Nashville, Tennesse – 29 de agosto de 2009
Mansão dos Closts
Selena Clost
Encarei aquele pedaço de papel em branco rasgado de um bloco de notas do tamanho de um caderno normal. Essa música não era apenas sobre isso, era sobre esses dois rapazes e que eu estava pagando um preço, esse preço valia um beijo que eu não podia dar de jeito algum.
— Eu estava andando outro dia. Acabei te vendo beijando sua ex. Uh oh. — encostei a cabeça naquela estante de livros enquanto cantava aquela música sem acompanhamento do meu violão — Não consegui te evitar. Isso é impossível. Não dá.
Essa era uma música que deveria ser vendida, mas eu não consegui ter coragem disso porque significava muito para mim e minha transição para o futuro. Suspirei fundo e coloquei o papel em cima do livro aberto
— Em seu quarto tem uma kingsize ocupando espaço. Ela esta em sua volta, beijando o seu lindo rosto. Uh oh — a letra eu diria que é clichê demais e basicamente falar sobre amor em uma música é bastante comum por aqui nessa época do ano — Ela é tão perfeita, eu sei disso. Uh oh. Ela é tão esperta, eu sei disso
Eu não estava conseguindo cantar o resto, essa merda tava me fazendo chorar de verdade e o refrão falava justamente do que houve em janeiro. Porra, nunca componham nada para ninguém e isso tava acabando comigo de verdade.
Ah oh. Não consigo te tirar da minha mente. Ah ooh. O destino não colabora comigo jamais
Isso é uma verdadeira merda de verdade, isso me revira e enquanto eu estava criando isso. Os dois tinham composto alguma música para elas e eu era uma boba por ter escrito essa música.
Oh. Eu estou tentando, tentando, tentando. Acompanhar você
Não, não, não. Não consigo te entender.
Eu não conseguia acompanhar e entender os dois, isso também era uma merda e eu odiava isso. Desde o momento em que soube dessas noticias bombas em meus bons momentos, tudo tem sido complicado e difícil para acompanhar e eu era bastante forte para enfrentar tudo isso. Mas eu consegui superar tudo isso.
Oh, Os dias estão em chamas.
Eu vejo que você tem mudado como o tempo faz.
Ambos eram inconstantes e ambos mudaram com o tempo mesmo eu não estando por perto. A pior coisa do mundo é não conseguir acompanhar essa mudança e não conseguir entender todas essas mudanças até o sol se pondo era mais fácil de compreender do que tudo isso que era uma bomba de informações excessivas para a minha cabeça.
Contando notas em seus pequenos dedos.
Olhando em alegria em seus pequenos olhos
Animando-se para o grande dia
Oh oh. Agora vai encontrar ela. Oh oh
Isso se chama torturar a si mesma de verdade, nem sempre laminas ferem e o que nos feriam eram cenas e palavras. Isso te faz ir pro espaço e morrer congelado com tanta pressão de diversas lembranças em sua mente te fazendo explodir em milhares de pedaços.
Lembro do dia que tinha me chamado no telefone
Disse que não queria que eu tivesse me mudado.
Disse que reconhecia que era orgulhoso
Acho que não passava de um grande sonho oh
Eu nem tive tempo para pensar desde daquele bendito enterro e dou graças por essa música nunca ter sido revelada junto com aqueles segredos. Eu pensei por um instante em rasgar aquela música para seguir em frente, mas parei para ver o ultimo trecho.
Desejei não ter te conhecido
A realidade não me contou isso, sei que não consegue enxergar isso
Agora tenho que pagar o preço ao ver um beijo
Parece castigo oh oh, Sei que está ocupado oh oh
Quando verá isso, Os segundos terá acabado oh oh
Dobrei aquele papel e coloquei de volta do livro, abri o envelope que deixei em cima do livro. Puxei a pequena carta de lá de dentro, olhei cada detalhe e por um instante eu senti que eu devia ter jogado aquela carta no caixão, pois ninguém iria ler de fato e eu acho que o choque foi tão grande que eu nem sequer pensei nisso.
