O príncipe empurrou-me aos poucos até o piano, me fazendo sentar sobre ele. No impulso do momento, abri minhas pernas e o encaixei sobre elas, fazendo Legolas se acomodar em meu corpo sem ao menos soltar meus lábios por um segundo sequer. O fôlego foi se perdendo aos poucos enquanto deixava-me levar por ele, pelo beijo dele, pelo toque macio de suas mãos que passeavam em meu pescoço e segurara meus cabelos. Inexplicavelmente todos os meus sentidos se entregara a ele e eu não queria soltá-lo, apenas continuar com aquilo sem pensar no que estava fazendo de fato, me entregando ao momento e a sensação quente que seu beijo me provocara.
As mãos de Legolas apertaram minha cintura com firmeza, forçando nossos corpos a se atritarem um pouco mais enquanto seus lábios dançavam nos meus rápidos e desejosos, e indo cada vez mais fundo, de uma forma que nunca senti igual. Ele era bom naquilo, e não poderia dizer sequer que nunca havia beijado uma mulher em toda a sua vida pois, por mais tímido que parecesse diante as garotas e me afirmar que não, naquele momento Legolas se soltava e me tomava em seus braços com desejo brutal e seu corpo em chamas.
Senti meu corpo arder junto ao dele. O meio de minhas pernas esquentava-se e pulsava tanto quanto meu coração, de uma forma que nunca imaginei que existisse. No momento em que o senti se esfregar em mim, senti uma vontade quase incontrolável de tirar toda a nossa roupa ali mesmo e continuar me deleitando em seu corpo quente, alvo e nu.
"O que estou pensando? Não está certo, eu não posso ceder assim..."
Comecei a recuperar a consciência aos poucos, apesar da distração da língua dele passeando e descobrindo minha boca. Eu não podia ceder ao príncipe daquela forma e naquele lugar, eu não estava preparada para ter um relacionamento do tipo com ele, mesmo sabendo que poderia me possuir a qualquer momento por causa das regras, eu deveria revidar. Afinal, era meu corpo e eu deveria poupá-lo, apesar dele praticamente me implorar para sucumbir aquele desejo insano que subitamente senti pelo príncipe.
Legolas deixou minha boca e seus lábios desceram lentos e molhados por meu pescoço, me causando arrepios intensos e suspiros um tanto altos. Apesar de minha mente gritar para mim o quanto aquilo estava errado, eu queria sentir mais. Aquele príncipe me deixava irracional aos poucos, fazendo a briga entre meu corpo e minha mente se intensificar.
Ele mordia e beijava entre minha orelha e meu colo, fazendo subidas e descidas com a sua língua, me deixando um pouco molhada e completamente arrepiada, quase me fazendo esquecer que a qualquer momento alguém entraria ali e poderia nos pegar de surpresa – Thranduil, talvez.
– Pare. – pedi a ele com uma força de vontade quase inexistente já, mas minha voz falhou quando o senti morder e sugar meu pescoço com força. Apesar de minha mente dizer não inúmeras vezes para mim, todo o meu corpo pedia por mais e o respondia cheio de luxúria. Eu podia sentir o volume entre suas grossas vestes latejar contra o meu sexo violentamente e me despertei antes que fôssemos mais longe.
"Preciso recuperar o controle."
– Pare, alteza. – disse, dessa vez sem falhar, juntando toda a força que tinha e empurrando Legolas para o mais longe possível.
Legolas encarou-me atordoado e tentou recuperar os sentidos. Inspirou o ar o mais devagar possível, e o expirou com cuidado, procurando não olhar para mim para esconder o quanto estava envergonhado naquele momento.
Desci do piano quando percebi que ele não tentaria mais me agarrar e ajeitei meu vestido, agora totalmente amassado pelo corpo de Legolas. Percebi que suas alças estavam abaixadas e mais um pouco ele teria acesso a meus seios. Tentei me livrar um pouco da mistura de suor e saliva que estava por todo o meu pescoço e colo, até perceber que haviam algumas manchinhas ali de mordida e algo mais. Como eu sairia do salão depois disso, eu não sabia dizer.
