_ Acho que agora podemos voltar para casa, não é, Koutarou? _ Kuroo disse enquanto caminhavam pela calçada.
Koutarou apertou os lábios, desesperadamente tentando achar alguma outra razão para ficarem. A verdade é que ele não queria ir embora de Tóquio.
Observando os ombros encolhidos do mais baixo, Tetsurou suspirou e lançou um olhar para uma imagem sobre um prédio avisando sobre um baile real.
_ Que tal irmos nesse baile? _ os olhos de Koutarou se arregalaram de surpresa com a ideia _ Será a despedida final antes de voltarmos para casa.
_ Sim! Eu adoraria! _ Bokuto gritou se jogando sobre o príncipe, que riu devolvendo o abraço _ Eu preciso achar uma roupa para o baile. Podemos nos encontrar antes do baile.
_ Sim. Vou avisar Konoha sobre a mudança de planos.
Os dois se despediram e seguiram cada um o seu caminho.
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Koutarou só tinha em mente uma pessoa para o ajudar. Percorreu o caminho já conhecido para a casa de Akaashi, esperando que o homem pudesse o orientar um pouco. Ao bater no apartamento, o andalasiano se viu surpreendido por outra pessoa:
_ Yukipe?
_ É Yukie, Bokuto. _ a colega de trabalho de Akaashi o corrigiu com um balançar de cabeça exasperado _ O quê você está fazendo aqui? Achei que tinha voltado para Andalasia.
_ Eu ia, mas decidimos ir no baile esta noite.
_ Oh?
_ Bokuto-san! Você voltou! _ Shoyou gritou se jogando em Bokuto.
_ Shoyou! Que bom ver você! _ o andalasiano ergueu a criança, rodopiando pela sala.
_ Você vai ficar aqui? _ O garoto perguntou esperançoso com olhos brilhantes encarando Bokuto.
_ Sinto muito, Shoyou, mas não. Eu tenho que voltar para casa. _ Koutarou sentiu seu peito apertar ao ver Shoyou cabisbaixo com a notícia e rapidamente completou _ Mas primeiro, eu queria pedir sua ajuda.
_ Minha ajuda?
_ Sim. _ Koutarou riu com a clara confusão no rosto do menino _ Eu preciso arranjar uma roupa para o baile real de hoje. Podem me ajudar?
_ Podemos, Yukie-san? Por favor! _ o garotinho pediu ansioso pulando de um pé para o outro.
A mulher observou os olhos brilhantes dos dois e suspirou em exasperação. Como Akaashi lidava com os dois juntos?
_ Muito bem. Vamos te ajudar. Então se prepare para irmos às compras.
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_ Que lugar é esse? _ Bokuto perguntou ao se aproximarem de um grande prédio formado por superfícies reflexivas.
_ A loja de departamentos . _ Yukie respondeu abrindo a porta _ Aqui vamos achar o que precisamos.
Bokuto soltou um suspiro extasiado. Aquele local era incrível. Ele estava diante de uma grande sala cheia de araras de roupas e estantes de sapatos. Todos eram de várias cores e estampas diversas, o surpreendendo muito. Era como um mundo completamente diferente.
_ Yukie, o que você está fazendo aqui? _ uma voz alegre chamou a atenção do grupo.
_ Kaori. _ um sorriso genuíno tomou o rosto de Yukie ao se virar para a atendente da loja e lhe dar um beijo rápido _ Estamos aqui atrás de uma transformação para um baile para Bokuto aqui. _ ela indicou o rapaz.
_ É mesmo? _ ela sorriu divertida, antes de bater palma _ Não se preocupe. Eu sou melhor que qualquer fada madrinha.
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O quarteto passou a tarde experimentando roupas e sapatos até encontrar a escolha perfeita. Finalmente, Kaori os acompanhou até a entrada da loja. Bokuto abraçou a lojista:
_ Muito obrigado! Não sei o que faria sem você.
_ Não precisa me agradecer. Eu fico feliz de ajudar um amigo da Yukie. _ ela lançou um sorriso para a namorada.
