Pela primeira vez em muito tempo, Draco dormiu bem. Mesmo acordando com um forte enjoo o atingindo, ainda estava feliz. Ele se levantou, se esticando no processo. Esperava conseguir comer sem botar tudo para fora.
Andou até a cozinha, fazendo uma careta ao ver a bagunça que Pansy havia deixado.
A mulher realmente precisava aprender a guardar as próprias coisas. Blaise era como um servo, guardava as coisas pra ela sem nem pensar.
Aquilo sim era paixão.
Achava o relacionamento dos amigos muito bonitinho, e esperava que pudesse ter um romance tão belo quanto, com Harry.
Se eles realmente terminassem juntos, não podia se esquecer do fato de que seria padrasto de um menino de 10 anos.
Só esperava que o filho de Potter não o odiasse por namorar seu pai. Ou pelo fato de carregar outro filho do moreno.
Ao pensar tanto em filhos, se lembrou dos próprios pais. Já tinha desistido de Lucius fazia tempo, mas... Sentia falta de sua mãe. Narcisa tinha sido contra ele ser expulso de casa, mas Lucius estava fora de si, estando até violento. Só esperava que sua mãe estivesse bem.
Ficou meio emotivo ao lembrar da mulher, e como ela protegia ele dos pavões da mansão, que só pareciam gostar de seu pai. A própria loira não tolerava as aves. Podiam ser elegantes, mas era estupidamente barulhentas quando queriam, e sua mãe sempre gostou de silêncio.
Fungou, secando os olhos, sentindo saudades da mulher.
Se distraiu de seus pensamentos tristes ao ouvir seu telefone apitar. Foi até o aparelhos, vendo a mensagem que tinha recebido de Potter.
"Harry: Tem problema levar o James? Ele não tem escola hoje, e não queria deixar ele sozinho. Ginny se recusa a falar comigo."
Suspirou, esperando que o garotinho não odiasse ele e fizesse o almoço ficar estranho.
"Você: Sem problemas. Pelo menos a gente se conhece de uma vez."
"Harry: Obrigado, lindo. Daqui a pouco de vejo."
Acabou sorrindo para si mesmo. Elogios e apelidos carinhosos faziam o coração dele ficar todo esquisito, palpitando e fazendo seu peito se aquecer por completo.
Deixou para lá a ideia de tomar café. Provavelmente só iria colocar tudo para fora de qualquer jeito. Correu até o banheiro, animado para rever o namorado.
- Eu tenho um namorado!- Falou para si mesmo, sorrindo como um tolo.
[...]
Harry olhava meio sem graça na direção do filho, que já estava arrumado, sentado no sofá e observando a TV. Não tinha ideia de como explicar toda aquela situação para James. Principalmente pela gravidez.
Ele era um garoto muito inteligente, mas ainda não deixava de ser uma criança de 10 anos.
- Está pronto para ir, James?
- Uhum.- Ele desligou a TV, se levantando e olhando para o próprio pai, ficando meio confuso quando o homem não se mexeu.
- Tá tudo bem, papai?- Perguntou, ainda encarando o pai.
- Tá sim, amor. É... que eu tenho que explicar uma coisa sobre esse "amigo" do papai que a gente vai ver.
- Okay?
- Uh... Na verdade esse homem é meu namorado.
Os dois ficaram em silêncio.
- Foi por isso que você se separou da mamãe?
- Não, Jamie. Foi por outra coisa. Nós não nos amávamos. Mas eu amo ele, então seria muito importante pra mim se vocês se conhecessem.
- Tem certeza, papai? E se ele não gostar de mim?
- Tenho certeza que ele vai te amar. É impossível não amar você. - Harry bagunçou os cabelos do filho, que sorriu com o contato.
- Então vamos? Eu estou com fome.
- Claro.
O menino estava acostumado a andar de carro, logo colocando o cinto no banco traseiro, se ajeitando ao ver o pai ligar o automóvel.
