4 anos antes
Jimin respirava fundo, sentado no sofá da sala esperando ansiosamente a volta do marido. Kwan, que tinha 9 anos na época, estava com a cabeça deitada sobre o colo do mais velho, que acariciava seus cabelos enquanto assistiam televisão.
Quando a porta se abriu, Taemin adentrou a residência, recebendo o olhar de Kwan e Jimin. O alfa sorriu e ficou de pé, correndo até ele.
— Appa! — Kwan disse abraçando o Lee, que retribuiu sorrindo e beijando a testa do garoto — Chegou cedo hoje.
— Eu prometi que viria mais cedo. Vamos jogar com seu novo tabuleiro de xadrez que eu comprei?
— Só se você jogar contra o papai.
— Para poder assistir a minha derrota? — Taemin disse rindo, olhando para o esposo — Eu trouxe aquela torta que você gosta para depois do jantar.
Jimin imediatamente ficou de pé, pegando a sacola com a torta e sorrindo. Beijou os lábios do marido, deixando o doce sobre a mesa e só de sentir o cheiro já sentia o desejo começar a invadi-lo, mas também o enjôo voltar.
— Já está se sentindo melhor?
— Estou. E…eu preciso te contar algo.— disse um tanto receoso
— O que foi?
— Vamos esperar para depois do jantar.
— Jimin, não me assuste assim.— Taemin disse preocupado, segurando o rosto pálido do esposo e olhando em seus olhos — Aconteceu de novo?
— N-não. Só…espere um pouco, tudo bem?
Taemin olhou desconfiado para o mais novo, então suspirando. Pediram uma pizza para jantar, por insistência de Jimin que estava com muita vontade de comer. Enquanto esperavam, ficaram jogando como Kwan queria.
O Lee perdeu para os dois, como quase sempre acontecia. Kwan havia herdado o talento estratégico do Park para jogar xadrez. Jimin quem ensinou o garoto a jogar, como seu pai havia lhe ensinado. O alfa gostou e era muito bom jogando.
Jantaram depois que a pizza chegou e comeram a sobremesa. Taemin esperava que Jimin resolvesse dizer logo o que tinha contar, já começando a ficar nervoso. Quando o mais novo correu para o banheiro ao passar mal, o beta suspirou. Olhou para Kwan, que estava com a boca cheia de farelos de torta de morango.
— Logo papai vai ficar bom, Kwan.— ele tratou de dizer rapidamente, sabendo que estava preocupado — Ele está melhorando.
Kwan ia atrás dele, mas Taemin pediu para ele ficar. O Lee foi atrás do ômega, que estava no quarto deles sentando na beirada da cama.
— Como se sente, amor?
— Melhor. Parece que fica cada vez pior.— Jimin respondeu, suspirando. Taemin se ajoelhou a sua frente.
— Mas sabe que estou aqui com você. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.— repetiu as palavras que disse em seu casamento, beijando a testa do mais novo
— Tenho algo para você.
— Isso me lembra quando te dei seu presente de aniversário de 15 anos.— riu pegando a caixinha que ele lhe entregou — Foi um ótimo dia.
— Considerando o que fizemos na sua cama depois, foi sim. Aquele foi um belo presente.— Jimin disse rindo, lembrando que estavam falando sobre a primeira vez dos dois, quando se entregou de corpo e alma para o beta — Agora abre.
Taemin tratou de abrir logo a caixa, ficando paralisado. Ali estava um pequeno par de sapatinhos amarelos juntos a um teste de gravidez que indicava positivo. As lágrimas surgiram nos olhos de ambos ao se encararem.
Jimin sorriu enquanto começava a chorar, mas não de tristeza.
— Era isso que tinha para contar…
— Sim.— respondeu — Eu estou grávido.
— Vamos ter um bebê?!
Jimin assentiu com a cabeça.
— Sério?!
— Sim! Vamos ter mais um bebê.— disse emocionado — Nosso bebê.
