- Fiquei sabendo que Lauren iniciou uma faculdade - Dinah comenta "distraidamente".
- Pelo o visto está seguindo com sua vida - Patrícia bebe um pouco do seu vinho. - E você boiando ai - encara a prima. - Porque ainda não começou a fazer algo? Não quer tê-la de volta? - Camila suspira soltando seus talheres, as três mulheres estavam em horário de almoço e comiam tranquilamente em um dos melhores restaurantes da cidade.
- Simplesmente não sei por onde começar - Confessa. - Na verdade não sei nem se isso é o certo a se fazer - Da de ombros enquanto transmitia um olhar vago. - Ela parece bem melhor sem mim, não conseguiria me perdoar se a fizesse sofrer novamente. - Sorrir sem humor tentanto disfarçar o quanto esse fato lhe machucava.
- Não seja idiota - Dinah lhe adverte. - Você mesma nos disse que ela confessou ainda te amar - Encara a amiga. - Isso quer dizer que sim, ela ainda cogita uma reconciliação porque se fosse ao contrário jamais confessaria seu amor - Todas ficam em silêncio por alguns segundos, concordavam com a loira.
- Porque não começa por Harry? Porque não tenta uma conversa franca com ele? Conta tudo desde o início e principalmente sua versão, sobre a maneira que sempre se sentiu - Segura a mão da maior por cima da mesa. - Talvez esse seja um começo - A empresária assente considerando aquela ideia.
{...}
Camila olhou seu relógio notando que seu expediente havia terminado a mais de uma hora atrás, ela suspirou, não tinha mais como adiar.
Depois da conversa que teve com as amigas, pensou bem e considerou a ideia de Patrícia em começar por Harry, por isso ainda estava na empresa, estava apenas tomando coragem para ir até a casa da esposa e do filho.
Com esse último pensamento lembrou que antes de sair de casa Lauren havia lhe pedido que até a data posterior ao leilão não comentasse ou confirmasse para alguém que não fosse do meio familiar sobre a separação, achava que não teria os mesmos fins lucrativos já que a maioria escolheria um lado e provavelmente seria o da empresária. Óbvio que a maior não se negou, mas agora pensando por outro lado, até que a ideia não seria de todo mal, pensou que talvez pudesse usar esse tempo ao seu favor já que poderia -da melhor forma possível- se aproveitar do mesmo.
Juntou suas coisas e saiu da sala. Ariana, sua secretária, já havia ido embora então a latina fechou sua porta e caminhou calmamente até o elevador pensando que naquele horário provavelmente Lauren não estaria em casa, o que facilitava um pouco sua conversa com Harry.
{...}
Camila estava nervosa enquanto apertava a campainha da antiga casa de campo da matriarca dos Jauregui's, sentia falta da senhora, a mesma era dona dos melhores conselhos e mesmo tendo se destanciado dela antes da sua partida, a amava muito.
Levou uma mão para apertar a campainha novamente mas parou assim que escutou a porta ser destrancada.
Harry achando que era Louis já que marcaram de sair naquela noite, abriu a porta sem ao menos verificar quem era. Levou um pequeno susto quando viu sua mãe parada em sua frente. Se encararam por alguns segundos, ambos sem saber ao certo o que dizer.
- Não sei o que veio fazer aqui mas eu sinto muito, estou de saída e...
- Apenas conversar - corta a fala do filho.
- Eu não...
- Por favor... - pede em súplica. O rapaz encara a latina por alguns segundos e depois olha seu relógio comprovando as horas.
- Você tem apenas alguns minutos - Camila solta a respiração que prendia. - Mas adianto que não vou tolerar insultos contra mim e principalmente contra minha mãe - ela nega rapidamente.
- Não, pode ficar tranquilo quanto a isso - ele assente desconfiado e da passagem para a mulher entrar. - Lauren está? - questiona apenas para ter certeza enquanto caminham até a sala de estar. Harry arqueou uma sobrancelha pensando seriamente na maneira que deveria responder aquela pergunta, mas por fim decidiu responder educadamente.
- Não, ela foi para a faculdade - encarou a mais velha. - Sente-se por favor - aponta para o enorme sofá.
Eles se acomodaram e por um momento toda a determinação e necessidade da mulher em falar com o filho se transforma em medo, medo de que as coisas não saissem da forma que imaginou.
