A quietude do lugar parecia converter aquele momento num sonho. Porém, Ban sentia que aquilo era real. Estava, de verdade, na Floresta do Rei das Fadas. A última vez que estivera ali foi há mais de quinhentos anos. Elaine escolheu-o, logo ele, um ladrão sem escrúpulos, para salvar a floresta.
Não conseguia recordar-se como seu corpo foi transportado para aquele espaço. No entanto, sentia-se tranquilo, rodeado por aquele clima, tornando-o um tanto nostálgico. A Raposa Imortal parecia sentir a presença de Elaine em cada partícula de ar, como se o beijasse no silêncio do vento. Durante essa sensação, pétalas de cerejeira embateram contra seu rosto, o adormecendo numa lembrança amarga, escondida no subsolo de sua mente.
As chamas consumiram a árvore da fonte da juventude, a jovem e esplendorosa cerejeira cedeu ao inverno da velhice precariamente. Sua juventude sugada pelas chamas infernais, porém, a derradeira vitória do demónio foi queimar a vida da guardiã que protegia o cálice para a vida eterna. A única que conseguiu roubar o coração do ladrão.
— Essa… é a última semente… desta floresta… —A voz trémula, fraquejava com a perda de forças. —Plante isso… em… algum lugar…
Elaine estava deitada no colo de Ban, mantendo um olhar sereno, estendendo com muito esforço, a sua delicada mão com uma folha de cerejeira e dentro desta a preciosa semente. Que plantada, iria renovar a vida da árvore, um ciclo natural que permitiria a primavera retornar com sua juventude. Era a esperança das fadas: um novo jardim, uma nova Floresta do Rei das Fadas.
— Você pode fazer! —Ban conteve o grito de angústia, murmurando. O braço que apoiava o corpo da fada, enterrando os dedos nos cabelos louros, tremia compulsivamente. Estava com medo.
—A floresta sabia… que você iria protegê-la… —Elaine observava carinhosa a semente em sua mão, pousada nas suas pernas, assistindo o seu sangue abandonando o corpo.
—Não liga para a floresta! —Gritou irritado. Por quê ela só se importava com a maldita floresta!? Florestas haviam muitas, mas ela… Não podia perdê-la! Ela não podia render-se! —Aguenta aí, Elaine!
— Eu fui… muito feliz… —Não existiam lágrimas no pequeno rosto, apenas um sorriso verdadeiro de contentamento. Bastou sete dias para ela compreender que podia achar o amor e a felicidade. Em uma semana, parece que viveu séculos. Não se arrependia de nada, inclusive, não lamentava ter-se sacrificado por ele. Ela sabia, ele tinha um coração. —… quando disse… para fazermos aquilo…
Sua respiração ficou mais lenta, Elaine não desmanchou sua expressão feliz com esse facto crucial. Reunindo todas as suas últimas forças, ergueu a mão, alcançou o rosto de Ban deixando sua palma contra a face deste, murmurou com extremo carinho, sem constrangimentos.
— Ei, Ban? Pode dizer… aquilo… de nov… — O braço dela tremia com a força que usava para manter aquele contacto. Os olhos dourados eram escondidos pelas pálpebras, não conseguindo manterem-se abertos para um último olhar.
— Sim, Elaine! Um dia, com certeza —A mão na face do ladrão, tombou, perdendo a última força que sobrava, expirou suavemente, padecendo. Uma lágrima desceu pelo rosto do azulado, caindo na palma aberta em sua perna.— Ao menos me deixe terminar.
Ban sussurrou a última parte perto de seus lábios: “vou roubá-la para mim”. Chorou, notando as lágrimas que fluíam pela face da fada. Seu maior pecado foi não conseguir proteger a única mulher que lhe ensinou que a imortalidade não tinha valor, se não tivesse com quem ser partilhada.
Durante sua peregrinação, buscou um local calmo e isolado. Uma floresta recentemente destruída, por causa de um incêndio de um camponês, fez com que ele mudasse sua rota original para aquela zona. Notou alguns arbustos queimados formando um arco, agachando, escavou com os dedos, enterrando a folha rosada juntamente com a semente. Abriu uma garrafa que tinha no seu saco de viagem, regando a terra com água. Ergueu-se, retornando ao seu trajecto, sem olhar para trás.
