Qualquer um que acompanhasse minha vida até aqui poderia pensar: “nossa, agora Sakura terá a vida perfeita! Estudante numa boa universidade, dividindo o quarto com o recém namorado gato, com sua melhor amiga sempre lhe atualizando sobre seu horóscopo, tendo Naruto como amigo também, além de treinar casualmente com a equipe de vôlei, esporte que eu tanto gosta.” Até Karin havia sumido! Não que eu sentisse falta dos trotes e de seu mau humor ali sempre tão presente, mas ela havia literalmente SUMIDO da minha vida. Não que ela tivesse saído da universidade nem nada do tipo, eu ainda via de relance seus treinos com o resto das líderes de torcida quando assistia aos meninos treinarem, mas nem uma troca de olhares, nem uma brincadeira sem graça ou trocadilho... Nada.
Se eu soubesse, eu tinha deixado Sasuke resolver as coisas com ela mais cedo!
A gente tinha chegado a conclusão que ela ficou tão envergonhada por tudo que tinha acontecido na festa de casamento de Itachi, que preferiu acabar com toda aquela briga sem motivo, sem propósito.
Respirei fundo como se estivesse aliviada. Talvez eu tivesse realmente atingido o ápice da minha vida universitária.
- Sakura? Você está bem? Está me ouvindo? - balancei a cabeça tentando focar em Ino sentada ali na minha frente.
- O que foi?
- Ela não ouviu nada do que você disse. - olhei para Sai que agora quase sempre almoçava com a gente, então eu já havia me acostumado com sua presença. Eles estavam tendo um 'lance' sério e Ino parecia estar feliz com aquilo.
- Eu tenho um dedo podre para amigas. - Ino falou dramaticamente me fazendo revirar os olhos.
- Me desculpe. - falei rindo de maneira tosca enquanto olhava para meu próprio almoço me perguntando internamente se deveria trocar aquela salada sem graça por um x-burguer. - O que você disse? - pedi para que ela falasse de novo.
- Nada demais. - Ino esticou seus braços e coluna de forma a tentar melhorar sua postura na cadeira. - Horóscopo. O seu está dizendo que você terá que fazer uma grande decisão.
- Hum. Talvez seja real. - tentei soar o mais séria possível. Aquela deveria ser a primeira vez que eu dava toda a devida atenção a Ino e seus horóscopos diários.
- Sério? - seus olhos brilharam de interesse, mas aquilo não durou muito. Em seguida eu falei bastante irônica.
- Sim. Minha grande decisão é: será que eu devo trocar essa salada rançosa por um belo hambúrguer calórico e cheio de queijo?
- Idiota! - ela se jogou na cadeira me atirando uma bolinha de guardanapo.
Eu e Sai rimos de sua breve empolgação com o fato de eu fingir que acreditava naquilo.
- Desculpa. Não resisti.
- Droga, Sakura! Você nunca me leva a sério! - Ino se comportava como uma criança mimada cruzando seus braços em seu peito e olhando para o lado a fim de não me olhar nos olhos.
- Levo sim. Você é minha melhor amiga. - tentei ser sincera, o que pareceu funcionar, já que ela me deu um grande sorriso.
Voltei a divagar comigo mesmo sobre aquele sentimento de vazio que perambulava em meu peito. Era como se tudo tivesse finalmente se ajeitado em minha vida e mesmo assim eu não estivesse satisfeita, ou verdadeiramente feliz.
Observei o casal meloso a minha frente. Não que Sai fosse muito de demonstrar carinho em público, mas ele sempre deixava sua mão sobre a de Ino e aquilo era fofo.
Depois que eu tinha chegado da festa de casamento Ino me bombardeou com um milhão de coisas sobre seu mais novo 'quase' namorado. Sobre como Sai era tímido, irônico, inteligente, legal... E de como ele transava bem. Acreditem em mim, eu pedi várias vezes para que ela não se aprofundasse tanto nos detalhes desse último tópico de assuntos, mas ela me ignorou completamente. Então eu sabia que mesmo que eles parecessem um casal fofinho e meigo, que Sai já tinha amarrado Ino de duas maneiras diferentes e a última tinha deixado algumas marcas nos pulsos da loira por conta de sua pele muito branca. Nada grave, claro, mas isso justificava a blusa de manga longa que ela usava mesmo com um sol quente que iluminava o refeitório com sua luz que entrava nas janelas.
De acordo com Ino ela tinha “redescoberto o significado da palavra 'sexo'.”
- No que está pensando, Sakura? - dessa vez eu tinha ouvido a pergunta, mas eu não sabia o que responder.
- Não sei. - fui sincera.
- Não tem como isso ser verdade. Você mal tocou na comida e não conversou com a gente. Aconteceu alguma coisa?
- Não. - empurrei meu prato para o lado deixando claro que eu tinha desistido daquela salada idiota. - Eu só não acho que acabou, entende?
- Não... - Ino ria da minha cara como se eu estivesse maluca. - Você acha que Karin vai fazer alguma coisa contra você?!
- Não. Eu acho que ela não vai mais se meter comigo. Talvez Sasuke ter se metido deve ter espantado ela pra sempre. - divaguei em voz alta.
