Arquivar o caso do Tangiers. Fazer a avaliação do novo recruta. Falar com o Ecklie. Começar a organizar as avaliações do pessoal. Reservar uma mesa no Venetian. Arrumar a louça quando chegar a casa… Milhões de coisas passavam pela cabeça de Greg naquele momento, e nenhuma delas envolvia os queixumes de Cameron.
—...e ela disse-me a mim para ir a tribunal! Eu não posso ir a tribunal! Eu tenho um encontro, uma vida social… — o aniversário de casamento dele e da Morgan estava a chegar, tinha que preparar algo especial… Talvez comprar-lhe um colar bonito, ou uma pulseira, ou mesmo um anel, ela era capaz de gostar. Qualquer coisa lhe ficaria bem, honestamente, por isso não era por aí; Talvez lhe comprasse uma daquelas braceletes em que se podiam adicionar pequenas missangas, e assim podia dar-lhe uma por cada momento especial que tivessem. Oh, mas todos eram especiais com a Morgan! Greg era um sortudo por tê-la, era o homem mais sortudo de Las Vegas, do mundo, do Universo! — A Lindsey podia ir, ela é tão qualificada para ir a tribunal como eu!
Por esta altura, o supervisor assistente já concordava com tudo o que Cam dizia, mais por falta de concentração do que por falta de interesse. Okay, talvez Greg não quisesse saber do que Brogan dizia, mas ele tinha demasiadas coisas na mente para se poder focar no que ele dizia. Tinha que pôr a roupa a lavar quando chegasse a casa, falar com a Catherine sobre as férias dele — e ver com a Morgan quando é que ela podia pôr férias, para poderem sincronizar, talvez pudessem fazer uma viagenzinha. Nova Iorque parecia ser bonito naquela altura do ano. Paris também parecia ser fantástico. E a Morg iria adorar ver Veneza. Podiam fazer umas compras, passear pelos canais, ver as vistas… uma pausa seria bom, honestamente. Trabalhavam demais, e embora gostasse do que fazia, era cansativo encarar a morte todos os dias sem intervalo.
— Okay, tu não estás a prestar atenção. O que se passa, Greggo? — a menção do seu nome puxou Sanders abruptamente dos seus pensamentos. Deixou de brincar com o anel dourado no seu dedo, e voltou o seu olhar para o colega.
— Hm? Sim, claro que sim, estou. É complicado, mas acho que tens que apenas atravessar isso de cabeça erguida, sabes?
Um sorriso tolo, típico de Cameron, emergiu nos seus lábios, e Greg tinha a forte sensação de que o que quer que ele fosse dizer, não era coisa boa.
— Problemas com a Loira Maravilha, Greggy?
Bem, poderia ter sido bem pior. Por isso, limitou-se a revirar os olhos.
— Não, as coisas com a Morgan estão bem — o moreno fez questão de enfatisar o nome da sua esposa, embora soubesse que o apelido que Cam lhe dava era sem maldade — Eu apenas… tenho muito para pensar, sabes?
— Ah, mano, relaxa. Olha, hoje à noite, pegamos nos outros otários, e vamos todos beber ao bar. O que dizes?
Não conseguiu conter o riso. Os planos realmente pareciam ser agradáveis, mas iam sair do trabalho às sete da manhã… Mas, técnicamente, a manhã dos outros era a noite dele. E a Morg entrava a essa hora, por isso podia passar alguns momentos com ela antes de ir embora. Sim, pareciam ser ótimos planos.
— Okay, bebemos qualquer coisa, mas depois tomamos o pequeno almoço. O pequeno almoço é a refeição mais importante do dia — Greg brincou, recebendo uma palmadinha nas costas.
— Como quiseres, Greggo. Vou avisar os outros, então.
E, dizendo isto, Cam foi embora. Vendo que finalmente iria ter algum tempo para se organizar, Greg pegou num bloco de notas para apontar as coisas que ainda precisava de fazer.
Mas o homem já devia saber, que em Las Vegas, momentos calmos são muito raros. E são mais raros ainda quando se trabalha no Laboratório.
O seu telemóvel vibrou, com uma mensagem da Cath.
“6515 S Eastern Ave, Loja de Conveniência, homicídio quádruplo. Leva a Linds e o Cam”
Uh, boa. Bem, tinha que ser.
Por coincidência, destino, ou uma cruel partida do destino, Lindsey entrava na sala de descanso naquele exato momento. Parecia cansada, e pronta para descansar. Ah, coitada, ela precisava de descansar. No entanto, ela era uma CSI, e CSI’s não descansam na Cidade do Pecado.
— Finalmente, o Cam foi-se embora. Agora posso descansar sem o ouvir a choramingar por causa do encontro dele. Finalmente posso des-
— Quatro mortos numa loja de conveniência. Temos que ir.
O olhar que apareceu no rosto de Linds misturava perfeitamente o desespero e o desapontamento que ela devia sentir. Greg sentia-se um pouco mal, mas não era culpa dele. A Lindsey lembrava-lhe dele próprio quando tinha a idade dela — a sua energia era semelhante, senão igual. Era ligeiramente poético, e uma ótima oportunidade para Sanders ser um mentor para ela, tal como o Gris e o Nick tinham sido para ele. No entanto, até os mais energéticos se esgotavam, e a arruivada estava a trabalhar há bastantes horas seguidas (apesar dos avisos da mãe), e era admirável que ainda não tivesse colapsado. Depois disso, iria certificar-se de que ela iria para casa dormir. E que tiraria uma folga. Trabalhar demasiado não ajudaria ninguém.
— Lamento, Linds, mas tem que ser. Pega nas tuas coisas, vamos lá! Vou enviar uma mensagem ao Cam para ele nos encontrar lá.
Ouviu-a soltar um lamento doloroso, o que o divertiu ligeiramente. Ela realmente devia ir para casa, e estava pronto para a mandar para lá, mas não teve tempo.
— Okay, Fósforo, vamos lá — disse ela, levantando-se do sofá — Eu escolho a música
Greg segiu-lhe o exemplo e levantou-se. Começou a sair da sala, sabendo que Lindsey estava atrás dele, e foi para o vestiário. Tirou o seu colete edo cacifo, colocando-o e endireitando-o no seu torso. A maleta prateada saiu a seguir, e quando se virou, reparou que Lindsey já estava pronta e encostada à moldura da porta, aparentemente à sua espera que ele se despachasse.
— Okay, okay. Mas tenho direito a vetar seis músicas.
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