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História Private Class - 26. Speak, please! - História escrita por Jimin4Jeon - Spirit Fanfics e Histórias
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História Private Class - 26. Speak, please!


Escrita por: Jimin4Jeon

Capítulo 26 - 26. Speak, please!



14 anos antes

Jimin observava o próprio reflexo no espelho a sua frente, a blusa em suas mãos e vestido apenas com uma calça preta ainda de zíper aberto. O corpo antes magro agora estava mais robusto, suas bochechas mais gorduchas e os mamilos sensíveis. Ao colocar-se de lado, pôde ver com clareza a elevação aparente em seu abdômen.

Devagar e com calma, levou uma das mãos até sua barriga avantajada. Faltava pouco para chegar ao quinto mês de gestação, estava com exatas 19 semanas. Já sentia algumas leves movimentações em seu ventre, ainda não chegara a ser algo significativo, porém ainda sentia. E enquanto olhava para o reflexo, novamente lhe veio a vontade de chorar.

Fazia quase quatro meses desde a morte de seu irmão e o dia que descobriu a gravidez. E desde então, poucos foram os dias em que não chorou em seu quarto. Sequer tinha consolo em seu luto, pois todos jogavam a culpa sobre si e ocupavam-se em consolar a pobre Hyomin que perdera seu filhotinho amado. 

Ele perdeu o irmão! Também estava sofrendo com isso, e ainda por cima estava grávido. Mas ninguém parecia se importar com o que Jimin sentia.

Ninguém que se dizia ser sua família e amigos. A única pessoa que compreendeu sua dor era um completo estranho, que também lhe ofereceu a chance de ter algo com o que se distrair e como sustentar a si mesmo e não depender de sua mãe, que não queria ajudá-lo de forma alguma.

— Ei, Jiminnie! — ouviu a voz da porta e olhou na direção do ômega. Rapidamente secou as lágrimas que escorreram por seu rosto.— Está tudo bem?

— Está sim, eu só...— não concluiu sua resposta e suspirou. Voltou a encarar o reflexo.

O mais velho aproximou-se por trás e segurou seus ombros delicadamente.

— É estranho ver seu corpo mudar tanto nesses meses, não é? 

— Um pouco.— admitiu 

— Sei como deve ser difícil sendo tão jovem. Eu tinha 20 quando engravidei pela primeira vez e já não foi muito fácil.— disse o ômega maior — Venha. Eu te ajudo.

Ele pegou a blusa de sua mão e ajudou-o a vestir. Jimin fechou sua calça e então ficou de frente para o espelho outra vez, sentindo-se confortável naquelas roupas mais largas que cobriam sua barriga e não apertavam como as suas, que claramente já não serviam mais.

Comprimiu os lábios e virou-se para o ômega, que fez um carinho em seu rosto e secou suas lágrimas.

— Serviu bem em você. Sabia que minhas roupas da gravidez seriam úteis algum dia. Eu posso te dar algumas.

— Obrigado, Jungwoo-ssi.— Jimin agradeceu — Obrigado mesmo, por tudo.

— Não precisa agradecer, Minnie. Pode contar comigo sempre que precisar.

O Jeon sorriu de forma carinhosa para o garoto. Jimin abraçou-o da forma que sua barriga permitia, com um sorriso leve em seus lábios. Jungwoo mal o conhecia, mas já o compreendia melhor que as pessoas que o conheciam desde seu nascimento. Por isso sempre seria grato a ele.

O Park sentia-se muito sozinho em sua casa. A irmã de seu falecido pai ainda brigava na justiça para ser guardiã de sua tutela, mas permanecia com a mãe enquanto nada era resolvido. Não se sentia bem vindo naquela residência, e realmente não era. Na verdade, aquele lugar deixara de ser um lar para si há muito tempo. Porém, tudo era diferente quando estava com a família Jeon. Desde o dia que um pequeno alfa o vira chorar em uma praça e com sua inocência, ficou preocupado e tentou animá-lo.

Um sorriso sincero surgiu no rosto do gestante, que rapidamente sentou-se para calçar os sapatos.

— Hyung! Hyung! — o alfa de 8 anos adentrou o quarto saltitante 

— Jungkook, eu pedi para esperar com o seu irmão.— Jungwoo falou num tom repreensivo — Jimin podia ainda estar se vestido, hm?

