Senti o vento gelado bater contra a minha pele quente, uma sensação tão alegre mas ao mesmo tempo assustadora. Difícil de acreditar que meu futuro filho estaria a poucos passos de mim, me esperando em um orfanato.
Não era a nossa primeira vez naquele orfanato, muito pelo contrario, hoje era o dia em que levaríamos Young-Soo, nosso filho, se podemos chamar ele assim, para casa. Era realmente uma alegria imensa, principalmente depois do que nos passamos. Sun-Hee, minha esposa, não tinha capacidade para gerar a criança que tanto queríamos. Não, ela não era estéril, seu corpo que não suportava a ideia de ter uma vida desenvolvendo-se em si.
— Pronto ? — Pergunta ela com um sorriso radiante no rosto, lembrando-me o porque havia me apaixonado por ela, pelo seu sorriso lindo e radiante. Diferente de mim Sun-Hee não se mostrava nervosa diante da situação, ela parecia estar muito calma e animada, já que havia passado essas semanas inteiras apenas falando sobre isso.
— Pronto! — Afirmei sorrindo e entrando no orfanato, que mais parecia uma casa bem antiga. Logo roubamos a atenção de um ser pequeno sentado em um sofá preto, ele logo começou a chorar assim que ele nos viu. Não era essa a reação que esperávamos do Young-Soo.
— Young-Soo? Porque esta chorando? — Sun tenta se aproximar do mesmo, mas ele tremendo de medo se afastou.
— Se afasta! O Young-Soo não vai com vocês! — Ele gritou e saiu correndo para o segundo andar da casa. Confesso que meu coração se partiu em dois, aquela não era a criança alegre e ansiosa para levarmos ela para casa que conhecemos.
— Hoseok... — Vi os olhos de Sun marejando então eu a abracei passando toda a minha confiança para ela.
— Se acalme, okey? Eu vou lá em cima conversar com ele, você fica aqui e tente se acalmar — A mesma assente e se senta no sofá preto que antes Young-Soo estava.
Subi as velhas escadas do orfanato atrás do garoto, eu realmente estou muito preocupado com ele, mesmo passando pouco tempo com ele eu já sabia que ele não era de chorar assim do nada. Quando eu ia abrir a portas do dormitório, onde as crianças dormiam, escutei um pequeno choro vindo do banheiro. Imaginando ser Young-Soo eu segui os pequenos barulhinhos, mas quando fui abrir a porta vi que a mesma estava trancada por fora.
Como assim?
— Young-Soo? — Dei duas batidas na porta e nada. — Young-Soo, você tá aí?
— Vai embora! — Essa não era a voz de Young-Soo.
— Hey! Quem está aí? — Bati mais duas vezes e escutei inaudíveis, muito parecidos com muchachos de dor.
— P-Porfavor não machuca o Yoongi, ele já aprendeu a lição dele!
— Eu não vou te machucar Yoongi, é só você se acalmar — Destranquei a porta e abrir na mesma. Um nó se formou em minha garganta quando vi a imagem de um menino baixinho e absurdamente branco, seu estado era horrível! Ele tinha roxos por todo corpo e um corte nos lábios, suas madeixas negras que caiam sobre os olhos de tão grande, tapavam um roxo em seu olho direito.
— Meu deus do céu! Quem fez isso com você!? — Tentei me aproximar mas ele se afastou — Hey, fique calmo okey, não irei te machucar — Me abaixei até ficar da sua altura - Que não era muita coisas - e tentei tocar em seu rosto. Ele não negou o toque como eu pensava, ele se aproximou e me abraçou com toda a força que tinha, eu fiquei impressionado.
— Tá tudo bem, já passou — Retribui o abraço caloroso que ele me dava. Pude sentir a minha camisa se molhando com suas lágrimas e ele me apertar com mais força. — Quem fez isso com você pequeno?
— A-As crianças maiores! Elas bateram no Yoon!
— Porque fizeram isso, pequeno?
— P-Porque ninguém gosta do Yoon, eles abandonam o Yoon!... Como os pais dele, o Yoongi nunca será adotado — Eu realmente não sabia o que falar, havia perdido todo o meu poder de fala, como poderam fazer uma maldade dessas com um ser desses? Isso era muita crueldade.
— Quer saber Yoongi — Me soltei do abraço e olhei em seus olhos, tomando a maior decisão da minha vida — Você vai 'pra casa com agente, pequeno! — Sorri doce. De alguma forma eu senti algo bom e ao mesmo tempo ruim, como se esse garoto fosse mudar minta vida de um ano para o outro, de maneira tão rápida.
— Você não vão me abandonar? Deixar o Yoongi aqui denovo — Fala ele de forma insegura.
— Nunca, pequeno, nunca — Coloquei minha mão direita nas suas madeixas e deixei um selinho em sua testa. Era essa minha decisão, de levar esse garoto para casa, de lhe dar um lar, uma família, de lhe dar carinho e principalmente amor.
Mas lá no fundo ainda sinto que essa é uma das minhas piores decisões.
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