Nashville, 5 de janeiro de 2009
Para o Capitão:
Eu não sei por onde começar nessa carta de confissões, isso é engraçado até nós dois sabemos é que você é quem fica sem palavras. Nesse caso é você que está com as bochechas cheias de palavras e eu é quem estou sem.
Em outubro tudo foi tão rápido e confuso, eu achava que era uma pegadinha sua quando disse que gostava de mim. Eu não acreditava, mas eu fiz tanta besteira e eu perdi o seu amor.
Eu confesso que uma boa parte dessas besteiras foram causadas pelo o meu pânico e do meu sentimento de insuficiência. Você é e sempre foi algo novo para mim e eu nunca soube lidar com isso. Por uma razão eu sempre senti que você iria embora como todo mundo foi, eu não podia agüentar mais um amor perdido.
Essa carta nunca vai ser mandada por que você nunca vai acreditar em minhas palavras por tamanha quantidade de merda que eu já disse em sua vida.
Mas você me amou e isso que importa, eu já fiquei perdida ao sentir que estava te perdendo e eu não tinha idéia do que fazer para te ter novamente. Foi um saco, foi um saco ver você se fechando para mim e se abrindo para os outros.
Errei em muita coisa, em coisas que nem eu mesma me perdoei
Diego, eu tenho que te mencionar que infelizmente eu não sou um telepata e não consigo ler sua mente. Seria pedir demais para que facilitasse para mim que se abrisse e confiasse em mim mais uma vez.
Mas sei que não é possível, tem uma garota que está te fazendo feliz e não sou eu. Eu não estou com ciúmes até porque ela está fazendo isso bem melhor do que eu, eu os apoio mesmo que estejamos distantes.
Ah como eu desejaria que toda essa merda não tivesse sido destruída e que tudo tivesse dado certo, mas não deu. Mas é verdade eu sou uma coisa estranha que ama a liberdade e o preço para ter ela custa bem alto, isso me faz afastar e puxar as pessoas com força o tempo todo.
Sabe como é viver no abismo? É assim que me sinto.
Estou cansada de toda essa merda de afastar todo mundo, mas sabe? A minha maior confissão foi ter mentido para Carolyn somente para te deixar ir embora. A minha maior confissão foi ter o meu coração ainda dividido quando você disse que me amava. O Brian estava ainda em meu coração e você também.
Eu confesso que nada saiu como planejei, você não era bem o que eu planejava. Imagina você ter controle de tudo da sua vida e de repente vir alguém em sua vida e tudo isso mudar tão rápido. Você me fez perder o controle, você foi a minha falta de organização.
Como é possível? Como você fez isso?
Você é indecifrável, Villanueva.
Eu não sei bem o que viu em mim e eu acho que eu não sei bem o que vi em você, você é o perigo que cheira a sexo e umas boas palavras completamente quentes. Pelo amor de Deus, estragar tudo foi a pior merda que fiz.
Você é tão complicado quanto o Chuck Bass e você detesta o Bass.
Eu confesso também que eu posso tentar dizer o que realmente sinto, pensar o dia inteiro e quando chego a falar contigo, isso não funciona. Eu congelo, eu não consigo falar. Merda, você me faz perder toda essa merda de controle. Porra!
Você não ajuda, só complica e isso me ferra por completo, você sente prazer por isso. Eu não sei, deva ser por isso que sua reputação é péssima e é justamente por isso onde tudo soa tão complicado.
Eu não sou corajosa quando se trata de você e ás vezes penso que você também era muito orgulhoso e não é corajoso quando se trata de amor. Nós nos apaixonamos na hora errada e no momento errado.
Acho que é isso.
Por favor, seja feliz.
Selena Clost.