- Então aconteceu alguma coisa? - Ino insistia, mas eu não estava com muita paciência para aquela conversa.
- Eu só estou melancólica. - respondi por fim tentando colocar um ponto final no nosso papo.
- Entendi. Então eu não vou insistir mais. Mas se você quiser conversar, pode me procurar quando quiser.
Assenti com a cabeça vendo ela se levantar junto com Sai. Este apenas me acenou de maneira tímida antes de continuar andando do lado de Ino.
Eles até que formavam um casal interessante.
Eu tentei não pensar sobre aquela tristeza, sobre aquele incômodo dentro do meu peito, como se alguma coisa importante ainda não estivesse certa. Procurei mentalmente sobre minha situação com meus amigos, e eu tinha progredido bastante! Naruto parecia um irmão mais novo e pentelho que sempre tentava me incomodar só para me fazer rir, Ino havia finalmente aceitado minha falta de interesse por moda e shoppings e sempre tentava me acompanhar nos jogos dos meninos. Em contrapartida, eu sempre comparecia às festas que a banda do Sai tocava e não me importava de comparecer até mesmo nos ensaios.
Sasuke tinha se mostrado um namorado completamente idiota e romântico. Idiota porque ele ainda não tinha me pedido em namoro da maneira que eu gostaria e mesmo que eu tentasse ignorar aquele fato e até mesmo aceitar, ele sempre me lembrava falando que eu era muito 'fácil' por ter aceitado tão prontamente seu pedido. Era nossa brincadeira interna, ele sempre dizia aquilo quando queria chamar minha atenção ou me deixar rabugenta.
E bem, romântico porque dormíamos todos os dias juntos, sempre tentávamos almoçar juntos e ele sempre me comprava um doce, me fazia massagens e uma vez até secou meu cabelo com o secador porque eu pedi uma vez que estava com dores muito fortes por causa de cólica menstrual. Outra ele achou aquele cubo mágico que eu tinha comprado e escrito três desejos meus em cada lado e ele quase morreu de rir ao ver que todos se referiam a ele de qualquer maneira - sair com Sasuke, beijar Sasuke e dormir com Sasuke – o que levou ele a escrever em um dos seis lados: ir à formatura com Sasuke. Lembro de eu ter achado aquele gesto bonitinho, e guardei o cubo com todo o carinho.
E ainda tinha o lado sexual da coisa. Por sempre acordarmos juntos, eu confesso ter perdido mais aulas matinais do que estava acostumada a perder. Sasuke parecia ser bastante adepto do sexo matinal, e eu não ousava reclamar.
Naquela manhã mesmo, a gente estava atrasado, ambos teríamos provas já no primeiro horário, mas não resisti a puxá-lo para a minha escrivaninha pedindo que ele fizesse uma rapidinho. Ele me chamou de doida a princípio, já que eu sabia que ele tinha estudado que nem cachorro para a tal prova, mas quando eu desabotoei a calça jeans e abaixei o suficiente da roupa para deixar que ele me fudesse, ele largou a mochila no chão e me comeu em cima da escrivaninha mesmo.
Não durou nem 15 minutos, mas eu acho que ele estava com tanta raiva por eu e o provocar daquele jeito, mesmo sabendo que talvez ele perdesse a prova, que ele foi intenso de uma maneira talvez fosse impossível descrever.
- Faala, Sakura! - senti os dedos de Naruto brincarem com meu cabelo antes dele se sentar ao meu lado na mesa de maneira despreocupada.
Sua presença me trouxe de volta a realidade, mas eu não consegui ser muito simpática.
- Oi, Naruto. - sorri sem jeito.
- O que aconteceu? - seu corpo se projetou para frente se apoiando na mesa para me observar melhor. - O Sasuke fez alguma coisa com você?
- Não!! - neguei rapidamente. A única coisa que Sasuke fazia comigo ultimamente era me deixar de perna bamba, e bem, isso não era uma coisa ruim.
- São as provas finais? Se você quiser a gente pode estudar junto, eu te passo as provas do semestre passado. Isso quase sempre ajuda.
Neguei com a cabeça sentindo meus dentes mordendo o interior da minha boca de maneira nervosa. Eu não queria mais interação social naquele dia e ainda era hora do almoço, ou seja, eu ainda tinha um longo dia pela frente.
- Sakura, você vai chorar? Tsc. O que está havendo?
Eu ainda não tinha descoberto o que estava errado comigo! Então eu não poderia responder àquelas perguntas.
Talvez fosse saudade da minha mãe, da minha antiga vida, do meu outro curso...
Eu não sabia.
Neguei com a a cabeça, mas eu podia sentir meus olhos quentes por conta das lágrimas que estavam querendo cair. Sabe aqueles dias que você não está bem, mas você consegue se controlar até que alguém específico te pergunta se “está tudo bem”? Então, Naruto tinha sido a última gota de água e, se eu não saísse de lá, ele muito provavelmente me veria chorar copiosamente sem motivo algum.
Apoiei minhas mãos espalmadas na mesa ainda sem respondê-lo. Me levantei querendo fugir do refeitório, mas uma mão em minha cintura me fez parar.
