No dia seguinte, Ranpo acordou cedo e foi fazer seu café da manhã.
Ele queria aproveitar a folga o máximo possível, embora seus planos fossem apenas assistir tv e comer os doces que estavam armazenados no armário da cozinha.
Edogawa poderia sair para passear, mas além de correr o risco de se perder, a quietude de sua casa era tudo que ele queria no momento.
Após comer seu cereal com leite no café da manhã, Ranpo escovou os dentes, arrumou a cama, o cabelo e lavou o rosto.
Ele decidiu que ficaria com o pijama verde claro, pois era mais confortável para assistir seus programas de tv.
O moreno passou algumas horas colocando as séries em dia. Ao seu lado estava um pacote vazio de chocolate jogado.
"Que tédio...." Ele reclamou consigo mesmo.
Ranpo se deitou no sofá planejando voltar a dormir quando ouviu a campainha tocar. Suas sobrancelhas franziram, já que ele não estava esperando ninguém, pois todos os seus amigos estavam trabalhando.
"Já vou" O detetive se levantou e caminhou até a porta para abri-la.
Quando a porta foi aberta, os olhos verdes de Edogawa se dilataram com surpresa e felicidade. A pessoa que estava do outro lado era Edgar Allan Poe, que trazia consigo um enorme bolo de aniversário.
"O-oi Ranpo, feliz aniversário" Poe disse dando um sorriso tímido.
"Não acredito que você lembrou!" O sorriso de Edogawa chegava em suas orelhas. "Entra" Ele deu passagem para que o garoto entrasse. "Gostou do meu pijaminha?"
"Você ficou muito fofo e adorável assim" Poe respondeu enquanto se dirigia para a cozinha para colocar o bolo em cima da mesa. "Se eu soubesse não teria me arrumado tanto" Ele sorriu nervoso.
Edgar estava com seu terno, capa e botas de sempre. O guaxinim dormia profundamente em seus ombros.
"Que isso, você tá lindo" Ranpo observou o outro corar, embora a franja pesada cobrisse grande parte de seu rosto. "Ei, como soube que eu estaria em casa hoje?" Ele reparou nisso e decidiu perguntar.
"Sei que o Fukuzawa te enxerga como um filho, então não deixaria você trabalhar no seu aniversário" O escritor começou a explicar seus pensamentos "E eu também sei que você não é de sair muito, então logo estaria em casa" Um sorriso triunfante passou rapidamente pelo rosto dele.
"Essa foi uma ótima dedução, não é a toa que seus livros de detetives são os melhores" Ranpo piscou um dos olhos verdes para o outro.
"Você leu eles?" Poe perguntou inseguro.
"Claro, li todos, estavam excelentes" Edogawa caminhou até a gaveta para pegar dois garfos e uma faca.
"Ah, muito obrigado mesmo" Edgar inclinou um pouco a cabeça para que seu cabelo cobrisse mais o rosto que estava ficando vermelho.
"Pode se sentar" O detetive observou que o outro ainda permanecia de pé "Só vou terminar de pegar essas coisas" Ele colocou dois copos e uma garrafa de refrigerante na mesa, agora só faltava os pratos.
Ranpo se agachou e pegou um pequeno banco que estava embaixo de um armário para subir e pegar o que estava guardado mais pra cima.
Poe, observando tudo isso, resolveu ajudar.
"Deixa que eu pego pra você" Ele se levantou e ficou ao lado do mais baixo para pegar os pratos.
"Deve ser muito bom namorar alguém alto para pegar todas as coisas pra você" Ranpo disse descendo do banco e o guardando.
Poe virou de costas e colocou os pratos na mesa enquanto fingia que não tinha entendido a indireta. Ele tirou duas velas do bolso, uma com o número 2 e outra com 7 "Agora vou cantar parab-"
Ele parou de falar quando viu que Edogawa já cortava um pedaço do bolo.
"Ah, você ia acender as velas?" Ele perguntou meio sem jeito, enquanto colocava a fatia no prato. "Vamos pular essas coisas e comer logo"
"Tem razão" Edgar guardou de volta as velas e estendeu a mão para pegar a faca, mas parou quando sentiu que Ranpo segurava seu braço para impedi-lo.
"Não precisa cortar, esse pedaço já é seu" Ele colocou o prato na frente do escritor.
"Você vai mesmo me dar o primeiro pedaço? Eu achei que você iria comer" Os olhos de Edgar estavam brilhando, embora não fosse possível ver isso. Mas Ranpo queria ver pelo menos uma vez a emoção que aquela franja escondia.
