Alika Bianchi
— Bianchi, Alika Bianchi. – respondo pra Rosie.
— Eu não me lembro de você.
— Nós nos conhecemos a um tempo, na ala geral, cela 69.
— Ala geral?
— É! Onde fica a maioria. O guarda Bellick mandou você pra minha cela. – falo algumas coisas que podem ajudar a refrescar a memória dela. – Eu tenho uma tatuagem, você a desenhou. Rosie, será que eu não sou nem um pouco familiar pra você? – pergunto e ela se aproxima, ficando cara a cara comigo. Analisando meu rosto.
— Você é quem roubou minha pasta de dente. – ela fala e eu sorrio concordando. Já era um começo.
— É! Eu roubei sua pasta de dente. Então você se lembra.
— Hora do doce. – a enfermeira chega com uma bandeja com os remédios. – Senhorita Rosie. – dá pra Rosie, que toma tudo. – Senhorita Alika. – me oferece.
— Não, obrigado. – falo a encarando.
— A medicação é obrigatória. É só um sedativo receitado pelo doutor Bieber. Toma. – me dá o potinho e eu empurro sua mão com delicadeza.
— Então, eu falo diretamente com ele. Eu me sinto melhor.
— É mesmo? – pergunta irônica. – Que bom! Agora tome o remédio.
— Pode tomar. É bom! – Rosie diz.
— Não, obrigado. – falo negando com a cabeça.
— CARTER, VENHA AQUI! – a enfermeira grita. O tal de Carter logo chega. Pega o potinho e a enfermeira me segura na cadeira.
— Eu não preciso de remédio.
— Engole isso ou vai fazer por supositório. – ele fala. Com muita relutância, pego o potinho e coloco o remédio na boca. – Engoliu? – pergunta e eu abro a boca, mostrando. – Obrigado. – agradece e assim que eles saem, eu cuspo o remédio e o guardo no bolso.
— Você acertou Rosie. Eu roubei sua pasta de dente e você desenhou minha tatuagem de memória. Preciso que faça de novo. – falo assim que vou até ela, que agora estava na janela. Ela se vira pra mim e sua feição estava fazendo jus ao remédio que ela tomou, totalmente sedada. Isso vai ser difícil. – Vem comigo. – puxo ela até uma sala e fecho a porta em seguida.
— Eu não uso fralda. – ela fala.
— Eu nunca disse que usava.
— Então, o que vai fazer?
— Tem uma coisa no seu dente. – falo me aproximando.
— O que? – pergunta confusa.
— Um coisa ali. – falo olhando sua boca. – Abre a boca. – peço e ela assim faz. – Está bem aqui atrás, achei! – enfio dois dedos na sua garganta, tiro e ela vomita os remédios.
— Porque fez isso?
— Pra te ajudar! Você mesma disse que os remédios são algemas invisíveis. Você detesta isso. – respondo, ela me encara por alguns segundos e sai correndo da sala. Sigo ela e a encontro vendo televisão. – Tem que se concentrar! Lembrar do que desenhou. – falo e ela apenas me olha sem dizer nada. Passo a mão no rosto, frustrada. Carter aparece e eu saio dali.
— Hora da terapia, Rosie. – fala pra ela, a levando.
— Um caminho. – escuto ela falar e eu a encaro sorrindo.
— É! Um caminho. – respondo-a concordando. Eu teria que ser paciente.
Um tempo se passa e a enfermeira vem novamente com os remédios. Eu estava jogando xadrez enquanto Rosie estava do outro lado da sala. Vejo que ela toma o remédio e a enfermeira me dá também. Assim que ela dá as costas, cuspo o remédio novamente. Olho pra onde Rosie estava e ela se levanta indo até a outra sala que eu havia levado antes. E lá eu vejo ela vomitando os remédios. Boa garota.
— Você tinha razão. Os remédios não me deixam ver o caminho. – ela fala e eu tiro a parte de cima do meu macacão. Mostrando as minhas tatuagens. – É um caminho pro inferno!
— Não é não. É justamente o contrário. – falo e ela se aproxima, analisando as minhas tatuagens dos braços.
— Eu me lembro! – sorrio. Puxo ela até o local que eu estava dormindo na ala de psiquiatria.
— Você vai sentar aqui. – faço ela se sentar na cama. – Pegue isso. – entrego um caderno a ela. – E isso. – agora entrego o lápis. Retiro minha blusa e o curativo, mostrando pra ela.
— Oh não! Ele sumiu.
— É por isso que preciso que desenhe. Se lembre do que tinha aí antes.
— Isso é mal. Não pode se quebrar um caminho. Ele não leva a lugar nenhum. – respiro fundo e concordo.
— Exatamente! Então, preciso que se lembre do que havia aqui, antes de quebrar.
— Eu me lembro. Eu me lembro dos demônios, ou eram peregrinos? Eles mostravam o caminho, dizendo: este é o caminho, este é o caminho. Eu não consigo ver, consigo enxergá-los – fala coisa de gente doida. Olho o pra porta, vendo o primo de Sucre passar.
