Alika Bianchi
— Se não for pra usar isso pra tirar o cano, pode guardar. – falo a T-Bang.
— Eu enfio no seu pescoço se não tirar a gente daqui! – exclama com raiva. Escutamos barulho de chaves perto da porta, fazendo todos encarar a mesma e se assustar.
— O que é isso? – questiona Sucre sussurrando. Tratamos logo de nos esconder, não demora pra porta ser aberta e entrar um guarda. Olha por toda a sala e encontra o pedaço de ferro jogando no chão.
— Ei, Kitt venha ver isso. – chama o outro guarda, vendo que não é respondido, ele sai da sala, suponho que foi atrás do tal Kitt.
Saímos de onde estamos escondido e os rapazes começam a descer pelo bueiro.
— Vamos. – Sucre me chama já indo descer e vou também, logo depois dele.
Vamos todos andando pelos canos indo até a sala dos guardas e saímos pelo buraco.
— Westmoreland! Vêm logo! – Sucre o chama.
— Me prendi em alguma coisa. – escutamos ele dizer. Logo alguém começa a força a porta pra entrar.
— Fica ai. – falo a Charles. Tampamos o buraco rapidamente e Brad consegue entrar na sala.
— Porque a porta estava trancada? – ele pergunta.
— Não estava trancada, o ventilador que fazia ela ficar batendo, então resolvemos prender. – T-Bang o responde inventando uma desculpa.
— E vocês ficaram aqui a noite toda sem fazer nada?
— O chão ainda está molhado não dá pra fazer muita coisa. – desta vez é Sucre que dá uma desculpa.
— Incompetentes! Podem parar, vocês quatro voltem pra cela. – fala e sai da sala chamando outro guarda. E nesse curto tempo Charles sai do buraco. Brad aparece novamente. – Parece que está faltando um. – fala desconfiado.
— Estou aqui, chefe. – Charles o responde de levando de trás de nós, após fingir amarrar o cadarço do tênis. Brad não diz nada, apenas sai da sala novamente.
— Não, não, não! Eu estava na metade do caminho pra ver minha família. – C-Note se lamenta bravo e começa a socar a parede.
— Vamos. – o guarda aparece nos chamando e saímos da sala, indo pra nossas celas.
[...]
Já estava de dia e as celas estavam abertas. Eu estava apenas na porta da minha cela, observando a movimentação.
— Eu não estou bravo. – Sucre diz de repente, se referindo ao fato de não temos fugindo ontem a noite.
— Valeu. – respondo dando um sorriso mínimo.
— Quantas horas faltam? – agora pergunta se referindo a execução de Lincoln.
— 16 horas. – falo após olhar meu relógio.
— Os advogados dele fizeram algum progresso? Existe alguma chance pra ele?
— Não. Só existe uma pessoa que pode impedir essa execução.
[...]
Sou levada até a enfermaria e assim que chego na sala, vejo meu irmão pela janela em outra sala. Meu coração se aperta.
— Eu preciso ver meu irmão. – peço pra Justin, assim que ele entra. – Só conversar. Por 5 minutos.
— Tá bom, vou tentar. – responde simples e sai da sala. Vejo conversar com o guarda. E logo voltar novamente. – Eu sinto muito. O guarda disse que precisa esperar até a última visita.
— Você pode falar com seu pai? – pergunto e ele fica uns segundos me encarando. – Por favor. – peço. E ele solta um suspiro.
— Acredite, meu pai sabe o que eu penso sobre a pena de morte, assim como eu sei o que ele pensa.
— Justin... – começo a dizer, mas paro quando reparo que o chamei pelo primeiro nome. – Doutor Bieber, me desculpe. – falo me corrigindo. – Não se trata da moralidade da pena de morte. Se trata da morte de um homem inocente, o meu irmão!
— Alika, eu pegaria o telefone agora se ou esse uma chance. Mas entenda que eu sou a última pessoa no mundo, que meu pai ouviria. – disse se aproximando e levando suas mãos aos meus braços, fazendo carinho ali com o polegar. – Ele odeia o que eu faço, odeia no que eu acredito e se eu clemência pelo seu irmão, ele não vai dá. – olho na janela de relance e vejo Lincoln ser levado pelos guardas. – Sinto muito. – falou por fim.
[...]
Agora eu estava sentada em um dos bancos do pátio da penitenciária e Sucre estava sentado também, ao meu lado.
— Ele nem sabe o que aconteceu. – comento, me referindo ao meu irmão.
— Ele sabe que você tentou. – fala convicto.
— Você acha mesmo?
— Ele é seu irmão, te conhece. Claro que sim. – diz me reconfortando.