- Eu... - junta suas mãos baixando a cabeça para pensar por onde começar. Não era tão difícil admitir seus erros, o problema era admitar encarando as pessoas que mais se machucaram com eles. - Reconheço o quanto fui uma mãe horrível... - para ao escutar um sorriso sarcástico do filho. - Só me escute - pede encarando seus olhos verdes, eram tão parecidos com os de Lauren. - Sei que nada justifica minhas ações mais eu preciso que você pelo menos entenda um pouco o meu lado - o rapaz acaba assentindo. - Acredito que você não saiba como meu relacionamento com Lauren começou - Harry franze o cenho ao concordar mentalmente, que tipo de filho era se sequer sabia a história das suas mães? - Ok... - respira fundo antes de começar. - Alguns meses após minha conclusão da faculdade seus avós chamaram eu e Lauren para uma conversa séria que consistia em um acordo entre nossas famílias - Harry sequer se importava com seu compromisso naquele momento, Camila conseguiu instigar sua curiosidade. - Um concorrente da nossa empresa estava jogando sujo ao tentar e consequentemente conseguir alguns de nossos investidores, seus avós ficaram bastante preocupados com o futuro dos negócios e depois de muito pensar tiveram a ideia de juntar nossas ações através de um matrimônio entre nossas famílias - o rapaz arregala os olhos ao juntar todas as peças.
- Por isso sempre a tratou mal... - solta ainda atordoado. - Então tudo não passou de um acordo entre famílias.... você nunca a amou... - A empresária arregalou os olhos negando rapidamente.
- Oque?! Claro que não! Eu amo a sua mãe! - fala firme fazendo Harry arquear uma sobrancelha. - Eu só... - se perde mais uma vez nas palavras. - Droga, Harry! Me apaixonei por Lauren na primeira vez que a vi na minha festa de boas vindas! - passa as mãos pelos os cabelos e logo sorrir lembrando da noite. - Era a garota mais linda que já vi em toda a minha vida e foi inevitável não me encantar com toda sua doçura e simpatia todas as vezes que tinhamos que comparecer a jantares ou qualquer outro compromisso que o acordo consistia - seus olhos brilharam demonstrando o quanto era sincera. - Eu a amo como nunca poderia amar qualquer outra mulher - É firme.
- Então, porque? Porque sempre a tratou tão mal? E nem adianta dizer que estou enganado pois me recordo muito bem de todos os comportamentos que tiveram durante toda minha vida - Ele queria entender tudo aquilo, ainda mas agora que a mulher ao seu lado estava sendo sincera quanto aos seus sentimentos quando para ele os mesmos eram totalmente ao contrário. Camila suspirou.
- A verdade é que eu não soube lidar com as informações, não quando descobri que Lauren teria um filho, isso pra mim foi como se meu mundo tivesse acabado porque para todos os efeitos eu era estéril e seria impossível ela está grávida de um filho meu - Cada frase sua era como mais uma peça de quebra-cabeça para Harry, ele não sabia da história das mães e com toda aquela confissão de Camila querendo ou não lhe fazia entender muita coisa. - Fui movida pelo o ciúmes, pelo o medo da perda - nega com a cabeça. - Nunca havia me apaixonado antes de conhecer sua mãe e por mais que eu tivesse medo de me entregar e até mesmo sendo insegura, eu o fiz, fiz com todo meu coração - Harry entendia aquela sensação, afinal passou e ainda está pela a mesma. - Não conseguia nem pensar em perde-la e vê-la todos os dias com seu melhor amigo e ex namorado me causava sensações que eu não podia controlar ou lidar - Volta a encarar o filho. - Então não foi difícil criar toda uma situação em minha cabeça, eu simplesmente tinha a certeza que a mulher que eu amava havia me traido da pior forma possível e isso eu não poderia lidar - da de ombros sentindo todo o peso da culpa naquele momento. - Eu juro que tentei, tentei olhar a situação de outra forma mas todas as vezes que encarava Lauren minha mente me entregava a suposta traição - baixa o olhar. - Mas aí você nasceu e eu juro que quando o vi tão pequeno e indefeso dentro da incubadora, meu sorriso foi o mais sincero possível - sorriu. - Naquele momento meu peito se encheu de alegria, minha mulher havia colocado no mundo um pedacinho seu e pra mim nada mais importava - comenta nostálgica.
- Tenho pequenas lembranças de quando ainda era criança- Harry comenta com um sorriso discreto no rosto ao lembrar de algums momentos ao lado da mãe. - Você tinha tudo pra ser mais uma das minhas heroínas - comenta de repente triste. - Porque não fez o exame assim que nasci? - Essa era uma das maiores dúvidas.
- É como disse, pensei que poderia lidar com a situação...
- Mas não conseguiu...
- É - assente. - Não consegui - suspira. - E é por isso que estou aqui - Suas mãos começam a suar ainda mais. - Sei que não posso voltar ao passado e concertar o que fiz mas peço uma chance para me redimir com você, mostrar o quanto me arrependo, o quanto estou arrependida - Era agora ou nunca - O que me diz sobre de agora em diante participar da sua vida como a mãe que eu sempre quis ser mas nunca consegui? - Se encaram intensamente.
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