Lucy
Nunca, em toda minha miserável vida, eu me dediquei tanto em algo, quanto escrever o meu ideal perfeito naquela folha.
Descobri que não sirvo pra ser escritora, pois me canso e me estresso muito rápido. É a treva.
Arranquei a folha do caderno, dobrando-o e guardando na mochila, ansiosa para o resto do dia.
As aulas se passaram normalmente. Entediantes e chatas. Quase saí correndo quando o sinal tocou e fomos liberados.
No caminho até a minha tão amada liberdade, sou parada pela doida que eu ainda insisto em chamar de melhor amiga e uma garota que nunca vi na vida.
Intercalei meu olhar entre as duas, questionando Cana via pensamento, vendo seu tão costumeiro revirar de olhos e sua mão pesada puxar meu pulso e sair me arrastando junto a menina pelos corredores, esses que levariam até o lado de fora do colégio, e lá a única coisa que tem é a quadra.
- Dá pra você parar de me puxar. Eu tenho pernas - falei, estagnando no lugar, fazendo-a se virar pra mim e bufar - eu hein. Pra que tanta pressa coisa? E quem é essa? - apontei para menina pálida de cabelos azuis, que até então estava calada
- Juvia, um prazer conhecê-la Lucy-san - sorriu amigavelmente. Estranhei um pouco seu jeito de falar
- Mas hein? - Cana me dá um cutucão forte, me fazendo grunhir e encará-la - Qual é a porra do seu problema?
- Seja educada. Não foi assim que eu te eduquei - pronunciou entredentes, me olhando sugestiva, fazendo-me voltar meu olhar para a estranha, vendo suas bochechas rosadas
- Você não é minha mãe pra me educar ô doida - resmunguei, beliscando seu braço e sorrindo para a azulada - prazer em conhecê-la Juvia. Você não é daqui não é? - assentiu, sem pronunciar nada, me fazendo entender o quão tímida podia ser. Me virei pra Cana arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços - E então? Por que me puxou até aqui?
- Eu acho que encontrei o cara perfeito pra você - sorrindo largamente
- Encontrou é? - não dando muito ibope - Você disse a mesma coisa sobre os trocentos caras que me apresentou e adivinha, não eram tão perfeitos como você disse - sua expressão se fechou e agora me encarava com uma carranca
- Larga de ser chata. Dessa vez eu tenho absoluta certeza de que encontrei o cara perfeito pra você
- E que cara seria esse? Aliás, como pode saber que é perfeito pra mim se nem viu o perfil que eu fiz?
- Puff, completamente desnecessário. No final, eu tive apenas que sair perguntando pelos corredores se havia algum estudante com gostos meio estranhos por aqui. E após entrevistar 15 caras, 3 garotas e passar por um baita perrengue com a coordenadora, eu finalmente achei ele - exclamou, animada
- Jura? - na mesma animação - Mas pera, quer dizer que eu passei quase uma aula inteira pra fazer a merda daquele perfil a toa? - indignada
- Shiiii, apenas ossos do ofício - e voltou a me puxar. Respirei fundo, decidindo ignorar
- Tá, e por que estamos indo pra quadra?
- Não é óbvio? Seu boy magia está lá querida - pronunciou debochada
- Ainda não entendi o que ela tá fazendo aqui - olhei pra Juvia, que estava tão distraída com as coisas ao redor que nem reparou na insinuação que fiz
- Já já você vai entender
Finalmente chegamos no local. Paramos, observando o grupo de garotos, provavelmente do terceiro ano, treinando com a bola de basquete.
Eram bonitos, altos, musculosos, mas nada que me chamasse muita atenção. Fitei Cana entediada, achando graça de sua impaciência.
- Cadê o cara? - cruzei os braços. Cana passou um de seus braços por meus ombros, me espremendo contra ela, e virando meu rosto na direção dos garotos, graças a sua mão em meu queixo
- Tá vendo o bronzeado, com cabelo rosa, músculos apetitosos e um V incrível no pé da barriga? - procurei a pessoa com a descrição da morena, logo me arrependendo, porque um arrepio descomunal e nada inocente atravessou meu corpo no mesmo momento - Eu sei amiguinha, eu também tô toda molhada!
Abri a boca com os olhos arregalados, em pura descrença. Como alguém assim existe? Como pai?
A pele com um bronzeado charmoso; os cabelos de cor única e chamativa (e por coincidência a minha favorita), aparentando serem macios e deliciosos de se puxar; os músculos saltados e a mostra, me fazendo babar; a altura, digna de Michael Jordan, e as mãos... Ah, as mãos. Grandes e aparentemente calejadas, com as veias pulsantes a mostra, enquanto quicava a bola no chão.
Consegui reparar nisso tudo estando de longe, nem queira saber as coisas que consigo enxergar de perto.
- Q-q-quem é ele Cana? - ainda boquiaberta
- Natsu Dragneel, aluno do terceiro ano, 18 anos de pura saliência e gostosura e considerado pelo seus amigos um cara reservado, frio, grosseiro, rude, dominador e de pavio curto - ditava enquanto lia o que estava em sua palma da mão
- E meu irmão postiço - olhei descrente para a mais branca dentre nós três - minha mãe e o pai dele se casaram a um ano atrás - explicou
Voltei meu olhar para o Deus grego novamente, quase caindo pra trás quando meu olhar foi retribuído quase instantaneamente.
Caralho, porra, puta que o pariu!
Esse com toda certeza, é o cara.
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