Antes de ser capturado pelos cavaleiros sagrados, anualmente ele visitava a floresta, acompanhando o crescimento da árvore mágica. Muitos aldeões fugiram ao notar seu crescimento milagroso, considerando o facto como uma assombração. Desde a última vez, fazia séculos que não retornava… A árvore estava enorme, como uma jovem entrando na adolescência, estava formosa. Florida tal como quando conheceu Elaine… As fadas podiam viver em harmonia, tal como a guardiã desejou.
— Olhem! O Rei Ban voltou! —As fadas dançando em volta da árvore, sibilavam de alegria com o regresso do seu salvador, rodearam-nos com sorrisos e festejos, porém o pecado sequer as escutava. Seus sentidos estavam lentos com a incompreensão, o que ele estava fazendo ali?
Passando pelas fadas, caminhou até onde os arbustos queimados se encontravam quando plantou a semente, deparando-se com um arco elegante de ramos e raízes da cerejeira, várias folhas e pétalas pousaram entre o arco, construindo uma cama. O Pecado da Ganância não mostrou-se surpreendido por encontrar o corpo de Elaine ali, quase como dormindo num encantamento, num sonho que ela não conseguia despertar.
O peito ardeu em dor com a lembrança do demónio os atingindo num momento de distração da sua parte. Não sentiu qualquer dor ao ser atingindo, seus olhos ficaram petrificados ao deparar num oco formado no peito da loira, com a mão estendida para si, o tentando afastar do perigo. Viu o dourado de suas íris escurecer temporariamente com o golpe. Essa imagem só aumentou o que ele sentia: tinha-a de trazer de volta! Ele precisava cumprir sua promessa.
— Ban…—Tremeu com a voz dela tão perto de si.
O Pecado sabia que poderia ser apenas mais uma de suas alucinações, porém, seu desespero era tanto, que ele contentava-se ao acreditar por breves momentos que ela estava junto de si. Ligeiramente descrente, baixou o olhar para o seu rosto, encontrando os olhos abertos, sorrindo para ele. Como era possível? Elaine estava viva!
— Elaine! —Atirando o saco de viagem velho, rápido abaixou-se, aproximando-se dela, quase hesitante em tocar sua face rosada. Sorriu, incrédulo.— Elaine, você está viva! —Duas lágrimas rolaram traiçoeiras por suas bochechas, molhando os lábios que mantinham um enorme sorriso, esquecendo toda a incoerência daquele momento.
A guardiã sorriu, como no mesmo dia em que partira, colocando as duas pequenas mãos no rosto, sussurrando repetidas vezes o nome do amado, com emoção. Ban abraçou a cintura fina, a puxando contra si, encontrando os seus lábios entreabertos, encaixando-os nos seus. As línguas enroscavam-se com volúpia, com os dedos no pescoço, o Pecado da Ganância, inclinou-a, aprofundando o beijo. As mãos de Elaine suavemente passearam pelo tórax de Ban, sentindo a pele arrepiar-se com esse gesto.
Algumas flores pendiam dos cabelos louros para os ombros, requisitos de onde antes se encontrava, voltando a recostar-se nos arbustos, sendo beijada por Ban. O pecado temia que ela desaparecesse a qualquer momento, ou que tudo fosse um sonho. Senti-la de novo em seus braços estava sendo tão real, que se estivesse dormindo, preferia nunca mais acordar.
Ban deslizou os beijos dos lábios finos para o pescoço descoberto, Elaine gemeu em seu ouvido quando a língua quente entrou em contraste com seu corpo ligeiramente frio. Ela enroscou seu pé no tornozelo, subindo-o pela perna deste, o provocando. A raposa imortal tremeu quando este alcançou sua nádega, aumentando a força na mordida no ombro da loira.
Os pequenos dedos contornaram o seu pescoço, acariciando os fios azulados, puxando-os ora com delicadeza ora com mais firmeza. Ban abriu os olhos, observando com atenção o rosto arredondado da guardiã. Lábios entreabertos, respiração ofegante, face rosada, seu olhar brilhante. Segurou em seu rosto, fazendo carinho na sua bochecha direita, ele não conseguia acreditar que ela estava viva, ao seu lado. Esperou tanto que aquilo acontecesse, não conseguia parar de olhá-la. Elaine sorriu, ligeiramente ruborizada.
— Eu prometi que a trazia de volta a um amigo. —Ban sorriu melancólico ainda a olhando, recordando seu diálogo com Meliodas, quando decidira quase matá-lo.
— Arigato, Ban. —Acariciou o rosto, assistindo este fechar os olhos, com o carinho.— Por me fazer feliz.
