, assim como Louis. Eles quase foram acertados pelo copo que estava pela metade com o suco estranho feito por Morgana, mas Tomlinson não consegue parar de rir.
— Você é louco? Quase nos acertou com esse copo de suco esquisito. — Harry realmente está ofendido quando encara o loiro, que ainda o olha irritado.
— Desculpa, Lou. A intenção não era acertar você. — Niall pede desculpas para o castanho. — E você, Harry Styles… Isso terá uma vingança.
— Niall! Já faz mais de quinze anos isso. Você poderia esquecer e superar, além do que, foi só uma brincadeira. E a ideia nem foi minha, Gemma e Liam que me desafiaram. — O de olhos verdes se explica para o irmão, que não parece comprar a história.
— Na verdade a ideia tinha sido de Louis. Liam e Gemma fizeram parecer que era deles. — Tristan acaba dizendo aquilo e se interrompe ao ver que falou demais. Louis, que tinha um sorriso nos lábios, para de sorrir no mesmo instante e olha para o alfa lupus loiro.
— Como? — Tomlinson franze o cenho. Ele olha para Zayn, que dá os ombros, ele também não sabe o que significa tudo aquilo. Tristan tem os olhos arregalados e Harry não parece estar diferente, ele fica tenso e não sabem exatamente como ou o que dizer. — Uma ideia minha? — ele volta a insistir em obter uma resposta.
Charlotte fica em choque nos primeiros segundos, mas logo parece voltar para realidade e obter uma resposta. — Foi uma ideia minha. — ela olha para Tristan, que mesmo atordoado confirma com a cabeça.
— Uhm… S-sim. É que acabei confundindo os nomes. Lottie e Louis são nomes um pouco parecidos. — Evans se justifica e torce para que o ômega aceite aquela desculpa.
— Não parece não. — Louis faz que não com a cabela. Mesmo tendo as duas primeiras letras iguais, não são nomes parecidos… Não se dá para confundir.
— Eu me confundi, Louis, acredite. — Tristan insiste em dizer. Tomlinson concorda com a cabeça, fingindo aceitar aquela resposta.
Na verdade, ele não consegue ficar convencido com aquela afirmação. Louis sente seu namorado puxá-lo um pouco para trás enquanto sussurra para que ele esqueça aquilo e o ômega concorda com a cabeça mesmo sabendo que não é isso e que tem alguma coisa de errado em tudo, basta ele descobrir o que é.
[...]
É quase noite quando Louis está sentado na cama enquanto tem seus olhos fixos no nada. Havia acabado de terminar seu banho e estava usando apenas a camisa branca regata sem mangas e uma de suas calcinhas boxers da cor verde musgo. O curativo de sua mão foi trocado por Morgana, que agora o ajudava a passar o hidratante em seus braços. Por mais que tenha tentado pensar em outras suas coisas, sua cabeça ainda estava focada no que aconteceu mais cedo no jardim… As palavras de Tristan ainda estavam rondando sua cabeça e nada fazia o mínimo sentido. Por que eles tinham ficado tão tensos por uma “confusão de nomes”? Não fazia o menor sentido, ele sabe disso.
Acaba suspirando e isso chama a atenção de Morgana, que mesmo massageando os ombros do ômega por debaixo da camisa, acaba prestando um pouco mais de atenção. Louis estava muito pensativo e aquilo é desde cedo.
— Em que tanto pensa? — A beta pergunta fazendo massagem na área dos ombros do garoto com as ponta dos dedos.
— Em algo que houve mais cedo. — Louis mordisca o lábio inferior e divaga tendo seus olhos fixos no nada. — Pode parecer bobagem, mas é que as coisas nos últimos dias vem me deixando confuso. Tristan disse uma coisa que me deixou confuso e curioso, ele disse que havia trocado os nomes… Mas eu sinto que não foi isso.
— E qual foi o assunto que o deixou assim? — Morgana olha para o perfil do garoto, em nenhum momento ele aprofundou sobre o que havia sido e isso a deixou realmente curiosa.
— Mais cedo eles estavam relembrando alguns momentos engraçados… E em um deles Tristan falou sobre eu ter dado uma ideia para que fizessem Niall sentar-se no formigueiro… Só que depois ele disse que confundiu os nomes e que quis dizer o nome da Lottie. — Tomlinson suspira. — Só que ele disse com tanta certeza que era eu…
— Oh… Me lembro desse dia. — Morgana sorri inevitavelmente. — Lottie sempre foi travessa durante a infância e amava pregar essas peças. Niall ficou bravo por dois dias, mas então ele ganhou uma barra de chocolate e logo ficou feliz. — é algo tão natural que faz com que Louis se convença, mas ainda há aquela pequena parte rebelde que se recusa acreditar. Porém, ele também pensa que não há motivos para que Morgana minta sobre isso.
