Mais dois dias se passaram. Tudo foi muito rápido, em um momento eu chorava no colo de Jimin por causa de Hoseok e em outro eu estava tramando um jeito de ir até a ala psiquiátrica para falar com Hoseok. Foi estranho quando eu chorei de soluçar por saber que Hoseok está vivo. Jimin até estranhou, dizendo que era uma novidade eu chorar desse jeito por causa de alguém. Nem mesmo por meu pai eu chorei desse jeito. Não tem uma explicação concreta para dizer o porquê de eu ter chorado desse jeito, Hoseok ainda não é uma pessoa importante como Jimin para mim, então, por que?
Quando terminei de esvaziar meu pacote de lágrimas no colo de Jimin, comecei a questionar ele sobre o que eu devo fazer para ver Hoseok. Tenho certeza de que ele está se sentindo pior ainda por estar lá, talvez se sentindo como um louco ou sei lá. Eu estou com a necessidade de o ver, quero ter certeza de que ele está bem, e queria saber como está se sentindo, para eu poder o ajudar em alguma coisa. Porém, há um grande ponto que eu não posso ignorar nessa ideia de ir ver ele.
Eu sou proibido de ir para lá, e mesmo que eu tente escondido, algum segurança da área vai me ver e eu irei me ferrar. Minha única chance será somente na quarta, e eu tenho medo que ele não dure até lá. Toda última quarta feira do mês os pacientes da ala psiquiátrica são levados até uma casa de “jogos” do outro lado da cidade, em uma maneira de os relaxar com coisas diferentes. Posso tentar capturar Hoseok nesse momento e deixar que ele fique comigo pelo resto do dia, isso se ele estiver por aqui ainda.
É a minha única chance, e eu não quero a desperdiçar. Espero que Faminto fique adormecido durante esses dias, porque se eu não ver Hoseok o próximo a ir parar na ala P sou eu.
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Taehyung já sabe de tudo. Contei para ele depois de insistentes perguntas sobre o que eu e Jimin estávamos escondendo dele. Ele ouviu tudo em silêncio, adquirindo as informações que joguei no ar, desde o dia que Hoseok apareceu no hospital se debatendo na maca até o dia que SeokJin disse que ele está vivo. Contei meu plano também, e ele disse que irá me ajudar.
Quando perguntei como ele apenas deu de ombros com seu sorriso torto. Seus olhos brilhavam em divertimento e eu me senti ansioso.
– Você verá – foi tudo o que ele disse antes de voltar a beber seu suco de morango.
Embora eu esteja ansioso para saber o que Taehyung irá fazer, também sinto medo. Hoseok pode agir negativamente por causa de Kim, ou o plano dele pode dar errado, ferrando a mim, ele e Jimin. Eu só espero que Deus esteja ao meu favor, me dando suporte e fazendo que tudo isso de certo. Se eu acabar morrendo sem ver Hoseok acho que fico preso no mundo, tipo uma alma vagante.
Com um suspiro escapando de meus lábios manchados de azul por causa de um pirulito que Jimin acertou em mim mais cedo, seguro nas rodas da cadeira, me dirigindo até o quinto andar. Estou com planos de começar a preparar a música para Jimin, e o piano vai me ajudar a dar o primeiro passo. Até poderia usar meu teclado, porém minha mãe gosta de me ouvir tocar e ela não iria sair do meu lado enquanto eu estivesse trabalhando. Em meu colo está o iPad que Taehyung me deu, junto de um caderno pequeno e uma caneta azul com tinta pela metade.
Estou um pouco inspirado para finalmente colocar em prática a minha composição, e espero conseguir terminar ela hoje mesmo, logo a finalizando e entregando para Jimin via um pendrive que eu vou pedir emprestado. Até que eu poderia fazer bonito e colocar em um CD personalizado, mas a minha força de vontade não é tão grande, e não me permite fazer algo melhor do que eu já faço. Sei que Jimin irá ficar grato somente pela música, até porque CDs riscam e ele não iria querer algo estragado.
