Laços e Cicatrizes
A manhã seguinte chegou com um silêncio estranho no escritório. Acordei sentindo a cabeça pesada e um desconforto no peito. As palavras de Mikey da noite anterior ainda ecoavam em minha mente, perturbando meu sono, assim como ele sempre perturbou... Ele mais do que ninguém conseguia me deixar sem fôlego de maneiras diferentes.
levanto-me devagar, tentando não fazer barulho. Caminho até o banheiro, onde a água fria do chuveiro ajudou-me a acordar de vez. "Será que Mikey realmente entende o que é amor?" Me pergunto enquanto a água caía sobre meu corpo ferido, misturando-se com minhas lágrimas silenciosas.
Ao sair do banheiro, encontro Draken na cozinha, preparando o café da manhã. Draken olhou para mim com um misto de preocupação e carinho.
- Dormiu bem? - perguntou Draken, tentando esconder a preocupação na voz - Mikey me mandou aqui para vê-lo.
- Tentei... - respondi respirando fundo e sentando-me à mesa. - E Mikey?
- Ele saiu cedo para resolver alguns assuntos da Toman. Vai demorar um pouco para voltar.
Suspiro de alívio, mas ao mesmo tempo senti um vazio dentro de mim. "Será que estou me tornando dependente do Mikey?" pensei, mas logo me vem um preocupação... Por quê raios eu criaria uma dependência nesse capeta?... Síndrome de Estocolmo? Aqui não!
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Mais tarde naquele dia, Decidi sair para uma caminhada. Precisava de ar fresco, precisava pensar. Andei sem rumo pelas ruas de Tóquio, observando as pessoas indo e vindo, todas com suas próprias histórias e problemas.
Eu acabei em um parque, onde me sentei em um banco e fechei os olhos, tentando encontrar um pouco de paz. Foi quando ouviu uma voz familiar.
- Takemichi?
Abri os olhos e vi Chifuyu se aproximando. Chifuyu parecia cansado, mas seus olhos brilhavam com a mesma determinação de sempre.
- Chifuyu! O que você está fazendo aqui?
- Precisava pensar também. As coisas estão complicadas com a Bonten ultimamente, mas ver você me tranquilizou - ele sorriu levemente e ficou sério em seguida.
Nos dois ficaramos em silêncio por um momento, compartilhando um entendimento mútuo sem precisar de palavras.
- Takemichi, você já pensou em sair dessa vida? - perguntou Chifuyu derrepente.
Fui pego de surpresa pela pergunta. Eu sei que Chifuyu estava certo, mas sair não era tão simples.
- Já pensei nisso, fuyu. Mas é difícil. Mikey... ele precisa de mim.
Chifuyu assentiu, compreendendo a complexidade da situação. Ele colocou a mão no meu ombro oferecendo seu apoio silencioso, Chifuyu me ajudou a tentar fugir... Segundo o mesmo ele me amava ao ponto de me querer vivendo normalmente.
- Lembre-se, Takemichi, você sempre terá amigos que se importam com você. E se algum dia decidir que é hora de sair, estaremos aqui para te ajudar.
Sorri, sentindo um alívio falso. Saber que não estou sozinho me deu um pouco de forças para continuar, mesmo em meio a tanta escuridão.
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Quando voltei para o prédio, já era noite. Mikey estava no meu escritório sentado no sofá, esperando por mim. Nossos olhos se encontraram, e pude perceber uma mistura de emoções nos olhos de Mikey.
- Onde você estava? - perguntou Mikey, tentando manter a voz calma, mas com um ciúmes eminente.
- Precisava pensar - respondi honestamente. - Mikey, precisamos conversar.
Mikey se levantou e caminhou até mim, parando bem na minha frente. Ele segurou minhas bochechas com uma mão e as acaricou suavimente, olhando no fundo em meus olhos.
- Sei que às vezes sou difícil, Michy. Mas meu amor por você é real. Você acredita em mim? Sabe que eu te amo mais que tudo, caso contrário eu não me daria o trabalho de te marcar com meu amor - e com amor ele queria dizer... Machucados, ele selou nossos lábios com delicadeza, coisa que ele não fazia.
Senti as lágrimas encherem meus olhos, mas assenti com medo de algo pior.
- Eu acredito, Mikey. Mas precisamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar sem tanta dor.
Mikey sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo triste e esperançoso.
- Como faremos sem dor? Pelo amor de Deus, nosso amor sempre foi feito com dor Takemichi!
- Mikey?
- Sabe quantas noites eu passei sem dormir ou comer porquê eu não sabia se você me amava de verdade? Ou porquê não sabia se você iria aguentar as feridas? E você sabe muito bem que eu só te machuco por que você me tira do sério!
Ele praticamente grita e me empurra minha cabeça até uma parede e me faz bater com força, a dor me fez fechar os olhos violentamente, a essa altura eu já estava chorando desesperado.
- PARA! MIKEY ESTÁ DOENDO.
- Seu verme nojento, isso tudo é culpa SUA!
- PARE.
- Onde você estava de verdade Takemichi? Estava ME TRAINDO?
- Não eu juro mikey eu juro de verdade, PARA AGORA!
Estava o encarando com odio e lágrimas, soluços saem da minha boca, e ele me encara em silêncio mortal.
- tks!
Ele me solta e se vira e sai do meu escritório batendo a porta violentamente, me levanto com a mão na cabeça sentindo sangue... Já cansado de tudo vou em passos lentos ate a pequena cozinha do local e pego uma faca afiada, começo a amola-lá em silêncio... um processo rápido.
Levo a faca até minha escrivaninha, abro uma gaveta dela e revelo diversos comprimidos, pego uma cartela completa sem me importar qual era seu nome ou sua função. Caminho com a faca e a cartela em uma única mão voltando para a pequena cozinha deixando os objetos na bancada.
Um belo e caro vinho é tirado do armário e colocado em uma taça grande, despejo o que não coube na taça em minha boca bebendo de uma vez. Coloco a cartela inteira dentro da taça... fico pensativo por um tempo.
Isso vale a pena? Tks! Que se foda. Bebo a taça sentindo o gosto ruim de remédio dissolvido misturado com com um cheiro cítrico do vinho, em poucos minutos meu estômago se revira de forma estranha, uma vontade de vomitar vem... Mas eu seguro firme, o chão parecia estar instável e o mundo girando de forma desengonçada.
Pego a faca sentindo ela mais pesada que o normal, minha mão não parecia aguentar o peso mas com um pouco de esforço levo a faca perto do meu pescoço e respiro fundo.
- Paz! Eu só quero paz... - falo com voz de choro.
Respiro fundo e perfuro meu pescoço com a faca, o líquido escorre e me sinto afogando, caiu no chão cuspindo sangue sentindo as minhas roupas ficarem molhadas e até mesmo grudentas.
Suspiro pesandamente e sorriu aliviado. Agora eu tenho paz.
- Takemichi o mikey me mandou te ver - Draken abre a porta e logo sente um cheiro avassalador de sangue fresco. - Takemichi!?
Ele corre pelo escritório e logo se depara com o corpo morto e sorridente do seu pequeno herói bebe chorão.
- O que você fez Takemichi?
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