— Eu prometi que iria tirar ele daqui. – falo cabisbaixa.
— Prometeu pra muita gente, bonitona. – T-Bang fala se aproximando de nós.
— Dá um tempo. – Sucre fala a ele.
— Isso não lhe diz respeito. Não se pode dá esperança pra alguém e... – ele começa a dizer, mas Sucre o interrompe.
— Caminha daqui! Se não eu vou arrebentar a sua cara! – fala se levantando e ficando em frente a T-Bang. Eles ficam se encarando por alguns segundos e T-Bang desvia o olhar pra mim.
— Me deve um jeito de sair daqui. – fala apontando pra mim. – Eu vou cobrar. – diz enquanto se distância de nós.
Os guardas chamam o detentos pra fazerem fila e sair do pátio, voltando pra celas. No caminho, Charles vem até mim, ficando ao meu lado.
— Sinto muito pelo seu irmão. – ele fala pra mim.
— Obrigada. Olha, eu sei que estava contando com isso, mas... – começo a dizer sobre o fato de não temos fugido e Charles me interrompe.
— Deixa que eu me preocupo com os meus problemas. Sei que está com a cabeça cheia nesse momento. – fala compreensivo. – Há cerca de uns dez anos, um homem levou alguns choques, mas não o bastante pra mata-lo. Ele teve que esperar mais três semanas pra reiniciar todo o processo. – escuto o que Charles diz atentamente. – Pode parecer loucura, mas ele disse que foi as piores três semanas da vida dele. Porque não é o choque que mata, é a espera. Então, console-se pela espera do seu irmão.
— Se acontecer alguma coisa com a cadeira, ele ganha mais três semanas? – pergunto interessada.
— Existem muito protocolos pra morte de um homem. Um novo mandado de morte, um outro pedido médico.
— Muita coisa acontece em três semanas. – falo com um leve sorriso.
— O que está havendo? – o companheiro de cela de Charles, David, aparece perguntando. Não digo nada e apenas continuo a andar.
[...]
Fico um tempo parada na porta da cela, encostada na grade e assim que passa um guarda, eu me viro indo até a privada.
— Eu vou entrar. – falo pra Sucre.
— Ainda é dia, Alika! – diz e eu apenas dou uma encarada pra ele. – Tá, eu vou pendurar o lençol. – fala depois de um suspiro, se levanta da cama e vai pegar o lençol pra estende-lo nas grades da cela.
Retiro a privada do lugar, pego um pacote de pedaços de frango temperado. Vou andando pelo canos, abro-o, despejo um pouco no cano e deixo o pacote ali. Me escondo e espero um pequeno roedor, sentir o cheiro e vim até a comida.
Não demora muito pra aparecer um rato, sou rápida e o pego pelo rabo. Esse pequeno animal iria ajudar muito.
[...]
Entro de volta na minha cela, Sucre me ajuda com a privada, a colocando no lugar. E eu vou tirando o lençol da grade.
— O que você foi fazer lá? – pergunta. E eu explico tudo a ele. – Então seu irmão terá mais três semanas até refazerem toda a papelada? – questiona e concordo com a cabeça. – Então nós temos tempo?
— Não, muito pouco.
— Vamos sair pela enfermaria?
— Se o cano corroer de novo, eles vão sacar.
— Tem outro jeito?
— Agora estou preocupada com hoje a noite.
Passa um tempo, eu estava sentada na minha cama e um pouco inquieta.
— Quanto tempo falta? – Sucre pergunta se referindo a execução.
— 6 horas. – respondo. Dou um suspiro pesado.
— Abre a 69! – escuto Brad pedir e a minha cela é aberta em seguida. – Bianchi, seu irmão logo será levado pra visita final. – eu o encaro confusa. O que eu fiz não deu certo? – O que foi? Você sabia era hoje. – ele tinha um sorriso arrogante.
— Nada, eu... – paro de falar quando vejo as luzes dá um breve apagão, em segundos.
— O que iria dizer? – pergunta. Nego com a cabeça, saindo da cela e sendo acompanhada pelos guardas, até a sala de visita onde meu irmão estaria. Não demora e eu o vejo entrar, ele estava completamente careca.
— Vai ter que colocar isso. – um guarda fala mostrando algumas coisas a ele.
— O que é isso? – pergunta.
— No momento da morte, o corpo fica incontinente e... – ele tenta explicar e mostra uma fralda.
— Uma fralda?
— Terá que usar.
