Idiota. Idiota, idiota, idiota. Qual era o meu problema? Como eu pude ser tão idiota?
Estava andando de um lado para o outro no meu quarto, não conseguia ficar parada.
O que eu ia fazer agora? A eletricidade do beijo dele ainda corria por mim e eu estava fazendo tudo que podia para gastá-la. Pisava mais forte, andava mais rápido, mas meu quarto era pequeno demais, minhas pernas fracas demais. E minha cabeça não estava ajudando.
Eu tinha que voltar no tempo, voltar atrás. Eu precisava esquecer que aquilo tinha acontecido. Não significava nada. Não podia significar. Ele não era quem eu queria. Era um idiota. Eu também era, mas mesmo assim.
Não podia nem me deixar pensar por um segundo que aquilo viraria alguma coisa, ele não era certo para mim. Ele era errado. Bem errado. Convencido, egocêntrico, completamente repugnante.
Então me explica por que eu não conseguia parar de pensar na boca dele?
Pára, Nina, gritei e parei para ver se alguém tinha ouvido. E se ele tivesse ouvido? E se ele estivesse logo ali, do outro lado da porta, me escutando nessa agonia? Ele bem que poderia estar lá, estar a um segundo de bater na minha porta e entrar e terminar aquele beijo.
Não, Nina! Eu tinha que esquecer daquilo. Foi um erro. Nada daquilo estava certo. Nada. Estava tudo tão estragado, tão arruinado. E poderia me custar tudo. Poderia me custar tudo que eu queria tanto ganhar.
Mas por que mesmo eu estava ali? Era porque eu já amava o Príncipe Charles e queria estar com ele? Ou era porque eu tinha esperanças de viver um amor assim? Tudo que eu mais queria era amor. Um amor verdadeiro, ridículo, inconveniente, que me consumisse e não me deixasse respirar ou viver sem ele.
Inconveniente. Tão inconveniente quanto o Sebastian?
Não, Nina, eu tinha que parar de pensar nisso! Ele não era certo para mim, ele nunca seria. Ele era orgulhoso, prepotente, insuportável. Eu o odiava. De verdade, eu o odiava muito. Ele me irritava! E pensar nele estava me irritando mais ainda!
Eu esperniei do jeito que pude, o mais forte que pude, tentando descarregar a energia que ainda estava em mim. Por que eu não conseguia parar de repassar aquele momento na minha cabeça? Por que eu tinha que me deixar influenciar tanto?
Era puramente carência, decidi. Carência. Eu não pude ver meus irmãos, Charles passou a noite inteira com a Beatriz e a gente ainda não tinha tido nenhum encontro. Ele estava me tratando como uma amiga, quase sem conseguir ver em mim uma pretendente. Foi só isso que Sebastian me deu, foi isso que me atraiu. A atenção. Agora eu precisava colocar meus pés de volta ao chão. Precisava lembrar que eu não estava disposta a perder tudo por um momento de fraqueza.
Mais do que tudo, eu precisava mostrar para Charles que eu era sim uma pretendente. E uma ótima ainda! Quem sabe isso até ajudaria a mostrar para Sebastian que eu não queria ele.
Ai, meu deus! E se ele contasse para o Charles e eu fosse eliminada? Eu não queria ir embora! Eu ainda não tinha terminado o que eu tinha ido ali fazer! Eu não queria voltar para casa com nada mais do que meus livros, nada mais do que meus próprios sonhos! Eu precisava falar com o Sebastian.
Droga de coração que animou só de eu pensar em ir falar com ele!
Mas eu precisava mesmo, precisava ter certeza de que ele não ia contar nada.
Por que ele contaria? Ele errou tanto quanto eu.
Ele era o irmão dele. Realeza. Ele seria perdoado facilmente. Enquanto eu era a Três que não sabia seu lugar.
Argh! Como podia uma coisa tão ruim, que estragaria tantas outras, ter sido tão boa?
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