"MAY!" Eu brequei minhas botas assim que ouvi minha irmã me chamando. Estava passando pela porta principal com a minha mãe e Ethan, e eles também se viraram para ver de onde a voz vinha.
"May, aqui!" Ouvimos de novo e depois de buscar por todos os lados, vi minha irmã à minha esquerda, no final do corredor, praticamente escondida. "Vem cá," ela me chamou quando nossos olhos se encontraram. Nós três começamos a andar. "Só você!" Ela enfatizou, deixando a nossa mãe um tanto desanimada.
"Nós vamos indo para a igreja então," Ethan disse, passando sua mão pelos meus ombros desnudos algumas poucas vezes.
Antes mesmo de eles começarem a andar para fora, eu comecei meu caminho até Meri. Não estava entendendo o que estava acontecendo, mas se a RAINHA queria se esconder e tinha alguma coisa para falar só para mim, eu estava dentro. Adorava fofoca. E principalmente segredos.
"Que houve?" Eu perguntei, já entrando no modo secreto. Eu praticamente me abaixava para fazer o menor barulho possível quando cheguei perto dela.
Mas assim que eu virei a esquina do corredor, ela se endireitou e colocou as mãos na cintura.
"Por que você está assim?" Ela perguntou, apontando para mim.
Eu me endireitei também. "Achei que nós estávamos prestes a trocar segredos de Estado," eu disse, dando de ombros. "Ou então colocaríamos em prática um plano malígno para arruinar o meu vestido."
"O seu vestido?!"
"O vestido que eu fui obrigada a criar para a sua futura nora," eu corrigi e ela mordeu o canto do lábio. "A última coisa que eu quero é ter que aparecer do lado dela em fotos. Você viu como aquilo ficou horrível?"
"May," Meri falou.
"Não, sério. Aqueel foi o pior vestido que eu já tive que desenhar em toda a minha-" minha voz parou de uma vez quando meus olhos encontraram a princesa da França a alguns metros atrás de Meri. "O que está acontecendo?" Eu perguntei para a minha irmã, baixando muito meu tom.
"Eu preciso da sua ajuda," ela disse, também baixando a voz.
Eu concordei com a cabeça, como um jeito de falar que eu a ajudaria. Mas por dentro, eu estava me perguntando se aquela seria uma boa ideia. Alguma coisa me dizia que era um assunto bem mais sério do que eu estava pensando, mas a minha irmã tinha um jeito de fazer qualquer mini problema parecer caso de vida ou morte. Amélie podia simplesmente ter sujado o vestido horroroso e estar dando a louca por isso.
"Eu preciso ir receber os convidados com Maxon," Meri continuou. "E preciso que você cuide de Amélie por mim."
"Você quer que eu a ajude a se arrumar?" Meus olhos caíram de volta em Amélie, que olhava para fora de uma janela bastante desanimada. Eu ainda não estava conseguindo entender qual era o grande problema, porque eu era indispensável.
"Não, May," Meri respirou fundo, trazendo minha atenção de volta para ela. "Ela não está grávida. Não vai ter casamento," eu tentei ao máximo não arregalar meus olhos e deixar meu queixo cair como eu queria. Tentei fingir que aquilo não me surpreendia. Enquanto, dentro da minha cabeça, eu estava correndo de um lado para o outro e balançando os braços e gritando. "Tem como você cuidar dela?"
"Claro," eu disse, ainda engolindo o meu choque. Eu nem sabia direito o que cuidar dela significaria. "Mas e a mãe dela?"
Meri levantou as sobrancelhas, como se tivesse uma parte da história que ela não quisesse me contar. "Se tudo estiver dando certo, a mãe dela já está se encaminhando para o heliporto para nos deixar. Para sempre, eu espero." Eu só franzi minhas sobrancelhas. "May, eu te explico tudo com cuidado depois. Agora, a Marlee está arrumando um quarto para Amélie bem longe do de Sebastian. Tem como você a acompanhar até lá e fazer companhia para ela por um tempo? Só até ela se acalmar?"
"Você está planejando chamá-la para morar aqui?" A ideia me parecia absurda.
"Não," Meri balançou a cabeça. "Eu não sei o que eu estou planejando fazer. Mas eu não posso deixá-la aqui, não quando Sebastian está louco correndo atrás da selecionada dele. Eu não quero piorar a situação dela."
Eu assenti, pensando naquilo. Sebastian estava louco correndo atrás da selecionada dele. Ele finalmente estava livre. Ele não seria pai, pelo menos não naquela hora. Ele não devia mais nada à família real francesa. Ele estava livre. E depois do que Meri tinha me contado, não era de se espantar que ele já estava correndo atrás da sua selecionada.
Enquanto isso, a noiva largada ficaria ali, nas sombras da casa dele.
"Você quer mesmo que ela fique aqui?" Eu perguntei, meus olhos presos às costas de Amélie.
"Por quê?" Meri me perguntou, se virando completamente para olhá-la também.
"Eu tenho um quarto de hóspedes lá em casa," eu disse, baixinho. "Ethan e eu poderíamos cuidar dela por alguns dias. Enquanto você pensa no melhor jeito de ajudá-la."
Meri se virou para mim, seus olhos quase lacrimejando. "Você faria isso?" Ela perguntou, suas sobrancelhas franzindo tanto que eu podia mesmo jurar que ela estava para começar a chorar.
"Claro que faria," eu disse. "Eu não tenho ideia do que é estar no lugar dela. Mas qualquer coisa que eu puder fazer para ajudá-la..."
"Mas você nunca nem gostou dela, May."
"Ajudar alguém de quem eu gosto é fácil, Meri," eu disse, dando de ombros. Aquele olhar dela de orgulho estava me constragendo. "Eu acho que aprendi o suficiente com você para nem pensar duas vezes antes de ajudar alguém nessa posição, quem quer que seja."
Meri me sorriu uma última vez antes de colocar seus braços em volta de mim e me abraçar tão forte, que por um segundo eu pensei que não conseguiria respirar nunca mais. Depois ela me soltou e me segurou pelos ombros. "O que eu puder fazer para ajudar-"
"Pode deixar," eu a cortei. "Eu pedirei ajuda. E aceitarei visitas enquanto ela estiver lá."
Meri concordou com a cabeça e enxugou com as costas da mão uma única lágrima que desceu sua bochecha.
"Eu vou pedir para Marlee te ajudar com as coisas dela," ela disse e eu concordei com a cabeça. "Pode deixar que eu preparo tudo."
"Não, deixa que eu cuido de tudo," eu falei. "Vai receber os convidados. Pode confiar em mim."
Ela me sorriu e se soltou de mim. Estava começando a andar em direção à Amélie quando eu a chamei e ela se virou para me olhar.
"Por que você tem que receber convidados quando não vai ter casamento?" Eu perguntei e ela deu de ombros.
"Eu imagino que Sebastian queira explicar ele mesmo para todos porque o casamento foi cancelado," ela disse. "Duvido que ele não vá aproveitar a festa."
Ela se virou de novo e andou até Amélie e enquanto eu a seguia com uma distância confortável para Amélie não se sentir encurralada, eu pensava naquilo.
Será que era só aquilo mesmo? Será que Sebastian queria todos os convidados lá, sentados na igreja, só para explicar porque não haveria casamento?
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