Alika Bianchi
Entro na minha cela, olho o relógio e são 17:44.
— É agora. – digo assim que a cela se fecha.
— Porra! De novo não. – Sucre levanta da cama reclamando. Da última vez ele não gostou nada de eu ter atravessado o buraco. – Agora não, eles ainda vão fazer a contagem em 15 minutos.
— Acredite, quanto mesmo souber, melhor. – começo a desenroscar os parafusos da privada.
— Você não me conta nada!
— É exatamente assim que tem que ser. – passo pelo buraco e por todo o caminho que eu tinha percorrido antes, desta vez indo até o telhado. Olho o relógio novamente e são 18:00. Um tempo depois, as sirenes começam a tocar e as luzes do telhado se acendem. Me escondo, e olho pela rua English, várias viaturas passam, em seguida olho a rua Percy e também passa viaturas por ela. Por último olho a rua Fitz e nenhuma viatura passa. Será na Fitz.
Desço do telhado e vou até a sala do diretor, pelo buraco de ventilação. Agacho atrás da mesa e finjo ainda está esperando secar. A porta é aberta, o diretor, a secretária e dois policiais passam pela mesma.
— O que houve? – pergunto cínica.
— O que estava fazendo na sala do Diretor? – Brad pergunta vindo até mim e me levanto pelo braço.
— Não estava secando, o diretor disse pra ficar até secar.
— Ficou aqui o tempo todo? – o diretor pergunta.
— Sim.
— É verdade, eu não o vi saindo. – a secretária diz
— Eu não cheguei a olhar atrás da mesa. – o guarda que estava com a secretária fala.
— Bem, a senhorita Bianchi não será mais um problema nosso. Acontece que tinha um erro no pedido dela. Ela será transferida. – disse o diretor.
— Isso não é possível! – exclamo desacreditada.
— Levem ela para cela.
— Diretor, eu só preciso de 3 semanas. – os guardas me seguram pelo braço. – TIREM A MÃO DE MIM! – grito tentando me soltar deles. – Por favor, Henry, é pouco tempo! – tento fazer muda-lo de ideia mas sou ignorada.
[...]
— Senhores e senhoritas, café da manhã em 4 minutos. – grita Brad para os detentos. A cela é aberta. – Sucre, vamos. E Bianchi, espere aqui, tenho certeza que estão vindo te buscar.
— Não pode ser, não pode acabar assim. – Sucre diz assim que desce da sua cama e me encara.
— Fitz. – sussurro.
— O que?
— Iríamos sair pela Fitz. Estava claro como o dia.
— E a polícia? Quanto tempo levou pra chegar? Você cronometrou tudo não foi? Você acha que iria dá?
— Sucre, agora. – Brad aparece o chamando. Ele sai da cela e me encara por uma última vez.
Pego o parafuso que usávamos pra desenroscar a privada e coloca debaixo do travesseiro do Sucre. E depois retiro um origami de cisne do meu bolso e coloco por cima de seu travesseiro.
Não demora muito pra que venham até minha cela, coloquem algemas e caminhamos até o veículo que iria me levar a outra penitenciária.
— Novata! Pra onde está indo? – John grita pela grandes e bate nas mesma.
Olho para Sucre e o vejo cabisbaixo. Eu gosto dele, ele é um bom amigo. Olho pra outro lado vendo Lincoln, o mesmo para o que fazia e me olha também.
— Desculpa. – digo para ele, com a voz chorosa e uma lágrima desce molhando minha bochecha.
— O que ela faz fora da cela? – escuto a voz do direto e olho pra trás vendo o mesmo.
— Tá sendo transferida. – disse o guarda.
— Não, não é possível. – Henry, o diretor, vem até nós e pega a ficha de transferência com o guarda. – Deve ter algum engano, ela fez um pedido ontem, ela tem problema de saúde quê impede a transferência, sinusite né!?
— Sim. – falo.
— Levem ela de volta pra cela. Mas diminui a hora de pátio, ela não estava na contagem ontem. – disse e olha para lá fora, sigo seu olhar e vejo um carro com dois homens de óculos. E entendo o que se passava.
[...]
— Ei, Alika! – o guarda chama para contagem noturna, mas não respondo. – Alika, apareça aí! Alika! – ele começa a abrir a chave, então saio de debaixo da coberta.
— Estou tentando dormir, chefe. – falo e o guarda volta a fazer contagem. – Não vai dá pra sair! – comento com Sucre. Eu tinha passado pelo buraco mais uma vez, para fazer tudo que tenho planejado, mas então vieram fazer essa porra de contagem noturna e tive que voltar pra cela.
— Como assim não vai dá pra sair?
— Eu sei como se faz, mas não estou tendo tempo pra fazer.
— A gente tá trancado, tudo que temos aqui é tempo.
— Você não entende. Eu planejei tudo isso, mas a contagem constante que tem aqui não me deixa fazer o que eu preciso do outro lado da parede. E se eu não cumprir o planejamento, que é passar por esse buraco amanhã no final do dia, não vamos sair daqui.
— Tem três coisas que não falham nessa vida: a morte, impostos e contagem. – Sucre diz se virando olhando pra mim, por cima de sua cama. – O único jeito de parar a contagem é... – ele começa a falar, porém para.
— O que?
— É uma péssima ideia, viajei na maionese. – volta de deitar na cama.
— Pior que a ideia de perde a Maricruz? – faço chantagem emocional. Ele me encara novamente.
— Pegar confinamento. A gente faz a ala fechar por um dia e você tem todo o tempo que precisar.
— Sem contagem?
— Os coxinhas nem aparecem. – me levanto, sentando na cama e apoiando meu cotovelos nos meus joelhos. – Só tem um probleminha.
— Como se consegue um confinamento?
— Consegue chegar na área que controla os ventiladores?
— Talvez.
— Quer pegar um confinamento? Tem que deixar o pessoal no veneno. E pra fazer isso, o tempo tem que esquentar, e esquentar muito. – encaro Sucre dando um sorriso de lado e o mesmo também sorrir.
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