— Desculpa, papai.— desculpou-se o garoto — Hyung, meu dente caiu! 

— Sério? — Jimin sorriu e fez uma expressão de surpresa, olhando para o alfa como se o que ele dissesse fosse a melhor coisa do mundo — Que legal, Kookie-ah! Vamos guardar embaixo do seu travesseiro hoje a noite.

Jungkook sentou-se no colo do gestante e sorriu, mostrando um dos dentes que faltava. O Park sorriu de volta e beijou a bochecha do alfa.

— Papai, o hyung pode dormir aqui hoje? Por favor, por favor!

— Jimin tem que querer também, Kookie.

— Por favorzinho, Minnie! — o pequeno Jungkook implorou

— Jungkook, eu não quero incomodar.— Jimin disse

— Você sabe que não incomoda, Jimin. Pode ficar aqui essa noite se quiser.— Jungwoo disse — Vamos ficar felizes em te ter aqui.

Jimin pensou um pouco no que responder. Ele realmente não sentia a mínima vontade de voltar para sua casa e ver sua mãe e não queria incomodar sua tia no hotel em que estava.

— Tudo bem, eu fico.

— Eba! Vamos poder brincar com os brinquedos novos que o papai me deu o dia inteirinho e fazer uma cabana igual faço com Junghyun.

— Vamos, Jungkookie.— o ômega assentiu e riu da animação do garoto — Au! — levou uma mão a sua barriga e arregalou os olhos — O-o que foi isso?

Seu olhar denunciava como estava um tanto assustado. Jungkook fez um biquinho e saiu do colo de Jimin, olhando preocupado. Jungwoo se aproximou e tocou a barriga do mais novo e sorriu ao constatar o que era.

— É um chute. Nunca sentiu antes?

— N-não. É a primeira vez.— respondeu 

— É normal os chutes começarem nessa época. Não precisa se assustar, é só o seu filhote mostrando que está bem acordado.— o Jeon mais velho sorriu gentil — Logo você se acostuma.

— O bebê do hyung tá se mexendo? — Jungkook perguntou

Jimin observou sua grande barriga ao que sentia algumas pontadas vez ou outra. Sentira apenas leves movimentações antes, mas agora era algo mais forte. Era estranho sentir aquilo pela primeira vez.

— Quer sentir, Jungkook?

O menor assentiu e o ômega colocou as mãozinhas dele ali junto as suas. Jungkook riu ao sentir o chute do filhote.

— Ele tá se mexendo! Não dói, Hyung?

— Um pouquinho. 

— Quando ele vai sair daí de dentro? — perguntou curioso

— Ainda vai demorar um pouquinho, meu bem.— Jungwoo quem respondeu

— E eu vou poder brincar com ele, não é hyung? Vamos poder brincar todos juntos. Será que ele vai gostar de mim?

Jimin forçou um sorriso com a animação do pequeno Jeon. Não queria estragar aquele momento com sua ideia de, talvez, não ficar com aquele filhote depois de nascer.

— Ele vai te adorar, Jungkookie-ah.— disse e fez um carinho nos cabelos escuros do garoto 

— Eu vou ajudar te ajudar cuidar dele e ser um bom hyung! Eu prometo, Jimin-ssi!

Dias atuais

Jungkook permanecia desacordado na maca da UTI, entubado e com o medidor de batimentos apitando ao lado a cada batida de seu coração. Jimin estava ao seu lado, segurando sua mão ao que fazia um carinho em seus cabelos. 

Três dias haviam se passado e o Park não ousou ir para casa. Dormiu ali durante aqueles dias e Wooyoung lhe levava roupas limpas e algo para comer antes de ir a faculdade. Não foi trabalhar durante aquele tempo e logo lhe arranjaram um substituto temporário. Fora mais difícil justificar sua ausência na universidade, mas conseguiria lidar com tudo depois. O que lhe importava era estar ali com o Jeon.

— Você tem que acordar logo, Jungkookie-ah.— Jimin disse com a voz baixa — Eu preciso de você aqui comigo.

Os olhos do ômega estavam vermelhos de tanto chorar naqueles dias, e seu corpo, fraco pelos calmantes que tomava para manter-se calmo e não ter um colapso nervoso. Tomava de pelo menos três a cinco compridos todos os dias e logo apagava pelo efeito de sono. Pelo menos, se algo acontecesse por esse leve exagero, estava cercado de médicos para lhe ajudar.