— Me obrigue. – fala não dando a mínima. O guarda não diz nada, apenas coloca as coisas em cima de uma mesa e eles saem. Me deixando a sos com Lincoln. – Gostou do visual? – pergunta e se aproximando. Sorrio e levo minha mão a sua cabeça, fazendo um carinho ali. – É pra eletricidade, parece que o cabelo atrapalha. – explica e eu concordo. Não me aguento e o puxo pra um abraço, bem apertado.
— Eu fiz tudo que eu pude. – falo chorosa.
— Tudo bem. – diz depois de separar o abraço. E caminha até uma janela.
— Você soube da Verônica?
— Ela deve vir.
— Tem alguma novidade da apelação? Porque ainda... – começo a proferir, mas Lincoln corta a minha fala.
— Para, por favor! Isso vai acontecer, eu tenho que ficar na boa. Vamos falar de lembranças, contar histórias, qualquer coisa. Não vamos nos encher de esperança, eu não aguento mais. – fala e eu concordo. Ele segura minha mão e me leva até a mesa, pra nos sentarmos e conversamos.
[...]
Eu e Lincoln estávamos jogando baralho enquanto comíamos uma torta salgada. A porta é aberta e Verônica passa pela mesma. Meu irmão se levanta e dá um abraço nela.
— Nós perdemos a apelação. – fala em um tom triste. – Seu amigo Justin, apareceu. – se dirigi a mim e eu a encaro.
— Ele ouviu você? – pergunto um pouco afobada e Verônica concorda. – Ele vai falar com o pai dele?
— Eu espero que ele faça isso.
— Isso não importa mais, gente. – Lincoln fala e ambos encaramos ele. – Já fizeram o bastante por mim, e isso é o mais importante.
— Eu não pude trazer seu filho, mas você pode ligar pra ele. – Verônica diz tirando o telefone e entregando a Lincoln.
Passa alguns minutos, o diretor da penitenciária entra na sala, junto com 3 guardas.
— Está na hora. – ele fala. Um dos guardas pega as roupas que Lincoln teria que colocar, juntamente com a fralda.
[...]
Justin Bieber
Eu andava ao lado do meu pai, enquanto falava sobre o caso de Lincoln e apresentava algumas provas a ele.
— Esses dado apoiam a alegação do Lincoln que a morte de Stedman tem ligação com os crimes e o informante confidencial. – explico o que falava na pasta que eu havia entregado a ele. – Eu só que me certificar que está ciente das circunstâncias.
— Eu conheço esse caso, mas nunca soube de nada disso.
— Bem, eu também não, até eu falar com os advogados hoje de tarde e sei que a metade dessa prova é considerada como circunstancial. – fala parando em sua frente. – Mas acho que concorda que é difícil ignorar.
— E como você se envolveu com tudo isso?
— Eles são meus pacientes, é meu dever defende-los!
— Que isso, Justin? – pergunta incrédulo. – Quantos dessas pessoas se dizem inocentes? 80%? Pena de morte faz parte de uma filosofia que eu acredito e que eu apoiei na minha campanha inteira. E foi eleito. – nego com a cabeça.
— Tenho que volta a penitenciária, preciso estar lá quando forem executar esse homem. – pego outra pasta e lhe entrego. – O mínimo que pode fazer é rever esse caso. – começo a descer as escadas paro no último degrau e encaro meu pai. – Se ajudar, finge que não fui eu que trouxe.
[...]
Alika Bianchi
Estávamos indo a sala de execução, mas uns dos guardas aparece correndo com um telefone na mão.
— Diretor, é o governador. – o guarda diz entregando o celular ao Henry. Neste momento, eu, Verônica, Lincoln e Justin ficamos tensos e até um pouco esperançosos.
— O governador reviu todo o seu caso e ele não vai dá clemência. – Pope fala pra Lincoln, assim que desliga o telefone. E novamente, foi tudo pro ralo. Olho Justin, e seu olhar diz "eu tentei, me desculpa" – Vamos prossegui. – diz e voltamos a caminhar.
— Não pode passar daqui. – Bellick fala, assim que chegamos em uma linha amarela no chão. – Assim que ele estiver na câmera da morte, vocês serão escoltados até a sala de observação.
— Será que eu posso dá um último abraço? – Verônica pergunta e ele concorda. Ela vai até meu irmão e lhe dá o abraço. – Eu te amei desde a primeira vez que te vi. – fala no ouvido de Lincoln, mas como eu estava perto, escutei. Ela desfaz o abraço e era a minha vez de lhe dar.
— Tire as algemas. – o diretor Pope pede. Um guarda retira as algemas de mim e vou até Lincoln, o abraçando em seguida. Não aguento e começo a chorar. Desfaço o abraço e o guarda torna a colocar as algemas. Logo em seguida, Lincoln é levado até a câmera e nós até a sala de observação.
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