Recebi um beijo no topo da cabeça tão familiar que eu nem precisava me virar e encará-lo para saber que se tratava de Sasuke.
- Como você foi na prova? - Sasuke me perguntou roubando um pedaço de tomate da salada que eu tinha desistido de comer. - Eu achei fácil, mas sabe como é: provas fáceis são geralmente as que eu vou pior. Hum, você está se lembrando que hoje temos o jogo da final né?
Ele tinha se sentando numa cadeira do meu lado.
Minha cabeça baixa e meu cabelo dificultaram a visão dele em meu rosto.
- 'Final' de terceiro lugar né. - Naruto completou de maneira rabugenta o raciocínio do amigo empurrando o prato de salada para longe de si mesmo.
Eles iam disputar a medalha de bronze dos jogos de vôlei regionais. Eles não tinham ido tão bem assim no campeonato, mas a chance do bronze deixava Sasuke empolgado.
Claro que eu iria ao jogo, mas eu não estava com cabeça para aquilo naquele exato momento.
- Está tudo bem? - senti sua mão repousar em meu queixo puxando meu rosto em sua direção. Encarei suas orbes negras confusas. Seu olhar ia de mim para Naruto como se o amigo pudesse dizer o porquê de eu estar daquele jeito. - Sakura...
Puxei meu queixo para cima tentando afastá-lo de mim. Peguei minha mochila querendo sair dali o mais rápido possível. Eu estava bem com Sasuke e Naruto, com Ino e Sai também, eu tinha ido bem em todas as provas, mas algo ainda me faltava...
Eu precisava chorar, talvez ligar para minha mãe de novo. Fazia quanto tempo que eu estava fora de casa, sem vê-la? O semestre já estava por acabar, então havia seis meses que eu tinha fugido de todo o futuro que eu tracei para mim desde minha pré adolescência para ir parar naquela faculdade.
Puxei o máximo de oxigênio possível com o nariz numa tentativa ridícula de não chorar, mas eu senti que uma lágrima estúpida já havia escapulido.
Passei a alça da minha mochila pelo meu ombro e quando virei meu corpo querendo sair dali, me deparei com uma pessoa que eu nunca tinha visto por ali, pelo menos não no refeitório.
- Sakura Haruno? Está tudo bem? - me forcei a literalmente engolir o choro e acenei positivamente com a cabeça, mesmo que fosse óbvio que meu emocional estava um lixo. Os olhos caramelos de me encararam de maneira séria antes de prosseguir: - Bom. Eu gostaria de conversar com a senhorita em minha sala.
Passei a mão em meu rosto para me limpar e forcei a garganta antes de prosseguir com a conversa: - Aconteceu alguma coisa, Tsunade?
- É um assunto particular. - seu olhar estava bastante sério.
Senti sua mão em meu ombro de forma carinhosa. Ela me empurrou forçando a acompanhá-la.
Andei ao seu lado sem me despedir dos meninos, mas logo já senti meu celular vibrando em meu bolso. Peguei-o e li rapidamente a mensagem que Sasuke acabara de me mandar:
“Você acha que Karin fez alguma coisa?”
Reli a mensagem e refleti: não que eu duvidasse que ela fizesse alguma coisa, ela já tinha ameaçado Sasuke a beijá-la dizendo que se ele não o fizesse que ela hackearia minhas notas.
Porém, eu não sentia que fosse ela. Ela nem estava mais sendo uma puta inconveniente comigo, então porquê daquilo?
“Não.”
Senti que minha resposta foi curta demais então completei rapidamente: “Depois eu conto o que foi, não se preocupe! Estarei em seu jogo!”
Meu celular não vibrou mais e eu ignorei seu peso dentro do meu bolso da calça.
Andamos bastante até chegar a sala de Tsunade e eu tinha me preparado para praticamente toda e qualquer notícia que ela poderia me dar. Um milhão de possibilidades de trotes relacionados com Karin se passaram em minha mente até eu chegar àquela sala.
Será que ela tinha implantado drogas em minhas coisas e denunciado?
Será que minhas notas estavam normais? Minha mão coçou para eu não entrar no sistema da faculdade pelo celular mesmo e verificar se ao invés de 9.6 minha nota não havia caído pra -11.
O que mais ela podia fazer de tão grave? Inventado que eu colei, plagiei? Será que Tsunade me trocaria de quarto?
Respirei fundo tentando afastar todas as péssimas possibilidades que minha mente havia arquitetado. E eu pensava que estava preparada para tudo, mas quando a abriu a porta da sala e percebi que definitivamente eu não estava preparada para aquilo.
- Mãe?
- Sakura! Filha!!
Sem pensar duas vezes mergulhei em seus braços a abraçando com carinho. Seus braços me rodearam em resposta e me apertaram como se eu tivesse acabado de voltar da guerra. Eu não queria saber o porquê dela estar ali, eu só queria aproveitar o fato dela estar ali. Minha mãe, na minha frente.
Ouvi o click que a porta fez quando se fechou atrás de mim e Tsunade foi bastante paciente com o momento do nosso reencontro.