Taemin sorria enquanto as lágrimas caíam por seu rosto. Ele estava feliz, muito feliz. Segurou o rosto do ômega, juntando seus lábios e o beijando. Ria entre o beijo, não conseguindo conter a alegria em receber a notícia.
— Eu te amo tanto.
— Eu te amo mais.— Jimin disse, rindo baixo
— E já amo você, bebezinho.— beijou a barriga do mais novo — Papai vai cuidar muito bem de você e sempre estaremos juntinhos.
— Sempre?
— Para sempre, meu amor.— voltou a beijar o Park — Estaremos sempre todos juntos. Eu prometo.
Dias atuais
Jihyun chorava alto, sentadinho no chão vestido com o terninho feito sob medida para ele. MinHo tentava acalmar o filhote, secando as lágrimas em sua bochechas gordinhas.
— Papai já vem, Hyun.
— Quero Appa! — pedia chorando e o Choi respirou fundo, por um instante agradecendo aos céu por não ter filhos
— Não chore, bebê.
MinHo trouxe o garotinho para seu colo e ele respondeu a isso puxando seu cabelo recém escovado no salão. Jihyun era forte para um filhotinho tão pequeno e o beta poderia jurar que sentiu alguns fios sendo arrancados.
Havia dias que ele era um bebê doce e amigável. Mas havia outros que o garoto parecia estar testando a paciência do Choi, chorando, esperniando, puxando o cabelo, mordendo. Chegava a duvidar se o garotinho realmente gostava dele ou só fingia para o pai, Kwan teria ensinado muito bem se fosse o caso.
— Hey! O que houve? — Taemin perguntou ao ver o filho chorando
— Começou a chorar por causa do alfinete na roupa. E quase arrancou meu cabelo.
— Jihyun, não pode puxar o cabelo do Tio MinHo.
— Fez dodói.
— Não chore, Hyun.— pegou ele no colo, beijando a pontinha do seu nariz — Quer ver como Kwan ficou? Quer?
— Eu fiquei ridículo.— o alfa logo disse, saindo do provador vestindo o terno
O terno era completamente branco, desde a calça social ao colete e a gravata borboleta.
— Estou parecendo um garçom.
— Você está bonito, Kwan.— MinHo disse
— Eu não perguntei.
— Kwan!
— Pai!
Taemin revirou os olhos, aninhando Jihyun em seus braços. Foi tirar a roupa do filhote e vesti-lo para levar ele de volta a casa de Jimin.
— Kwan…
— Eu vou tirar essa roupa.
MinHo suspirou, ficando sentado num banco acolchoado do lugar. Se casar com um homem que tinha filhos não seria fácil. E sendo um antigo amigo da família antes de tudo começar? Piora tudo.
Depois que Taemin voltou com Jihyun e Kwan, deixaram a alfaiataria para ir até o carro. Os noivos já haviam experimentado suas roupas e até então tudo estava certo. Faltava apenas um mês para o casamento e a correria começava a ficar maior. E os queridos enteados não ajudavam.
Kwan estava de braços cruzados no banco traseiro, querendo chegar logo em sua casa. Ele não queria que Taemin o buscasse na casa de seu amigo, preferia ficar em casa com Jimin. Toda a aproximação e carinho que tinha com o Lee estava indo por água abaixo a cada dia, e Taemin sentia isso, o que doía em seu peito.
— Chegamos.
— Não precisa vir.— Kwan disse, tirando Jihyun da cadeirinha
— Eu vou levar vocês até a porta.
— Nós sabemos muito bem o caminho, Taemin.
— Kwan! — o Lee o repreendeu rapidamente — Não me chame assim.
— Okay, papai. Eu e Jihyun não precisamos de ajuda.
Taemin bufou, saindo do carro com os outros dois. O alfa seguiu para dentro com o irmão mais novo no colo.
— Kwan, me espere!