Abrindo os olhos imensamente azuis, como num dia de sol, o céu azulado refletido no mar, enxugou as lágrimas que desciam lentamente sobre o rosto de Elaine. Encaixou seus lábios novamente, com mais ternura. Seu peito transbordava de uma felicidade tremenda, apesar de ela estar ao seu lado, seu corpo ainda vibrava com a saudade acumulada durante séculos.
O corpo da guardiã aqueceu ao sentir Ban sobre si, sentia cada movimento e cada respiração directamente em si, de tão próximos que encontravam-se. Quebrando o beijo, deslizou os braços para as costas de Ban, traçando um caminho de beijos até o lóbulo da orelha. Um calor abrasador em seu ventre fez com que fechasse as pernas com força ao escutar o gemido de Ban perto de seu ouvido.
— Elaine. —Sorriu ao escutar o tom de repreensão do imortal quando sua mão adentrou pela camisa, deslizando pela sua pele contornando os músculos, arranhando de leve.— Você precisa de descansar.
Ele fez menção de afastar-se, e ela não o permitiu, agarrando rápido sua camisa o puxando para si. Num movimento rápido, capturou seus lábios, a língua forçando os lábios abrirem-se para adentrar. Ele suspirou ao ceder, fazendo com que um imperceptível sorriso curvasse os seus lábios, com um ténue rosado em sua face. Sabia porque ele estava cedendo, ou tentava pelo menos. Ele estava preocupado com ela, sabia que nunca estivera com ninguém e estava preocupado com seu bem-estar… E com aqueles toques, nem ele iria resistir muito tempo.
Contudo, com Ban, ela nunca sentia medo ou insegurança. Amava-o, profundamente, sem dúvidas. E não queria hesitar mais, seus sete dias foram os melhores de sua longa existência. Não queria perder mais um único segundo para entregar-se ao que sentia, sobretudo, porque sabia que não tinham muito mais tempo. Por enquanto…
As línguas enrolavam-se uma na outra, saliva transbordava pelos cantos dos lábios de ambos, provocando sons excitantes quando as bocas se pressionavam. Com um tremendo esforço, Ban afastou-se ligeiramente escutando um gemido de reprovação. Observou-a sério, obrigando esta a encará-lo com alguma seriedade também.
— Tem a certeza disto, Elaine? —Ela sorriu com a sua preocupação exagerada, seu peito enchia-se de alegria comovida com os cuidados deste.— Sabe que é a única mulher na minha vida, eu posso esperar.
Elaine depositou a mão sobre a de Ban, entrelaçando os dedos, sorriu observando seu gesto.
— Eu quero ser sua, Ban. Sempre.
Numa paixão avassaladora, os lábios encontraram-se movendo com mais ansiedade. As mãos exploravam o corpo um do outro, retirando as vestes. Quase temendo que aquele momento fugisse para sempre. Elaine estremeceu ao sentir uma aragem fresca contra seu corpo desnudo, os mamilos rosados enrijeceram com a diferença de temperatura, contraindo-se contra o abdómen de Ban que sorriu de canto. Encolhendo a cabeça, juntou o nariz sobre os cabelos loiros, inalando seu cheiro, quando a palma de sua mão esfregava-se no seio esquerdo. Gemeu, arqueando-se ligeiramente para trás, porém ele a segurou mantendo-a no lugar, junto a si.
Elaine apoiava-se nos ombros do pecado da ganância, mordendo o lábio sentindo o sexo ereto, roçar na sua coxa. Moveu superficialmente o quadril, esfregando-se no membro, escutando o som rouco sair pelos lábios de Ban. Sorriu travessa gostando da sensação de conseguir fazer com ele, o que este lograva consigo. Suspirou longamente quando timidamente os dedos desta tocaram a pélvis. Um arrepio deslizou por sua coluna, apertando mais a mão envolta do seio da guardiã.
A mão do azulado desceu pela barriga, circulando de leve o umbigo, alcançando a área rosada. Elaine mordeu os lábios excitada e ligeiramente envergonhada, escondeu o rosto contra o peito dele, mantendo também o toque íntimo. Abriu os lábios vaginais com dois dedos, e com o terceiro este circulou o clitóris.
Os dedos iam humedecendo consoante o gradual prazer da guardiã, enrugava a testa, suspirando com a mão de Ban deslizando-a sobre o órgão, brincando com a prazerosa sensação do roçar na sua entrada, simulando penetrá-la. Resmungava alto, exclamando frustrada por este a penetrar com a ponta do dedo, atitude que fez com que ele sorrisse. Gemeu rouco quando ela apertou-o, fechando o punho envolta do membro, quando afundou os dois dedos pela cavidade.