O trajeto foi bem silencioso, nenhum dos dois conversando, apenas escutando a música que tocava baixinho no rádio.
- Então, James, só uma coisa... Não fala pra ninguém sobre o namorado do papai, okay? Eu ainda preciso falar sobre com seus tios.
- Tudo bem. Acha que eles vão ficar bravos?
O moreno suspirou pesadamente, segurando com mais força no volante.
- Talvez fiquem. Eu espero que não, mas conhecendo seu tio....
- Desde que ele seja legal, talvez não se importem tanto!
- É. Verdade. - Ele fingiu tranquilidade, sabendo muito bem o problema que seria quando contasse para seus amigos que ele estava com Draco.
Ou sobre o bebê.
Apenas Harry saiu do carro quando chegaram na frente do prédio que o loiro morava.
O moreno mandou uma mensagem, alertando o namorado que tinha chegado, e não demorou mais do que um minuto para Draco aparecer. Estava todo arrumado, tirando um sorriso pequeno de Potter, que não soube lidar com a beleza do homem.
- Oi, Draco.- Falou apertando o outro em um abraço carinhoso, antes de o dar um beijo curto, porém apaixonado.
- Oi. Cadê o mini Potter?- Ele perguntou, sentindo uma certa ansiedade.
- Dentro do carro.- Harry falou com um sorriso pequeno.- Ele já sabe do namoro, e tá tranquilo. Não precisa se preocupar.
Malfoy olhou para a janela do carro, vendo um garoto que se parecia muito com Potter, a única exceção mais importante sendo a cor dos olhos, que eram castanhos e não verdes.
O loiro acenou, recebendo um aceno de volta do menino. Isso era um bom sinal, pelo menos.
- Vamos? Tenho certeza que você deve estar com o apetite maior agora.
- Mais ou menos. Seu filho parece gostar de me deixar com mais náusea do que tudo.- Ele brincou, finalmente entrando no carro.
James não escutou nada da conversa, sem ter ideia de que teria um meio-irmão ou irmã.
- Oi, James. Prazer em te conhecer.
- Oi. Qual é o seu nome?
- É Draco.
- Nome legal.- Ele sentiu um baita alívio ao ver que a criança realmente não parecia se importar. Isso fez ele pensar que tipo de relacionamento o moreno tinha com Weasley para o garoto estar tão tranquilo com o divórcio.
Devia ser algo bem estranho...
(Não mais estranho do que o casamento dos pais dele.)
[...]
O restaurante em que estavam era muito bonito, mas nada muito luxuoso. Lugares chiques demais deixavam Harry ansioso, se sentia julgado e observado. Viu que o namorado pareceu gostar do lugar, o que foi um alívio.
James, enquanto isso, estava pouco se importando com tudo. Só queria comer logo.
- Eles estão fazendo conselho de classe.
- Vou ficar sabendo se você está aprontando ou não, logo logo.- Potter brincou, vendo o filho mexer com os guardanapos, tentando se distrair.
- Eu durmo na aula. Só isso.
- Seu pai vivia se metendo em problemas. Dormir é tranquilo.
- Draco!
O loiro deu de ombros, um sorriso ainda firme em seus lábios.
- Você estudou com o meu pai?- James perguntou se ajeitando na cadeira, apoiando o rosto nas mãos.
- Estudei sim. Ele vivia em confusão. - Seu comentário fez o garoto rir, tirando um olhar descrente do moreno.
- Você também não era santo!
- Me metia em problemas bem menos que você.
James viu os dois conversando com sorrisos estampados em seus rostos, e foi ali que ele viu a diferença. Seu pai não parecia feliz quando conversava com sua mãe. Mas com aquele homem loiro? O mundo parecia mais colorido.
Talvez ele fosse gostar mais facilmente daquele homem do que tinha esperado. O importante para ele, é que seu pai estivesse feliz.
