Muitos diriam que Zuko era antiquado e antissocial, características que ele negava veementemente. Não era só porque odiava conversa fiada com estranhos, saídas para shoppings com o intuito de passear e comprar roupas que nem eram pra ele ou festas lotadas de pessoas sem noção, que ele se intitulava um introvertido incurável.
Quer dizer, o moreno não se encontrava sentado sozinho na última mesa do bar Airbender que sua irmã insistiu em levá-lo e ele não estava reclamando — em voz alta. Era uma comemoração do noivado de Azula com Ty Lee, então, mesmo que quisesse muito sair correndo dali, não poderia.
Zuko até elogiava a banda que tocava no palco no centro do salão, a música era totalmente aceitável — para não dizer que ele já tinha decorado os refrões de cinco canções —, balançando a cabeça e o pé esquerdo no ritmo certo. Estava muito imerso naquela bolha. E, por insistência da cunhada, tinha bebido um gole de cerveja na hora do brinde, sendo a sua porta de entrada para mais alguns copos.
Ele conseguia ver o casal mais apaixonado bem perto do palco, elas mais se beijavam do que dançavam, mas ninguém parecia se importar. Os quase amigos em comum as rodeavam, remexendo o corpo como a melodia ditava. Sokka, Mai e Suki gritavam aqui e ali, fingindo saber da letra — apenas para incentivar a banda —, enquanto esfregavam os corpos entre si. Eles eram felizes juntos, descobrindo-se apaixonados um pelo outro em meio a brigas que não faziam o menor sentido. Pelo menos agora se entendiam.
No entanto, faltava alguém. Tinha mais um pessoa que ele não conseguia achar naquela multidão caótica.
— Perdido em pensamentos? — uma voz sedosa lhe despertou.
Ah, ali estava ela.
A morena sentou ao seu lado e pegou o copo do outro, sem se importar de pedir um gole — bebendo o restante de cerveja que tinha. Ela lambeu os lábios volumosos e pintados de um vermelho intenso, fitando-o com os olhos azuis ardentes.
— Obrigada — sorriu sapeca, devolvendo o recipiente vazio. — Estava precisando disso, aquela pista de dança está um forno.
Zuko continuou a observando, os cabelos presos em um coque bagunçado — que ela tinha feito às pressas para dançar com mais liberdade —, o suor preenchia cada milímetro de sua pele da cor do pecado, deixando-a ainda mais sedutora. O vestido de alcinhas vermelho, colado ao corpo, dava todo um ar de predadora para aquela mulher de beleza estonteante. Ele mal conseguia respirar devido a sua presença radiante.
Katara riu brevemente do estado quase que catatônico do moreno, não querendo deixá-lo desconfortável. Ela sabia que ele era um homem de poucas palavras, mais ainda quando se tratava de si, contudo, não deixava de tentar fazer uma amizade sincera com ele. Será que ele tinha medo do seu jeito extrovertido e imperativo?
A morena estava prestes a levantar quando Zuko tocou-lhe gentilmente o seu pulso. Sua atenção foi de seus dedos compridos até seu olhos dourados — lembrava-a do mais puro mel. Quando as íris de ambos se encontraram, um formigamento pôde ser sentido, desde o ponto em que as peles se encostavam, chegando intensamente em seus corações. Era sempre assim quando se tocavam, desde a primeira vez que Sokka, o irmão dela, os apresentou.
— Dança comigo? — O moreno não soube de onde surgira essa coragem toda, mas quando se deu conta, já estava seguindo Katara até um canto mais afastado do bar.
Ela sabia que ele odiava ficar entre tantas pessoas ao mesmo tempo e, com um sorriso radiante no rosto, buscou o lugar menos movimentado que o Airbender podia proporcionar.
As noivas da noite estavam exaustas de tanto movimentar o corpo — e beijar — em um curto espaço de tempo, decidindo voltar para a mesa reservada que tinham pegado. Azula não estranhou de início o sumiço do irmão, deduzindo que ele teria ido ao banheiro, afinal, vira o tanto de cerveja que vinha bebendo desde que chegaram. Estava feliz pela sua presença em um dia tão especial para si, sabendo que ele tentava ao máximo se divertir o máximo que conseguia — dentro dos seus limites.
Foi só após dez minutos que começou a ficar preocupada. Ty Lee tinha ido buscar alguns shots para molhar as gargantas secas enquanto a irmã mais nova do moreno sumido o procurava por todas aquelas cabeças. Apesar de todo o esforço ali em pé, sem sucesso.
— Baby, não encontro Zuko em lugar nenhum. — Pegou a bandeja da mão da outra morena, sentando-se na cadeira. — Será que foi embora sem me avisar?