— Já falei que não precisa. Eu sei me virar muito bem sozinho.— disse ríspido
— Não fale assim comigo, Kwan! Eu sou seu…
— Pai? — completou e riu, negando com a cabeça — Você já deixou de agir como pai comigo há muito tempo, Lee Taemin.
Kwan adentrou o elevador e apertou rápido o botão para as portas se fecharem e o beta não entrar também. Respirou fundo, olhando para o irmãozinho em seu colo e sorriu fraco.
— Você foi mau com o appa.— ele disse com um biquinho
— Hyun, quando você crescer vai entender isso.
— Hyung tá choranu? — perguntou o filhote ao ver uma lágrima escorrer pelo rosto do mais velho
— Entrou poeira nos olhos do Hyung.— mentiu, recompondo-se imediatamente — Vamos dar um abraço bem forte no papa e dizer o quanto o amamos e sentimos saudade dele, tá bom?
— E do Tio Kook.
— Por que você gosta tanto dele, hein? Vai chamar ele para sua festa também?
— Siiiim! — respondeu erguendo as mãozinhas para o alto, feliz — Hyung vai dar pesente?
Kwan riu, assentando com a cabeça e beijando a bochecha gorducha do mais novo.
— Vou comprar um presente bem legal pra você, anãozinho de jardim.
Jihyun fez um biquinho, cruzando os bracinhos ao ser chamado daquele jeito. As portas do elevador se abriram e o alfa saiu dali. Caminhando até o apartamento, viu a porta da escadaria se abrir e Taemin aparecer, respirando ofegante por ter subido todos aqueles andares correndo na escada.
Kwan passou reto e continuou andando. Bateu na porta, pois não estava com suas chaves. Quem abriu a porta foi Jungkook e a expressão do Lee não poderia ter ficado pior.
— Tio Kook! — Jihyun disse alegre
— Ji! Que saudade! — Jungkook pegou o garotinho no colo, recebendo um abraço forte — Vou te levar para tomar sorvete mais tarde como prometi se seu papa deixar. Ele anda muito chatinho.
— Jimin está em casa? — Taemin perguntou sério
— Deve estar se vestindo. JIMIN-SSI!
— Aish! O que foi, Jungkook?
Jimin apareceu na sala, secando os cabelos molhados com a toalha. Kwan logo correu para abraçá-lo, como se tivesse ficado meses fora de casa.
— Também senti sua falta, meu amor.— disse o ômega, beijando a testa do alfa
— Então esse é o Kwan.— Wooyoung disse, se levantando da mesa que estava lotada de livros e folhas com vários cálculos. Ele e Jungkook estavam tendo uma pequena aula com o Park antes de ele deixá-los para tomar banho.
Bem que o Jeon tentou se juntar a ele, mas falhou na tentativa.
— E quem é você? Uma cópia falsificada do papai?
— Kwan! — Taemin e Jimin disseram ao mesmo tempo, repreendendo o garoto
— É, eu sei que nos parecemos um pouquinho. Sou Wooyoung, seu primo de segundo grau.
— Pensei que ninguém quisesse mais ficar perto da gente, papai.
— Eu também. Mas Wooyoung vai começar a faculdade aqui em Seul e vai ficar conosco.
— Wooyoung? — Taemin disse e riu, sorrindo em seguida
O beta observou o ômega, que não via há muitos anos. O Jung cruzou os braços, encarando o mais velho seriamente.
— Estou de mal contigo por tudo que fez com meu priminho.— disse, mas logo sorriu — Mas ainda senti saudade, hyung.— abraçou o mais velho com força
— Não é mais aquele garotinho que eu pegava no colo, hum? Você cresceu!
— Eu sei, eu sei. Soube que vai se casar de novo.
— Sim, mês que vem.
— É incrível como alguns superam rápido.— Jungkook comentou tranquilamente, bebendo um copo d'água e recebendo um olhar frio do Lee
— Bom, Taemin, já pode ir. Até daqui duas semanas, se você não desmarcar.
