Capítulo 1
A prisão
Tudo era frio. As barras de ferro enferrujado, deixavam todo o lugar com um odor metálico e gélido, com certeza não era o melhor lugar do mundo. O chão maciço, com um piso acinzentado de mármore, esfriava o corpo do ômega, que estava desacordado em um canto qualquer da cela.
Um homem de cabelos muito negros, o observava, esperando o momento em que acordaria. Pigarreou por muitas vezes, mas aparentemente a pancada que seu capanga dera na cabeça do ruivo, fora forte de mais. O cheiro doce de fava de baunilha, se destacava no meio da ferrugem, e o homem se obrigou a admitir, que era o ômega com o cheiro mais agradável ali.
Alguns minutos se passaram e finalmente o garoto deu sinais de que estava despertando. O de cabelos negros, se aprumou na cadeira em que estava, para dar as boas vindas ao recém-chegado. O ômega acordou friccionando um dos pulsos no lugar da pancada, o mais velho sorriu, um sorriso frio, bem estampado em seus lábios carnudos.
Cambaleando, o prisioneiro conseguiu se erguer, resmungando por conta da eminente dor. A blusa branca que trajava, agora possuía marcas da sujeira, do chão da cela empoeirada.
— Omma? — chamou, choramingando. Outro sorriso paralisante, escapou dos lábios do que aguardava à fora.
— Sua Omma não está aqui, Hoseok. — o ômega até então não havia notado a presença do outro, quando ouvira sua voz, encolheu-se e deixou uma lágrima escapar. O timbre do Alfa – que ele identificou ser um alfa por conta do forte cheiro de Charutos, e a imponência vocal. – era grave, com uma certa rouquidão, pouco perceptível.
— Ah, não! você de novo não! — o pequeno, notando quem era, se desesperou e tentou puxar uma das barras de ferros das laterais, na esperança que cedesse.
— Receio que não conseguirá escapar, trato é trato. — levantou-se, mas sem alterar o tom de voz. — E a proposito, não me chame de “você”, presumo que saiba muito bem o meu nome.
— Sr. Kim, meu pai já morreu! Ele era um bêbado, que falava de mais! — choramingou, por mais uma vez.
— Eu sei, por isso tirei vantagem da condição dele. — soltou uma risada rouca e estranhamente, maléfica. — Ele não te amava. Se amasse, não apostaria o filho em uma mesa de bar, com um total estranho.
— Minha omma, sabe que estou aqui? — tinha um fio de esperança, entranhado em sua fala.
— Não, mas receio que com o passar dos dias, ela se acostume com sua ausência.
— Por favor, me deixe ir! — Hoseok implorou por piedade.
— você acha mesmo, que eu vou simplesmente libertar o ômega mais cheiroso do meu acervo? — riu desdenhoso. — Só estou aqui para lhe passar algumas instruções. — pigarreou antes de continuar. — Bom, este lugar não fica na sua cidade, Seul, temos guardas trabalhando 24hrs, a cela é feita do metal mais forte já conhecido. Aconselho que não tente fugir, mas caso isso aconteça, já providenciei colocar um rastreador nessa linda gargantilha — só naquele momento Hoseok percebeu que usava uma. — que tem uma trava, controlada por um dos meus hackers, caso fuja, vou encontrá-lo.
O ômega estava assustado, já não sabia o que fazer, o que falar, Ele só queria abraçar sua mãe. Sua mente, o trouxe uma vaga lembrança, dos piqueniques no parque. O cheiro da grama aparada, junto com o aroma de maçã da sua mãe, todas aquelas lembranças fizeram o prisioneiro se entristecer mais ainda. Rapidamente uma forte dor de cabeça invadiu seus pensamentos, e ele retornou a si cambaleando, jogou-se no chão, pois não aguentaria ficar sobre as duas pernas. Hoseok era assim desde pequeno, sempre que tinha emoções ruins muito intensas, seu cérebro entrava em “colapso” fazendo com que perdesse os sentidos. Namjoon já sabia dessa condição do seu prisioneiro, ele havia pesquisado toda a vida do ômega durante anos. O que deveria fazer era deixar o calor invadir o Hoseok. Não sabia o por quê, mas aquilo era a única coisa que reduziam os colapsos, até que passassem com o tempo.
