O céu estava nublado aquela noite, não se via a lua ou as estrelas.
Kazutora não tinha planos de checar o tempo ou coisa parecida, mas a situação atual o obrigou. Quando caiu de exaustão após mais uma briga de rua, sem forças para levantar por um longo tempo, ele se pôs a olhar para o alto enquanto dificultosamente recuperava o fôlego.
Sua respiração pesada fazia círculos no ar, como se a temperatura tivesse caído em algum momento da noite. Talvez tivesse, mas seu sangue quente o impedia de dizer com exatidão. Havia pontinhos pretos dançando em sua visão e sua cabeça latejava para um caralho. Porra, ele tinha levado uma bela surra.
Com certa dificuldade, Hanemiya se obrigou a levantar do chão, mas quando puxou a respiração forte em seus pulmões, ficou tonto e quase caiu de novo. Aquele maldito lhe acertou em cheio na cabeça, poucas pessoas tinham essa coragem.
— Para um merdinha você até que bate forte. — Seu tom estava exatamente como parecia; repleto de deboche, desdém e superioridade, mas também tinha uma nota de reconhecimento pela coragem.
Apesar de estar tão ferrado quanto ele, seu adversário também se levantou, olhando-o com um irritante e exótico olhar cor de vinho.
— Você ainda não viu nada.
O merdinha teve a ousadia de sorrir. Mesmo com a cara toda amassada dos socos que Kazutora lhe deu, ele ainda teve a audácia de sorrir. Tinha que admitir que o detestou um pouco mais por isso. Não é como se estivesse melhor de aparência do que ele, mas também não parecia tão mal assim.
— E o que mais você tem pra mostrar? Se for o que eu tô pensando pode esquecer, você não faz o meu tipo. — Kazutora tentou piscar e fazer alguma gracinha, mas percebeu que seu olho direito estava muito inchado para isso. Maldito topetudo de merda!
— Nem você o meu, pode ficar despreocupado. — Outro sorriso torto se formou nos lábios finos e rachados daquele filho da puta.
Algo nele e naquela postura certinha o tirava do sério mais do que o normal. Assim como o fato dele não saber a hora de desistir. Tudo seria mais fácil se aquele miserável aceitasse a derrota e parasse de lhe retrucar.
Cansado até para discutir, Kazutora coçou o supercílio com a parte lateral da mão, enxugando o suor em sua testa enquanto firmava os pés no chão para não desmoronar outra vez. Puta merda, ele estava muito quebrado.
— Tem sorte que tô de bom humor, senão eu teria te arrebentado, gatinho medroso. — Sua tentativa de deixa-lo desconcertado falhou novamente e o maldito apenas o encarou com frieza e indiferença.
— Hmpf, você é ainda mais soberbo e idiota do que ouvi falar, não sei como um cara estúpido feito você conseguiu ser líder de uma das divisões da Toman, mas com certeza abaixaram o nível quando te deixaram entrar.
Filho de uma puta!
Kazutora se tornou líder porque era bom em... Bem, ele não era tão bom de briga quanto os outros capitães da Tóquio Manji, mas tinha o charme do negócio e as melhores ideias, isso contava muito. Mas é claro que um idiota feito aquele moleque não entenderia algo tão complexo assim.
Ele poderia fazer uma série de xingamentos bem criativos, ou desafiar o próprio corpo e tentar acertar mais um soco naquela carinha irritante, mas fez diferente.
— Se é o que acha. — Moveu os ombros e fez sua melhor saída heroica, dando as costas como se tivesse ganhado aquela luta em vez de apenas empatado. Às vezes, ver as costas de seu adversário já é uma grande derrota. Pelo menos foi isso que Kazutora aprendeu nos mangas.
Já Akinho, por sua vez, confirmou que aquele cara era de fato um covarde falastrão.
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