O quinto andar está vazio, e as janelas enormes deixam o sol das 14 horas invadir todo o lugar. Minha sombra está ao meu lado, grudada em mim e me seguindo até a sala onde o piano fica. Abro as portas, e me empurro até lá. Enquanto encaro o banco estofado, fico pensando se eu devo me sentar nele ou continuar em minha cadeira. Um benefício é a maciez que ele vai me proporcionar, mas um contra disso é que não poderei jogar minhas costas para trás. Isso me deixa chegar a conclusão de que permanecerei na cadeira.
Com dificuldade empurro o banco para o lado, posicionando minha cadeira na frente do piano e erguendo a tampa dele. Enquanto encaro as teclas me pergunto se alguém mais além de mim toca o piano. Nunca vi ninguém ou ouvi falar de alguém que faz isso, e a chance de eu ser o único é grande. Mais um suspiro.
Fecho os olhos, sentindo um pouco de sono, porém determinado em começar a minha atividade. Não é difícil, mas no começo, quando coloco em prática a melodia que está em minha cabeça, tudo parece muito complexo. É difícil achar uma forma em que tudo vá se encaixar, formar algo gostoso de ouvir e que pode acalmar.
Levo pelo menos uma hora para ajeitar a melodia, e quando a consigo, junto ela a um toque que criei na noite anterior por um programa que baixei no iPad. O toque da música apenas fica pronto duas horas depois, e eu deixo de lado o eletrônico, focando apenas nas teclas na minha frente.
Parece que perdi o jeito para isso, juntar letras à uma melodia já criada. Um medo me atinge, um que eu nunca tinha sentido antes. Tenho medo de não conseguir mais, de tudo estar acabando e… Droga, estou me tornando um lixo.
Não que eu não fosse um antes, mas agora sou de um nível mais alto. De lixo de cozinha me tornei no lixão.
Deixo meus pertences em cima do banco do piano, e tento ignorar todos esses pensamentos, assim como a dor na boca do estômago que apareceu rápido de mais para eu poder raciocinar. Me sinto de volta há um mês atrás, quando eu e Hoseok conversamos pela primeira vez. Me lembro da música que ele me pediu para tocar, e quando percebo o ambiente inteiro está envolto do som das teclas que simbolizam Demons.
A pergunta sobre saber o motivo dele ter pedido essa música ronda minha cabeça, e me questiono se ele se identifica com ela. Talvez, mas não posso confirmar nada quando eu não sei nem 30% de sua vida pessoal. Prefiro pensar que sim, e isso me causa arrepios.
Quando estou perto de terminar a música algo me atinge. Não sei o que é, mas a agonia é tão grande que em um segundo a melodia boa de ouvir se torna em um estrondo, minhas mãos batendo violentamente contra as teclas, e minha cadeira sendo jogada para trás quando tentei empurrar o piano.
Sinto raiva, tanta raiva que se eu pudesse colocaria fogo em todo o hospital, colocaria fogo em mim mesmo e não iria me arrepender. São tantos sentimentos misturados que eu não consigo dizer qual predomina mais em mim agora, nem qual me faz levantar da cadeira e andar.
Não estou mais tão fraco como antes, e mesmo lentamente consigo andar por toda a sala, tentando controlar tudo o que sinto. Mas eu não consigo. Algo me impede de me acalmar, e é como se tudo fosse explodir.
Talvez meus demônios interiores tenham acordado depois de anos, e talvez agora eles queiram acabar comigo. Eu só… Droga, eu não quero isso.
Não quero ter que morrer sem ao menos… Droga, droga. Malditos.
Chuto a base do piano, e começo a socar o instrumento, a raiva apenas aumentando. Não consigo me aliviar nem quando solto um grito, em busca de tirar toda a tensão. Nada acontece, nada.
O mundo parece parar lentamente. As voltas rápidas vão se tornando cada vez mais lentas e eu posso ver tudo passando pelos meus olhos. Posso ver a porta abrindo, um segurança entrando e alguns médicos logo depois. Posso sentir eles me tocando, posso ver e sentir tudo. Tudo está em câmera lenta, até mesmo quando começo a me debater em busca de liberdade.
Estou sufaco. Alguém agarra meu pescoço, tirando todo o meu oxigênio e me deixando na escuridão, onde ninguém consegue me salvar.