- Como você me achou? - perguntei assim que nos soltamos.
-Nós nos encontramos numa conferência de medicina. - fui pega de surpresa pela resposta vindo de Tsunade, e não da minha mãe. Olhei para ela e depois para minha mãe. - Acho melhor você se sentar, Sakura.
Acenei com a cabeça concordando e escolhi uma das cadeiras para me sentar enquanto minha mãe se sentava na outra.
Olhei para mesa e pude ver a mesma pasta que Tsunade tinha em suas mãos do começo do semestre, quando eu tinha ido ali tentar tirar Sasuke do meu quarto.
Meu coração parecia que ia saltar pela minha boca quando ela a abriu de maneira teatral.
- Você era a melhor aluna da sua classe. Com melhores notas, com um objetivo já em mente, já tinha até experiência com alguns aspectos da rotina médica. - Tsunade falava enquanto sua unha bem feita passava pelo meu histórico escolar da outra universidade. - Naquele dia eu estava com problemas até o pescoço e não pude dar a devida atenção ao seu caso. Porém, eu acho que o destino se encarregou disso não é mesmo Mebuki? - a reitora deu um sorriso meigo para minha mãe que correspondeu da mesma forma. - Sakura Haruno. - meu nome saiu melodioso de sua boca. - Filha de Mebuki Haruno, uma grande estudiosa e médica oncologista. Referência em sua área... Eu sabia que seu sobrenome não me era estranho.
Suspirei fundo já prevendo o sermão que eu levaria de qualquer forma.
- Eu posso explicar.
- Pode? - dessa vez minha mãe quem falava. Encarei seus olhos, mas eu não sabia o que falar.
Senti as lágrimas rolando por meu rosto.
- Você simplesmente fugiu! Me deixou, deixou seu curso, sua casa, sua vida, os pacientes... - minha mãe enumerava as coisas em sua cabeça. Sua mão esquentava a minha, ela me segurava docemente por cima da mesa, me apertando toda vez que parecia que ia perder o controle, mas depois voltava ao normal. - A gente não se vê tem quase seis meses, Sakura! Você trocou o número de telefone, me bloqueou nas redes sociais... - sua voz começava firme, mas depois morria.
- Eu te liguei. - tentei justificar, mas não acho que aquela foi uma boa ideia.
- UMA ÚNICA VEZ! Você me ligou de um telefone público e falou comigo por menos de 10 minutos!
- Desculpa. - minha voz saiu num miado baixo. Eu sabia que estava errada, e eu sabia que uma hora eu ia ter que encarar minha mãe, mas não sabia que ia ser assim tão cedo, ainda mais com Tsunade como intermediária.
- Eu sei que você já é uma jovem adulta, e eu não vou agir como sua mãe, mas quando eu encontrei com a senhora Mebuki Haruno nessa conferência, eu reconheci seu sobrenome na hora e me lembrei de você. Eu quero que você entenda, Sakura, que você é uma aluna brilhante, e eu procurei saber, e suas notas são uma das mais altas de todo o campus, então não pense que estou decepcionada com você ou algo do tipo. Eu já conversei com sua mãe e nós duas concordamos que se você quer ser arquiteta que tudo bem, mas eu acho que você deve explicar para sua mãe porque largou tudo assim tão repentinamente.
Um silêncio bastante desconfortável abraçou aquela sala. Me concentrei no toque da mão da minha mãe sobre a minha, me apertando de uma maneira gentil, como se para me dar forças e me incentivar a falar.
- Eu não aguentei. - suspirei tentando justificar eu ter trancado meu curso, saído da minha cidade e entrado em outra universidade.
- O que você não aguentou, querida? - minha mãe ansiava por respostas.
Talvez eu também ansiasse por explicar tudo, colocar aqueles sentimentos para fora e desabafar.
- Trabalhar no hospital. Quer dizer, você me deixava te acompanhar em alguns casos para eu me familiarizar com a rotina e com as tarefas de um médico, porém, eu não aguentei. Você é oncologista, você trata de pessoas com câncer, pessoas que muito provavelmente não vão se curar! Você amputava, operava, receitava quimio, morfina, sessões de radioterapia... Aquilo era torturante! Você olhava dentro dos olhos de alguns pacientes enquanto eles morriam.
- Sakura, querida, eu disse para você não se apegar aos pacientes.
A interrompi: - Eu sei! Mas eu pensei que não aquilo não fosse me atingir tanto, e aquelas crianças mãe? - perguntei me referindo a ala dedicada às crianças doentes. - Elas são tão novas, é tudo tão injusto.
- Eu sei. - seus olhos eram benevolentes.
- Não tem como eu encarar sua rotina como normal. É massante.
- Eu pensei que você gostasse de lidar com as crianças.
- Eu sei, e eu gostava, mas depois do 'Sortudo'... - senti um arrepio me subir pela coluna ao me lembrar de um garotinho que tinha câncer no estágio 3 mas era tão positivo, tão alegre, que ele dizia que tinha sorte por estar doente, porque assim ele tinha conhecido todos ali do hospital. Ele tinha 11 anos e estava morrendo. Com onze anos eu brincava de bola, pega pega, corria, caia e levantava. Mas Konohamaru, Sortudo, não. Se ele inventasse de correr e brincar, em menos de cinco minutos ele se sentia tão cansado quanto alguém que tinha passado o dia inteiro capinando um lote.