— Oh sim… — Louis faz um som de compreensão e sorri sem graça.
— O que você pensou que fosse? — A beta franze o cenho e observa o ômega morder seu lábio, como quem pensa se deve ou não dizer, mas ele nega em seguida.
— Não sei… — O ômega ri. — Foi apenas um pensamento bobo que eu tive, não foi nada de importante.
— Então esqueça, sim? — Morgana pede, ela segura o queixo de Louis e deixa um beijo em sua testa. — Não encha sua cabeça com essas bobagens. — pede.
Louis concorda com sua cabeça observando a mulher fechar o frasco de hidratante e o coloca dentro de uma das malas que estão sobre a cama. Havia arrumado as coisas naquela noite para que não houvesse trabalho no dia seguinte, já que eles viajariam logo pela manhã. Tomlinson realmente não pôde pensar muito sobre como seriam os próximos dias depois de tudo isso que aconteceu. E automaticamente sua mente se foca sobre como seria de agora em diante com Harry, que se quando voltassem para casa iriam ou não continuar a dormir em quartos separados e agir como antes. Eles não conversaram sobre isso, mas Louis pretende conversar em breve.
E pensando em Harry, ele se lembra que o alfa lupus estava no quarto quando ele foi tomar seu banho e já não estava quando saiu de lá.
—Harry já está lá em baixo? — Louis pergunta olhando diretamente para Morgana, que concorda com a cabeça.
— Sim, está. Anne o chamou para ajudara a consertar alguma coisa na cozinha. — A beta explica para o garoto, que acaba concordando com a cabeça. — Bem… É melhor você ir se vestir e depois descer… Vou lá em baixo ajudar Anne com o jantar.
Tomlinson observa a beta sair do quarto e logo em seguida se levanta da cama e caminha em direção ao grande espelho existente no quarto. Para diante dele e arruma os fios de cabelo que caem em sua testa, os jogando para trás. Ele pega o short que está dobrado sobre a cama e põe o mesmo com cuidado. Evita fazer força em sua mão machucada para que não acabe se machucando ainda mais, ele morde o lábio quando sente o ferimento latejar levemente.
Seus olhos azuis buscam a cartela de comprimido para dor que havia deixado sobre o criado mudo e a pega, ele tira um dos comprimidos redondos da cor branca e leva até sua boca. Volta a olhar ao redor em busca da garrafinha de água que Morgana havia trazido para ele, logo a encontrando. Toma um pouco dela e engole o pequeno remédio em seguida.
Volta a se olhar no espelho e ajeita sua roupa, no intuito de que não aparente estar muito amassada. Joga alguns fios de cabelo para trás e dá os ombros pelo resultado que obtém. Não está lá essas coisas, mas está bem. Assim que está devidamente pronto, ele vai para fora do quarto. Seus olhos azuis estão fixos no caminho qual faz pelo corredor e quando chega no topo das escadas, ele presta mais atenção ainda nos degraus. Sua mão não machucada desliza pelo corrimão e logo chega na sala, que está vazia. Louis estranha que ninguém esteja lá conversando, mas decide ir para a cozinha, onde Morgana disse que estaria.
Segue em direção ao cômodo, de onde consegue ouvir algumas vozes familiares. Percebe que Morgana diz alguma coisa qual ele não consegue entender e é logo respondida por Niall. Ele morde o lábio inferior e continua seu caminho, mas quando finalmente chega na porta da cozinha, ele faz menção de entrar no cômodo, porém a menção de seu nome o faz paralisar.
— Louis está lá no quarto terminando de se arrumar… Deve descer em alguns minutos. — Morgana quem diz.
— Ele disse alguma coisa sobre hoje cedo? — É Tristan que pergunta. É inevitável que ele fique desconfiado sobre o rumo da conversa. Por que ele estaria interessado em saber se comentei ou não sobre o ocorrido de mais cedo? Louis se pergunta.
— Sim, mas não se preocupe. Eu disse que foi Lottie e ele pareceu entender. — A beta o responde com serenidade. Tomlinson volta a ficar totalmente desconfiado e se prepara para entrar na cozinha e talvez questioná-los, mas sente uma mão tocar a sua e olha pra trás assustado.