✓✓✓
O quarto é diferente. A porta também. Ela é branca e não marrom. Há somente uma cama, a que eu ocupo, uma cadeira e uma janela fechada. Tem soro sendo levado até minha veia por uma mangueira transparente, e tem amarras em meus pulsos e tornozelos.
Minha cabeça dói, e eu me pergunto o que aconteceu nas últimas horas para eu me encontrar desse jeito, preso como se eu fosse um louco.
Ah não.
Aos poucos consigo lembrar, lembrar de quando eu arranjei forças do nada, correndo e batendo em quem quer que me tocasse, depois me debatendo na maca enquanto me prendiam com força. Me lembro de ter conseguido chutar uma enfermeira, ela caindo no chão com lágrimas nos olhos. Também me lembro de quando eu disse que eles estavam me matando, evitando tirar o tumor de mim e apenas me drogando com medicamentos inúteis. Me lembro de ter cuspido em alguém, de ter me jogado no chão depois de várias tentativas e ter tentado me matar, batendo a cabeça com força contra o piso de concreto. Então me lembro de apagar e agora estou aqui.
Ala psiquiátrica.
Ala psiquiátrica.
Ala…
Eu sou um lixo, claramente.
Tento me mexer, mas as amarras estão tão fortes que dói só tentar mover o braço. Faço uma careta por causa da dor nos tornozelos, e minha cabeça dói mais por causa disso. Tento entender em que momento passei a me sentir extremamente estranho, fazendo as coisas que nunca pensei em fazer. É confuso tudo isso, confuso como uma coisa simples me transformou em algo que me trouxe até aqui. Não lembro se eu fiz algo antes de surtar, tudo parece borrão, exceto a cena a partir do momento que o segurança invadiu a sala. Esta está tão clara em minha mente que conforme ela se repete eu sinto como se estivesse a vivendo de novo.
Sinto dor, ouço as vozes e a sensação estranha em todo meu corpo. Consigo sentir a angústia enquanto eu chorava, enquanto eu pedia que alguém pudesse me salvar. Eu só me pergunto o quê aconteceu comigo. Por que?
A porta se abre, e um homem usando jaleco que eu nunca vi, entra no quarto. Bordado em seu jaleco está Dr. Hwang JiKyung, e logo abaixo “Chefe psiquiatria”. Ótimo, mandaram um psiquiatra para me analisar.
– Bom dia, Yoongi – ele diz se aproximando. Ele toca minha testa, e depois vê o saco de soro. Não respondo ele, e ao saber que pretendo me manter quieto ele apenas abre um sorriso fraco. – Espero que tenha dormido bem e gostado do quarto. Você vai ficar aqui por alguns dias.
O quarto até que é legal, mas ficar aqui por alguns dias? Eu não posso simplesmente abandonar Jimin e Taehyung, eu não posso ficar aqui. Embora eu queira dizer para o doutor que me recuso a me manter aqui, fico quieto, apenas fingindo que não ouço suas palavras.
– Como está se sentindo? – ele me olha, esperando uma resposta. Quando ela não surge, suspira, passando a mão pelos cabelos antes de anotar algo em sua prancheta. – Tudo bem, não quer falar, não é? Vamos no seu tempo então.
Ele sorri de novo e eu sinto náuseas. Alguém chama o doutor Kim, por favor.
– Vou pedir para te trazerem uma refeição. Não se mova.
Como se eu conseguisse.
Ele deixa o quarto, e eu me lembro de Hoseok. Em algum desses quartos nesse corredor ou em outro está ele, e me pergunto se ele também está amarrado. Talvez não, e eu espero que não esteja mesmo. Não quero que ele sinta o que estou sentindo.
A refeição não demora a chegar, e uma enfermeira idosa me alimenta. Até recusei no início, mas a canja de galinha cheirava tão bem que eu não pude resistir em negar a colher estendida mais uma vez.
– Se você se comportar bem depois de amanhã irá conosco para a instituição – ela diz pegando mais um pouco da canja. – Você vai gostar de lá, passar um tempo fora do hospital vai te fazer bem.
Olho para ela quando ela estende a colher de novo. Com a comida na boca, continuo a observá-la, e me arrisco a falar pela primeira vez.
