Lucy
Tédio. Palavra que define meu atual estado de espírito.
Há mais ou menos três dias atrás, os professores entraram em greve por conta da situação precária que a escola está passando no momento. O que para nós, meros vagabundos, foi ótimo, afinal, dias e mais dias podendo acordar até tarde e ficar sem fazer nada.
Porém, depois de dois dias acordando 12:00 am, eu já não aguento mais não fazer nada. Antes que façam perguntas, Barney's está passando por uma reforma e por isso os funcionários foram temporariamente suspensos. Cana e Juvia neste momento estão na praia, aproveitando os dias de folga. Eu poderia estar com elas? Poderia, mas estou dura, por ter gastado "todo" o meu dinheiro com roupas e brinquedinhos novos. Já Natsu, está ocupado com a empresa e a faculdade, por isso quase não tá me dando atenção. Se eu estou emburrada por causa disso? Não, magina.
- Pretende ficar mofando nesse quarto até quando? - olho para a criatura loira encostada no batente da porta do meu quarto.
- Por acaso tem alguma ideia? - pergunto sem sair da posição desconfortável que estava. O peso extra faz minha cama afundar, me fazendo direcionar meu foco no sorriso malicioso e nas sobrancelhas alheias se mexendo engraçadamente. - Tem não tem? - me sento no colchão com tudo, ficando levemente tonta por conta do sangue que estava em minha cabeça descer com tudo para o meu corpo.
- Abriu uma boate temática aqui perto, e hoje tem open bar. Topa? - mordo o lábio, sorrindo ladina.
- O que você acha querido? - debochada, ganhando uma risadinha de sua parte. - Mas eu vou chamar o Natsu também. - mordi o lábio prendendo o riso quando o vi bufar e revirar os olhos.
- Ele por acaso é seu dono pra você ficar chamando ele pra tudo que é lugar que a gente vai, caralho? - bufou mais uma vez, pronto pra sair do quarto, mas eu o impedi quando o puxei e o empurrei, fazendo-o cair em cima ds cama, e subi em cima do mesmo, imobilizando seu corpo e abraçando ele com toda a minha força. - AI ME SOLTA SUA LOUCA! - ri, mordendo sua bochecha carinhosamente e distribuindo beijinhos em sua bochecha, sentindo seu cheirinho gostoso.
- Deixa de ser dramático Abelha! - reclamei, me sentando em seu abdômen e o encarando, revirando os olhos ao ver seu bico. - Natsu é meu namorado, e não sei se você percebeu, mas nesses últimos dias nós não estamos nos falando muito, por isso eu tenho total direito de querer passar um tempo com o MEU namorado. E outra, quando você namorava o Rogue, era pior que eu. - cruzei os braços, observando ele suspirar e desfazer a pose birrenta.
- Tem razão. É que eu sinto falta da época em que era apenas eu, você e a doida da Cana. Depois que esse maluco chegou na sua vida, você quase não da atenção pra mim. - senti suas palavras pesarem, por isso me deitei em seu peito, o abraçando novamente, em um pedido mudo de desculpa.
- Eu não tô dando atenção pra ninguém ultimamente querido. Nem mesmo pra mamãe e pro papai. - mordo seu queixo, encarando seus olhos lindos, sentindo ele fazer o mesmo comigo. - Vou tentar melhorar. - sussurro, cono se fosse um segredo.
- É bom mesmo. - sussurra também, me arrancando uma risada, por conta de seus dedos me fazendo cócegas.
Sting é apenas um ano mais velho que eu. Por conta disso, passamos nossa infância inteira juntos, grudados, que nem imã de geladeira, ora brincando, ora brigando, mas sempre juntos. Ele sempre me apoiou e eu sempre apoiei ele. Eu amo muito meu irmão, acho que caso acontecesse algo com ele, algum acidente ou sei lá, eu morreria de tanta tristeza. É quase uma necessidade ele estar perto de mim, por isso fiquei meio mal quando ele disse que eu não estava dando a atenção que ele merece. Sting é uma parte de mim, e não sei o que faria da minha vida sem ele.
- Acho melhor eu mandar mensagem pra ele logo. - murmuro, me levantando e catando meu celular de cima do criado-mudo, enviando a mensagem para Natsu, sorrindo ao obter a resposta que eu queria. Olho pra Sting, que revira os olhos quando vê meu olhar pidão. - Ele aceitou. Promete não implicar?
