História Quando éramos apenas crianças sob as estrelas - Às vezes é difícil resistir

Um mês se passou e eu finalmente tirei o gesso da minha perna e conseguia andar. A Seleção agora tinha apenas sete garotas e eu me perguntava se era normal demorar tanto. Na verdade, eu tinha um pouco de ciúme dela e queria que acabasse logo mesmo, mas sem ele escolher ninguém. Shay deu a entender algumas vezes que acabaria com essa Seleção, e eu apenas me perguntava por que ele havia começado.

Fui para a biblioteca, finalmente sozinha, e lá encontrei Lana. Ela não estava sozinha, minha tia estava sentada do lado dela e elas pareciam estar tendo uma conversa séria. Desde que eu apresentei minha tia pras minhas amigas, ela praticamente virou parte do nosso grupo.

-Escute o que está aqui dentro, ok? -Tia Josie colocou a mão no coração de Lana.

-Mas eu não entendo o que ele diz.

-Voce vai entender.

Minha tia era uma conselheira muito boa, mas agora acho que estava se aproveitando disso pra ser o cupido. Peguei um livro e sai sem falar nada, às vezes é melhor ficar quieta.

Estava andando pelo corredor quando algo, ou melhor, alguém pulou em cima de mim e agarrou minhas costas.

-Mas o quê?!

-Crystal, cala a boca e me esconde. Me tira daqui! -Gardner se desesperou e me puxou para a porta do meu quarto.

-O que diabos você tá fazendo? O que aconteceu?

-Eu fui assediado.

Comecei a rir.

-O quê?

-É. Gunther fez um "fiu-fiu" e disse "ô lá em casa" pra mim. O GUNTHER, CRYS!

-E isso é ruim?

-Nao sei! Mas a parte de eu ter corrido outra vez é!

-Gardner, pare de correr dos seus problemas loiros de olhos verdes!

-Gunther não é um problema!

-Entao pare de correr atrás dos seus pretendentes loiros de olhos verdes!

-Mas eu não consigo fazer nada além de correr!

-Eu vou dar um jeito nisso.

-Como assim?

-Um jeito de vocês ficarem sozinhos, pintar um clima e de não ter como você correr dessa vez.

-Voce quer dizer um encontro?

-Mais ou menos isso.

-Como assim?

-Tenho meus contatos. -Pisquei e sorri.

~~~

-SHAAYYY!! -Eu berrei no corredor e abri a porta da sala do piano, de onde saia uma música muito bem tocada. -Eu preciso que... Sra. Schreave?

-Shalom não está aqui agora. Vim tocar aqui porque é mais iluminado. -America sorriu pra mim.

-Ah. E você tem uma ideia de onde ele possa estar?

-Nao... -Ela olhou pra janela. -Eu e Marlee conversamos. Ambas conhecemos bem nossos netos e estamos vendo uma coisa neles: uma felicidade estranha.

-Como assim?

-Voces sempre estão com essas caras de quem se deu bem, como se cada dia fosse incrível. E eu sei o que pode causar isso em duas pessoas ao mesmo tempo. Amor.

Parei sem saber o que dizer ou fazer. A intenção era que ninguém soubesse sobre mim e Shalom e sobre nossas escapadas noturnas ou conversas secretas, afinal, ele estava numa seleção, e não seria bom pra nenhum de nós se a mídia descobrisse isso. Mas era verdade. Ela tinha adivinhado, e eu não podia negar.

Sorri para baixo e ela logo entendeu.

-Apenas...apenas lembrem que não é fácil. Ainda mais nessa situação de agora. Shalom é livre para escolher quem seu coração mandar, mas enquanto aquele serzinho não toma uma decisão, considere minha boca um túmulo. -Ela sorriu. -Só quero ver vocês felizes.

Sorri de volta e depois disse que precisava procurar Shalom.

Andei pelos corredores e não achei ele de jeito nenhum. Parei na sacada e me apoiei na cerca pra pensar se meu plano realmente era bom. Na verdade, eu não tinha bem um plano, eu só precisava arranjar um jeito de deixar os dois sozinhos, e nada como um príncipe pra me ajudar.

De repente, alguém me abraçou e eu logo sorri.

-Minha avó disse que você tava me procurando. -Ele disse apoiando o queixo no meu ombro.

-Eu e eu tava mesmo. -Virei de frente entre ele e a cerca. -Preciso da sua ajuda.

-Pode falar. Faço qualquer favor pra você. -Ele me beijou.

-Shay, a gente tá do lado de fora e tem várias pessoas aqui.

-Desculpa, às vezes é difícil resistir.

-Mas voltando ao assunto. Preciso que você me ajude a juntar Gardner e Gunther.

Ele fez uma cara confusa e eu expliquei tudo pra ele, sem muitos detalhes, apenas o que ele tinha que saber.

-Ta, então você só quer deixar os dois sozinhos sem que Gardner possa fugir?

-Isso.

-Nao podemos só prender eles numa sala então?

-Shay! Claro que...espera essa ideia pode ser realmente boa.

-Calma, eu tava brincando!

-Voce é um gênio! -Dei um beijo estralado nele.