- Eu me lembro muito bem dele. Ele dizia que era seu namorado.
- Sim. - confirmei nostálgica. - Ele disse que quando crescesse ele ia se casar comigo, que eu era muito bonita.
Meus olhos derramavam lágrimas como se houvesse duas torneiras abertas. Meu nariz escorria e eu sentia minha garganta soluçar com força diante das lembranças que invadiram minha cabeça.
O câncer dele tinha evoluído de tal forma que eu não acreditava que existisse alguma célula em seu corpo que não tivesse doente.
- Eu me lembro de ter te afastado do hospital quando ele piorou. - a mão da minha mãe apertava a minha com força. Ela e Tsunade ignoravam minhas lágrimas, meu choro sofrido, e eu não achava aquilo ruim.
Acenei positivamente com a cabeça sentindo um grande aperto na garganta. Esperei os soluços passarem e passei com força a mão no meu rosto tentando me livrar do excesso de lágrimas.
- Eu fui ao hospital mesmo assim. Eu fugi de casa de noite para vê-lo. Já fazia um mês que eu não o visitava porque você tinha me afastado de tudo, e eu estava com medo dele morrer sem eu me despedir. - confessei fungando. - Eu não devia ter ido lá.
- Você esteve no hospital? Na noite da morte dele?
Balancei a cabeça minimamente. - Eu consegui entrar no quarto dele, a equipe me conhecia, não estava muito tarde da noite, então não acharam de todo ruim que eu fosse lá. Poucas pessoas me viram, na verdade. - dei de ombros antes de continuar. - Então eu vi ele lá, com dificuldades de respirar, com o braço todo roxo das más tentativas que tiveram com as agulhas. Ele estava bem magrinho, né? - continuei depois que minha mãe me confirmou com a cabeça. - A mãe dele ficou feliz com a minha visita. Diz ela que estava com saudades de mim, que seu filho sempre perguntava sobre a namorada dele, que no caso era eu.
- Eu não sei o que te dizer, Sakura!
- Não tem importância, a gente nunca sabe o que dizer nas horas importantes. - divaguei me lembrando que eu mesma não fazia ideia do que falar para ele quando o vi naquela maca.
- Você falou com ele?
- Aham. A mãe dele pediu para que eu ficasse no quarto porque ela estava com fome e ia comprar algum lanche na lanchonete do hospital mesmo. Então eu fiquei. Lembro que eu não resisti e peguei a mãozinha dele, tão fraquinha ela estava. - constatei apertando a própria mão da minha mãe como se eu comparasse os dois apertos de mão inconscientemente. - Então ele acordou, e quando me viu, sorriu pra mim e me chamou de namorada.
Eu guardava aquela lembrança com carinho, mas não podia dizer que não me machucava.
- Que bonito, filha. - minha mãe tentava me incentivar, mas eu não conseguia me alegrar de qualquer forma.
- Eu sei. Mas ai ele morreu. Não no momento seguinte, mas naquela noite mesmo, depois que eu fui embora, não tardou a notícia chegar.
- Eu me lembro, foi de madrugada. Me telefonaram do hospital. Os funcionários sabiam do carinho que ele tinha por você especialmente.
- Então depois disso eu percebi que não tinha mais psicológico para aguentar isso de novo e de novo. Eu sei que somos finitos, que todos nós morremos e que a maioria dos pacientes do hospital tem um relógio em contagem regressiva com pouquíssimos números em cima da própria cabeça, mas quando o paciente morre, quando ele realmente morre, quando nós voltamos ao hospital e não vemos mais ele lá é que a ficha cai, sabe?
Ficamos nós três ali em silêncio. Nem a reitora, nem minha mãe ousaram responder as minhas divagações e narrativas.
Era como se digeríssemos aquele assunto e eu me sentiria mais à vontade voltando a mesa do refeitório e comendo o resto da minha salada do que digerindo aqueles acontecimentos todos de novo, agora narrados em voz alta.
- Você sente saudade da medicina, ou você se encontrou aqui?
A voz de Tsunade finalmente interrompeu o silêncio que havia se tornado pesado.
- Sinto muita falta de tudo, mas não sei se consigo lidar tão bem assim com a morte.
- Ninguém consegue lidar muito bem com a morte, Sakura. - minha mãe falou com carinho. - O que podemos fazer e deixar o tempo passar e tirar essa dor do centro de nossas atenções. E não pense que você é fraca por se sentir tocada com a morte de uma pessoa doente, de um paciente. A morte é triste, e quando você estiver triste, você chora. Não tem problema em chorar...
Aquilo foi o estopim para eu desabar como uma criança desesperada. Minha mãe me abraçou como pôde por conta das cadeiras, e eu deixei que todos os sentimentos saíssem de dentro do meu peito.
Não sei quanto tempo aquela cena melancólica durou, mas eu sabia que aquilo não tinha acabado ainda.