Essa é a carta mais longa que já tinha escrito em toda a minha vida, é arrepiante ler todas essas palavras de uma vez. Todas as lembranças se voltam de uma vez por todas e isso é assustador e ao mesmo tempo não é. Caramba, eu ainda não acredito que tudo isso realmente acabou.
Diego Villanueva estava morto e as lembranças também estavam todas mortas junto com ele e que eu tinha que curtir a minha liberdade. E que eu tinha que ainda pagar por todos os problemas causados pelo o meu lado sombrio que era uma divida não muito barata e com certeza era bem maior que a divida da Viúva Negra.
Eu não estava mentindo quando ele cheirava a sexo e palavras quentes, as lembranças sobre isso e ainda envolvia tratos sugeridos por ele. Isso era perigoso e arriscado, mas quando se está ao lado dele tem que quebrar as regras e esquecer tudo que vinha pela frente.
Andar com ele significava andar na corda bamba ou andar de moto para se machucar feio pra caramba somente para sentir a emoção do perigo e sentir alguma coisa. Era como voar em uma altitude enorme e depois cair de paraquedas na esperança de que caiamos no chão em segurança.
“Não o chame de perigoso para nada.”
Isso era bem diferente do que entre mim e o Travis, mas também era próximo do que eu sentia com o Brian que envolvia bastante ultrapassar o limite do que o céu poderia nos oferecer. Ninguém sabe o que eu realmente fiz e o que eu deixei de fazer com todos eles, sempre deixei claro que isso era algo pessoal demais.
“Você sabe bem o que eu quero.“
“Não iremos fazer isso por mensagens”
“Chata.”
“Eu te dou um puta de um tratamento vip e você me chama de chata?”
“Isso não é justo”
Lembro que estava chovendo nesse dia e ele tinha parado de responder, eu nem tinha sequer tirado a minha roupa que tinha usado para ir a biblioteca em pleno outono de outubro. Era uma camiseta e calça jeans, eu usava somente meia nos pés sem sapatos em cima da cama e olhava para o lado onde eu podia ouvir os trovões soarem bem alto.
Eu me levantei da cama e andei em direção a janela para fechar a cortina, pisquei os olhos rapidamente e eu não podia acreditar nisso. Era o Diego parado em frente a mansão encostado em seu carro e eu me perguntava como ele havia passado dos portões grande nesse temporal. Ele tava na chuva, ele iria ficar doente.
Ele acenou e eu virei de costas, procurei pegar um par de botas bem quentes no closet e calcei os mesmos em meus pés. Guardei o celular no bolso junto com documentos e desenhei a runa do portal, acabei no hall de entrada e isso me poupou de descer as escadas.
Andei em direção a porta e abri a mesma sem ninguém perceber até porque estavam preocupados em brigar com a Britney. Sai da mansão e fechei as portas, desci as escadas correndo até ver o Diego encostado em seu carro todo molhado, ele sorriu e desencostou do mesmo.
Ele destravou o carro e deu a volta indo ao banco do motorista, eu abri a porta do banco do passageiro e entrei no mesmo toda molhada, fechei a porta e coloquei o cinto. A chave foi inserida na ignição e ele girou a mesma, escutei o barulho do motor do carro e ele ligou os faróis, começou a dirigir.
— O que você estava fazendo aqui em Nashville? — eu o olhei enquanto ele dirigia para fora do portão da mansão — Como conseguiu passar pela segurança?
— Eu vim resolver pendências aqui em Nashville — o limpador de para brisas estava ligado tirando a água da nossa visão — E você me deixou bem claro que não podíamos fazer isso por mensagens lá no meu imessenger.
— Desde quando tem pendências por aqui? — ele voltou sua atenção por um instante a mim e depois fixou o olhar de volta ao volante — E precisava sair de Nova York para vir me buscar só porque eu disse isso?
— Eu não sei — ele girou o volante e seguia pela estrada, iríamos chegar em mais ou menos uma hora e meia com tanta chuva por aqui — E você entrou no carro mesmo assim.