Jungkook começou a se tornar seu novo porto seguro sem que Jimin sequer percebesse. Desde quando ainda era apenas um pequeno garotinho, ele fazia o Park sentir-se bem e seguro. E o loiro nunca imaginou que um dia aquele garoto cresceria e conquistaria seu coração daquela forma. Mas ali estava ele, começando a se apaixonar pelo Jeon depois de pensar que nunca conseguiria gostar de alguém outra vez.

O ômega estava com o coração destruído pela traição do marido e o divórcio, e Jungkook estava reconstruindo-o como um verdadeiro arquiteto, assim como o reconstruiu quando criança sem nem imaginar por tudo que o mais velho passara. Parecia que aquele alfa estava em sua vida justamente para melhorá-la e torná-la mais completa.

Foi ver os olhos brilhantes e a doçura do pequeno Jeon que lhe deu esperança e forças para tentar superar tudo e ficar com seu filho. E foi o empenho do alfa em se aproximar e fazê-lo se sentir bem que estava fazendo-o amar outra vez aos poucos.

— Você nem imagina todo o bem que fez pra mim.— falou com a voz chorosa enquanto as lágrimas voltavam a inundar seus olhos — Queria te contar a verdade e cuidar de você como prometi ao Jungwoo.

Secou uma lágrima que escorreu por sua bochecha, encarando o rosto do Jeon. Ele lembrava bastante o pai ômega. 

— Eu vou resolver isso. Prometo.— beijou a testa do alfa 

Jimin deixou o quarto na UTI e foi até Taehyung na espera. O Kim estava quieto e calado, abraçado ao envelope com seus exames que fizera dias atrás. O loiro aproximou-se do mais novo, que estava absorto em seus pensamentos.

Taehyung não percebeu a presença do Park até sentir a mão dele em seu ombro. Olhou para o outro ômega com seus olhos marejados.

— Como se sente, Tae?

— Poderia mentir e dizer que estou bem, mas acho que minha cara já denuncia.— respondeu com a voz baixa — Que belo momento para eu ver isso aqui.— apontou para o envelope branco

— Você precisa descansar agora.— Jimin disse calmo — Alguma notícia do Seongjae?

— Nem sinal de fumaça. Não sei se ele está com medo de vir ou se está apenas enchendo a cara.— Taehyung suspirou — Só queria que ele e Jungkook tivessem uma conversa de verdade e se entendessem. Mas são dois cabeças duras! Kookie teve a quem puxar.

— Eu vou tentar falar com ele e entender o que aconteceu. Sei bem que o Jungwoo amava os filhos, mesmo que eu não entenda todos os seus motivos para deixá-los. Ele tentou falar com o Jungkook e deve pensar que não respondeu por estar com raiva e magoado. Quero saber porque Seongjae não entregou a carta.

— Conhecia o Jungwoo-ssi? — o Kim perguntou confuso

Apesar de saber bastante coisa sobre o Park graças às reuniões do N.A, Taehyung nunca soube que já trabalhou para a família Jeon como babá de Jungkook e Junghyun. E mesmo que já o tenha visto uma única vez quando criança, não se recordava, pois fora pouco tempo.

Mas Jimin se lembrava muito bem de como Jungkook sempre falava do seu grande amiguinho TaeTae que morava numa casa que parecia um castelo quando criança. E sentia-se feliz por ele ainda ter o amigo ao lado durante todos aqueles anos, sabia que o Kim se preocupava muito com o Jeon e queria vê-lo bem.

— Conhecia. É uma longa história.— suspirou — Ele me ajudou bastante quando engravidei do Kwan. Me entendia melhor que minha própria família.

— Tio Jungwoo era realmente um anjo e tinha um coração enorme. Disso eu me lembro bem. Nunca entendi exatamente porque ele foi embora de repente com outro alfa.

— Também não. Mas entendo a dor do Seongjae e a vontade afogar a dor de ser traído e trocado por outro na bebida. Às vezes parece ser o jeito mais fácil de fugir de tudo.— comprimiu os lábios e olhou para sua mão esquerda, a qual não possuía mais a aliança no dedo anelar — Eu quase tive uma recaída quando me separei do Taemin. E eu não era marcado, mas o Jungwoo sim e o alfa dele sente tudo.