Moveu o quadril inconscientemente contra o corpo feminino, as pernas de Elaine apoiando-se sobre as suas. Inspirava com alguma ânsia, aumentando o ritmo da sua mão, sentindo os dedos serem pressionados na cavidade húmida, o cheiro o embriagando, o extasiando a desejar prosseguir mais.
Elaine arranhava as costas de Ban, e movendo os dedos delicadamente num movimento constante de sobe-desce no membro endurecido. Mordeu os lábios, excitando-se com a ideia de ele a invadir. Entreabriu os lábios quando um espasmo respondeu aos seus pensamentos, a cavidade fechando-se prevendo um encaixe. Seu corpo tremeu, e a respiração ficou totalmente cortada. Uma ardência aprazível dobrava seu ventre, gemeu alto com o aumento das estocadas manuais, arqueando as costas, expôs o pescoço. Ban, num sentido de oportunidade, mordeu, marcando a curvatura perto do ombro, arrepiando-se com o grito da loira, que esvaiu-se em suas mãos.
Numa ansiedade que desconhecia ter até o momento, observou cuidadosamente as íris douradas, enquanto adentrava dentro da guardiã. Os dois gemeram com o quebrar da pureza, num sentido de ironia, Ban riu. Ele não a merecia, era ganancioso por ambicionar alguém como Elaine… E seu pecado o conduziu a outro, na qual não lhe pertencia: a luxúria.
Os corpos ondulavam-se com uma estranha sintonia, como se aquele encaixe de movimentos fosse já familiarizado por ambos. A ternura e a calma governava cada acção daquela folia íntima, contrastando com a necessidade crescente que queimava os sentidos do casal. Numa explosão de prazer, encararam-se penetrantemente. Os lábios entreabertos e os rostos lavados em suor, era dos poucos aspectos visíveis do ápice volúpia que juntos alcançaram. Ban contornou o rosto arredondado com os dedos, sorrindo apaixonado, ainda ofegante.
— Esperei muito tempo… eu disse que a ia roubar para mim. —Sussurrou no seu ouvido, fazendo com que esta risse tristemente, colocando a mão em seu rosto, o surpreendo ao constatar algumas lágrimas em seus olhos dourados.
— Ainda não, Ban. Ainda não. —Ele a observava, piscando o olhar sem entender, abriu os lábios para questioná-la, porém ela interrompeu-o com o dedo na ponta dos lábios, o silenciando.— Eu vou voltar, espere por mim, Ban.
O corpo de Elaine ganhou um brilho incomum com a luminosidade solar, reflectindo a luz contra os olhos vermelhos, ela cintilava, fazendo com que Ban a encarasse chocado, e apavorado, sentindo que ela ia desaparecer diante de seus olhos, nos seus braços, de novo.
— Elaine! —Gritou desesperado, sentindo como pequenos cristais, a presença da loira desaparecendo entre seus dedos.
A dor em seu peito fez com que saltasse, apertando a zona, respirando muito rápido, não conseguindo acalmar-se para a normalizar. Com o suor fluindo por seu rosto, pingando o peito, percebeu que estava deitado em seus lençóis, no seu quarto no castelo de Liones. Suspirou mais calmo ao perceber que tudo não passara de um sonho, apesar de sentir que foi tudo demasiado real. Riu sozinho, notando que estava ficando doido… tudo por causa daquela baixinha de olhos dourados. Ainda estava atordoado pelo realismo daquele sonho, mas não só. Estava literalmente alterado. Sorriu de lado, notando o estado íntimo do seu corpo, com o membro excitado, estalou a língua no céu na boca, frustrado.
Por um breve momento, mesmo que dormindo, acreditou que ela estava de volta. Os feixes de luzes solares, anunciando a madrugada, ruiu com sua esperança ao findar de mais uma fantasia criada por sua mente sádica. O coração era o responsável pelo amor, era aquele que mais beneficiava com a eventual correspondência pela outra parte, todavia, também era o maior infrator se esse grande sentimento ficasse solitário e vazio.
Sorrindo de canto, ergueu-se para tomar um banho gelado, precisava que o frio o forçasse a retornar à realidade, ainda pensando na promessa que não teve tempo para fazer.
Com certeza Ban iria esperar por Elaine. Ele tinha o crescente sentimento que, muito brevemente, iria conseguir tocar em seu rosto de novo. Porém, desta vez, para além da barreira imposta dos sonhos.
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