No caminho todo ficamos em silencio, a chuva foi parando aos poucos e começo a ver a velha estrada que indicava o inicio da cidade de Nova York. Já estávamos chegando a Times Square onde estava completamente encharcada e iluminada pelos famosos painéis de anúncios de marcas importantes.
Todos aqueles prédios estavam diminuindo aos poucos, provavelmente ele estava pegando um atalho mais fácil até chegar ao Upper East Side. Aos poucos tudo foi ficando familiar e já estava chegando perto das mansões, encostei a cabeça no vidro e pensava em várias coisas.
A realeza que todo mundo deseja estar, menos eu.
Diego passou pelos portões de sua mansão, fiquei fascinada com o tamanho do jardim daquele lugar e com a beleza dele. Pelo menos não estava quase destruído igual lá nos Closts, o jardim dele era tão extenso que dava para fazer um campo de golfe e ainda sobrava espaço para outra piscina.
Ele estacionou em frente a mansão, ele tirou o cinto de segurança e sorriu para mim, desceu do carro e eu retirei o cinto. Abri a porta, ele puxou a mesma para mim e segurou minha mão para me ajudar a descer. A chuva começou novamente, ele me afastou com delicadeza um pouco para o lado e abriu o porta—luvas, pegou um casaco de lá e me entregou.
Eu iria perguntar o porque ele tinha aquele casaco feminino lá dentro, mas eu já imaginava de que era de alguma garota que ele transou. A porta do carro foi fechada, eu coloquei o casaco na cabeça e deixei o rosto de fora, ele entregou as chaves do carro ao segurança e começamos a correr até a porta da mansão.
As mesmas foram abertas pelos seus funcionários e eu estava recuperando o fôlego pela corrida e risadas que tivemos durante o caminho. Parei no caminho dele e coloquei as mãos sobre os joelhos e me levantei, o olhei e esbocei um sorriso, arrumei o cabelo molhado e ele se aproximou e entreguei o casaco.
— Vai precisar de roupas secas. — ele segurou o casaco e começou a caminhar em direção as escadas e eu o acompanhei — Eu te empresto as minhas, não quero que fique doente por minha causa.
— Eu preciso mesmo — tentei ainda secar o cabelo com as mãos ainda molhado e andávamos pelo corredor e ele parou, se virou e ficou parado me encarando de cima a baixo, fiquei bastante sem graça — Porque está me encarando?
— Caramba, você é linda até mesmo molhada — ele deu alguns pequenos passos e passou a mão sobre o meu cabelo e colocou a mecha para trás da orelha, passou a mão sobre a minha cintura e me puxou para perto dele — Realmente não dá para fazermos isso por mensagens.
Eu fiquei nas pontas dos pés e segurei minha mão sobre o seu rosto, o beijei e ele retribuiu o mesmo. Ele andava para trás, senti sua mão fora do meu corpo e ouvi a porta sendo aberta, ele parou de me beijar e me puxou para dentro do quarto. A porta foi fechada e ele me prensou contra a porta e voltamos a nos beijar.
Pulei no colo dele, coloquei suas mãos sobre o seu ombro enquanto nos beijávamos. Suas mãos estavam sobre minhas pernas e ele me carregou até sua cama, me sentou na mesma bagunçando aqueles lençóis do homem aranha que cobriam aquele lugar ainda nos beijando e brinquei com a barra da sua blusa branca, me afastei por um instante parando o beijo e ele levantou os seus braços, retirei sua blusa e a joguei em qualquer canto.
— Tem certeza que você quer isso? — ele olhou duvidoso e era claro que eu queria aquilo de verdade, ele não fazia idéia de quanta adrenalina que estava acumulada sobre o meu corpo — Isso é caminho sem volta, Clost.