O Lee revirou os olhos, suspirando.
— Ainda vai fazer a festa do Jihyun?
— Sim. E ainda estou esperando sua contribuição que havia prometido, mas imagino que já esteja gastando demais com o seu casamento.
— Eu vou ajudar a pagar a festa! E me diga o horário quando decidir.
— Okay. E diga ao MinHo que o seu convite não se estende a ele, obrigado.— Jimin disse sorrindo falso e empurrando o ex-marido para fora
Jimin e Taemin começaram a discutir no corredor. Jungkook tratou de manter Jihyun calmo em seus braços, longe da porta, enchendo o rostinho de beijos e conversando com ele, tentando manter a atenção dele em si. Já Kwan não quis esperar longe.
O jovem alfa abriu um pouco a porta, observando a discussão.
— Jimin, por favor! Ainda vai continuar assim? Já passou muito tempo.
— Faz apenas 5 meses que assinamos o divórcio, Taemin. Meses, não anos. E você já vai se casar!
— Não é como se eu fosse o único seguindo em frente.— disse ríspido
— Mas eu não estou me casando com ninguém.— retrucou Jimin — Você foi o único em minha vida, Taemin. Eu te amava! E o que fez nunca vou esquecer.
— Não exatamente o único, não é?
Ao ouvir aquilo, Jimin se sentiu desmoronar por dentro. Tudo que restava de seu coração quebrou-se em mil pedaços enquanto encarava incrédulo para o beta, sem crer em sua palavras desmedidas.
— Você não disse isso…
— Jimin, eu…
— Você é um imbecil! Um idiota, imprestável! — o ômega exclamou sério — Não é o homem por quem fui apaixonado a vida inteira.
Jimin entrou, fechou a porta e trancou, respirando fundo enquanto suas mãos tremiam. Ele estava se segurando, se contendo para não desabar no chão e chorar, ou fazer algo pior.
— Jimin…— Jungkook disse se aproximando
— Papa.— Jihyun chamou manhoso
— Ah meu amor. Eu senti tanta saudade.— trouxe o filho para seus braços, abraçando-o com força enquanto deixava as lágrimas caírem
Jungkook abraçou a cintura do Park, beijando os cabelos loiros. Apoiou seu queixo no topo da cabeça do mais velho e deixou ele se aninhar em seu abraço junto com o filhote. Viu Wooyoung também se aproximar para consolar o primo.
O Jeon olhou para Kwan, esperando que ele também viesse, como sempre fazia. Já vira o poder o garoto para acalmar o ômega e como se importava com ele, cuidava dele quando estava mal. Mas dessa vez, o jovem alfa não se aproximou para consolar Jimin. O moreno olhou nos olhos do garoto, que havia ouvido toda a conversa até quando o loiro empurrou o beta para fora do apartamento, e viu algo que não esperava ver.
Jungkook, pela primeira vez, viu dor naqueles olhar junto as lágrimas. Ele viu Kwan chorar, o garoto que sempre estava implicando e se mostrando forte e imbatível. E chorando em silêncio, o alfa correu para seu quarto e se trancou ali.
O jovem Park ficou encostado a porta, chorando como ninguém já vira. Ele não gostava de demonstrar quando se sentia mal na frente de Jimin, não queria preocupa-lo e deixar tudo pior. Desde que Taemin saiu pela porta com suas malas, ele guardava dentro de si toda sua tristeza, toda sua dor, todos os problemas. Seu pai e seu irmão precisavam de alguém para ser forte por eles, e ele se dispôs a isso.
Sempre que chorava, fazia escondido em seu quarto ou no banheiro durante o banho, para que Jimin nunca percebesse. Precisava ser a força e o apoio de sua família, pois não tinham com quem contar além deles mesmos.