– Perdoe-me. – Legolas pediu momentos depois envergonhado, tentando recuperar-se por completo dos minutos de loucura que se passaram entre nós. – Me sinto imensamente constrangido por tê-la submetido a tais atos de loucura sem seu consentimento.
Tive vontade de rir de seus modos e da maneira em que ele parecia totalmente envergonhado, mas guardei para mim. Não foi nada ruim, afinal, e eu quis tanto quanto ele.
– Tudo bem. – respondi abafando o sorriso que formava em meu rosto. – Eu me deixei levar, não foi totalmente culpa sua.
Légolas encarou-me e sorriu. Parecia aliviado por eu não dar uma bronca nele depois de tudo.
– Realmente você se deixou levar. – O príncipe disse, sua voz soando sexy, parecendo querer me provocar. – Você queria me beijar também.
– Eu não. – Respondi fechando a cara e cruzando os braços. Claro que não tinha sido nada ruim, mas eu não queria beijá-lo de fato. Minha consciência estava fragilizada. Foi um impulso, coisa de momento.
– Então poderia ter mordido meus lábios em protesto. - ele murmurou.
– Eu não queria ser rude. – inventei uma desculpa qualquer. – Eu sei que sou completamente grossa com você, então é uma maneira de compensar minha estupidez.
– Me deixar te beijar foi uma espécie de desculpa? – Legolas ficou confuso, e percebi que eu era realmente muito ruim com explicações esfarrapadas.
– De certa forma, eu apenas aceitei o que você fez. Então, é mesmo como... um pedido de desculpas por ser tão grosseira às vezes. Não passa disso. - afirmei com veemência.
O sorriso de Legolas sumiu de seu rosto após minhas palavras grotescas. Eu não queria magoá-lo dizendo isso, mas como dizer para ele que foi maravilhoso, sedutor, envolvente e me fez querer arrancar-lhe as vestes, e que ao mesmo tempo não queria que continuasse por não estar interessada nele? Não era boa com palavras. Isso seria muito pior do que as desculpas que dei.
– Obrigado então. – O príncipe disse ruborizado e visivelmente magoado, e se virou para sair do salão, me deixando só.
Como eu era estúpida! Não queria que Legolas tivesse a impressão que eu estava fazendo um favor a ele deixando-o me beijar. Mas porque ele fez isso? Com tantas garotas no castelo, ele escolheu logo à mim para beijá-lo pela primeira vez.
E aquilo não fora apenas um beijo qualquer. Pude senti-lo quase dentro de mim, e sabia que chegaríamos a algo assim se permitisse.
Foi, de fato, o seu primeiro beijo? No fundo, achava aqueles beijos desejosos e ardentes demais para ser sua primeira vez, apesar de Legolas não precisar mentir algo assim. Não era vantagem dizer que nunca havia beijado alguém, e não me senti mais atraída por ele, ou tentada a ser a primeira.
"Será? Se alguém lhe escolhe para ser a primeira de sua vida, você não se sentiria especial?"
Dúvidas pairavam em minha mente. Que Legolas se sentia atraído por mim eu já havia imaginado. Mas gostaria muito que, se ele realmente sente algo além, que venha me contar.
Se ele gosta de mim, por que simplesmente não me diz? Será que tem medo da minha resposta?
E qual seria minha resposta se ele me dissesse que me escolhe dentre todas as outras para ser sua noiva? Qual seria minha resposta se ele me dissesse que me ama, e que me quer ao seu lado como sua mulher?
Certamente diria que ele estava louco. Eu não sou a garota perfeita para ele e tinha plena consciência disso. Não sirvo para ser princesa da floresta, nem pra acompanhá-lo nessa vida cheia de pompa que o rei Thranduil impõe sobre seu filho.
Mas e se eu concordasse em ficar com ele? Tenho motivos suficientes para nunca querer tal coisa, mas tantos outros que descobri recentemente que me fariam ficar.