— É claro que eu quero — coloquei as mãos sobre a cama apoiando o meu corpo na cama e retirei uma das mãos e passei sobre o seu queixo, fui percorrendo o mesmo até chegar em sua calça — Você mesmo disse que eu precisaria de roupas secas.
— Uau — ele estava surpreso pela a minha reação, ele nem deveria se sentir surpreso com aquilo até porque ele mesmo diz que ninguém resiste a ele — E você precisa mesmo.
Voltamos a nos beijar, ele retirou sua calça e a jogou em qualquer canto, retirei minha blusa e minha calça jogando em qualquer canto do quarto. Ele se afastou por um instante e revirei os olhos tentando entender o que estava acontecendo, mas ele sorriu malicioso.
— Vai fazer? — pensei por instante o que ele tava tentando dizer para mim e olhei sua mão apontar para a sua parte intima — Tem coragem? Do jeito que eu gosto?
Eu entendi o que ele quis dizer e assenti com a cabeça, ele se afastou para trás e me abaixei ficando de joelhos no chão. Sua roupa intima foi retirada e jogada em qualquer canto daquele quarto, fiz exatamente o que ele queria. Eu podia ver suas expressões em seu rosto que ainda me davam mais prazer e satisfação.
Depois de um tempo, nós estávamos completamente suados e deitados na cama tendo consciência de que tínhamos acabado de transar. Ou seja, tudo naquelas mensagens tinha sido realizado e estávamos satisfeitos com que fizemos. Acho que entrei na lista das garotas com quem ele transou.
Eu me levantei e perguntei onde era o banheiro, ele apontou para mim e falou que iria pegar roupas e me entregar. Concordei com a cabeça, andei até o banheiro e entrei no box do mesmo, liguei o chuveiro deixando a água quente correr sobre o meu corpo. Peguei um sabonete no armário e abri o pacote, joguei fora a embalagem e usei o mesmo.
— Aqui está — ouvi a porta sendo aberta e o olhei, ele parou para olhar através do vidro embaçado pela água quente — Eu vou pendurar as roupas aqui, eu vou te esperar no quarto e vou arrumar tudo.
— Tudo bem — assenti com a cabeça enquanto colocava a mão na cabeça e lavava a mesma, percebi que ele ainda estava me observando e comecei a rir — Que foi? Porque continua encarando? Não me diga que vai querer um round 2?
Ele riu e balançou a cabeça sem responder, ele saiu do banheiro e pouco tempo depois, eu terminei o banho e me sequei com uma toalha que estava dentro do armário. Eu vesti a camisa social e uma roupa intima nova dele com etiqueta. Retirei a etiqueta, vesti a mesma e sai do banheiro.
As roupas já não estavam mais lá, ele estava somente usando calças e sem camisa deitado enquanto assistia alguma coisa em seu notebook. Sua atenção foi desviada assim que entrei em seu quarto e ele estava me olhando que nem um bobo.
— Ainda está chovendo, é uma pena — cruzei os braços ao olhar para a janela que estava cheia de respingos e me aproximei da janela, encarando a minha antiga janela do meu antigo lar — O que iremos fazer?
Eu me virei e o vi sentado na beira da cama com as mãos sobre a calça, ele suspirou fundo e disfarçou o seu sorriso, passou a mão no nariz coçando o mesmo. Sabia que ele estava me admirando, ele nunca foi tão bom em disfarçar o que estava fazendo e ele era bom e em entregar seus sentimentos para pessoas erradas.
Eu era essa pessoa errada, eu sentia isso de verdade e ele nunca soube disso. Ele não me merecia de certa forma, era sempre o que eu senti. Eu não podia o ter, nunca poderia e sempre senti que ele pertencia a outra pessoa, mas nunca soube quem. Ele era bom e eu só soube quando tudo desmoronou.
Ele podia dizer todas as vezes do mundo que iria me agüentar, que iria me amar mesmo que eu fosse infantil e criança. Mas eu sabia que ele não iria agüentar e não agüentou, eu sabia disso. Eu fiz tudo isso porque eu o amava de verdade. Eu até menti para a Carolyn somente para deixa—lo viver sua vida do jeito que ele merecia.