O garoto olhou para o porta retrato sobre a cômoda ao lado de sua cama, pegando-o e observando a fotografia. Ali estava Taemin, com um Kwan de apenas 3 anos em seu colo o abraçando, ambos sorrindo com o cenário de um parque de diversões ao fundo.
Kwan jogou o porta retrato no chão com toda sua força, espalhando vidro por todo o tapete enquanto chorava. Aquele homem não era mais o seu pai.
— X —
— Kwan, vem aqui.
Jimin chamou o filho, que estava em seu quarto na cama, quieto demais. Sabia que algo estava errado com ele, conhecia bem o seu menino. Observou o alfa deitado com seus fones de ouvido e suspirou, se aproximando.
Kwan virou de costas, não querendo conversa. Jimin se sentou ao lado dele, tirando um lado do fone e beijando o rosto do garoto, que se encolheu todo.
— Papai!
— Fale comigo, bebê.— disse acariciando os cabelos acastanhados
— Bebê é o Jihyun.
— Você também é o meu bebê.— riu — Meu bebê gigante de 13 anos.
Kwan riu, olhando para o pai. Jimin fez um carinho na bochecha dele, observando seu rosto. Seu menino estava crescendo rápido demais, logo estaria mais alto que ele e começaria a nascer barba. E o ômega nem queria pensar em quando ele tivesse o primeiro cio, provavelmente iria trancá-lo no quarto e jogar a chave fora para manter seu filhinho seguro e puro.
Não negaria que o filho se tornava um alfa bastante bonito e que não demoraria para chegar em casa com uma nora ao lado…ou genro. Ah, Jimin queria adiar isso o quanto pudesse.
— É verdade quando dizem que você puxou os meus olhos.— comentou rindo
— No que acha que sou mais parecido com ele?
Jimin respirou fundo, acariciando o rosto do filho e o encarando. Mordeu o lábio inferior, apertando com força sua outra mão no lençol da cama, o qual possua desenhos de vários planetas e espaçonaves, igual o pijama de Kwan quando era mais novo.
O Park estava tentando ao máximo não pensar nisso. E a pergunta de Kwan veio em cheio para abalar seu coração e trazer de volta a vontade de chorar.
— Você se parece bastante com seu pai. O cabelo…o sorriso. E a personalidade forte.— suspirou — Mas não se parece por completo. Você é muito melhor que ele, Kwan. Sei que nunca machucaria ninguém.
— Sabe que já sou bem grandinho para me contar todos os detalhes de tudo o que aconteceu entre vocês, não é?
— Ainda não, meu amor. Algumas coisas que aconteceram…é melhor ficar no passado. O que importa é que agora estamos juntos, eu, você e Jihyun. Isso já basta para mim.
— Nunca me contou como foi quando descobriu sobre mim.
— Bom, eu fiquei bastante surpreso e comecei a chorar e gritar sem saber o que fazer. Eu tinha 15 anos, nem imaginava que teria um filho.— sorriu fraco — Mas não me arrependo de seguir em frente e cuidar de você. Sei que está triste, mas eu estou aqui com você.
— Não estou mal por causa do Taemin.
— Eu não falei nada sobre ele ser o motivo, mas obrigado por afirmar o que eu já sabia.— disse e riu — Não precisa ficar assim. Sei que ouviu a discussão ontem e as coisas estão difíceis desde que nos separamos.
— Estão há muito tempo, papai.
O alfa abaixou o olhar, lembrando da época que ele e Taemin eram mais próximos. Taemin era o seu herói, sempre estava com ele não importava o que acontecesse. Ele largava tudo de fosse preciso para ver Kwan bem e seguro. Quantas vezes ele já não saiu do trabalho mesmo no meio do expediente ao saber que o garoto havia se machucado na escola ou ficado doente? Mesmo sendo advertido e quase perdendo o emprego por isso.
Kwan era o garotinho dele. Tudo que mais amava e importava. Até chegar Jihyun.
— Eu sei que ele ficou bem feliz quando Jihyun chegou e quase esqueceu de mim.
