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História Prazer (doce tortura) - O negociador - História escrita por Dreams_Hotsss - Spirit Fanfics e Histórias
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História Prazer (doce tortura) - O negociador



Capítulo 21 - O negociador


Jack

Era nove e meia quando minha mãe me acordou.

_ Bom dia! Pronta para a missa _ sua voz era alegre enquanto ela abriu as cortinas revelando muita claridade vinda do exterior _ Olha só que dia lindo!

Consegui abrir os olhos ao focalizar o rosto dela sobre mim. 

Sorri _ Eu não perderia a missa por nada neste mundo.

Claro que a cama era mais convidativa do que um ladainha interminável de um padre, por mais que ele fosse articulado. Mas eu inseri a minha família na sociedade local​, e tinha essa responsabilidade.

Além disto, eu estava acostumada a largar o meu conforto pela aventura, fosse pular de paraquedas ou participar de uma degustação de chocolates.

_ Essa é a minha garota _ sorriu orgulhosa.

Me deixou, para eu me arrumar. Tomei um banho breve. Vesti um jeans e uma blusa bonita. Será que o Asrael vai na missa? Não, eu acho que não. Ele deve dormir até a hora do almoço hoje. Não posso culpa-lo.

Havia muita gente na igreja. Dois casais me chamaram a atenção. Eles eram tão belos que não pareciam reais. Percebi que o meu pai também não tirava o olhar deles. Mas eles saíram antes do fim.

O Asrael não foi. Isso me deixou um pouco decepcionada.

_ Não pode cobrar que todos tenham a sua boa disposição, querida _ meu pai falou ao notar.

_ Eu só queria vê-lo.

_ Vá visitá-lo mais tarde.

Examinei o seu rosto, para ter certeza de que aquilo era um consentimento.

_ Posso mesmo?

_ Claro _ tocou no pingente de lobo no meu pescoço _ Acho que você pode ficar até mais tarde desta vez.

Pareceu que ele sabia o que o pingente fazia.

_ Obrigada _ me limitei em dizer. 

Depois do almoço, peguei a moto, desta vez, e fui a casa do Asrael.

Laura

_ Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? _ a voz do Kauã me surpreendeu.

Virei para vê-lo _ Fale por você. Foi você quem sumiu.

_ É que não é nada agradável ver você cercada por má companhia.

_ Eu? Pensei que fosse a minha mãe.

_ Acho que deixei bem claro que a sua mãe é passado para mim.

_ Uh! Para. Você está se complicando.

_ Não tem nada a ver, Laura. Ela mudou, você não. Você não tem a mesma essência que outros mortos vivos. Aliás, onde estão eles?

Desviei o olhar a sem saber se podia confiar. 

_ Os bombeiros apagaram uma fogueira feita com a sua casa mais cedo. Mas você já sabe disso. Foi você?

_ Tem um caçador na cidade, ele pegou a Luana enquanto fugíamos. Tem armadilhas na floresta. 

A falta de reação dele me deu a dica.

_ Você sabia.

_ Os caçadores nunca caçaram por aqui. As armadilhas, ficam na floresta, dentro das terras deles. Vocês não tinham que andar por lá. 

Se deu conta do meu estado e respirou em alto censura _ Vem comigo. 

Entrei no seu carro e seguimos  para o meio da estrada que dava para a fazenda da sua família. Ele  pegou o celular e pareceu falar com o caçador. Se referiu a Luana como amiga. Não demorou até desligar.

_ Ele nega conhece-la.

_ Certo. Me leva de volta.

_ O que você vai fazer? _ algo o alertou sobre mim.

_ Vou trocar a filha dele pela Luana. Simples assim.

_ Você está louca? Não é "simples assim". Se mexer com a família de um caçador, está declarando guerra.

_ Ele começou.

Kauã levou as mãos a cabeça e pensou até ter uma ideia.

_ Tem razão. Ele começou. Vá em frente. Mas não diga nada para a garota, ela não deve saber sobre nada disso ainda. Não tem idade para ter sido iniciada. Toma _ me entregou o seu celular _ Usa isso para falar com o Dante. Vou dizer que perdi. Mas você está sozinha _ negou, assegurando _ Boa sorte _ indicou o retorno com a mão, para que eu voltasse à pé.

Voltei para a frente da casa do namorado e esperei até ambos saírem para dar uma volta. Chegaram no castelo onde fui transformada pelo Jean Pierre. Brincavam de pega esconde quando capturei a garota. O lobisomem nos achou.

_ O que você está fazendo? _ o rapaz perguntou levantando os braços.

_ Eu preciso levá-la.

_ Me leva junto _ se ofereceu.

_ Não preciso de um herói, lobo. Só quero a minha mãe de volta.

Um barulho o distraiu e eu fugi, com a garota o mais rápido que pude.

Eu não sabia o que estava fazendo. Onde colocar a garota? Como negociar? O que dizer é como dizer? Eu não sou uma sequestradora, sou uma adiministradora​...

Andava de um lado para outro, diante do olhar da garota presa por algemas e correntes que sobreviveram ao incêndio.

Estou ferrada, pensei alto.

_ Por que está fazendo isso?

_ Por que quero a minha mãe de volta.

_ O que aconteceu com a sua mãe?

_ O seu pai a pegou e prendeu na fazenda de vocês. Eu ouvi ela gritar hoje mais cedo.