— Tio Lou? O que está fazendo? — Steven olha para cima com suas sobrancelhas franzidas. Louis acaba levando sua mão até o peito e respira fundo, na tentativa de se recuperar daquele pequeno susto que acaba de tomar. — Você está escutando a conversa dos outros escondido? — ele tem um semblante questionador que se assemelha com o de Niall, em seguida ele sorri sapeca. — Que coisa feia, tio Lou.
— E-eu não estava. — Louis nega em um sussurro baixo. Ele torce para que o pequeno acredite e que ninguém os ouça.
— Tudo bem, tio Lou. Eu não vou contar para ninguém, não precisa mentir para mim. Prometo para você que não conto que estava espiando. — Steven ergue seu dedo mindinho na intenção de selar a promessa. Tomlinson suspira e se inclina para baixo, uma mão apoiada no joelho e o mindinho de sua outra mão se enlaça no do pequeno.
— Tudo bem… Guarde esse segredo. — Louis pede e dá uma piscadela em direção ao loirinho, que concorda com a cabeça. Steven sorri e aquele sorriso se assemelha com o de Harry, as covinhas profundas e tudo mais. O ômega beija a testa do menor e logo se põe de pé novamente, estende sua mão, que logo é pega.
É nesse momento que eles entram na cozinha e o silêncio se instala. Tristan imediatamente para de dizer o que tinha para dizer. Louis os olha de forma desconfiada, mas acaba mordendo o lábio inferior de desvia seu olhar para Anne, que está mexendo a panela.
— Precisam de ajuda em algo? — Louis pergunta conforme se aproxima da bancada. Observa seu namorado, que está de costas enquanto tem um martelo na mão e fixa um prego na madeira do armário. Steven solta a mão de Tomlinson e caminha até seu pai, ele abraça as pernas do loiro e dá um beijo na barriga coberta pelo suéter cinza.
— Eu preciso de ajuda para cortar os legumes… Benjamin quem estava fazendo, mas saiu para ajudar Luna no jardim. — Anne explica quando aponta para a bancada que tem alguns legumes cortados pela metade. Louis assente e caminha até onde estão as coisas que deve cortar, no percusso passa ao lado de seu namorado, mas sequer encosta seu corpo ao dele ou diz alguma coisa. Harry estranha, é claro. Tomlinson primeiramente caminha até a pia e lava suas mãos, há uma pequena dificuldade com a mão machucada, mas consegue e logo as enxuga e volta-se para a bancada. — Deve apenas cortar os legumes e colocar naquela panela com água que está no fogo.
— Já estou sentindo falta daqui. — Niall comenta quando ele se senta à bancada, após seu filho correr para o jardim. Ele olha para sua mãe e em seguida para os outros.
— Também gostaria de ficar um pouco mais como das outras vezes, mas esse ano teremos que voltar para casa mais cedo. — Anne diz tristemente. Até Louis tem que concordar com a cabeça.Tirando o ocorrido da noite anterior, sua estadia naquela casa do lago foi definitivamente maravilhosa.
Harry, que está batendo o martelo contra o prego, a todo momento desvia seu olhar para o namorado que está cortando os legumes. Tenta se perguntar sobre qual é o motivo dele estar dessa forma, tão estranho. E é em um desses momento que acaba se distraindo e não percebe em qual direção vai o martelo, ele acaba batendo a parte de ferro contra seu dedo e dá um grunhido alto e doloroso.
Louis vira-se no mesmo instante que ouve aquilo e seu olhar é de pura preocupação. Anne faz que não com a cabeça enquanto Tristan e Niall riem do previsível desastre de Harry. Anne caminha até a geladeira e abre o freezer, onde pega uma bolsa de gelo e volta a caminhar até seu filho.
— Está tudo bem com isso? Precisa de alguma ajuda? — A ômega pergunta para mais novo. Mesmo sendo algo típico dele, ainda sim fica preocupada.
—Não precisa, mamãe. O Lou pode ne ajudar com isso, não é mesmo? — Os olhos verdes do maior estão fixos em seu namorado que não pensa duas vezes antes de concordar. Louis olha para Anne que faz um aceno e sorri.
— Pode ir, querido. Eu terminarei de cortar os legumes. — A mulher o tranquiliza. Harry faz um aceno com a mão e pega o gelo que sua mãe lhe deu. Ele caminha para fora da cozinha e é apenas seguido pelo namorado.
— Será que vai precisar de um curativo? — O homem pergunta quando eles atravessam a sala e entram no corredor do andar debaixo. Louis nunca tinha prestado muita atenção naquela parte da casa, então acaba olhando para as coisas de uma forma curiosa.