— Já fazem 7 anos desde a carta. Acha que ele ainda está vivo?

— Isso só Jeon Seongjae pode responder. E estiver, eu realmente gostaria de saber onde e como ele está.

— Ele escreveu quando ele fez 15 anos. Foi na mesma época que nós começamos a usar algumas drogas. Se ele tivesse recebido, talvez…

Os olhos do Kim se inundaram e começaram a derramar lágrimas, com seus hormônios a flor da pele e a tristeza lhe abatendo com força. Lembrava vividamente de como o amigo estava sempre triste e abatido desde que o irmão também foi embora, o que apenas aumentou sua angústia e a mágoa pelo abandono de Jungwoo. E fora essa mágoa e a dor que o fez recorrer ao que parecia mais fácil: drogas.

Primeiro um comprido aqui, cheirar um pó ali, e no fim chegaram à onde estavam: Jungkook em coma por overdose e Taehyung lutando para manter-se limpo.

E Jimin entendia bem o que o ômega pensava sobre o que poderia acontecer se o Jeon tivesse recebido a carta antes. Talvez ele não se afundasse tanto naquele vício por saber que o pai não esquecera de si e ainda o amava, que se preocupava consigo apesar de estar longe.

— Traga a carta aqui.— pediu o Kim com a voz chorosa

— Por quê?

— Eu vou pagar os melhores detetives da Coreia se for preciso, mas vou saber onde ele está. Essa carta é a única pista e ele pode dar ao Jungkook o que mais quer: uma resposta para a sua porra de vida desde que ele foi embora.

Jimin suspirou e assentiu com a cabeça, deslizando sua mão pelas costas do Kim para acalmá-lo.

— X —

A porta da casa dos Jeon estava destrancada. O Park adentrou a residência com cuidado a procura do pai de Jungkook, podendo sentir o forte cheiro de nicotina e bebida alcoólica que o local possuía. Com exceção do tapete da sala de estar repleto de garrafas, tudo parecia limpo e arrumado no andar de baixo.

Chamou pelo dono da casa, mas não obteve resposta. Também não o avistou em nenhum cômodo, porém sabia onde o alfa estaria, segundo as instruções de Taehyung. Quando Seongjae não estava em casa ou no trabalho, estava em um bar não muito longe.

Jimin seguiu caminho até o tal bar, pelo qual havia passado com o seu carro no caminho até a casa. Wooyoung havia ido para o hospital depois de deixar Kwan na escola e Jihyun na creche, para levar algo decente para o primo comer, e então fora para a faculdade de táxi e de lá iria a casa de um seus amigos para deixá-lo com o veículo. O Park conversou com a mãe de um dos melhores amigos do filho mais velho, Jeongin, para deixar ele ir para lá após a escola junto com Jihyun, que ficava na mesma creche que o irmão caçula do garoto. Então, não havia muito com o que se preocupar e poderia fazer o que planejava. 

Chegou ao local e logo avistou o Jeon sentado em uma mesa, quieto e pensativo, com os olhos vermelhos que evidenciavam que havia chorado, diferente dos outros por ali. Os outros alfas do local riam, conversavam alto e jogavam cartas entre amigos.

Jimin notou alguns olhares sobre si enquanto caminhava até a mesa, porém ignorou. Acostumou-se com isso no tempo que trabalhou numa boate e sentia todos os alfas lhe encararem como se fosse um pedaço de carne.

— O Jeon Seongjae que eu me lembro estaria ao lado do filho no hospital e não em um bar bebendo.— o ômega declarou assim que se aproximou do mais velho 

— As coisas mudaram bastante desde que você foi embora, Jimin.— o homem respondeu e lhe encarou — Minha relação com meu filho não é das melhores atualmente.

— Eu sei. Jungkook só sabe falar coisas nada boas do senhor. Sobre como o pai dele é um alcoólatra que não se importa com ele.— disse o loiro — Mas eu sei que se importa e que ele foi tudo que lhe restou.

O alfa riu baixo e concordou.

— É. Pelo menos nisso o Jungkook não puxou ao Jungwoo e o meu outro filho ingrato.— falou e encheu seu copo de cerveja. Ainda não estava tão bêbado.— Continua comigo. Mas não é como se fosse um mar de flores e a família perfeita. Ele vive com suas drogas e eu...— apontou para a garrafa

— Venha, eu vou te levar pra casa. E lá, o senhor vai tomar um café bem forte e vamos conversar um pouquinho sobre você e seu filho.