Era inverno, e a cela não tinha um aquecedor. O ruivo se debatia no chão, sua boca abria, mas emitia sons que pouco se pareciam com palavras. O sr. Kim, já sabia o que teria de ser feito, e a ideia lhe agradava muito. Sua temperatura corporal estava elevada, o cheiro de uma prisioneira que estava no cio, fazia-se presente em suas narinas, mantendo o seu lobo desperto, causando o aumento na temperatura. O mesmo sorriso maligno, perpassou seus lábios. O alfa, despiu-se da sua blusa, pegou a chave mestra que estava em seu bolso, e logo, estava dentro da cela, tentando pegar o ômega nos braços. A superfície da sua pele amorenada estava repleta de gotículas de suor, seu abdômen era um pouco definido, extremamente atraente.
Hoseok sangrava pelo nariz. O alfa, percebendo isso, ergueu rapidamente a sua cabeça, para que não se afogasse no próprio sangue. O ômega, nada entendia, nada pensava, muito menos sabia aonde estava, só conseguia pensar na dor, que estava sendo irradiada da cabeça, para o resto do corpo. Namjoon o abraçou, mesmo enquanto se debatia. Deixou com que seu calor, esquentasse o corpo do ômega, e não pôde deixar de ter pensamentos maliciosos, afinal, o ômega era o melhor de toda a sua coleção.
Alguns longos minutos se passaram, o braço do alfa estava um pouco machucado dos arranhões que levara. Hoseok ainda sentia dor, mas era suportável, seus sentidos estavam voltando a tona, e, quando percebeu nos braços de quem estava, o empurrou para longe.
— Você deveria estar me agradecendo. — o alfa afirmou.
— Muito obrigado por me sequestrar! — reuniu toda coragem que ainda tinha, para fazer aquele comentário. O mais velho, arqueou uma sobrancelha, com o típico sorriso estampado em seus lábios. — A-afaste-se de mim!
Namjoon colou os corpos mais uma vez, segurando com força o braço do ômega que tentava se desvencilhar.
— Eu toco nos meus ômegas quando eu quiser, você não é uma exceção. — disse imponente. — Fui claro?
— Então existem outros além de mim?
— Eu perguntei se fui claro? — ele disse de uma maneira mais rígida, aproximando os lábios do pescoço desnudo do Hoseok, que estremeceu em medo, ao sentir o ar quente adentrando seus poros.
— Entendi. — sua voz, saiu arrastada por culpa do eminente medo do alfa. Namjoon deixou um selar na epiderme do dorso do ruivo, e encaminhou-se para fora da cela, seguido por um olhar amedrontado.
— Bom… — falou enquanto trancava o ômega. — Faltam alguns minutos para a hora do jantar, quando você poderá ver os outros ômegas. — Agora estava recolocando sua blusa. — Não se enturme muito, esses ômegas não vão fazer bem para você.
— E você vai? — Hoseok cuspiu as palavras em tom atrevido.
— Meu amor, eu só quero o melhor para você. — tinha um “quê” de ironia na sua voz.
— Você não vai me dizer porque me quer aqui?
— Tudo tem seu tempo, sweetie. — Usou o apelido carinhoso para se referir ao ruivo, o que causou um certo nojo. — Taehyung vai vir buscar você para o jantar, quero que os outros saibam que meu prometido, está aqui.
Hoseok sentiu náuseas ao ouvir aquilo. Tinha muitas perguntas, por que exatamente ele estava ali? Mas ele já sabia da aposta do pai, em um jogo de cartas.