- Você também tem um filho?- O garoto perguntou enquanto dava alguns goles em seu copo de suco. Não notou o jeito nervoso que o casal ficou com aquela pergunta.
- Não... Não tenho.- Ele riu falsamente, colocando a mão esquerda sobre a barriga discretamente.
Harry notou como o loiro só pediu um prato vegetariano, provavelmente por conta dos enjoos. Sentia pelo outro, não devia ser gostoso. Enquanto James estava distraído, fazendo dobraduras com os guardanapos, o moreno segurou uma das mãos de Draco, o dando um beijo na bochecha logo em seguida.
- Já foi em um medi-bruxo ver como está a gravidez?
- Ainda não. Queria te contar antes.
- Posso ir junto?
- Você não tem trabalho?
- Pode ser quando eu estiver de folga e o James estiver com a Ginny.
- Tudo bem.- Malfoy deu de ombros, por mais que estivesse extremamente feliz por dentro.
Harry se sentiu realizado ao ver como estava comendo com pessoas que faziam ele se sentir bem. Estava perfeito. Até mesmo seu namorado, que tinha reclamado baixinho sobre enjoo, estava comendo tranquilo.
Não via a hora de poder segurar aquele bebê no colo. Sabia que aquela criança traria conflitos em sua vida... Mas iria lidar com os tais conflitos.
Sua vida nunca foi fácil, e não desistiria de Draco e o filho deles por isso.
Só esperava que James gostasse da ideia de ser irmão mais velho...
- E seus amigos? Estão tranquilos com tudo?
- Estão. Quer dizer, o Blaise ainda tá te ameaçando de morte caso você me machuque, mas tirando isso, estão tranquilos.
Harry olhou surpreso para o loiro, não esperando ouvir aquilo, e de uma forma tão casual também.
- Eu nunca te machucaria.
- Fala isso pra ele.- Draco riu.- Eles são bem protetores comigo, vai se acostumando.
Harry não achava isso completamente ruim. Era bom saber que haviam pessoas que se importavam com o bem-estar do namorado, principalmente porque nem sequer moravam juntos, mas... Gostaria de não morrer pelas mãos de Zabini.
Deixou a preocupação sobre aquilo de lado, sorrindo ao ver James entregar uma das dobraduras para Draco.
- É um presente. - O garoto falou, dando o passarinho de papel para Malfoy. O loiro riu, lembrando de como provocava Potter com seus pássaros de papel.
- Muito obrigado, James.
O menino sorriu, fazendo Draco se sentir tranquilo. Só esperava que aquele carinho todo por parte do garoto continuasse mesmo após revelarem sobre a gravidez.
[...]
Após o almoço, eles não ficaram muito mais tempo na rua, mesmo que o casal quisesse ficar junto. Afinal, Harry tinha que voltar ao trabalho, e James iria para a casa dos avós. Draco também teria que se ajeitar para ir à boate durante a noite, isso se o enjoo passasse.
Potter o deixou na frente do apartamento, dando um beijo em sua boca.
- Te vejo?
- Claro.
- Qualquer coisa me liga, okay?
Malfoy assentiu, roubando um último beijo do moreno antes de sair do carro, tendo um sorrisinho contente no rosto.
Malfoy subiu as escadas do prédio de 5 andares, indo até o próprio apartamento. Achou estranho ao ver que a porta já estava destrancada quando colocou a chave. Blaise e Pansy não almoçavam em casa, e ainda estavam no trabalho....
Ele deu de ombros, decidindo que provavelmente um deles só havia voltado mais cedo ou coisa do tipo. Mas, para a surpresa do jovem Veela, ele tinha errado.
Levou um baita susto ao abrir a porta e avistar uma figura de cabelos loiros sentada no sofá da pequena sala.