— Por que se importa? Eu estou muito bem aqui.

— Não está. E eu me importo porque o senhor também me ajudou quando precisei — Jimin respondeu — Me importo com seu filho mais do que eu mesmo imaginaria e apenas quero vê-lo bem. Jungkook se tornou alguém muito importante pra mim e eu não quero perdê-lo.— o ômega sentia as lágrimas querendo sair de seus olhos, mas não permitiu — Então levante dessa cadeira e vamos para casa.

Ambos ficaram em um silêncio por alguns minutos, até o Park tomar iniciativa. Olhou para o balcão.

— A conta dessa mesa, por favor.— disse e pegou a carteira em seu bolso

— Não precisa pagar.

— Mas eu vou.

Um beta lhe trouxe a conta e Jimin tirou o dinheiro do bolso, colocando sobre o balcão.

— Isso paga tudo que ele bebeu.

— Olha só que belo ômega arrumou, Jae! Onde conseguiu? — o Park ouviu algum alfa dizer

— Cala a boca, imbecil! — Jimin ralhou para o alfa, irritado

— Uh e é bem arisco. É assim na cama também? — outro falou

O ômega respirou fundo e olhou na direção do Jeon.

— Acho que te conheço de algum lugar...— um alfa ao lado do ômega disse — Oh! Chimmy! É você mesmo?

— Chimmy? Aquele garoto da Pleasure?

— Conseguiu uma bela peça, Jeon. A estrela do poledance da melhor boate de Seul.

— A estrela aqui já teve sua supernova há muito tempo, então acalmem os ânimos. E de alfas como vocês naquela época, eu sentia era nojo.— Jimin disse firme e puxou o Jeon pelo braço para levantar — E Seongjae não é meu amante, é meu futuro sogro.

O Jeon arregalou levemente os olhos, um tanto atordoado, deixando-se ser arrastado para fora pelo ômega.

— Parece que o Jeon Júnior tem muito bom gosto, hm? — Jimin engoliu em seco ao ouvir aquela voz atrás de si — Nisso ele puxou a você, Seongjae.

— Fecha a porra da boca, Kang! Quando abre parece um esgoto.— Seongjae esbravejou irritado 

Jimin olhou para o mesmo alfa que o Jeon encarava com raiva. Comprimiu os lábios ao ver aquele sorriso maldoso e imediatamente fechou os olhos, balançando a cabeça para espantar as más lembranças. Puxou Seongjae para longe até a casa.

Ao chegar na residência, o Park arrastou o Jeon até o banheiro e o deixou lá enquanto ia para a cozinha. Respirou fundo e começou a vasculhar os armários para poder preparar um café para o alfa e também para si mesmo. 

A morada não era muito diferente da que os Jeon tinham em Busan, talvez apenas um pouco menor. Não sabia quando exatamente haviam chegado a Seul, mas trataria de descobrir tudo o que ocorreu nos 14 anos que esteve longe deles, além do que já sabia por Jungkook. Ele retribuiria toda a ajuda daquela família. Se dependesse de si, tudo se resolveria e eles poderiam voltar a ser um pouco do que eram quando ele trabalhava como babá dos pequenos Jeon.

Seu trabalho era cuidar dos dois filhos do casal, mas Jungkook era quem mais tinha sua atenção, para ser sincero. O que lembrava do primogênito era de um alfa bastante responsável e independente, conseguia se virar bem sozinho, mas não deixava de ser uma criança de 12 anos. Junghyun era quatro anos mais velho que o caçula, tinha quase a idade de Jihyun. E parando para pensar, ir estudar no exterior combinaria com o feitio dele.

A diferença do que poderia pensar é que, aparentemente, ele nunca se interessou em voltar para a Coreia. E diferente dele, o Jeon mais novo não queria abandonar o pai, por mais que não tivessem uma relação muito boa.

E esse pequeno fato em Jungkook que aquecia seu coração e lhe dava esperança de poder ajudar tudo a melhorar. Apesar de tudo, ele ainda se preocupava com sua família.

Jimin queria ter a mesma força. Ele não poderia se importar menos com sua família, exceto por Wooyoung. Todos viraram as costas para ele, então fez o mesmo. E sua compaixão pelo primo era somente por entender que na época ele era apenas um filhote que não entendia nada do que estava acontecendo e não tinha culpa de nada. Via no Jung um pouco do seu irmão e a oportunidade de, dessa vez, conseguir protegê-lo.