_ Vocês dois também. _ Koutarou se virou para Yukie e Shoyou, dando um abraço apertado nos dois _ Vocês me ajudaram demais.
_ Sem problemas. _ Yukie respondeu com um leve sorriso.
_ De nada, Bokuto-san! _ Shoyou exclamou animado _ Eu gostei de vir fazer compras com você.
_ Eu também gostei. Talvez um dia podemos repetir. _ o homem bagunçou carinhosamente o cabelo do menino, retribuindo o seu sorriso.
Bokuto precisou se segurar para não parar os dois enquanto os observava ir embora. Ele iria sentir tanta falta de Shoyou. Mas ele precisava se consolar com o pensamento de que poderiam se ver de novo um dia.
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Konoha já estava cansado. Ele já tinha passado os últimos dias atrás de Bokuto e agora tinha que procurar Lev também. Francamente! Ele não tinha dormido nada e suas asas estavam perdendo a força. Além disso, o príncipe tinha avisado que teriam que ficar mais um pouco naquele lugar só para irem em um baile. Konoha já não aguentava mais.
Ele estava prestes a desistir quando encontrou o rapaz sentado em um balanço de parque. Ele ia bicar o idiota em retaliação pela última noite, mas parou antes que pudesse fazer isso. Sentado naquele brinquedo encolhendo-se e com os olhos caídos, Lev revelava o quão jovem ele realmente era. Konoha não podia culpá-lo completamente. A ave sabia que o rapaz seguia ordens de uma única pessoa. Mas ainda assim aquilo não o desculpava.
Konoha pousou no balanço ao lado e piou para atrair a atenção de Lev.
_ Konoha! O que você está fazendo aqui?
A coruja bateu as asas irritado. Não era óbvio que ele estava procurando Lev? Imediatamente ele buscou se acalmar. Ele não queria brigar com o rapaz, só queria saber o porquê.
Sentindo aquele olhar perfurante, Lev abaixou a cabeça. Konoha piou alto para fazê-lo encontrar seus olhos novamente. O andalasiano engoliu em seco em nervosismo:
_ Eu precisei fazer aquilo.
Konoha soltou um barulho de indignação. Aquilo não explicava nada. Ele estava só se justificando.
Lev apertou os lábios incomodado.
_ Você não entende.
"Então me explique" Konoha pensou irritado, com suas penas eriçadas. Lev suspirou cansado, ele não sabia o que dizer.
_ Kuroo-san e Bokuto-san não podem se casar. Yaku-san não tinha escolha, ele precisava que eu impedisse os dois de se encontrarem.
E para isso tinha que envenenar uma pessoa inocente? Konoha teve que se segurar para não interromper o rapaz. Aquilo era um absurdo e o pior era que Lev acreditava ou pelo menos tentava acreditar.
_ Eu sei que Bokuto-san não merece, mas é... um mal necessário.
Necessário? Como assim necessário? Como acabar com a vida de alguém pode ser um mal necessário? Konoha estava possesso. Tudo aquilo por causa daquele rei idiota? Tudo porque ele mandou?
_ Você não entende. Yaku-san salvou a minha vida e a de outras crianças de rua. Se não fosse ele, eu teria virado um ladrão ou morrido de fome. _ o andalasiano mordeu o lábio, mergulhando nas lembranças.
Lev estava sempre sozinho desde que se lembrava. Tentando sobreviver enquanto buscava lugares para dormir à noite. A fome crescia a cada dia e Lev não aguentava mais. Escondido atrás de um prédio, o garoto não tinha tirado os olhos do estande de frutas frescas na praça. Ele estava esperando uma brecha para atacar. Percebendo que o vendedor se distraiu, ele se aproximou furtivamente. Antes que ele pudesse agarrar uma maçã, sua mão foi puxada de repente. Lev lançou um olhar assustado para a pessoa que o tinha capturado. Era um rapaz jovem com roupas simples e um olhar irritado. Lev estava preparado para ser entregue para a guarda, quando o rapaz se virou para o vendedor e comprou a maçã. O rapaz arrastou Lev até um boticário simples e lhe entregou a fruta.
_ Coma. _ o rapaz disse de repente.
_ O quê?