— Isso não é verdade!
— É sim. Mas não culpo Jihyun por isso. E depois que ele foi embora…ele não precisa mais tentar ficar próximo de mim. Já não somos nada.
— Kwan…— Jimin murmurou, então puxou o filho para um abraço, beijando seus cabelos — Eu te amo, okay?
— Eu sei.— respondeu, sorrindo fraco — Também te amo, papai. Muito, muito, muito.
Kwan começou a beijar a bochecha de Jimin várias e várias vezes, fazendo o ômega rir e o apertar mais forte naquele abraço.
O jovem alfa agora só conseguia ter lembranças de maus momentos com Taemin. Então precisava se agarrar aos momentos com Jimin.
— Meu primeiro bebezinho.— o loiro disse amoroso, beijando o nariz do garoto — Seu narizinho também veio de mim.
O alfa riu, abraçando ainda mais o ômega.
— Papai…você não está namorando o Jungkook, né? Ele quase mora aqui!
— N-não! Claro que não, Kwan. Ele só está precisando de ajuda na faculdade.
O garoto o encarou desconfiado.
— Estou falando a verdade. Não temos nada, nadinha.
— Jihyun iria gostar que tivessem.
— E você? — o garoto fez uma careta
— Ele ainda precisa passar pela minha aprovação. Está em fase de testes.
Jimin começou a rir, bagunçando os cabelos do garoto.
— Me ajuda a organizar a festa do Jihyun?
— Você já tem uma grande equipe de ajuda. Vou ficar aqui com minha musiquinha e terminar os deveres de casa.
— Precisa de ajuda com física de novo? Eu posso ajudar.— o garoto negou com a cabeça
O ômega sorriu e beijou a testa do filho, saindo do quarto. Seguiu para a sala de estar, onde Jihyun estava deitadinho no sofá com sua chupeta assistindo desenho abraçado ao seu Pororo, enquanto Jungkook e Wooyoung terminavam seus respectivos deveres passados pelo Park.
Jimin também estava ajudando o primo, que já admitiu não ser o mestre das ciências exatas, mas que valeria a pena estudar para se tornar um grande arquiteto, assim como Jeon também queria.
— E acabei. Agora posso ajudar.— Jungkook disse e sorriu, revelando os dentinhos de coelho que o loiro achava muito fofo
O alfa estava animado para dar uma ajudinha a organizar a festa de aniversário do Jihyun. E como Jimin queria uma festa com tudo o que o filho gostasse, toda ajuda seria muito bem vinda. Jungkook já estava tão inserido em sua vida, era difícil fazer ele se afastar e não se envolver mais, principalmente depois do beijo, o qual o Park tentava esquecer que aconteceu – sem sucesso.
Jimin corrigiu todas as contas feitas por Jungkook e Wooyoung também, antes de guardar todos os seus livros de matemática em sua prateleira no quarto. Provavelmente os outros familiares do Park não acreditariam que o garoto que quase repetiu de ano por notas ruins em matemática agora sabia tanto sobre e ensinava isso para adolescentes e adultos – e crianças em aulas particulares quando o contratavam ou como professor substituto.
— Onde vai ser a festa? — Jungkook perguntou ao ver Jimin entrar na sala segurando um pequeno caderno e uma caneta
— Num salão de festas. O dono do lugar é pai de um dos meus alunos de Ensino Médio. Consegui um preço bom e dentro do orçamento.— o ômega respondeu sorrindo e se sentando ao lado do filho no sofá e deixando ele deitar a cabeça em seu colo
Jungkook e Wooyoung ficaram no chão, em frente ao Park para ajudar a organizar tudo. O Jeon já sentia aquele lugar mais como sua casa do que a sua própria. E seus problemas com o pai andaram piorando na última semana, então ele passava o máximo de tempo que conseguia na casa de Jimin ou de Taehyung.