- E então, Sakura. Eu vejo que você é uma boa estudante, mas você pensa em voltar a medicina? - Tsunade finalmente perguntou. Eu podia sentir toda a ansiedade da minha mãe ali do meu lado.
- Eu acho que sim. Eu sinto falta daquilo tudo, das aulas, do hospital, acho que até o cheiro de tudo me faz ter saudades. - confessei a verdade que tanto me consumia nos últimos dias.
- Você quer voltar pra casa? Pra outra faculdade? Não que eu ache essa ruim, mas...
- Mas a Universidade de Konoha é conhecida como a melhor escola de medicina de todo o país.
- É. - minha mãe soltou o ar sem mais argumentos.
- Sim. Eu quero voltar pra casa.
(…)
Quando eu fui avisar Sasuke que tinha saído da sala de Tsunade, eu percebi que meu celular tinha acabado a bateria, e que bem provavelmente eu tinha um namorado furiosamente preocupado atrás de mim.
- Acho que você consegue voltar pra faculdade com facilidade. - eu resmunguei alguma coisa para minha mãe, mas não queria me demorar muito naquele assunto. Eu não estava com cabeça para aquilo naquele momento.
- Onde vamos mesmo?
- Você vai ver.
Depois de toda aquela cena no escritório da Tsunade acabou ficando decidido que eu ia acabar o final do semestre e logo em seguida voltaria a minha cidade natal que na verdade, não ficava muito longe de onde eu estava. Uma viagem de 2 horas no máximo era mais do que o suficiente para eu sair do dormitório e parar na porta de casa.
Minha mãe ainda havia me levado para almoçar, já que eu estava morrendo de fome, uma vez que havia desistido de comer aquela maldita salada do refeitório, meu estômago estava quase me devorando tamanha fome.
Durante o almoço ela achou melhor que ao invés de eu voltar pra casa que eu fosse morar sozinha. Ela tinha condições de mobiliar um de seus apartamentos e me deixar morar lá. Fiquei receosa sobre e falei com ela pra mobiliar esse apartamento aos poucos e depois que me presenteasse ao final da formatura. Ela concordou e confessou que achava a ideia agradável, que sentia minha falta no final das contas.
Almoçamos e ela acabou perguntando sobre minha vida, sobre o curso de arquitetura, sobre meu cabelo cor de rosa. Divaguei sobre o quanto o curso era interessante, sobre meus amigos novos e sobre como eu tive uma vontade repentina de mudar a cor dos meus cabelos (“vontade repentina” lê-se uma Hinata louca das ideias). Bom, eu preferi manter Karine Hinata longe de minhas histórias, até porque depois que acabasse o semestre com muita sorte eu nunca mais veria elas, nem elas e nem meu namorado...
- O que foi Sakura?
- Eu não te contei tudo no almoço. - falei desconfortável enquanto ela dirigia sabe-se lá para onde.
- O que aconteceu?
- Eu estou namorando.
- Hum. E eu devo conhecê-lo?
- Você quer conhecê-lo? - rebati a pergunta. Eu e minha mãe nunca tínhamos tocado muito naquele tipo de conversa. Parte porque eu nunca havia namorado, parte porque ela sempre estava ocupada demais trabalhando e eu estudando.
- Quero. Acho importante conhecer o primeiro namorado da minha filha.
- Mas a gente vai morar longe. - conclui aquele pensamento aterrorizante em voz alta.
- Longe? A duas horas de distância? Eu acho perto.
- Pra uma estudante de medicina? Duas horas, só de ida, é muita coisa.
- Bom, filha, essa é uma decisão que vocês dois terão que conversar sobre.
Balancei minha cabeça tentando afastar aqueles pensamentos e evitando dar atenção ao nó que se formava em meu peito apenas por pensar daquele assunto.
- Chegamos.
- Um cemitério?
- Você vai fechar o ciclo do Konohamaru, e eu vou estar do seu lado por você. Você precisa entender a morte para voltar a estudar medicina.
(…)
Merda, merda, merda!!
Eu sentia minhas pernas queimarem. Sasuke provavelmente me mataria!
Eu corria me esforçando ao máximo para chegar ao ginásio da universidade. Eu tinha passado o resto da tarde com minha mãe e depois de chorar ainda mais no cemitério, só então ela tinha em trazido de volta, bom, até a portaria principal, que ficava consideravelmente longe do ginásio em que Sasuke iria jogar. Ela ainda perguntou se era pra ela conhecer o Sasuke e eu optei por não. Eu ainda tinha que conversar com ele sobre todas aquelas minhas decisões e a presença da minha mãe ali provavelmente o faria surtar.
Parei de correr me apoiando na parede do lado de fora do ginásio tentando respirar.
Talvez eu não quisesse entrar ali e enfrentar um Sasuke e uma Ino putos da vida por eu ter sumido com o meu celular descarregado. Talvez eles já tivessem até ido até a delegacia para dar meu corpo como sumido e eu não soubesse.
Andei o resto do caminho passando a mão pelo meu cabelo na esperança que ele disfarçasse minha cara inchada que nem um baiacu. Ignorei a dor nas minhas pernas e a força que eu fazia para respirar e segui pelo caminho que eu já conhecia bem. A quadra era pequena, mas estava lotada de torcedores, afinal, eles estavam disputando o terceiro lugar das regionais.