* * *
O senhor Jung, estava na sua habitual mesa 7, num bar próximo a sua casa. Seu filho Hoseok, estava consigo, o observando jogar cartas. Ao longe, um homem jovem pôde ser percebido, fixando Hoseok. O menino não entendeu muito bem do que se tratava, mas era apenas uma criança, não espera-se muito delas. O homem, saiu das sombras, revelando um Namjoon muito mais jovem, porém a ambição já era perceptível em seu olhar. O Kim, pediu para o Jung, que o deixasse jogar, o velho embriagado, cedeu. Por 3 vezes, o Sr. venceu o mais novo. Na jogada posterior, Namjoon estava elogiando o Hoseok, especificamente o seu cheiro, e o tom acaju dos seus cabelos. Disse então ao pai, que se ganhasse, levaria o Hoseok consigo aos 18 anos do ômega. O pai, convicto de que ganharia, topou. O alfa mais novo, tinha um plano, perdeu as outras vezes de propósito, para que na quarta, o pai aceitasse a aposta, e assim, o ômega seria seu. O que foi previsto, se concretizou, o Kim ganhara o jogo. O pai, desesperado – talvez, pela reação da mulher ao ouvir que teria que dar seu unigênito. – Tomado pela bebida, xingou o Namjoon e disse que nunca teria seu filho. Por vezes, os Jung se mudaram, mas o Kim, ou algum dos seus funcionários, os achavam. Quando o pai do ômega morreu, Hoseok tinha 16 anos, e acabou ficando na última cidade da qual havia se mudado com a mãe: Seul. Desde pequeno, ele sabia do seu “destino”, sua mãe sempre o tranquilizara, dizendo que não deixaria que tomassem o filhote dela. Promessa em vão. No aniversario de 18 anos do Hoseok, receberam uma carta do Alfa, dizendo a hora que passaria para buscá-lo. Hoseok e a mãe, tentaram se esconder na casa de uma tia próxima, mas um dos empregados os achou e separou a ômega do seu filhote, o levando a força para a prisão pessoal, do Kim Namjoon.
***
Depois de alguns minutos refletindo, — Ainda sentindo algumas dores, por conta do recente colapso. — Hoseok ouviu batidas nas barras da cela. Um garoto, alto, com cheiro forte de limão e com um óculos redondo, estava ali.
— Venha comigo! — Ele tentava parecer intimidador, mas falhara. O ômega riu do alfa.
— Você é Taehyung?
— Sim, venha comigo! — ele destrancou a cela e o pegou pelo braço. O ômega reclamou de dor. — Me desculpa! — disse com sinceridade. — Quer dizer, vamos logo! — Pareceu se arrepender em ser cordial com o ruivo.
Ele o conduziu até um refeitório. O caminho era, basicamente um corredor, cinza, frio e escuro, causava arrepios em qualquer um, Hoseok não era diferente. Quando o mais novo, parou para observar o local, viu que tinham uns 50 ômegas ali, com uma roupa em tom pastel, comendo. Não pareciam infelizes, apenas, acostumados com tudo aquilo. Hoseok percebeu que haviam muitos “seguranças” carregando um tipo de arma que ele não conhecia.
— Ali. — Taehyung apontou para uma cantina. — Você pega a comida, e senta. Meu irma… — pigarreou percebendo que não deveria ter falado. — O Sr. Namjoon, não quer que você interaja muito com esses ômegas.
— Qual seu sobrenome? — ele já sabia a resposta, mas queria ouvir da boca do outro.
— Não te interessa! Agora vai comer! — mais uma vez, tentou ser “ameaçador” mas não deu muito certo.
Obedecendo Hoseok caminhou em direção a cantina, onde um ômega, aparentando ter sua idade, estava discutindo com a cozinheira.
— Você chama essa gororoba de almoço? — tinha os cabelos loiros, com alguns fios encaracolados. Era menor que Hoseok, e aparentemente, mais raivoso.
O garoto pegou sua “comida” e se sentou. O ruivo faz o mesmo, ficando na mesma mesa em que o “esquentadinho” sentara.
— Aqui não é muito legal, não é?
— Não, mas você se acostuma. — falou desanimado. — Prazer, me chamo Park Jimin.
— Prazer! Me chamo Jung Hoseok. — O loiro, pareceu incrédulo.
— Hoseok?
— Sim, Hoseok. — confirmou, um tanto intrigado.
— Então é você, o ômega que o Kim tanto fala. — Hoseok voltou ao interior da sua mente. Porque será que o Namjoon tinha essa fixação por ele?
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