— Eu irei dar uma olhada e te digo se será preciso ou não, mas acredito que não seja. — Tomlinson responde assim que eles param diante a uma porta de madeira. Harry a empurra e dá passagem para que o ômega vá na frente, em seguida é ele que entra. É um banheiro simples, nada comparado aos dos quartos. Styles não tarda em procurar o kit de primeiros socorros e quando o acha, acaba o despejando sobre a bancada. — Tenha paciência, Harry. — gira os olhos pelo desespero desnecessário do seu namorado. Ele se aproxima do maior no intuito de avaliar como está sua mão.
Tomlinson segura delicadamente a mão grande e analisa o dedo que sofreu a pancada. Não há nenhum rastro de sangue, tem apenas uma vermelhidão e nada mais.
— Então? — Harry olha o rosto do ômega, que suspira.
— Então que não será necessário fazer um curativo nem nada do tipo. Daqui há algumas horas você nem vai se lembrar que o machucou. —Louis garante.
— Você tem certeza disso? — Styles torna a franzir o cenho quando olha para seu dedo que tem a unha esbranquiçada. — Está latejando de dor… Digo, é uma dor suportável, mas ainda dói. — conta, mas em momento algum demonstra dor em seu rosto.
— É apenas deixar um pouco de gelo que sua mãe ofereceu que logo voltará ao normal, não é algo de extrema gravidade. — Louis pega a bolsa de gelo e aproxima do dedo que foi golpeado. Faz uma pequena pressão, mas toma cuidado para que não seja algo forte demais. Durante o tempo que faz isso, consegue sentir que o olhar de Harry permanece sobre ele e em momento nenhum o alfa lupus parece disposto a desviar. Por mais que esteja acostumado com coisas como essa, acaba se sentindo um pouco desconfortável. Tenta desviar seu olhar para o chão, mas nota que não obtém sucesso. Sabe que os olhos verdes ainda estão fixos nele e quando o encara, Harry parece hipnotizado. — Por que está me olhando assim? — ele tenta não parecer rude.
— Assim como? — Harry pergunta no mesmo instante e continua na mesma posição, encarando o namorado. Sua expressão continua a mesma, até parece que foi congelado.
— Você está me encarando igual um psicopata ou algo assim… Não que você seja um. — Louis explica e vê o alfa concordar com a cabeça, mas permanece como estava antes.
— Oh sim… Me desculpa. — Harry pede e sorri de lado após um tempo. — É só que você parece um pouco estranho, não sei. Você sequer falou comigo quando chegou na cozinha e estava tentando imaginar se fiz alguma coisa errada.
— Já tínhamos nos falado antes, Harry. Não precisamos nos falar todas as vezes que nos encontramos…— Louis gira os olhos quando morde o lábio inferior e sua boca parece coçar para que diga algo. Bem, nunca teve um freio na língua e não seria agora que iria por um. —...principalmente se for para você me esconder a verdade. — diz impaciente e acaba não medindo suas palavras.
Styles fica atônito nos primeiros segundos enquanto analisa a expressão questionadora que seu namorado carrega no rosto. Ele não sabe o que dizer, até por que não entendeu sobre aquela afirmação.
—Esconder o que? — Harry fica confuso. Louis gira os olhos quando cruza os braços e encara o maior como se fosse um desafio. — Lou… Do que você está falando? Não estou conseguindo te entender.
Tomlinson, por um segundo, imagina que o alfa lupus está se fazendo de desentendido ou algo do gênero. Ele acaba suspirando pesadamente e passa o mindinho em sua testa franzida. Sabe que se de certa forma pressionar Harry, ele provavelmente não dirá nada. Seus olhos azuis ainda estão fixos nos verdes e ele acaba fazendo que não quando desvia o olhar para a laterais da bancada de mármore.
—Não é nada.
—Não… Agora você vai me contar. O que você quis dizer com esconder a verdade? — Harry insiste e se aproxima um pouco mais do corpo alheio. Ele percebe que o ômega parece pensar em algo enquanto permanece com seu olhar fixo na bancada.
—Você iria mentir ou esconder alguma coisa de mim? Algo que fosse de meu interesse… Você teria coragem de esconder de mim? — Louis dispara aquilo sem pensar duas vezes.