- Eu não prometo nada. Esse bastardo roubou a minha irmã de mim. Eu não sou obrigado a aturar ele. - veio até mim e beijou minha testa, mostrando a língua para a tela do meu celular, que estava aberto no perfil de Natsu, em um ato infantil. - Mas vou tentar me controlar por sua causa, okay bebê? - assenti, abraçando sua cintura, sentindo suas mãos acariciarem meu coro cabeludo, despertando o sono dentro de mim. - Agora, acho melhor você ir se arrumar. A boate abre às 8:00 pm, e já são 6:00 pm. - me separo dele, andando até meu guarda-roupa e começo a procurar uma roupa legal, sentindo meu bolso vibrar.
- Qual vai ser o tema de hoje? - perguntei enquanto lia a mensagem do meu rosado favorito.
- Luz negra. Fique linda. - fingi uma cara de indignação.
- Querido, eu fico linda até enrolada em saco de lixo. Dá licença. - riu debochado. - Natsu passa aqui pra pegar a gente às 9:00 pm. - informei, recebendo um aceno em resposta, e logo saiu do quarto.
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- Vai demorar muito pra acabar? - Natsu pergunta, meio tenso.
- Mas a gente acabou de chegar amor. - estranhando seu comportamento.
- Por que? Não quer ficar aqui? Se quiser pode dar meia volta e ir embora. - Sting fala rude, cruzando os braços.
- Não é isso. É que eu tô meio cansado. - riu sem graça. - E, me sinto inseguro também. De deixar você aqui. - me encarando.
- Ah, pelo amor de Deus. Você acha que minha irmã é o que? Essas quenga de quinta que tu comeu? Lucy é uma vadia sim, ok, mas ela não iria sair dando pro primeiro que aparecesse, querido, porque ela está com você. Minha irmã sabe respeitar os parceiros dela, ta bom, ridículo? - vi o maxilar de Natsu trincar, me fazendo temer um pouquinho o que poderia acontecer. Afinal, Sting é bom com lutas marciais, e apesar de eu não ter visto, sei que Natsu treina, pelo saco de pancada que ele tem em sua sala e os equipamentos espalhados pelo apartamento. Estaria pronta pra intervir caso fosse necessário.
- Não foi isso que eu quis dizer, Sting. Você entendeu errado. - fechando a cara.
- Entendi errado porra nenhuma. Minha irmã e você podem até ter um relacionamento fora do comum, mas isso não significa que você é dono dela. Minha irmã não é sua propriedade, então para de tratar ela como se ela fosse, porque já tá começando a me irritar. - Natsu fechou os punhos, respirando pesadamente.
- Eu só quero proteger a Luce. Sabe quantos pervertidos nojentos pode ter aí dentro? - tentando se controlar.
- E você acha que eu não dou conta de proteger ela por quê? Por ser gay? Lucy não precisa de um cão de guarda, então para de se achar um. Você quer ficar com a gente e curtir a noite? Fica. Mas acho bom você desfazer essa cara de cu, se não eu vôo no teu pescoço. - e saiu batendo pé, entrando na boate.
- Você não vai falar nada? - me olha, meio indignado. Dou de ombros, ficando em sua frente.
- Ele tá certo. - respirei fundo, passando meus braços por seu pescoço e encarando seus olhos, os quais me analisavam sérios. - Mas eu não vim aqui pra discutir. Vim pra me divertir. E eu quero aproveitar que você tá aqui, e curtir meu namorado um pouquinho também. O que acha? Bem melhor do que ficar brigando, huh? - passando meu nariz pela tez de seu pescoço, sentindo seu cheiro adentrar minhas narinas e me embriagar levemente. - Tão cheiroso. - murmurei, sentindo seus braços rodearem minha cintura e ele puxar minha nuca, sorrindo ladino, antes de me beijar carinhosamente.
- Vamo entrar então. - falou rente a minha boca, me fazendo sorrir e lhe dar um selinho. Peguei em sua mão e nos guiei para dentro da boate, mostrando nossas pulseirinhas para o segurança antes de entrar.
Assim que entramos, nos deparamos com um corredor um pouco extenso, e do lado da porta por onde entramos, tinha uma mesa, cheia de tintas e alguns acessórios. Como minha roupa não era lá muito apropriada para o tema, comecei a me pintar. Contornando minhas tatuagens, passando nos meus lábios e cílios, e até mesmo pincelando um pouco nas pontas do meu cabelo, super concentrada. Depois que me senti satisfeita com o resultado, olhei pra Natsu, que me observava com um sorriso pequeno nos lábios. Sorri de volta, o chamando pra eu poder fazer minha "arte" em seu corpo.
