- Atrasada, senhorita Isabel.
Me encolhi e fiquei com vontade de dar meia volta e ir embora. De acordo com a sua cara, dona Márcia já estava estressada comigo. Não que isso não fosse comum.
- Sinto muito. Posso entrar?
Ela revirou os olhos, e disse meio impaciente:
- Entre logo, que tenho avisos importantes para dar antes da aula:
Entrei e sentei no meu lugar de costume, perto da porta. Me dava a sensação de estar mais para fora da sala, assim, mais longe daquele lugar.
- Como todos sabem, as aulas terminam sexta-feira que vem, e como todo fim de ano, você estão convidados a dormirem na escola essa sexta. Já que vocês fazem parte do 9° ano, são a sala chefe, ou seja, os chefes das gincanas irão sair daqui. A lista do que vocês precisam trazer e com os horários sai hoje mais tarde, e assim que pronta, entregarão a vocês.
- Você vem? - ouvi uma voz do meu lado esquerdo, meio sussurrada.
Sorri para aquele rosto tão conhecido.
- Bom dia para você também, Catarina. Acho que sim. É o nosso último ano aqui e uma das últimas vezes que vamos ver a turma.
- Hum, se você vier, eu venho.
- Já imaginava. - sorri para ela e ela me retribuiu. Seu sorriso era lindo, assim como ela inteira.
Catarina era loira, bem alta, pele bem clarinha e já tinha uma profissão. Trabalhava como modelo desde que eu a conheci, e olha que eu nem me lembrava qual fora a primeira vez que a vi.
- A conversa de vocês duas está interessante? - era dona Márcia de novo.
Murmurei um desculpe e revirei os olhos assim que ela se virou para escrever na lousa. A aula iria começar. Comecei a me arrumar para dar uma cochilada, até porque duas aulas seguidas de português ninguém aguentava.
Tirei meu casaco e coloquei em cima da mesa. Apoiei minha cabeça em cima e comecei a olhar para fora da janela, do outro lado da sala.
Muito estranho que semana que vem iria ser a última vez que eu iria ver muitos de meus colegas de classe. A Escola Triangular ia até o ensino fundamental, então todos teriam que ir para o outro lugar, embora a maioria (inclusive a Catarina) fosse para a Juscelino Kubitscheck, a melhor da cidade. Eu não fazia a menor ideia para onde ia, já que meus pais sempre adiavam o assunto, mas tinha esperança em continuar estudando junto com a minha amiga. Não me imaginava assistindo aulas sem ela do lado.
De repente, no meio de todo o meu devaneio, percebo que tem algo na janela.
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