— Pois é, acho que você só vai sair daqui amanhã — ele se levantou e andou em minha direção, arrumei as mangas enormes daquela blusa dele — O que acha de nos deitarmos aqui e assistirmos um filme? Achei um filme legal e baixei no utorrent para assistirmos, o que acha?
— Pelo visto, tenho que voltar para Nashville antes que percebam que eu basicamente fugi — umedeci os lábios e eu estava ficando cada vez mais sem graça com o olhar dele sobre mim e ri timidamente — Acho que é uma ótima idéia fazermos isso.
— Eu prometo te devolver pros Clost’s em ótimas condições assim que a chuva passar — ele riu novamente e reparou que ainda estava sem camisa, eu o vi seu cordão de arma sobre o seu pescoço, notei algumas tatuagens discretas pelo o seu corpo — E vou pro banho, depois eu fico aqui com você.
— Então tá — assenti com a cabeça e segui para a cama, me sentei sobre a mesma e o vi seguir para o banheiro — Eu fico aqui.
Depois de um tempo, o vi com a toalha sobre a cintura e eu estava mexendo no meu celular, tinha acabado de avisar a Rosie que estava em Nova York na casa do Diego. Eu o vi saindo do closet e ele estava vestindo sua camisa branca, uma calça moletom com estampa do escudo do Capitão América.
— Como você consegue? — arqueio uma das sobrancelhas tentando entender o que ele estava querendo dizer — Como você consegue ser sexy e gostosa por um momento e agora você está tão fofa e tão linda, Clost? Isso é algum tipo de super poder?
Eu gargalhei alto, neguei com a cabeça e fiz uma piada sem graça que o fez rir e ele apagou as luzes, mandou um dos empregados trazer a pipoca. Ele se deitou do meu lado, enquanto um filme clichê do Nicholas Sparks chamado Uma carta de amor e estávamos abraçados ali, ignorando os trovões da tempestade lá fora.
Era uma pena, sabe? Uma pena saber que não pode ter aquilo, porque se sente inferior e não digno de ter aquilo. Eu não me sentia digna de ter o Diego em meus braços. Não tenho esse privilégio e também eu não queria ter essa sensação de não ser digna. Era um dos meus piores defeitos é saber disso e sentir isso.
As pessoas poderiam me considerar uma vilã, mas na verdade eu era uma heroína pois eu sempre desaparecia rápido demais e sempre fugia dos meus problemas. Quando eu finalmente os encarei, não pude fazer nada até porque era tarde demais, nem sabia nem o que fazer. Eu era uma heroína por abrir mão de tudo que eu queria sempre, por causa da porcaria da sensação de que se eu me entregasse a ele, tudo seria rápido demais e acabasse num piscar de olhos.
Não queria ser um pega e nem um desapega rápido do Diego de forma alguma.
Só queria um lugar pra ficar e não sabia como.
Se existe uma coisa que eu me arrependo nessa história é que eu fui altruísta demais, fui covarde demais em não me jogar e não me arriscar de cara
Eu estava o perdendo e ele estava escorregando das minhas mãos, não tinha como o ter de volta. O mais bizarro e pura verdade nessa bagunça é que Elizabeth Rose e ele tinham dito que tínhamos química e era verdade. Elizabeth ainda nos apoiava apensar de tudo e eu me pergunto.
Como ela poderia nos apoiar sendo que nem éramos um casal de forma alguma e nunca iríamos ser. Carolyn estava completamente certa na questão de que tínhamos vibes diferentes e eu tinha que deixar ele ser feliz sem mim. Ela só estava certa somente nessa questão.
Mas tudo isso, acabou.
Isso acabou, ele acabou.
Ele se foi, ele não existe mais.
Um sopro
Ele simplesmente foi.