— A festa vai ser do Pororo, porque ele pediu muito.
— Festinha do Pororo! — Jihyun concordou alegre
— Tudo que ele quiser vai ter. Meu bebê merece a melhor festa de aniversário do mundo!
— Podemos encomendar cupcakes decorados com o desenho do Pororo e bonecos para enfeitar a mesa.— Wooyoung sugeriu
— Cupcakes são caros…
— O irmão do Yeosang é confeiteiro. Eu posso falar com ele.— Jungkook disse — Você deve conhecer o Yeo, ele está me devendo um pequeno favor e posso conseguir Cupcakes e até um bolo de andar do Pororo pro Ji bem baratinho.
— Sério mesmo, Jungkook?
O Jeon assentiu e viu um grande sorriso no rosto do loiro, o que já foi o suficiente para deixar seu dia muito melhor. Ele faria de tudo para sempre ver aquele sorriso ao em vez das lágrimas.
— E já que vai ser num salão, seria bom algo para divertir as crianças. Jihyun vai voltar pra creche semana que vem, não é? Vai convidar a turma dele toda provavelmente.— o alfa disse
— O que você vai querer na festa, meu amor? — Jimin perguntou ao filhote
— Pula-pula!
— Papa vai colocar um castelinho pula-pula bem legal pra você.— escreveu em seu caderninho — Algodão doce também?
O filhote assentiu com a cabeça e Jimin anotou tudo. Se dependesse dele, aquela festa teria tudo que seu bebê queria.
— Ji, o que acha de ter o Pororo na sua festa?
— O Pororo?
— Sim. Eu conheço ele sabia? Somos amigos há bastante tempo.
— Vedade? — os olhinhos do filhote brilharam de admiração e ele tirou a chupeta da boca (que também é do Pororo, como a maioria de suas coisas)
— E eu já menti para você alguma vez? — perguntou sorrindo, trazendo o ômega para seu colo e Jimin somente observou
— Quero Pororo na minha festa!
Jimin então fez uma careta lamentando. Contratar um animador de festas fantasiado de Pororo não estava em seus planos. As ideias de Jungkook iriam o falir se continuassem assim.
— Eu vou falar com ele pessoalmente para ir a sua festa.
— Jungkook, acho que o Pororo vai estar bastante ocupado e vai cobrar caro para vir.— o Park disse e viu um biquinho surgir nos lábios do filhote
— Eu cuido disso, Jimin. Pode deixar comigo, não vai lhe custar um centavo. Vai ser um dos meus presentes para o Ji.— o alfa dizia sorrindo largo, tão animado quanto Jihyun para a festa — Tio Kook vai levar o Pororo pra sua festa, Ji!
— Eba! — o pequeno comemorou e abraçou Jungkook, que beijou o topo de sua cabeça e fez carinhos em seus cabelos — Papa, o Pororo vai na festinha!
— Que legal, meu amor! E você vai dar um abraço bem grande nele? — disse e sorriu carinhoso, então olhando para o Jeon
Os olhares de ambos se encontraram e não precisam dizer nada. Jimin se encantanva em como Jungkook conseguia fazer seu filhote ficar tão alegre e se enturmar com ele com uma facilidade incrível até mesmo para o garotinho, que era bastante sociável, diferentemente de seu irmão mais velho. E o Jeon parecia gostar de verdade de Jihyun, tornando a relação deles muito fofa para qualquer um que visse. Poderiam até dizer que eram pai e filho…se Jungkook tivesse sido pai aos 18 anos.
— Ficar de vela pra casal já é ruim. Pra família é pior.— Wooyoung disse jogado no chão
— Mas você é da família, Woo! — Jimin disse — Jungkook é o intruso.
— Nossa! Magoou, Jimin-ssi.
Jungkook fez um biquinho e Jimin riu. Mas no fundo isso realmente o machucou, pois ele se sentia realmente próximo de Jimin e sua família.