— Então a brincadeira do Jungkook de dizer que quando crescesse se casaria com você, não ficou realmente na brincadeira.— o ômega ouviu a voz de Seongjae e riu. Lembrava de quando Jungkook dizia aquilo e que iria cuidar de si e do seu bebê a caminha, como um bom alfa Jeon.

— Casar ainda é um pouco cedo para falar, mas...é, as coisas entre nós estão se encaminhando para algo sério.— disse e colocou a xícara de café sobre a mesa, então sentando-se com sua própria. O alfa também se sentou.— Ele não se lembra de quando eu cuidava dele.

— E você não contou.

— Ainda não. E confesso que levou um tempo para eu perceber quem ele era. Pensava que ainda estivessem em Busan.

Alguns minutos de silêncio se seguiram, antes de Jimin tomar iniciativa:

— Quero saber o que aconteceu desde que eu vim pra cá.

— Acho que você já deve saber de boa parte. Eu comecei a beber, Junghyun também nos abandonou, Jungkook começou a usar drogas. Não tenho muito o que contar.— respondeu o alfa e bebeu um gole do café forte e fez uma careta — Está bem forte.

— Precisamos que fique sóbrio, Seongjae. Ainda bem que cheguei antes que estivesse bêbado a ponto de não conseguir andar.— o Park falou — Quando vieram para Seul?

— Quando Jungkook fez 15 anos. Eu arrumei nossas malas, peguei as primeiras passagens de trem e viemos direto para cá.— explicou — Recebi essa casa de herança do meu pai e nunca encontrei um fim para ela. Bom...ela veio a calhar nesse dia e eu vendi a nossa em Busan.

— Deixe eu adivinhar: decidiu isso logo depois da carta de Jungwoo chegar.

O Jeon não precisou responder para Jimin ver que estava certo. 

— Por que não entregou a ele?

— Você não entende, Jimin…

— Não, eu realmente não entendo.— o ômega retrucou firme — Sabe o quanto o abandono afetou a mente do Jungkook, o quanto isso doía nele. Receber essa carta poderia evitar muita da dor que ele sente só pela mínima esperança de saber que Jungwoo ainda o amava e não esqueceu completamente dele.

— Eu sei muito bem como isso afetou. Você não faz a menor ideia de tudo pelo que passamos! — Seongjae elevou um pouco a voz e encarou o Park

Os olhos do alfa ficaram marejados. Jimin ficou calado, encolhido com seu café enquanto ele continuava  a falar.

— Depois que você foi embora, tudo ficou bem pior, principalmente para o Jungkook. Ninguém mais conseguia o acalmar de verdade.— proferiu olhando diretamente para o ômega — Eu ouvi o meu filho chorar dia e noite, sem entender porque quem ele tanto amava e em quem ele se apoiava não estavam mais ali. Ele chorava, gritava, se esperniava, nem os professores conseguiam controlá-lo. Durante meses, Jimin! Ele já chegou a se machucar muitas vezes assim. Uma vez o deixei com o Taehyung pensando que ficar se divertindo com o amigo ajudaria, e enquanto tinha mais umas das crises de choro ele caiu na piscina da casa e quase se afogou. No hospital, tudo que ele sabia fazer era perguntar onde Jungwoo estava. Todo dia, ele apenas perguntava repetidamente onde estava e eu não sabia o que fazer!

Enquanto ouvia tudo, Jimin sentiu seu peito doer só de imaginar Jungkook sofrendo tanto. Ele realmente não imaginava nem metade de tudo o que aconteceu e como foi todo o processo para o Jeon mais novo superar da forma que podia. Sentia vontade de chorar ao pensar que talvez pudesse ter ajudado se não tivesse ido embora.

Ele teve seus motivos para não aguentar ficar mais um dia sequer em Busan, mas só de pensar em Jungkook e tudo pelo que passou, se soubesse isso o faria pensar duas vezes antes de ir.