_ Você está com fome, não é? Coma a maçã.
Lev obedeceu, observando curioso o jovem pegar recipientes e preparar alguma mistura.
_ Qual o seu nome? _ O rapaz perguntou sem voltar seu olhar para Lev.
_ Haiba Lev. E você?
_ Yaku Morisuke. Você está sozinho?
_ Estou… _ Lev respondeu hesitante.
_ Muito bem. Você pode morar aqui comigo a partir de hoje.
_ Sério? _ esperança encheu o coração do garoto, que se aproximou do balcão animado.
_ Em troca, você deve entregar produtos para mim pela vizinhança. Você é capaz de fazer isso? _ Yaku o encarou com um olhar sério, incitando-o a responder com firmeza. Era uma oportunidade que não deveria ser desperdiçada.
_ Sim! Obrigado, Yaku-san!
_ Eu espero não me arrepender. _ o rapaz disse em tom de aviso com uma sobrancelha erguida.
_ Não vai. Eu prometo! _ Lev afirmou com toda a certeza que podia.
Aquele dia parecia tão distante. Era tudo tão mais fácil naquele tempo. Só os dois contra o mundo.
_ Lev! _ ouvindo aquela voz tão familiar, fez o rapaz pular de espanto.
_ Você precisa ir embora _ ele disse apressado para Konoha tentando espantá-lo. Eles não podiam se ver.
Antes que Konoha pudesse expressar sua confusão, o rei de Andalasia surgiu em grande imponência com um olhar duro como pedra.
_ Yaku-san!
_ Não pareça tão chocado. Eu não poderia deixar você falhar novamente. _ Lev abaixou a cabeça em vergonha com a repreensão do rei. Os olhos castanhos se fixaram então na ave _ Essa é a coruja irritante de Bokuto?
Com um aceno de sua mão uma gaiola surgiu ao redor de Konoha, o prendendo ali dentro. A ave piou de irritação e medo, fazendo Lev se adiantar e agarrar a gaiola em nervosismo.
_ Yaku-san, Kono...
_ Não se preocupe, Lev. _ Yaku dispensou a preocupação com um aceno _ Assim que acabarmos, vou libertá-lo. _ o rei se virou e começou a andar, sendo seguido pelo mais jovem hesitante _ Agora vamos. Temos um baile para participar.
_ Sinto muito, Konoha. _ Lev sussurrou para a ave, antes de alcançar seu rei.
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Keiji e Kenma rodopiaram ao som da música, divertidos. O casal de noivos dançava em meio a muitas pessoas, todos vestidos extravagantemente como se tivessem saído de contos de fadas. Vestidos longos cheios de camadas e casacas com ombreiras douradas. O baile estava ricamente decorado e uma banda de músicos tocava melodias alegres.
Akaashi se virou para a entrada e se viu paralisado. Bokuto descia as escadas vestido com um terno escuro e com seu cabelo arrumado para trás. Era uma visão tão diferente do habitual e tão... estonteante. Inconscientemente, Keiji foi ao seu encontro, sendo seguido por Kenma.
_ O que você está fazendo aqui? _ Koutarou perguntou espantado.
_ Poderia perguntar o mesmo.
_ Você me disse que não sabe dançar.
_ Eu disse que não danço. É bem diferente.
Ao lado dos dois, Kuroo e Kenma se encararam surpresos já que não esperavam se ver ali. O príncipe abriu um sorriso felino para o qual o mais baixo franziu o cenho.
Notando os seus parceiros ao seu lado, Koutarou disse rapidamente:
_ Esse é Kuroo Tetsurou, meu... príncipe! _ ele exclamou depois de uma hesitação.
_ E esse é Kozume Kenma, o meu namorado. _ Keiji completou, apresentando seu parceiro.
_ É bom finalmente saber o seu nome. _ Kuroo disse acenando com a cabeça.
_ Posso dizer o mesmo. Quem diria que você estaria com Bokuto. _ Kenma respondeu erguendo as sobrancelhas.
_ Vocês dois se conhecem? _ Akaashi se surpreendeu.
_ Pode-se dizer isso.
_ Só nos vimos uma vez.