Continuaram organizando tudo para que a festa fosse a melhor para o pequeno Jihyun. Até chegar a hora do Jeon ir para casa, a hora que ele menos gostava quando estava com o Park. Poderia passar vários dias ali que nunca reclamaria. Preferia fazer 20 páginas de exercícios de matemática do que ficar 20 minutos em sua casa.
Jimin levou Jungkook até a porta após ele se despedir de Jihyun com muito abraço e muitos beijinhos no rosto de ambos. O alfa encarou o loiro na porta e sorriu ao ver que ele estava um tanto envergonhado, como ficava sempre que estavam sozinhos desde o beijo.
— Obrigado por ajudar com a festa do Hyun.— agradeceu Jimin, sorrindo sincero — É a primeira que…eu preciso organizar tudo sozinho.
— Você não está sozinho, Jimin. Sempre pode contar comigo.
— Assim como você.— ressaltou, pois sabia que Jungkook não estava bem com tudo que acontecia em sua casa e chegava a faculdade com claros sinais de uma noite com muita heroína
Ele gostaria de ajudar o Jeon a ficar limpo. A cada dia que passava, mais o afetava vê-lo mal, mesmo que o alfa tentasse disfarçar com um belo sorriso sempre que estava consigo.
Jungkook já não conseguia mais parar de pensar em Jimin e não queria o envolver em seus problemas.
— Aula marcada para amanhã?
— Sabe que não posso as sextas. Tenho outros compromissos.
— Eu já não aguento mais Taehyung insistindo para eu ir com ele as reuniões do Narcóticos Anônimos. Estou ficando sem desculpas para fugir.— resmungou o Jeon
— Deveria pensar em ir algum dia, nem que seja uma vez. Pode te fazer bem.
— Vou pensar.
Com Jimin pedindo, era impossível não ao menos considerar a possibilidade. Porém, Jungkook sabia que ficar sóbrio não estava em seus planos no momento.
— Nos vemos amanhã. Você ainda tem uma aula minha as 10 horas.
— Irei esperar ansioso.— disse e sorriu
Jimin ia entrar em seu apartamento, mas Jungkook segurou sua mão e fechou a porta atrás dele. Encararam-se enquanto o Jeon levava sua mão ao rosto do Park e selava seus lábios num beijo de despedida.
O alfa acariciou o rosto do ômega, sem soltar a mão dele com sua outra. Foi um beijo calmo, retribuído pelo loiro que mantinha sua mão livre sobre o peito do maior. Jimin podia sentir o coração de Jungkook bater forte sob seus dedos, enquanto o seu próprio se acelerava. Não houve investidas maliciosas do moreno como na última vez, apenas um singelo beijo para dizer tchau.
— Não aja como se isso nunca tivesse acontecido também.— Jungkook disse ao afastar seus lábios
— Jungkookie-ah…
O Jeon deixou mais um selar sobre a boca do menor, mordendo levemente seu lábio inferior.
— Até amanhã, Jimin-ssi.
Dito isso, Jungkook deixou o ômega ali e seguiu para o elevador. Jimin o seguiu com o olhar até as portas metálicas se fecharem, então adentrando seu apartamento mais uma vez.
O Jeon encarou o próprio reflexo no espelho do elevador, respirando fundo. Não podia mais negar, estava apaixonado.
Fechou os olhos, levando as mãos a cabeça. Apesar de tudo, os problemas que passava ocupavam mais sua mente com as lembranças atormentando sua mente. Há muito tempo ele não tinha uma boa noite de sono e agora, mais uma vez, sua cabeça latejava e as imagens passavam por sua mente.
"Você sempre estará num cantinho especial do meu coração, Jungkookie-ah." Dizia a voz em sua mente, que ele nunca conseguia identificar ou ligar a um rosto.
Aqueles momentos de lapsos eram muito ruins e o atormentavam todos os dias quando estava longe de Jimin, quem sempre distraía sua mente.
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