— Queria poder ter ficado para ajudar, mas…

— Você teve seus motivos, eu sei. Também faria isso no seu lugar. Já tinha uma criança para se preocupar nos seus braços.— uma lágrima escorreu pelo rosto do alfa — Você é pai, Jimin. Mesmo que as circunstâncias fossem difíceis por tudo que aquele estrume que te engravidou fez, acredito que se realmente ficou com o seu filho, sabe como é difícil ver seu filhote sofrer. E eu também estava sofrendo, sentindo todos os dias como eu era traído.— Seongjae respirou fundo e secou suas lágrimas — As coisas não estavam boas entre mim e Jungwoo na época. Posso não ter sido um marido tão bom quanto ele queria, mas eu tentei e eu o amava de verdade. Eu sentia que aquele alfa estava se aproximando do meu ômega e que estava conseguindo tirá-lo de mim...isso me deixou tão irritado! Discutimos várias vezes, me exaltei muitas vezes, mas eu tentei mantê-lo comigo...e não foi o suficiente. Sentir o meu ômega amando outro...foi duro demais para eu conseguir suportar sozinho. 

— E encontrou seu consolo na bebida, imagino.— deduziu Jimin — Eu me casei com o meu amigo, Taemin. Aquele que estava comigo quando dei a luz. E bom...posso dizer que entendo perfeitamente a sensação de ser traído, mesmo que ele nunca tenha me marcado, não foi fácil.

— Você teve sorte de não ser marcado. E foi mais forte que eu.— deu de ombros — Eu tentei levar Jungkook a psicólogos e isso ajudou um pouco, mas ainda era difícil. Nem nos demos conta quando ele acabou não se lembrando de quase nada daquela época, inclusive de você. Acabei afogando as mágoas no álcool e Junghyun nos estudos. Ele conseguiu uma bolsa para cursar o resto do Ensino Médio em Londres, num intercâmbio, e não pensou duas vezes antes de ir.

— Jungkook também ficou muito mal com isso, não foi?

— Sim. Ficou um mês inteiro chorando trancado em seu quarto. Depois disso, nem consigo contar quantas ligações já recebi da escola com ele se metendo em problemas.— contou o Jeon — Quando a carta do Jungwoo chegou, eu a abri. Não consegui me conter. Depois de todo aquele tempo ele mandava notícias assim? Do dia pra noite?

— Devia ter dado a ele.

— Para correr o risco de passar por tudo de novo? Ver o meu filho sofrer daquela maneira sem saber onde Jungwoo estava e porque o deixou? Eu fiz isso para protegê-lo. Tudo ficaria melhor sem ele saber. 

— Eu entendo que queria proteger o Jungkook, mas isso poderia tê-lo ajudado!

— Eu não quis correr o risco. Não sou tão forte quanto ele pensava que eu era.— Seongjae desviou o olhar — Sou fraco. E por isso vou continuar bem aqui. Não vou ao hospital. Jungkook está bem melhor sem um pai covarde por perto.

— Mas ainda é o pai dele! Vocês precisam conversar para se resolver.

— Sabe como é ouvir o seu filho dizer que prefere estar morto a continuar com você? — perguntou novamente com as lágrimas escorrendo e olhando para o Park — Eu o ouvi dizer isso com todas as letras e depois ter uma overdose que quase o matou. 

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Jimin sem que ele sequer percebesse. Ele não sabia, porém, no fundo, entendia. Se ouvisse isso, com certeza seria como levar uma facada no peito. E sabia que também não fora o melhor dos pais com seu primogênito e ele teria todos os motivos para dizer o mesmo.

— Eu era um viciado, como Jungkook.— confessou — Preferia estar numa festa me entupindo de metanfetamina a ficar em casa e amamentar ou ouvir o choro do meu filho a noite. Me drogava todos os dias para suportar a escola, o trabalho, a rotina de pai, os meus traumas.— mais lágrimas começaram a escorrer pelo rosto do ômega — Já fiquei chapado na frente dele inúmeras vezes. Deixei a própria sorte doente pela casa, enquanto me drogava no quarto.— fechou os olhos — Eu não fui um bom pai de início. Mas com o tempo, à medida que me afeiçoava mais a ele, via como ele sofria. Me sentia culpado, mas eu não conseguia controlar. Tentei encontrar forças nele, em tudo que fiz, para superar isso. E quando engravidei de novo, eu prometi a mim mesmo que não o faria passar pela mesma coisa. Eu consegui ficar limpo e melhorar minha vida. Meus filhos são a minha família e a minha força.

Jimin olhou para o Jeon.