Harry entra em um estado de choque. Por um momento imagina que Louis sabe de tudo, mas quer uma confirmação de sua boca. Só não sabe quem seria capaz de contar aquilo para ele… Luna? Não, definitivamente não. Apesar de tudo, ela ainda ama o garoto e não faria nada para magoá-lo. Será que ele ouviu algo? Sempre tiveram um enorme cuidado ao falar sobre esse assunto. Ele não consegue imaginar em nada que possa ter causado tal desconfiança.
— Por que está dizendo isso? — Harry resolve arriscar.
— Por nada. — Louis encolhe os ombros ao sentir os dedos longos fazendo pequenas carícias em seu braço. Harry morde o lábio quando desce seu toque até a mão não machucada e entrelaça seu mindinho ao dele.
— Você não me fez essa pergunta por nada, eu sei muito bem disso. — Styles insiste e sua outra mão vai até a cintura delicada, ele puxa o corpo menor para frente quando o observa umedecer os próprios lábios. — Por que não me diz o motivo para ter me perguntado isso?
— Não tem um motivo em especial, eu já disse. — Louis dá os ombros. — Então… Você ainda não me respondeu.
Harry parece pensar um pouco no que ele pode responder. Se Louis realmente souber de alguma coisa, aquele é o momento certo para que possa explicar.
—Se isso lhe prejudicasse ou trouxesse uma grande dor e tristeza, eu não teria escolha a não ser omitir alguns fatos… Jamais iria mentir. — Essa é a resposta que Harry dá, mas não é a que Louis esperava. Styles quer acima de tudo que o garoto compreenda que tudo que ele faz é para o bem dele e não para o mal.
Tomlinson assente com a cabeça quando tenta dar algum sentido para aquelas palavras ditas por seu namorado. Seus olhos passam a analisar toda estrutura facial de Harry, detalhe por detalhe. De certa forma sabe que o alfa quer apenas protegê-lo, mesmo que de uma forma torta e radical. Ele tem um enorme instinto de proteção e isso é admirável.
— Eu só penso em proteger você e enquanto eu puder fazer isso, não irei medir esforços. — Harry responde vendo que seu namorado sorri diante daquela afirmação. E engraçado que ele realmente consegue se sentir protegido por Harry, mas, no entanto, não quer que ele minta por proteção, ou omita. Sabe que a verdade às vezes dói de uma forma profunda, mas é sempre melhor quando ela é dita. Tem a plena certeza de que a família Styles esconde algo, mas não sabe o quão grave isso é e sinceramente se ele quiser saber de algo, prefere que seja pela boca de Harry.
— Haz… Você pode me prometer uma coisa? — Louis pede após aquela pequena reflexão.
— Tudo que quiser, mesmo que não esteja ao meu alcance. — Harry promete quando deixa um beijo na testa e um no canto do lábio do ômega. — Me diga o que quer e eu farei de tudo para cumprir.
— Não é nada de extravagante ou que necessite algum esforço… Eu só peço para que você me prometa que não vai mentir para mim e tampouco esconder nada. Se você tiver algo para me dizer, por favor, me diga. Eu prefiro saber de qualquer coisa por sua boca do que pela de outra pessoa. — Louis é sincero quando faz aquele pedido e acaba deixando o maior levemente chocado.
— Por que está me pedindo isso? — Harry engole o seco quando sente suas mãos suando.
—Apenas prometa… — Tomlinson volta a insistir. O alfa lupus fica de mãos atadas e tenta se perguntar onde ele quer chegar com tudo isso. — Harry… — volta a chamar o homem que desvia o olhar para o chão, pensando no que deve fazer. — Promete? — ergue seu dedo mindinho e isso faz com que Styles sorria. Louis nunca deixa de ser adorável.
— Prometo, Lou. — Harry enlaça seu mindinho ao do namorado que sorri satisfeito. Ele promete, mesmo sabendo que talvez não possa cumprir.
— E essa é uma promessa que não pode ser quebrada. — O ômega sorri e beija os lábios do homem. Ele espera que isso faça com que Harry lhe conte seja lá o que ele está escondendo.
Louis deseja apenas entender o que se passa, ele sabe que há algo estranho e vem desconfiando disso há algum tempo. Por um segundo sua mente liga todas aquelas imagens que teve por sonhos e também acordado. Será que todas essas imagens em sua cabeça e essa familiaridade com aquelas pessoas podem ter alguma ligação? Aquilo pode realmente ser uma mera coincidência? Talvez sim ou talvez não.
Ele não pode saber ao certo, mas sabe que Harry é uma das pessoas que podem esclarecer isso e espera que quando isso tudo acontecer, não seja tarde demais.
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