- Tira a camisa. - peço, admirando o físico exposto quando ele atendeu ao meu pedido. Sem perder tempo, comecei a brincar. Fiz uma pintura na metada de seu rosto, contornei as suas tatuagens deixando-as com um aspecto bonito, e por fim, no começo de sua virilha, aonde a cueca não cobria, escrevi "propriedade de Lucy Heartfilia" e fiz algumas setinhas apontando para o seu pênis, fazendo ele rir. Natsu me virou, pegou a tinta e começou a desenhar em minha cintura, próximo da minha bunda. Dei risada quando me olhei no espelho pequeno na parede e li o que ele havia escrito "esta bunda pertence a Natsu Dragneel".
Eu sabia, que apesar do que Sting havia falado (certíssimo ele aliás), Natsu ainda tinha um espírito possessivo. Mas ele, a sua maneira, nunca me desrespeitou ou foi um bosta comigo. Pelo contrário. Natsu pode ser meio rude, mas nunca foi machista comigo, apenas quando ele está com ciúmes que ele se mostra um pouco grosseiro, mas nada muito preocupante.
Peguei algumas pulseiras neon, e puxei Natsu pelo corredor. Andamos por um minuto mais ou menos, quando chegamos na única porta ali, além óbvio, daquela por onde a gente entrou. O som abafado, nos dava a certeza de que estávamos no lugar certo. Apertando a mão do meu namorado, empurrei a porta, me surpreendendo com a beleza do lugar. A festa bombava. A música só faltava te deixar surdo. E a vibe era maravilhosa. Eu me sentia feliz como há um bom tempo eu não me sentia. Acho que não foi apenas o Abelha que sentiu saudade do passado.
Sorri pra Natsu, que me deu um selinho, balançando o corpo ao som da música eletrônica. Estávamos em cima, e a festa estava embaixo. Procurei por uma escada, e assim que achei, não perdi tempo e comecei descer, doida pra poder dançar até umas horas. Durante o caminho, procurei pelo meu irmão, o encontrando na pista, dançando agarrado com um moreno, que me parecia bem familiar. Ignorei, indo até o bar, sentindo Natsu me abraçar por trás quando um cara encarou diretamente meus seios. Revirei os olhos, chamando o bartender, pedindo uma vodka pra me aquecer.
Eu entendia porque os homens e até mesmo algumas mulheres me encaravam. Eu usava um sutiã de tule, transaparente, com apenas um rendado grosso protegendo meus mamilos e um short cintura alta que mostrava a poupa da minha bunda. Natsu não se incomodava com a minha roupa, como disse, ele nunca foi um machista nojento comigo, mas se incomodava com os olhares nada discretos em mim.
Peguei minha vodka, dei um gole e me virei para o rosado, o beijando apaixonadamente, misturando nossos gostos com a bebida azeda. Natsu gostou, porque tomou um gole da minha garrafa e me beijou também. Dessa vez, o gosto mais forte. Deixando tudo ainda mais gostoso.
Me separei de Natsu em busca de fôlego, soltando uma risadinha quando vi sua boca borrada de tinta. Ele fez o mesmo. Limpamos o que dava, e fomos para o meio da boate, de encontro ao meu irmão. Assim que estava a poucos metros de distância do meu loiro preferido, reconheci o cara que estava com ele. E que neste momento só falta engolir ele vivo. Sting vivia me dizendo que não gostava de se submeter, e por isso as noites que eles passavam juntos era regada de muitas rodadas de sexo. Ambos se consideram flex, mas obviamente, meu irmão tá mais pra sub do que pra dom.
- Eu quero minhas duzentas pratas! - gritei perto deles, fazendo-os se separarem e me olharem meio assustados.
- Que duzentas pratas menina, tá louca? - Sting gritou.
- Sempre fui Abelha. Tô falando da aposta que fizemos. Você perdeu. Quero meu dinheiro quando chegarmos em casa. - declarei, sorrindo travessa pra ele, que revirou os olhos e fez um "ok" com a mão. - Rogue, meu parceiro, há quanto tempo? - abracei Rogue, que me apertou contra seu corpo. De todos os namorados do meu irmão, Rogue sempre foi o meu preferido. Ele me ajudava a zuar com o meu irmão, me dava dinheiro e ainda me levava pra passear quando eu tava entediada. Além óbvio, de ser um psicólogo/conselheiro muito bom. Já ouviu vários dos meus problemas, e é a quinta pessoa que mais confio. A primeira é o meu irmão, a segunda é a Cana, a terceira é a minha mama e o quarto é meu namorado.
- Há quanto tempo bebê, como você tá? - perguntou quando nos separamos.
- Bem. Tô namorando sério agora. - puxei Natsu para ficar ao meu lado. - Natsu, este é Rogue, o melhor namorado que o meu irmão já teve ou tem, não sei, e Rogue, este é Natsu, meu namorado. - Natsu sorriu fechado, apertando a mão de Rogue, que o cumprimentou simpático.