— O senhor também pode melhorar. Tentar conversar com o Jungkook. Você é a única família que restou a ele, assim como ele é tudo o que tem. Vocês dois podem melhorar juntos, superar tudo e essa dor juntos.

— Jungkook não vai querer conversar.

— Tente. Eu consegui o convencer a ir a uma reunião dos Narcóticos Anônimos comigo.— forçou um sorriso para o mais velho — Apenas quero ajudá-los, assim como me ajudaram. Vocês foram os únicos que me apoiaram quando precisei e vou retribuir isso.

Seongjae levou as mãos ao rosto e suspirou.

— Vou deixar o senhor um pouco sozinho para pensar.

Após dizer isso, Jimin se levantou e seguiu para o quarto de Jungkook. Seria melhor deixar o Jeon mais velho pensar um pouco sobre aquela conversa.

O quarto ainda estava uma verdadeira bagunça. O Park respirou fundo e tentou organizar tudo para ajudar como podia. Jogou todas as roupas usadas num cesto de roupa suja e as bitucas de cigarro no lixo. Arrumou a cama de Jungkook e organizou sua escrivaninha, onde deixou também a carta de Jungwoo, que antes estava no chão.

Sua atenção foi para uma foto, que não era a de Jungwoo. Era uma foto sua e de Jungkook quando pequeno. Ele abraçava o Jeon e beijava seu rosto, enquanto o outro agarrava-se a si e sorria. Não pôde evitar um sorriso ao observar a fotografia. Quando fora tirada, estava no quinto mês de sua gestação. Haviam ido a um shopping dar uma volta após sua ultrassonografia, Jungwoo quem havia os fotografado. Foi no mesmo dia que descobriu que teria um menino.

Jimin sempre ficava mais cabisbaixo em dias de consulta no obstetra, mas Jungkook conseguiu o alegrar naquele dia. 

Deixou a fotografia sobre a escrivaninha e observou as folhas A1 enroladas ao lado. Pegou uma delas e a abriu, encontrando o desenho de uma planta baixa feita por Jungkook, um de seus projetos para a faculdade. Ele possuía talento para isso. Viu todas as outras, porém uma lhe chamou mais atenção.

Na caligrafia de Jungkook, no topo, estava escrito "Minha casa", porém a planta não se assemelhava a daquela residência e não estava concluída. Na verdade, haviam várias rasuras e rabiscos ali, além de alguns rasgos nas laterais da folha.

— Jungkook estava projetando uma casa nova pra ele? — questionou-se em voz alta 

Ao pegar outra projeção, surpreendeu-se ainda mais. Tinha seu nome ali e aquela estava longe de ser a planta baixa de seu apartamento. Era apenas um rascunho, mas parecia ser uma casa razoavelmente grande com quatro quartos, sala de estar, sala de jantar, área de lazer...o tipo de casa que Jimin sonhava ter um dia. 

Viu alguns cômodos cômodos nomeados: "Quarto do Jihyun", "Quarto do Kwan", "Quarto do Jimin", "Quarto de hóspedes/Wooyoung", "Escritório do Jimin". Riu ao ler o nome do último quarto.

Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas. Jungkook havia dito em tom de brincadeira que um dia projetaria uma casa para si, mas não pensou que ele acabaria levando realmente a sério. E um leve sorriso em meio às lágrimas surgiu em seu rosto.

Ouviu seu celular tocar no bolso e pegou-o rapidamente. Era Taehyung.

— Aconteceu alguma coisa, Tae?

— Jungkook acordou! — disse o Kim com a voz de choro, mas um choro de alívio — Ele quer ver você.

 


Notas Finais


Olá, meus amores! Tudo bem?

A culpa dos dois dias de atraso foi da minha escola maravilhosa. Tive prova a semana toda e só fui avisada poucos dias antes, então não tive tempo para escrever, mas concluí o mais rápido possível.

Esse foi um capítulo bastante interessante rsrs vimos um pouquinho do Senhor Jeon e mais detalhes do Jiminnie também, incluindo um momentinho super fofo dele com o Kookoo criança.

O que acharam, hm? Espero que tenham gostado!

No próximo capítulo teremos Jikookinho de volta com direito ao nosso neném favorito para todo mundo boiolar.

Se minha escola não ferrar mais minha vida, próxima att dia 6 de novembro.

Beijinhos,
Bye bye 😘


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