Forcei minhas vistas para encontrar Ino e um lugar a seu lado, mas as arquibancadas estavam lotadas mesmo!
Optei por ver o jogo sozinha e o mais perto possível da quadra e do banco dos meninos.
Me sentei primeiramente tímida, mas logo já no primeiro ponto do nosso time, por conta de um corte de Naruto, gritei a plenos pulmões fazendo minha voz sobressair ao resto da torcida enquanto gritava um “vai Narutooo” a plenos pulmões.
Como eu sabia que minha voz havia se sobressaído? Sasuke olhou para a arquibancada na mesma hora. E ao invés de comemorar com o resto do time o ponto recente, pude sentir seu olhar cruzando com o meu num determinado momento.
A única coisa que eu pude fazer foi mostrar os polegares em sinal de positivo.
Porém, ele rapidamente virou a cabeça para se concentrar no jogo.
“O time visitante está a um set na frente, para ganharmos temos que ganhar esse e mais o próximo, você acha que a gente consegue, Tenten?”
Olhei para o placar para confirmar os narradores falavam.
2 – 1
Os visitantes estavam com uma diferença de um set. Ou seja, precisávamos ganhar mais dois sets e eles apenas um. Poderia ser difícil, mas não impossível.
Gritei mais palavras de incentivo quando o juiz apitou para que um dos meninos do nosso time sacasse.
Eu não sabia o que me deixava mais nervosa, a desvantagem ou os dois estudantes com microfones sentados do lado oposto da arquibancada que narravam o jogo. Isso porque a cada ponto que o adversário fazia, era como se alguém me desse um soco no estômago.
2 – 2
Nosso time venceu com bastante dificuldade, mas nos garantiu um quinto set; o set do desempate.
Eu sabia que os meninos estavam cansados. Sasuke mesmo era um que praticamente bebeu uma garrafinha de água inteira sozinho. Meus pés dançavam nervosos esperando a troca de lado e o começo do tempo final.
Então eu gritei a cada ponto feito e xinguei a cada ponto sofrido. Até que faltava apenas um pontinho para o nosso time vencer. Apenas um. Não era impossível, afinal!
Foi então que Naruto sacou forte, de maneira a colocar tudo em jogo. Felizmente o cara do outro time não conseguiu fazer um passe bom e a bola acabou voltando para o nosso lado dando a oportunidade perfeita para o levantador saltar e cortar de modo a cravar a bola no chão adversário.
Sasuke era o levantador do nosso time.
Sasuke tinha acabado de cravar a bola fazendo o nosso time ganhar.
Eu pulei feito uma criança. Pulava e saltava no lugar com os braços para cima. - Aquele é o meu namorado. - me peguei falando aquilo para as pessoas do meu lado que também comemoravam o final da partida. - O de cabelo preto e cara fechada, ele é o meu namorado! - não pude evitar de gritar orgulhosa.
Então foi tudo acabou rápido demais. Enquanto os narradores amadores falavam sobre como aquele jogo tinha sido difícil, e de como o último ponto havia sido bonito, os times se cumprimentaram e seguiram para o vestiário.
Algumas pessoas deixaram a arquibancada, mas outras também chegavam, afinal ainda haveria o jogo final que decidiria o segundo e o primeiro lugar.
Eu tentei ir atrás daqueles que saiam das arquibancadas. Eu precisava ver Sasuke e dar uma explicação para ele.
Com muito custo consegui ir até o vestiário masculino e o treinador, Gay, me disse para esperar do lado de fora, uma vez que aquele era um vestiário masculino. Eu o parabenizei e ele falou algo sobre a “força da juventude que tinha aflorado em todo o time e como ele estava orgulhoso de todos”. Assenti positivamente, porém minha atenção foi roubada pela figura de Naruto saindo do vestiário já de banho tomado.
- Parabéns! - praticamente pulei em seu pescoço o abraçando de forma orgulhosa. - O jogo foi muito bom!
- Obrigado. - seus braços retribuíram o abraço me segurando forte. Naruto parecia tão feliz quanto eu mesma. - Seu rosto está inchado. - Naruto notou enquanto analisava minha face cuidadosamente.
- Onde Sasuke está? - perguntei ansiosa ignorando completamente sua constatação sobre minha cara de baiacu inchado.
- Ele já saiu. - o loiro falou sério. - Você não cruzou com ele?
- Não. Acho que demorei demais para conseguir descer das arquibancadas. - constatei aflita. - Me virei para o lugar da arquibancada que eu estava a minutos antes, mas não encontrei a silhueta de Sasuke ali.
- Ele não vai ver o jogo. Disse que vai voltar apenas na hora da premiação.
- Por quê? - perguntei já murcha, sentindo toda a minha empolgação de minutos atrás se esvair do meu corpo.
- Sinceramente? - Naruto falava coçando a nuca desconfortável. - Acho que seu sumiço o deixou meio bravo.
Suspirei fundo soltando o ar pela boca.