- Mãe..?- Falou hesitante, fechando a porta atrás de si. Após falar aquilo, a atenção da mulher foi chamada, fazendo olhar na direção da voz. Assim que Narcissa viu Draco na frente da porta, ela se levantou com tudo, abrindo um sorriso alegre.
- Draco! Meu querido.- Ela foi até si, o apertando em um abraço carinhoso logo em seguida.
- O que a senhora está fazendo aqui? Cadê o meu pai?
- Foda-se seu pai, Draco.- Ela falou, surpreendendo o jovem loiro.- Me divorciei. Não estava mais aguentando ficar com medo dentro da minha casa. Como eu pude deixar você ir embora...? Você não tem ideia de quanto eu senti sua falta. - Ela segurou o rosto do filho, que não sabia se ria ou chorava.
Ele estava com muitas saudades dela.
- Mas... Como você me achou?
- Tenho minhas fontes. Meu menino, que lugar terrível que você se meteu...
- É o que eu consegui. Eu moro com a Pansy e o Blaise, também.
- E como eles estão?
- Casados. E bem felizes.
- Pelo menos eles.- Ela suspirou, ainda fazendo carinho no rosto do filho.
- Você tá diferente. Fez alguma coisa no seu rosto? Tá muito bonito.
- Não....
Narcissa levantou uma das sobrancelhas, deixando claro que não acreditava no filho. Ela conhecia ele muito bem, e notava de longe quando Draco estava mentindo.
- Tudo bem... Mas a senhora não pode brigar comigo. Eu sou um adulto.
- Fala logo.- Ela cruzou os braços, olhando com toda a atenção para o filho.
- Sabe que homens Veela podem engravidar, né? Então...
- Por Merlin.- A mulher falou, cobrindo a testa em surpresa.- Filho, eu sou nova demais pra ser avó!
- Nem tanto-
- Fala da minha idade e eu faço seu cabelo ficar verde pelos próximos três dias.
Ele fechou a boca, vendo que seu comentário não foi nada apreciado pela mãe.
Ela o abraçou mais uma vez, colocando a mão esquerda sobre a barriga do filho.
- Me diz que foi de um homem rico.
Draco começou a rir, fazendo Narcissa cair no riso junto. Ela tinha falado sério, mas admitia que havia sido um pouco cômico.
- Foi. Bem rico.
Ela suspirou de alívio.
- Pelo menos isso. A única coisa que fazia eu odiar menos o meu casamento era o dinheiro. Mas você gosta dele?
- Eu amo ele.
Narcissa sorriu de leve, parecendo pensativa ao escutar aquilo.
- Ótimo. Isso é ótimo, meu amor. Como você se bancou por todo esse tempo.
- Bem... Virei dançarino.- Ele deu um sorriso sem graça, com um pouco de vergonha de contar tudo o que ele fazia pra arrumar dinheiro.
- Dançarino? Tipo Ballet? Eu amo esse tipo de dança. - Ela falou inocente, mas ficou calada ao notar a expressão do filho.
- Não. Dançarino tipo... Stripper.
Ela abriu a boca de surpresa, vendo o mais novo corar um pouco.
- Stripper?! Eu mato seu pai! Ah, aquele maldito! Eu falei, falei que ele não podia te chutar para fora de casa e pegar seu dinheiro. Eu juro que volto naquela mansão e mato ele!- Ela gritou irritada, suas bochechas ficando até meio vermelhas.
- Mãe, se acalma!
- Como quer que eu me acalme?! Esse tipo de trabalho é perigoso. Pessoas te tocando sem mais nem menos! Ah, se eu mato aquele homem! Tem sorte de estar internado, senão eu dava um jeito nele.
- O que? Internado?
- Seu pai perdeu a cabeça completamente depois da guerra, filho. E bem, eu já queria me divorciar, ele estava violento. Então a Evelyn me ajudou.
- Evelyn? Tipo, a mãe do Blaise? Por que vocês estavam juntas?
- Então.... Também tenho novidades para te contar, filho.
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