Fechei os olhos por um instante encostando a cabeça na estante e ouvi um dos livros caindo no meu corpo. Grunhi de dor, abri os olhos lentamente e peguei o livro que estava em meu colo, fechei o mesmo e deixei do meu lado. Respirei fundo tentando absorver todas essas lembranças.
Olhei para o lado, pude ver a Rosie usando sua regata rosa e seu shorts curto branco ao meu lado. Ela sorriu completamente animada e se sentou do meu lado, pousei as mãos sobre a carta e dobrei ela, guardei dentro do envelope junto com a letra de música e coloquei no meio do livro do Kaliel que estava aberto e o fechei.
— Sabe que dia é hoje? – ela sorriu e eu balancei a cabeça mostrando que eu não tinha idéia de que dia era hoje. — Hoje é dia de festa.
— Eu sabia que por trás desse sorrisinho tinha alguma coisa. – ri fraco enquanto colocava as mãos sobre o livro e o alisei — Eu topo. Mas de que horas?
— Á noite. — eu assenti com a cabeça e já estava me animando com a idéia de darmos uma festa hoje a noite — Todo mundo vai viajar e vão deixar eu, você e a Bea sozinhas.
— Impossível — eu a olhei espantada que ela conseguiu fazer com que nos deixassem sozinhas nessa mansão enorme — Como conseguiu convencer o papai de nos deixarem ficar em casa?
— Eu consegui convencer o papai de fazer isso — ela bateu palminhas e encolheu as suas pernas contra o seu corpo — Eu disse para ele que iríamos estudar
— Ele acreditou? — virei o meu rosto voltando a minha atenção para ela, torcendo que eles tenham acreditado — Porque estamos realmente precisando de uma boa festa depois da semana intensa que tivemos.
— Alexia acreditou — sorrio de lado ao saber que a mamãe acreditava nas nossas mentiras como um patinho e eu já comecei a pensar em copos e outros detalhes para a festa de hoje a noite. — Já o papai não e deixou a festa.
— Precisamos comprar comida, bebida, e copos. — eu me levantei com o livro na mão e o guardei na prateleira de volta onde estava — Temos que começar os preparativos agora.
Rosie assentiu com a cabeça concordando e se levantou ao meu lado. Saimos da biblioteca e arrumei o meu celular que estava no bolso da blusa moletom que eu vestia, tranquei a porta e andamos pelo corredor até chegar ao quarto. Abri a porta ainda vendo que a Beatrice estava dormindo e olhei para Rosie como se ela estivesse lendo a minha mente como se soubesse o que devemos fazer.
Vimos a Beatrice se mexer um pouco e não pensei duas vezes, andei em direção ao meu criado mudo ao lado da cama e abri a gaveta, peguei a caneta marcador de cd e retirei a tampa com a boca e cuspi a tampa no chão. Dei pequenos passos até chegar a cama da Beatrice, a Rosie virou a nossa querida irmã pro meu lado. Eu me abaixei e segurei o rosto dela pelo queixo de leve e desenhei um óculos bem bonito nos olhos da nossa irmã.
Olhei para o lado e vejo Rosie dando uma risada baixa, volto o meu olhar para o rosto de Beatrice e continuo a desenhar um bigode debaixo de seu nariz, faço riscos interligando as duas sobrancelhas dela parecendo uma pintura antiga de um museu da França. Só faltava algum penteado bem feio para fazer o maior estrago.
— Trabalho sujo está finalizado. — esbocei um sorriso maldoso e mexi os ombros comemorando aquilo — Ela vai me matar.
— Ela está acordando. — Rosie mexeu em meus ombros e colocou o dedo indicador em sua boca — Fica quieta.