– Por que não posso ser solto?
Ela se assusta com a pergunta, quase derrubando a colher. A recolhe antes da mesa cair no chão, colocando na bandeja de novo. Seu olhar cai sobre meus pulsos.
– Eles não querem que você se machuque.
– Não vou me machucar.
– São ordens do chefe, não posso ir ao contrário.
Viro o rosto e ela tenta me servir de novo. Ignoro a comida, e depois seu chamado. Ela suspira, saindo do quarto após tentativas falhas em me fazer comer alguma coisa.
Quando estou sozinho finalmente me deixo suspirar, fechando os olhos e imaginando o que eu estaria fazendo agora se fosse um garoto normal.
✓✓✓
Quarta feira chegou tão rápido que eu me surpreendi. Depois de ser um “bom garoto” e ser solto, pude andar um pouco pelo quarto, sentir minhas pernas novamente e tentar não surtar por ter de ficar preso o dia todo. Como eles querem ajudar as pessoas se as deixam presas?
Nós temos horário para sair às 09:30 e agora são 09:00. A enfermeira que me alimentou de canja disse que eu devo esperar no quarto, e quando ela saiu minha mãe logo entrou. Desesperada. Me senti mal em ter feito isso com minha mãe, mas não posso evitar de por a culpa no meu ato impensável. Eu realmente não sabia o que estava fazendo.
Deitado com a cabeça no colo da minha mãe foi como eu fiquei pelos vinte minutos que se passaram voando, e quando pude ir até o ônibus com os outros pacientes, fui obrigado a vestir uma jaqueta grossa. O dia havia amanhecido frio, mas isso parecia que não iria impedir de a programação acontecer. Mesmo com preguiça de sair no frio para sei lá onde, segui atrás de uma garota baixinha até o ônibus, onde fui instruído a me sentar ao lado dela.
Não vi Hoseok em nenhum momento, e me perguntei se ele já havia sido liberado ou se algo havia acontecido. Talvez ele tivesse se portado mal, e por isso teria de ficar fora da programação. Sinceramente, acho isso errado. Eles deveriam ajudar todos sem excessão.
O caminho até o instituto foi lento, com uma enfermeira cantando músicas antigas ou infantis, fazendo todos acompanharem. Apenas ignorei a cantoria desafinado durante o trajeto, encostando a cabeça no vidro e dormindo. Fui acordado com a enfermeira me balançando e mandando eu descer.
Diferente do que eu imaginava, o instituto não era velho e típico de filmes de terror, era bem ajeitado e parecia ter sido construído recentemente. Seguimos pela recepção e depois subimos até o terceiro andar, onde iríamos assistir a um filme e depois teria atividades recreativas. Me sinto no primário novamente.
Após termos assistido Procurando Nemo – pensei que seria um filme mais… como se diz? Apropriado –, fomos até uma área aberta onde tinha coisas aleatórias para fazer. Pensei que teria jogos, mas pelo jeito eles não levam mais os pacientes até tal lugar. Me sentei ao lado de um senhor que jogava xadrez sozinho, e ele disse para jogar junto. Empatamos nas partidas, mas ele ganhou na última.
– O senhor deveria participar daqueles campeonatos – comentei e ele riu.
Depois de dar meu lugar para a garota que compartilhei o banco no ônibus, me sentei num lugar vazio, apenas observando aquelas pessoas. Pareciam todas normais, sem problemas psicológicos. Porém as aparências enganam.
– Hyung?
Assustado e com a mão no peito me viro para trás, encarando o garoto de cabelos negros. Ele arregala os olhos também, se sentando ao meu lado.
– O que você está fazendo aqui?
– Eu… O que você está fazendo aqui?
Jungkook sorri, passando a mão pelos cabelos. Reparo que seus dentes são bonitos e me pergunto como um drogado consegue ter aparência e dentes bonitos.
– Perguntei primeiro.
– Fui parar na ala psiquiátrica por causa de um surto e seguindo a regra do fim do mês vim parar aqui. E você?
– A mesma coisa, só que estou numa clínica de reabilitação. Alguém me mandou para lá sem meu consentimento. Estou lá faz duas semanas e seguindo a regra do fim do mês vim parar aqui.