- Você acha que ele foi embora? Voltou para o dormitório?
- Não. Talvez ido na lanchonete? - Naruto deu seu palpite.
Balancei minha cabeça aceitando o fato de que talvez eu tivesse que correr de novo e minhas pernas não estavam preparadas para aquilo de novo.
Corri em direção a saída deixando pra trás o apito que dava início ao jogo da final.
- Sakura, espera, eu vou com você! - senti a presença de Naruto me alcançando mas ignorei. Quando pisei para fora do ginásio dei de cara com Ino se pegando com Sai, além de outras pessoas que se dividiam em também estar beijando, ou em fumar em suas rodinhas de conversa.
- Ino?
- Sakura? Você sumiu! Achei que íamos cancelar tudo!
- Cancelar tudo o quê?
Então de repente, um pouco mais adiante eu pude ver um carro que vinha em nossa direção. Porém, aquele não era um carro comum, nele havia uma caixa de som estupidamente alto com vários corações e desenhos coloridos desenhados em sua lataria.
- Aquilo é um carro mensagem? - uma das pessoas numa rodinha ao lado perguntou rindo.
Aquilo só podia ser uma miragem.
- Cacete. - Naruto sorria de orelha a orelha já tirando o celular para gravar aquela cena icônica: Sasuke em cima da parte traseira do carro utilitário se segurando da maneira que podia e na sua outra mão um buquê de rosas cor de rosa, praticamente da tonalidade do meu cabelo. - Essa aqui é a sortuda. - Naruto me filmava e depois apontava a câmera do próprio celular na direção do carro de som que se aproximava de forma teatral.
“Sasuke, um menino com.ple.ta.men.te apaixonado decidiu se expressar de uma maneira diferente.” O dono do carro de som falava em algum tipo de microfone de forma a sua voz se sobressair ao som da música que saia dos autos falantes potentes. “Sakura, ele quer saber se você aceita ser sua namorada...” Meu cérebro ignorou completamente tudo que aquela voz de locutor de rádio falava depois daquela última frase
Ao fundo uma melodia da musica “amor I love you” tocava deixando tudo aquilo mais cafona do que já era.
Eu estava de queixo caído e sem palavras.
Então o carro parou com todo aquele barulho e luzes fazendo com que mais pessoas se aglomerassem para assistir o que acontecia. Por fim não somente Naruto estava filmando, mas mais umas quatro pessoas, no mínimo!
Tentei ignorar a zuação e as pessoas rindo ou assobiando e foquei na figura de Sasuke completamente envergonhado descendo do carro com o buquê de rosas na mão.
Um ajudante do motorista também desceu e acendeu o que parecia ser fogos e soltou no céu para deixar tudo bastante constrangedor. Me distrai por um momento com os coloridos azul e verde dos foguetes para depois me voltar ao rosto corado e recém-saído do banho rápido que Sasuke devia ter tomado no vestiário.
- Como? Q-uando? P-or qu-e...? - tentei finalizar alguma pergunta mais elaborada, mas eu gaguejava. Minhas mãos não só tremiam mais que as de Sasuke ao me entregar as rosas.
- Pensei que Karin tivesse te matado e desovado seu corpo. - ele falou de modo que só eu ouvisse antes de me dar um demorado beijo em minha testa. - Você está bem?
- Acho que sim. - eu não conseguia para de sorrir.
- Que bom. - Sasuke sorriu de lado se virando para pegar o microfone emprestado com o dono do carro de som.
A música ao fundo havia mudado, e agora começava a tocar “give me love” do Ed Sheeran.
Eu gostaria de ter a completa atenção de todos presentes aqui. - Sasuke falava enquanto a melodia deixava tudo o mais cafona possível. - Há alguns meses atrás eu me apaixonei por aquela garota ali. Alguns de vocês já devem tê-la visto no jornal universitário, ou nas fotos e mensagens dos grupos de whatsapp... Sakura, a estudante de cabelo cor de rosa que enfrentou o sistema de trotes, ou pelo menos tentou. Que joga vôlei tão bem quanto qualquer marmanjo que está competindo hoje naquela quadra hoje a noite. A menina mais emburrada e mais inteligente que eu já conheci. A mais bonita também, que fica bem com o cabelo pintado mesmo com essa rebeldia tardia. Sakura! Eu sei que já estamos namorando há algum tempo, mas sinto que eu precisava deixar claro todos meus sentimentos por você. Então eu quero fazer esse pedido oficial aqui e agora: Sakura, você aceita namorar comigo?
Olhei para o céu onde mais dois foguetes estouravam como se para enfatizar toda aquela cena.
Não pude evitar de rir daquele circo tudo! Eu pensava que Sasuke estava puto comigo, mas ao invés disso ele tinha era preparado tudo aquilo!
- Siiiiiim! - gritei fazendo a felicidade da pequena multidão que aplaudia e assobiava ainda mais alto.
Corri em sua direção abraçando-o fortemente sem tomar o mínimo de cuidado com as rosas que tinha acabado de ganhar.
Sasuke havia finalmente me pedido em namoro, justo no dia que eu tinha decidido me mudar e deixar tudo aquilo para trás.
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