Dei uns 2 passos para atrás, Rosie colocou um pequeno espelho que ela havia pego no criado mudo dela de frente para o rosto de Beatrice. Peguei o meu travesseiro e reviro o mesmo achando um jeito de pegar uma pena de ganso que havia dentro da mesma, acho um furo na ponta do mesmo e rasgo, retiro a pena do travesseiro e andei em direção a cama da Beatrice e estiquei o braço, passei a pena sobre o nariz dela.
Ela começou a fungar o nariz. Passo mais uma vez a pena sobre o nariz dela, ela funga o nariz outra vez e vejo ela se levantar, ela deu de cara com o espelho e dá um grito de susto.
— CORRE! – grita Rosie deixando o espelho de lado, começou a correr para fora do quarto e eu corri junto com ela. — SELENA! CORRE!
Beatrice estava brava e louca para nos pegar. No meio do caminho, eu pude ver a Atena quieta na escada enquanto nós corríamos feito doidas pela mansão e a mesma nos olhava sem entender. Mas todo mundo tem que saber que o pé grande também conhecida como Beatrice Lauren Clost está atacando.
Quando ela esta brava, ela se torna um monstro, e falo que ela é um pé grande até porque o pé dela é enorme. A essa altura eu estava no outro lado da mansão correndo feito uma maluca e parando um pouco com as mãos no joelho e sem fôlego, morrendo de rir com a brincadeira.
— Vocês me pagam! – grita Beatrice.
Abro a porta da varanda e vejo meu pai diante de Fleur Hields, uma de nossas irmãs mais perigosas da familia, era denominada como louca e alucinada pela casa, ninguém sabe seus reais motivos, mas parecia se armar contra si mesma, tremer como defesa como um predador em série. Dexter parecia muito nervoso e começava a gritar coisas terríveis com ela, não era nem um pouco torturante era aquilo.
Ah não, magina. Isso é muito tranqüilo e até comum demais na vida dos Closts.
Posso não ter medo do Dexter, mas ele é péssimo para educar os filhos, quando há algum problema que pode ser tão desnecessário quanto a sala de tortura, ele vai para o inferno seguir os filhos e fazê-los sofrer para obter o que quer.
Então me escondi pela parede e olho só uma brecha do que havia, eu não estava preocupada se ele iria me ver ou não. Dexter era um nada para mim, só era um cara legal domado por poder e possessão e maldade. Ele era louco para ser o demônio em si, e os demônios são péssimos.
Se o Dexter fosse algum submundano, eu diria que ele deveria ser um Seelie, por que Seelies são traiçoeiros, fazem você dançar até morrer. Eles podem ter aparência muito agradável, mas não se enganem. O sangue deles é tão demoníaco que só Lucifer saber o quanto de maldade há por ali. Falando em maldade, acho que os humanos não são controlados por Lucifer e sim eles mesmos querem ser melhores do que ele ou iguais ao mesmo, é como se fosse uma cadeia: Lucifer queria superar Deus e os humanos querendo superar Lucifer, simples assim como Dexter quer.
Eis a questão impor rigidez e hipocrisia lhe faz uma pessoa melhor? Acho que não, seria plantar discórdia e rigidez. Eu quero ser melhor que Dexter no sentido bom e não ridículo como ele faz, seja minha esposa ou meu marido, eu respeitarei ele ou ela e meus filhos e filhas do melhor jeito. O mal do adulto é que a idade deles que é alta é o motivo de estar errado e poder agir idiota o quanto puder e o filho sempre será o errado quando se age idiota.
Para mim, ser uma autoridade não é fazer seu filho chorar e acusar dele de ser igual seu tataravô problemático e louco da década de 1930.
Na verdade, se nascemos em outro corpo, não nos parecemos com nossos ancestrais. O filho erra, mas consegue arcar com os erros que só ele mesmo pode resolver. Eu quero dizer que os pais também são imperfeitos, porém ainda insistem não resolver seus erros e só resolvem dos seus filhos e sempre acaba os chamando de mal agradecidos.
Eles deveriam entender que os filhos querem ajudar os pais que não conseguem ajudar a si próprios.
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