Sentei-me outra vez diante o piano. Aquele instrumento magnífico agora representava para mim mais do que as tardes de música ao lado do rei.
Por um momento de pura lascívia, havia deixado me levar pelo desejo que senti pelo príncipe. E como aquilo foi prazeroso! Por mais que eu não gostasse, deveria admitir o quanto sua loucura mexeu comigo. Meu corpo ainda estava aceso, pulsando e desejando-o para si.
Saí do salão às pressas, sem sequer olhar para os lados pra ver se alguém reparava no modo que eu estava. Meus cabelos estavam, provavelmente, desgrenhados e minha roupa bagunçada. Meu colo vermelho e cheio de hematomas roxos no pescoço.
Entrei em meu quarto, e antes mesmo de Ang e Vell perguntarem algo, tirei meu vestido e toda a roupa de baixo e entrei na banheira com água e sais que já me esperava naquele fim de tarde. Mergulhei minha cabeça por completo, sentindo meus cabelos umedecerem e todo o meu corpo esfriar de uma excitação completamente nova para mim. Aquilo foi aliviador, e um tanto desestressante.
Quando voltei com a cabeça para a superfície, minhas criadas fitavam-me assustadas e cheias de perguntas no olhar.
– Eu beijei o príncipe. – disse, antes mesmo de uma delas me perguntar. – Eu não devia ter feito isso!
Ang e Vell sorriram, e minha vontade era de arrancar seus lábios e puxar seus cabelos. A situação não era engraçada, e eu não estava a fim de comemorações por parte delas.
– E como foi? – Ang perguntou com os olhos brilhando. Parecia vidrada com a notícia, pois sempre torceu para que eu deixasse de lado meu orgulho em participar dessa seleção, e disputasse o coração de Legolas como todas as outras.
Mergulhei outra vez na banheira e voltei. A água cumpria a função de me esfriar o corpo, que tomava arrepios de tempos em tempos ao lembrar de tudo.
– Foi inexplicavelmente bom. – confessei, tentando não esboçar qualquer emoção, mas falhando miseravelmente.
As elfas sorriram e me deixaram constrangida. Senti meu rosto arder de vergonha, mas tinha de confessar que havia sido de fato, algo incrível.
– Então vocês estão juntos agora? - Vell perguntou, curiosa e cheia de emoção pelos novos acontecimentos.
– Não! Claro que não. Somos amigos ainda, nada mudou.
Minhas criadas não acreditaram no que eu disse. Por um momento realmente pareceu ridículo.
– Não pode estar falando sério. Quer dizer, ele é apaixonado pela senhorita, está mais do que claro. Não brinque assim com os sentimentos dos outros! – Ang dava-me uma bronca. – Ele pode entristecer-se, pode não acreditar mais no amor.
– Acho que a senhorita deveria pensar no que fez. Realmente não gosta do príncipe? Então porque o beijou? - Vell perguntou, reprovando minha atitude.
– Porque eu fui tentada! Legolas é bonito e perfeito demais, ele soube como me seduzir, como chegar ao ponto que ele queria. Céus, nós quase... – disse, me retendo um pouco.
– Me perdoe, senhorita. – Vell continuou, e me contive em contar sobre meu desejo de tê-lo naquele momento para elas. – Mas vossa alteza jamais namorou alguém, como pode dizer que ele sabe seduzir? Você é a única, que nós sabemos, que já teve algo do tipo com ele.
– Como podem ter certeza? Légolas é relativamente bom pra ter beijado uma pessoa só em toda a sua vida! Ele já deve ter tido muitas em sua vida, certeza que sim. – comentei, e mostrei às minhas criadas as marcas que ainda estavam perto do meu colo e pela extensão do pescoço.
Ang e Vell olharam para as marcas de boca aberta, entreolharam-se e sorriram sonhadoras logo em seguida. Só elas mesmas pra achar a situação tão engraçada assim.
– Porque elfos se apaixonam uma vez em toda a sua vida. – Vell disse, ainda sorrindo e notando em meus olhos o baque daquela informação.
– Como é? O que quer dizer com uma vez na vida?