Ele se aproximou de Poe e gentilmente afastou um pouco do cabelo ondulado castanho escuro que ocultava parte de seu rosto.
Os olhos verdes de Edogawa agora encaravam diretamente os olhos acinzentados de Poe, apreciando como eles pareciam dilatados. Eles tinham se esquecido completamente do bolo.
"Seus olhos são tão lindos" O detetive acariciava o cabelo do outro enquanto o afastava. "Por que fica escondendo eles?"
"N-não sei, me sinto melhor assim" Edgar estava nervoso com a aproximação repentina.
"Você parece um emo assim" A observação de Ranpo fez ambos rirem.
"Mas você também esconde os olhos na maioria das vezes" Poe rebateu.
"É diferente, eles são naturalmente fechados!" O detetive protestou, e eles riram de novo.
O olhar do detetive agora era direcionado para os lábios do outro, ele queria saber como era a sensação de ter aqueles lábios junto aos seus.
O rosto de Ranpo estava lentamente se aproximando da boca Poe, eles se beijariam se não fossem interrompidos pelo barulho vindo de um animal.
Karl, que até o momento estava dormindo, havia acordado e parecia faminto enquanto olhava para o bolo.
"Você tá com fome?" Edgar tirou o guaxinim dos ombros e o colocou no colo enquanto se sentava. Ele começou a comer o bolo e de vez em quando dava pequenos pedaços para Karl.
Ranpo também se sentou, fazendo questão de juntar sua cadeira com o escritor. Ele cortou mais um pedaço para si e apreciou como a massa, o recheio e a cobertura estavam bons. Edogawa também daria alguns pedaços para o guaxinim, mas estava irritado pelo interrupção feita pelo bicho, então não o fez.
"O Karl não poderia ter acordado mais tarde?" Ranpo reclamou.
"Ele sempre acorda nesse horário" Respondeu o outro inocentemente "Quer fazer carinho?"
O escritor passou o animal de seu colo para o colo do detetive.
Edogawa lentamente parou de comer para passar a mão gentilmente no pelo macio do guaxinim, que felizmente parecia ser bem tranquilo.
"Ele é muito fofo" Ele sorriu devolvendo Karl para o colo de seu dono. Sua raiva com o animal havia passado.
Ambos voltaram a comer o bolo, ficando em silêncio por um tempo, até eles não aguentarem mais nem olhar para o doce.
"Quer assistir desenho animado agora?" Perguntou o aniversariante se dirigindo para sala.
"Claro" Poe riu ao ver o quanto Ranpo era infantil, no bom sentido. Ele se apressou para segui-lo enquanto segurava Karl.
Eles se sentaram no sofá e Edogawa voltou a ligar a televisão.
"Quer comer mais alguma coisa? Ou beber?" O dono da casa ofereceu.
"Não aguento mais comer nem beber nada, e acho que você também não" Poe respondeu olhando para detetive, vendo como as cores da televisão refletiam em seus olhos.
"Vou pegar só uma bala" Ranpo levantou, foi até a cozinha e voltou com a bala na boca. "Certeza que não quer?" Ele perguntou antes de sentar.
"Huum, é bala de que?" A pergunta do escritor fez o detetive refletir, já que ele tinha pegado tão rápido que nem reparou no sabor que dizia na embalagem. Pelo gosto parecia ser uma bala de morando, mas Ranpo não daria a resposta assim tão facilmente.
Ele sentou ao lado de Poe, e o beijou repentinamente, enquanto usava suas duas mãos para segurar o rosto do outro. A sensação que eles tiveram era extremamente boa, ainda mais quando Edgar deslizou as mãos pelo cabelo liso do mais baixo. Depois de um tempo, Edogawa se afastou e observou a expressão de completa surpresa do escritor. "Então, que sabor você acha que é?" Ele ergueu uma de suas sobrancelhas em uma expressão convencida, embora sua respiração estivesse pesada.
"M-morango?" Edgar chutou, já que a bala foi a última coisa que ele reparou no beijo.
"Está certo! Então, vai querer?" Ranpo provocava o outro ainda mais com um sorriso de canto.
"N-não quero, senta aqui e vamos assistir" Seus olhos cinzas voltaram a encarar a tv, ainda em choque.
Quando o detetive se sentou, foi surpreendido pela sensação de algo em seu ombro.
Poe tinha apoiado a cabeça ali, e Edogawa aproveitou para mexer no cabelo ondulado.
Para Ranpo esse era o melhor presente de aniversário que ele poderia ganhar.
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