_ O que você e a sua mãe são? Digo, porque nunca vi ninguém correr tão rápido. E você é... tão bonita.

_ Somos um tipo de criatura rara que pessoas como o seu pai usam para prolongar a vida e curar suas doenças.

_ Se você sabe que pode ajudar as pessoas dessa maneira, por que não ajuda?

_ Porque ninguém nunca me pediu. O que eles fazem é tirar à força e nos matar no processo. É o que ele está fazendo com a minha mãe, neste momento. E talvez até com os meus amigos que voltaram para salva-la.

_ Se o meu pai é assim, como você diz, ele é um monstro. Não foi esse homem que eu conheci a minha vida toda.

_ Você é a filha dele e não a sua caça.

Ouvi um barulho atrás das árvores e olhei para lá, vendo o namorado da garota. Ele levantou as mãos de novo.

_ Acredito em você _ falou dando um passo para frente e parou _ Sei que aquele cara tem o perfil de um caçador. Posso te ajudar.

_ Por que vai me ajudar?

_ Por ela, e porque é o certo a ser feito. Você pode confiar em mim?

_ Não sei.

_ O meu nome é Asrael.

_ Laura.

_ O nome dela é Jack, Laura. Qual é o nome da sua mãe e dos seus amigos?

_ Luana, Jean Pierre e Andrew.

_ Certo. Onde você acha que eles estão?

_ Em baixo da fazenda. A voz da minha mãe veio do sub-solo.

_ Minha casa não tem porão _ a Jack informou.

_ Não foi, exatamente, abaixo da casa que a voz da minha mãe surgiu. Foi embaixo do solo gramado.

_ Complicado, Laura. Como posso procurar, se não sei aonde?

Peguei o telefone do Kauã do bolso e o segurei na mão, quase perdendo as esperanças.

_ Conheço esse telefone. Você conhece o Kauã?

_ Sim, ele sabe. Mas não vai ajudar.

_ Mas ele te deu isso?

_ Sim.

_ Então ele já está te ajudando. Acho que ele pensou no mesmo que eu acabei de pensar.

_ Em que?

_ Só espera, e cuida bem da Jack para mim. Volto já com a sua família.


Kauã

Deixei a Laura se ocupar com o seu plano torto. Assim eu poderia trabalhar para resolver o problema com mais eficácia. Claro que ter uma vampira a tiracolo quando você pede a ajuda de lobisomens não é uma boa ideia.

Juntei todos os lobisomens da comunidade e juntos, invadimos a fazenda do Dante. Ocupamos toda a área livre ao redor do casarão. Éramos muitos, o Dante não teve como nos ignorar.

Saiu pela porta da frente, e parou diante dos lobisomens transformados e prontos para a guerra. Apenas eu estava em forma humana, para negociar.

_ O que significa isso? _ pediu explicação.

_ Você caçou nesta cidade.

_ Entraram nas nossas terras.

_ Essa cidade e tudo dentro dela é nosso, até as suas terras.

_ Não cacei um de vocês.

_ Caçou sim. Todos dentro desta cidade são um de nós. Devolva agora ou vamos tomar de vocês _ usei o plural, quando a sua esposa se colocou ao seu lado, tentando entender o que acontecia.

Finalmente, ele entendeu​. Soltou uma salva de palavrões em tom baixo, e falou para a esposa liberta-los.

_ Todos eles? _ ela pediu confirmação e o Dante assentiu.

Minutos de suspense e apreensão seguiram até que avistamos os três vampiros da cidade, cruzando o arco da porta da frente da casa.

A Luana tinha seu vestido totalmente coberto por sangue seco. O Dante estivera trabalhando nela o dia todo, com certeza. Tirei minha jaqueta e coloquei sobre os seus ombros, rapidamente. Alguma coisa quebrou dentro de mim ao vê-la assim. Um ódio súbito pela figura daquele humano nasceu em mim.

_ Nunca mais faça isso, ou eu juro que vou fazer suco do seu corpo e beber. 

Asrael, um jovem, se aproximou de nós quando saímos da floresta e voltamos a forma humana. 

_ A Laura mandou te devolver _ me entregou o meu celular.

_ Quero falar com ela.

_ Ela está nas ruínas da fazenda.

A felicidade da Laura ao ver seus amigos e sua mãe, bem, me comoveu e me deixou orgulhoso ao mesmo tempo. Abraçou cada um deles e depois, veio até mim. Fui abraçado e agradávelmente beijado, antes de qualquer reação minha. Dentro do seu beijo, senti que era alí que eu queria estar há muito tempo e por todo tempo que me restava. 

Quando ela se afastou, lembrei que aquilo foi somente gratidão. Lembrei que nada apagaria da sua mente que eu fui da sua mãe e que, por isso, não poderia ser seu.

_ Podem ficar lá em casa, por um tempo. Vamos reconstruir a  casa de vocês _ afirmei _ Não se preocupem com o caçador. Ele foi devidamente avisado. Enquanto ficarem nesta cidade, ele não tocará em vocês.

A fazenda da minha família era imensa e os perdi de vista assim que foram alojados. Fiquei solitário mesmo tendo a Laura a metros de distância. Acho uma droga essa lealdade que os lobisomens desenvolvem pela pessoa por quem se apaixonam. É terrível conviver com isso quando não se é correspondido.


Notas Finais


❤️


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