Sorrio notando que ele repetiu o final da minha frase.
– Você está bem? – pergunto.
– Estou bem melhor, me sinto novo. E você?
– É, a mesma de sempre. O tumor ainda está vivo.
– Que droga – ele diz. Seu olhar cai sobre um ponto atrás de mim. – Eu preciso confessar algo.
– Diga então.
Minha curiosidade dá oi, mas eu tento a afastar um pouco. Ele olha para baixo.
– A psicóloga disse que eu devo contar se algo me incomoda, e eu sinto que devo falar para você.
– Pode dizer, sou todo ouvidos.
Jungkook suspira.
– Estou me sentindo culpado por uma coisa, talvez eu até seja um assassino por causa disso.
– Você matou alguém?
– Quase. Nem sei porquê estou falando isso com o hyung, já que não tem nada a ver contigo, mas a minha próxima consulta é só semana que vem e eu não sei se aguento até lá. Sabe, manter isso para mim.
– Ah sim, mas pode dizer. Se quiser.
– Um garoto me procurou alguns dias antes de eu ir para a clínica. Ele pediu drogas para mim, qualquer coisa que o matasse.
A sua pausa me dá uma agonia. Por que sinto que esse garoto é Hoseok?
– Ele disse já ter tentado várias vezes suicídio e contou seu estado. Eu não ia vender as drogas, mas ele ofereceu um valor alto e eu precisava de dinheiro. Dei uma das mais fortes, garantindo que ele poderia morrer. Não ouvi falar mais nada dele, acho que ele morreu, e meio que eu o matei, já que as drogas eram minhas.
É Hoseok.
Droga, Jungkook.
– Como esse garoto era?
– Por que? – ele me olha confuso.
– Eu conheço um com uma história parecida.
Ele assente e logo diz. Meus olhos se fecham e eu sinto raiva de Jungkook. Vendeu drogas para Hoseok e ele quase morreu. Merda.
Embora não seja a culpa de Jungkook – aliás, ele precisava de dinheiro e Hoseok parecia estar insistindo –, ainda sinto raiva.
– Ah, é o mesmo.
– Sério? – ele está ofegante. – Ele está bem?
– Acho que sim, sei que ele está vivo.
Ele suspira aliviado.
– Meu Deus, que alívio. Não matei ninguém.
– É, mas quase.
– Hyung, não me deixe com aquele sentimento de novo, por favor.
– Desculpa.
– Hyung.
– Sim?
– Quero fumar.
– Não, você não quer.
Ele passa as mãos no rosto.
– Quero.
– Jungkook, você não precisa disso.
Ele diz que quer de novo e eu me vejo sem saída. Minha única chance de tirar isso da cabeça dele é chamando uma enfermeira. E é o que faço. Digo que ele está passando mal, e com a ajuda de outra ele é levado sem pestenejar para fora do recinto.
Me sinto um pouco mal por isso, por ter meio que despejado ele. Porém esse sentimento logo passa quando eu percebo que é melhor do que ele ter um surto logo aqui.
Suspiro, me levantando e indo até a porta.
– Quero ir ao banheiro – digo para o segurança. Ele chama um médico que vai comigo até o banheiro.
Ele espera enquanto me alivio e lavo minhas mãos e rosto. Demoro um pouco mais para sair do banheiro, me sentindo cansado e apenas querendo minha cama. Sinto minhas pernas fraquejarem um pouco, mas me obrigo a se manter de pé, sabendo que é por falta de comida no estômago.
Quando saio do banheiro e volto para a área que estava antes, me sento junto de algumas pessoas que estão desenhando, e logo me entregam uma folha e lápis.
Faço um avião com o papel, desenho as janelas de qualquer jeito e depois jogo ele, fazendo ele voar e cair no colo de um paciente do outro lado da área. Vou até lá, pronto para pegar meu avião de volta.
Quando me aproximo vejo que ele está segurando, analisando as janelas tortas e a ponta do avião um pouco amassada.
– Desculpa te acertar – falei.
Ele se vira e eu juro que o mundo para.
– Hoseok?
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