— Zuzu? Ir embora? — Ty Lee gargalhou, tomando uma dose rapidamente. Azula a olhou sem entender. — Ele e Tara estão no maior amasso perto das escadas para o segundo andar.
Antes que a ficha caísse na irmã, suas sobrancelhas se ergueram tão alto que quase chegaram na raiz do cabelo, para logo cair na risada. As duas tomaram o liquor, ainda risonhas com o que estava finalmente acontecendo. Azula deveria ter desconfiado que hoje seria o dia em que ele tomaria atitude para conquistar a morena que vinha lhe domando os pensamentos.
— Devemos visitá-los rapidinho para saber se estão aproveitando a festa? — Ty Lee questionou ironicamente, puxando a mão da noiva para o local onde dançavam minutos atrás.
— Ele sabe se virar — murmurou ao ouvido da outra morena, mordendo o lóbulo dela. — Perguntamos depois.
Ainda que Zuko odiasse esse tipo de atividade, ele conseguia ser um ótimo dançarino. Como ele teria aprendido tal proeza, Katara não fazia ideia, mas também não se importava muito no momento.
A banda era de rock e, com toda a certeza, eles não precisavam estar com os corpos tão colados como estavam assim que chegaram naquele cantinho. Contudo, eles não estavam achando ruim, longe disso. A música era imperceptível, apenas um zumbido em seus ouvidos.
Katara tinha as mãos no cabelo comprido do homem à sua frente, os olhos conectados e Zuko segurava sua cintura tão próxima de si que a qualquer momento eles virariam um só. Os passos eram de um lado para o outro — calmos e sincronizados —, de vez em quando o moreno rodava a mulher em seus dedos das mãos.
Eles quase não piscavam, receosos de que aquilo fosse um sonho muito real, podendo acabar a qualquer instante. Mas não era, sabendo bem no fundo que tudo acontecia de verdade. Afinal, era compreensível esse medo, tinham sonhado tanto com qualquer aproximação, que poderia facilmente acordar e estragar tudo.
— Se você me morder ou beijar meu pescoço — sussurrou ela, contra a boca marcada do moreno. —, prometo arrancar sua roupa fora.
A voz foi mais sedutora do que Zuko sequer podia imaginar um dia. Ele sentia sua caixa toráxica comprimir além do saudável, para apenas expandir de alegria e tesão. E com um último segundo olhando nos azuis brilhantes dos seus olhos, o moreno beijou suavemente a pele exposta do ombro, trilhando até o seu queixo.
O pedido foi mais claro do qualquer outra coisa em sua vida. Nem se estivesse louco, ele recusaria tal convite tão quente e decidido. Mal podia acreditar que seu sonho se realizava, mas para se manter focado no que acontecia na vida real — melhor que qualquer outra imaginação que teve —, com uma mão, puxou os fios de chocolate da mulher encantadora que tinha ao seu dispor e com a outra, desceu uma das alças — alegando atrapalhar seu caminho.
Katara riu com a desculpa mais esfarrapada que ele podia inventar, no entanto, concedeu tal ação, querendo mais do que ele tinha para oferecer. Ela suspirava, arrepiada dos pés à cabeça com a boca molhada e quente no seu corpo um pouco gelado devido ao suor de toda dança que tinha tido até aquele momento. Suas unhas arranhavam a nuca dele, puxando os fios negros no processo.
Não tinha sido com esse intuito que a morena decidira não usar sutiã para aquela ocasião, aquele vestido não comportava nenhum dos tecidos íntimos que tinha em casa, contudo, agora agradecia imensamente pela falta deles. Os bicos estavam totalmente duros e sensíveis, Zuko, com sua blusa extremamente fina, conseguiu sentí-los, fazendo com que seu interior inteiro repuxasse em expectativa.
— Que tal um lugar mais privado? — Katara murmurou contra o queixo dele, beijando e lambendo demoradamente. — O camarote está livre...
Deixou no ar o segundo convite, sabendo que os amigos não subiriam nem tão cedo. Eles eram tão animados e festeiros quanto a própria morena, recusando sentar por maior que fosse o cansaço.
Porém, Zuko não resistiu a avançar, faminto, à boca levemente borrada. Era o primeiro beijo real que trocavam, lábios com lábios, língua contra língua. Tão aguardado que seus corações não estavam prontos para tal evento de completa magnitude. O ar faltou em seus pulmões, mas nem por isso pararam o ósculo.
Aquele seria o primeiro de muitos outros que viriam em suas vidas.
A partir dali, Zuko passaria a apreciar mais as festas e lugares lotados de pessoas sem noção, desde que tivesse uma promessa sensual que envolvesse sua morena preferida. Ele, com certeza, cederia para qualquer tipo de convite que Katara lhe propusesse.
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