— Eu já volto. – falo pra Rosie. E vou até o primo de Sucre. – Ei! – o chamo e ele vem até mim. – Leva um recado meu pro Sucre, diz que eu estou bem e que eu estou tentando preencher as lacunas. Ele vai entender. – falo pra ele que concorda meio confuso.
— Tentando preencher as lacunas?
— Sim, faz isso por favor. – peço e volta a onde Rosie estava, a mesma estava desenhando. Era ótimo.
[...]
Vejo Rosie sentada na cadeira, ao lado de uma mesa e vou até ela.
— Rosie, tomou seu remédio? – pergunto e a encaro. – Vem cá, tem uma coisa no seu dente de novo. – a puxo pra salinha e quando fecho a porta ela me prensa na parede.
— Devia tomar cuidado quando pede pras pessoas se lembrarem. Porque agora eu lembro de tudo! – ela estava bem lúcida. – Eu lembro de como você me enganou. De quando você bateu a sua cabeça. – dá alguns tapinhas na minha cabeça. – Pra me mandarem de volta pra cá. – ela me solta. – Eu também me lembro disso. – pega um papel no seu bolso e o desenrola. – O caminho. – ela desenhou. – O seu mapa. A sua fuga.
— Me dá isso. – tento pegar o papel de sua mão mas ela se afasta e ameaça rasgar. – Não faz isso.
— Eu vou rasgar o mapa, se você não me disser onde e quando vai fazer isso.
— Tá bom, tá bom. – me dou por derrota. – Tudo começa pelo porão. Essa linha vai do alçapão até a sala de carvão. E então vai pra enfermaria, é assim que vamos sair. – explico mostrando pelo desenho. – 3 dias depois que eu sair, eu volto pelo porão e aí eu tiro você.
— Só estou dizendo o que eu quero ouvir.
— Não, não estou. Eu preciso de você pra sairmos daqui. Tem que confiar em mim. – falo e quando vou pegar o desenho ela tira da minha mão. Então eu dou a minha mão, pra que ela me entregue. E assim faz, relutantemente.
— Se me enganar de novo, eu te mato.
Um tempo depois, eu já estava no meu dormitório e de repente escuto as sirenes tocar. Olho pela janelinha da porta, vendo Rosie ser levada de volta. Ela tentou fugir pelo porão. Como eu disse. Mas era uma tentativa falha.
[...]
Guardo o papel do desenho e escuto alguém bater na porta. Olho vendo Justin, encostado no batente da mesma.
— Oi. – falo sorrindo.
— Oi. – ele retribui o sorriso. – Disseram que você queria falar comigo.
— Sim. – ele concorda entrando. – Senta. – falo apontando pra cama e ele assim faz. Me sento ao seu lado. – Eu te fiz uma coisa. – pego o objeto de baixo da minha cama e lhe entrego. – É um cinzeiro.
— Mas eu não fumo.
— É, eu sei. Mas só deixam fazer isso ou um colar de macarrão colorido. – falo e ele ri.
— Obrigado! Enfim, posso saber como você está?
— Acho que nós dois sabemos que meu lugar não é aqui. Eu não me lembro muito daquela noite, mas deve ter sido um surto por me colocarem na solitária. Mas é você que decide. – falo dando os ombros. E ele concorda.
— Os médicos me falaram que você está se comportando bem. O problema é que se você não falar pro Pope quem te queimou, ele vai te colocar de volta na solitária. – diz e suspiro abaixando a cabeça. Sinto sua mão ir até a minha. Ele a leva até seus lábios, dando um beijo. – Eu detesto o que aconteceu com você e detesto de ver aqui, mas tem que me deixar ajudar você. – ele solta a minha mão e levas suas ambas mãos a minha cabeça, me encarando fixamente. – Se quiser sair daqui, conte a verdade pra Pope, sobre a queimadura.
[...]
— Está pronta pra sair daqui? – de repente o primo de Sucre chega ao meu lado falando isso. O encaro e ele me explica o plano. Depois de escutar todo o plano, peço pra chamarem o diretor.
— Pode me garantir segurança? – pergunto ao diretor assim que ele chega.
— Você me conhece, Alika. Não tem nem necessidade de garantia.
— Com todo respeito, se eu tivesse sido protegida desde o início, isso não teria acontecido.
— Um nome.
— Garry. Ele fica pegando dinheiro dos internos e ele sabe que eu fiz faculdade, deve ter pensado que eu era muito rica. Como eu não pude pagar, ele me queimou, eu não sei o que ele usou. Mas era muito quente. – falo e Pope concorda saindo dali furioso.
[...]
Caminho de volta até a ala geral, indo até minha cela e Charles estava lá. Parece que Sucre foi pra solitária também, ele teve que arrumar um jeito de ir até a sala dos guardas e terminar o buraco. Depois inventou uma desculpa que estava no pátio esperando a namorada do outro lado do muro. Pela cela ter ficado vazia, e ser uma boa cela. Garry botou ela a “venda”, Charles tem muito dinheiro e a “comprou”.
— Seja bem vinda. – Westmoreland fala.
— Nuncapensei que ficaria tão feliz de voltar pra minha cela. – falo sorrindo e ele ri. – O Pope me pediu pra te entregar isso. – dou um pingente que tinha o nome dele escrito e de outra pessoa.
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