– Quer dizer que, se Legolas determinou dentro de si que é você, é você. Ele te amará pelo resto de sua longa vida, mesmo que se case com outra pessoa. Não haverá ninguém na terra que o faça te esquecer, por mais que ele tente. Há uma alma gêmea para todos aqui, e se ele achar que a dele é você, ele permanecerá apaixonado pela senhorita, não importa o que faça.
– Isso é um absurdo! Como podem ser assim tão complicados? Não é possível, então, que eu seja a primeira por quem ele se apaixonou. Ele é velho, teve muitas elfas e mulheres para conquistá-lo durante sua vida e suas viagens. Como ele pode não se apaixonar por ninguém durante? Não! Isso só pode ser mentira.
Ang olhava-me como se eu fosse tola, e parecia sentir certa dó do meu desespero.
– O príncipe nunca teve ninguém. – Ang disse convincente. – Eu sou a mais velha das criadas, e quando Légolas perdeu a mãe, eu ajudei a criá-lo e acompanhei de longe sua vida, minha querida e bela Luz. Eu o conheço bem, e posso afirmar: ele não se apaixonou por ninguém ainda, mesmo que alguém já possa ter o encantado. A sua vida se resumiu a treinamento de combate, guerras, batalhas e em ser o príncipe de Mirkwood.
– Mas e a garota que ele tentou beijar há uns anos atrás? – perguntei, recordando-me do que o príncipe havia me confessado semanas antes.
– Tauriel? É, eles eram muito amigos. E como o príncipe nunca havia se apaixonado, cogitou casar-se com ela, já que a relação dos dois parecia ser muito especial. Mas Tauriel se apaixonou por Kili, o anão, sobrinho de Thorin e futuro herdeiro de Erebor. Tauriel fez sua escolha, mas Kili morreu na Batalha dos Cinco Exércitos. E, desde aquele momento, ela nunca mais o esqueceu. O anão é o amor dela, e ninguém tira isso. Nem mesmo Legolas, que até tentou casar-se com ela, vendo o quanto sua amiga sofria. Mas em vão. Então Tauriel partiu para Rivendell por uns tempos, e foi abrigada por Elrond para aprender táticas de curandeirismo, como era seu desejo há algum tempo. Conheço Tauriel tanto quanto Legolas, ela, sem dúvida alguma, foi a melhor chefe de guarda que esse reino já teve.
– Então a história da elfa e do anão é real? – perguntei incrédula, e tentando imaginar como seria a vida de casados entre os dois.
– Se acha que não pode haver amor entre um homem e um elfo, está muito enganada. Há elfos que preferem viver esse amor, por mais que dure pouco tempo, do que permanecer sozinho pelo resto de sua vida. – Vell ia dizendo enquanto ajudava-me a sair da banheira.
– Não que ache que amor entre as raças não exista, mas é triste ver alguém perder o amor de sua vida tão cedo assim. Sou humana, e o máximo que conseguiria ao seu lado são cem anos.
– Ou ele pode escolher uma vida mortal ao seu lado. – Ang respondeu, como se eu cogitasse deixar Legolas fazer uma loucura dessas só para ficar ao meu lado.
– Eu não permitiria isso! Legolas tem um reino para cuidar, não vou tirar sua vida dessa forma!
Minhas criadas suspiraram. Se por um lado eu defendia que não deveria ficar com Legolas por questões óbvias, por outro elas insistiam que sim pelo suposto amor que ele sentia.
– De qualquer forma, a senhorita deve conversar com ele. Essa noite, se possível. Tente entender o que ele sente por você, e se caso for amor... – Ang sorriu sob a perspectiva. – Então pode ser tarde demais. Ele pode até escolher outra, mas será infeliz pro resto de sua vida.
Assenti com a cabeça. Eu procuraria Legolas o mais rápido que pudesse para esclarecer as coisas. Tinha plena certeza que ele não havia cometido a loucura de entregar seu coração a mim de imediato, e eu pediria que não o fizesse.
Não poderia ser a responsável por essa loucura.
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