Os dois responderam ao mesmo tempo olhando para Akaashi. Encontrando os olhos do outro, Kuroo sorriu novamente fazendo o outro desviar o olhar exasperado.
Bokuto e Akaashi os observavam com uma expressão surpresa. Eles não imaginavam que os dois poderiam ter se conhecido. A atenção do quarteto foi atraída por um aviso do palco:
_ Agora para a Dança da Realeza, pedimos que troquem de parceiros. _ a cantora Shimizu Kyoko disse suavemente, lançando um olhar para seus músicos iniciarem a melodia.
Tanto Bokuto quanto Akaashi evitaram olhar um para o outro e seus parceiros estavam inquietos pela estranha situação. Por fim, Kuroo tomou uma atitude estendendo a mão para Kenma com um sorriso ladino:
_ Me daria a honra dessa dança, Kenma-san? _ os olhos dourados de Kenma se arregalaram levemente. Passada sua surpresa, ergueu os cantos de sua boca e aceitou a mão do príncipe.
_ Por que não? Mas me chame só de Kenma.
_ Como quiser, Kenma.
Os dois se moveram para o centro do salão para sua dança, deixando Keiji e Koutarou por conta própria. Os dois se olharam nervosos, antes de Akaashi oferecer a mão em um pedido silencioso para dançar. Koutarou respirou fundo antes de aceitar hesitante.
Os dois se moveram lentamente para a pista de dança, sem desviar os olhos um do outro. O toque de suas mãos ao se acertarem em sua posição era tão suave, como se eles tivessem medo de se queimar se segurassem firme demais.
"Ao te abraçar
Deixei o mundo pra trás
E a música se faz
Só pra nós dois"
A voz suave e doce da cantora envolveu os dois enquanto se moviam pela pista de dança. Era como se tivesse somente os dois no local, eles apenas se concentravam um no outro, estando completamente imersos na melodia. Koutarou quase podia ouvir seu coração de tão forte que ele batia em seu peito. Era quase como se estivesse em um dos seus sonhos mais profundos e o medo de acordar era grande.
"Aqui tão perto
Posso ver você
E assim me sinto viver
Deixei a vida"
Keiji girou Bokuto em seus braços acompanhando a letra da música em um sussurro destinado a ser ouvido apenas pelo outro homem. Observando os olhos dourados do rapaz brilharem, seu peito se apertou. Ele não queria que aquele momento acabasse.
"Levar os sonhos meus
A eles disse adeus sem perceber
Aqui esperando perto de você
Enfim consigo saber"
Kuroo e Kenma observaram pouco surpresos os seus companheiros dançarem com os olhos presos um no outro. Tetsurou lançou um sorriso resignado para o parceiro de dança, que acenou com a cabeça em resposta, soltando um suspiro. Era incômodo assistir aquilo, ter que presenciar aquela ânsia mútua.
"Tudo que eu quero agora é estar
Aqui tão perto de um final feliz
Assim tão certo do que eu sempre quis
Nós dois chegamos tão longe sem querer"
_ Posso interromper? _ Kuroo perguntou gentilmente se aproximando de Bokuto e Akaashi.
Despertos daquela imersão na dança, os dois se afastaram rapidamente, evitando olhar um para o outro.
_ Claro. _ Akaashi respondeu olhando para Kenma com culpa.
Kozume desviou o olhar para o chão com uma expressão conformada.
"E então estamos tão perto
Segui a minha vida
É bom saber
Se acaso eu te perder"
Com um aceno de despedida os dois casais se separaram. O casal andou até as escadas para deixar o baile, enquanto Kenma e Akaashi voltaram a dançar ao som da música. Era o momento de cada um voltar ao seu próprio mundo.
"Nós aqui tão perto de um final feliz
Assim tão certo do que eu sempre quis
Nós dois chegamos tão longe sem querer
Tão perto e ainda longe está"
No topo das escadas e esperando Kuroo voltar da recepção, Bokuto lançou um último olhar para trás e observou com tristeza Kenma e Akaashi se beijarem com o fim da música. Naquele momento, parecia haver um vazio em seu peito.
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