- Cuide bem dela Natsu. Lucy é um bebê, e merece toda dedicação do mundo. - meio protetor, me fazendo sorrir involuntariamente.
- Eu já disse isso pra ele. Se ele quebrar o coração da minha nega, eu quebro o pescoço dele. - Sting disse meio alterado, mostrando seu lado protetor de novo. Pendurado no pescoço do moreno.
- Eu sei. Eu prometo fazer ela feliz e cuidar dela. Sem desrespeitá-la ou tratá-la mal. Relaxa Sting, e aproveita a festa. - Sting assentiu meio desconfiado, mas voltou a dançar com Rogue, enquanto eu me balançava ao som da música junto com Natsu, que tinha suas mãos em minha cintura. - De que aposta vocês estavam falando? - falou alto no meu ouvido.
- Digamos que o relacionamento daqueles dois ali, - apontei para o casal que discutia sem motivo do nosso lado. - é tipo ioiô. Eles se separam e voltam o tempo todo por causa do temperamento forte do meu irmão. Na última briga deles, Sting ficou mal, e prometeu nunca mais voltar com o Rogue, só que eu sabia que ele não ia aguentar, por isso, propus uma aposta, da qual se ele ficasse com o Rogue de novo, estando namorando ou não, ele teria que me pagar 200 pratas. - respondi, falando alto em seu ouvido também.
- E o que aconteceria caso ele não ficasse mais com o Rogue? - me puxando mais pra perto e rebolando junto de mim quando uma música mais sensual começou a tocar.
- Eu teria que dar 200 pratas pra ele. - ele murmurou alguma coisa, parando de conversar comigo e se concentrando na dança.
Durante as quatro horas que passamos ali, Natsu, eu, Sting e Rogue dançamos muito, bebemos para uma caralha, tiramos várias fotos e beijamos por demais da conta. Quase transei com Natsu no banheito da boate. Apenas não fiz isso, em consideração as pessoas que estavam apertadas.
Eu estava dançando, de frente para Natsu, com as pernas meio bambas porém ainda cheia de energia, quando trombei com tudo em alguém. Me virei pra olhar para trás, preocupada se por acaso machuquei alguém.
- Ai meu Deus, me desculpa! Eu tava dançando e não te vi...- paralisei quando vi o rosto da pessoa. A garota me olhava surpresa, mas sorriu quando me reconheceu, fazendo meu estômago embrulhar com as lembranças do passado. - Erza? - com a voz fraca.
- Baby? - senti minhas pernas virando gelatina ao ouvi-la me chamar assim.
- Erza? - ouvi a voz de Natsu chamar, e confusa, me virei para olhá-lo. - Achei que não frequentasse lugares assim. - desconfiado, intercalando o olhar entre nós duas.
- Pois é Dragneel. Há muitas coisas que você não sabe sobre mim. - sua voz continuava a mesma. Grossa, porém suave. Sua pele parecia ainda mais macia do que no passado, e seu corpo mais escultural do que me lembrava.
- V-você conhece ela? - perguntei, curiosa, sentindo meu estômago dar altas viradas.
- Conheço. Erza é uma das sócias majoritárias da empresa do meu pai, e uma ótima amiga também. E você? Conhece ela? - me encarando desconfiado por não ter desviado meu olhar do da ruiva.
- E-eu...a-acho que vou vomitar. - coloquei a mão na boca, correndo para o banheiro, dando graças a Deus ao encontrar o mesmo vazio. Vomitei, sentindo minha cabeça latejar, e meu corpo suar frio. Por que ela tinha que aparecer?
- Luce. Respira fundo. Levanta a cabeça. - Natsu me ajudava, segurando meus cabelos e apoiando minha cabeça em sua coxa. De repente me senti exausta. Levantei com sua ajuda, e limpei minha boca, tentando tirar o gosto ruim do meu paladar. - Melhor? - assenti, fraca. - Quer me explicar o que aconteceu lá fora? Porque você tava bem, mas só foi ver a Erza que você ficou desse jeito.
- Que jeito? - rouca, com a graganta arranhando por conta do ácido.
- Pálida. Como se você tivesse visto um fantasma. - respirei fundo, abaixando a cabeça. Natsu se aproximou, segurando meu rosto entre suas duas mãos, me obrigando a olhá-lo nos olhos. - Me conte baby, o que aconteceu? - seu tom preocupado me desarmou por completo, e sem forças pra inventar uma mentira, contei a verdade.
- Eu já fui patrocinada pela Erza. - seu semblabte mudou. Seu maxilar estava travado, e eu sabia que ele havia entendido, mas complementei: - Erza já foi minha mommy Natsu.
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