Era sábado, então Megumi não precisaria levantar mais cedo para ir até a faculdade. Como há semanas não conseguia dormir muito bem, o cansaço havia se acumulado e ele finalmente conseguiu descansar, portanto esse dia de folga era muito bem vindo.
Quando ele se levantou, Itadori já tinha trabalhado um pouco na oficina e, como já era quase hora do almoço, estava na cozinha começando a preparar a comida. O moreno então foi recebido com beijinhos e abraços calorosos, que arrancavam sorrisos de seu rosto. Dessa forma, terminaram de cozinhar e comeram tranquilamente, aproveitando o tempo que tinham.
Após aquele descanso, que mais parecia um momento de preguiça, levantaram-se e arrumaram o ambiente, limpando pratos, talheres, panelas. E então, Megumi resolveu fazer um café, já que ainda precisava de uma dose para realmente começar o seu dia e agora estava ao lado da janela apreciando tranquilamente o líquido amargo que dava um pouco de energia para seu corpo e sua mente.
E enquanto fazia isso, também observava seu namorado em plena atividade pelo quintal.
Yuji teria uma entrega para fazer ainda naquela manhã, então depois de se organizar, carregava agora um guarda-roupa de madeira até o caminhão pequeno que sempre usava para esse fim – e era importante ressaltar que ele o fazia sozinho, sem precisar de ajuda. O ômega sempre se admirava sobre como aquele garoto tinha uma força física fora do comum e mesmo hoje, ainda não estava acostumado e se surpreendia algumas vezes.
Mas era bonito de observar aquela dualidade que existia nele: a delicadeza de formar desenhos com todo cuidado (que na maioria das vezes eram flores) e a capacidade de carregar o que construía, sozinho.
E além de tudo, o moreno achava sempre uma delícia ficar olhando enquanto os músculos se contraíam, tanto dos braços carregando aquele peso quanto das pernas, quando ele se abaixava. E sempre com uma expressão linda de concentração, que logo se transformava em um sorriso quando o alfa percebia que era observado. Era sempre uma grande sorte estar em casa para presenciar aquela cena.
Os olhos azuis estavam fixos em todos aqueles detalhes, enquanto ele tomava goles de sua bebida quente. Ainda mais porque o clima estava mais agradável mesmo ao ar livre e seu namorado vestia uma camiseta de algodão, então dava para ver muito bem aqueles braços e movimentos, assim como a calça também se ajustava àquele corpo bonito.
Megumi deixou escapar um suspiro de satisfação contra a caneca. E logo desviou o olhar. Franziu a testa com a própria atitude, sem entender o motivo.
Alheio a esse ato incomum, Yuji entrou no cômodo, já tendo terminado de posicionar o móvel no caminhão. Conferiu se estava tudo certo e voltou-se para o namorado, com um sorriso.
– Acho que vou demorar um pouco pra voltar. – Disse, se aproximando e cruzando seus dedos com os da mão que não segurava a caneca. – Mas se precisar de qualquer coisa, me liga?
– Claro. – Respondeu apenas, tomando mais um gole enquanto deslizava o polegar pelos dedos ásperos do outro, como um carinho.
– Bom, estou indo então. – Disse o alfa, deixando um beijinho rápido contra os lábios quentinhos, com gosto de café. E saiu mais uma vez pela porta, indo até o caminhão para realizar sua entrega. – Até depois.
– Até depois.
Os olhos azuis ainda o acompanharam até que sumisse de seu alcance. E logo depois Megumi saiu dali, seguindo também para seus compromissos, que o esperavam em sua escrivaninha.
Desde aquele ocorrido, ele havia mergulhado em trabalho e faculdade, não deixando que sobrasse tempo para muita coisa. E por coincidência, estava em semana de provas, além de terem também mais encomendas naquela mesma época. E, como estavam muito ocupados, o casal não se tocava desde então. Apenas abraços, afagos e beijos rápidos. Não que isso fosse ruim, afinal, um relacionamento não é feito apenas de sexo, por mais gostoso que fosse.
Mas ele não queria pensar nisso agora.
Resolveu se concentrar em seus planejamentos, varrendo outros assuntos para fora dali. Algumas horas depois, ele já estava satisfeito por ter organizado os pedidos, dando uma olhada em cada um para que tivesse uma noção melhor de quanto tempo precisaria para estudar e desenhar – era realmente uma quantia considerável, afinal.
Concentrado, estava no meio de um deles quando escutou vagamente o namorado chegar, mas continuou a trabalhar, pois sabia que ele viria em algum momento e também porque não gostava de deixar nada incompleto. E, um tempinho depois, o cheiro de café inundou seus sentidos mais uma vez naquele dia. Não se assustou quando a porta de sua salinha foi aberta, nem quando sentiu lábios quentinhos contra a lateral de sua cabeça. Apenas sorriu e finalmente desviou os olhos de sua mesa enquanto esticava seu corpo, que ficou muitas horas parado.
E lá estava seu solzinho, com duas canecas em mãos, oferecendo uma para ele.
– Oi, amorzinho.
– Oi, amor. – Megumi pegou sua bebida, recebendo também um beijinho e tomou um gole, como se fosse mais um carinho enquanto a quentura passava por sua garganta. – Como foi a entrega?
– Muito bem, eles gostaram muito de como ficou. E como foi sua tarde? – Tomou também um gole da própria caneca e os olhos azuis finalmente notaram que ele estava sem a camiseta, apenas de calça. E que o mesmo havia suado um pouco, era visível pelo modo em que a pele parecia reluzir sobre os músculos bem desenhados.
– Muito produtiva. – Respondeu o moreno, desviando os olhos do namorado e tomando mais café, como uma desculpa para engolir a saliva que se acumulava. Isso já está ficando ridículo.
Yuji sorriu com a resposta, provavelmente sem notar a atitude do outro.
– Então acho que já podemos descansar por hoje, né? Comer um lanchinho e depois assistir alguma coisa.
– Depois. Preciso só terminar esse, estou quase acabando. – Respondeu, olhando para a mesa.
– Tudo bem, mas não demora muito. – E, com mais um beijinho, deixou Megumi sozinho novamente.
Após a porta se fechar, o moreno franziu a testa mais uma vez naquele dia, tentando entender sua própria atitude. Mas logo respirou e voltou-se novamente para seu trabalho. Realmente não faltava muito para acabar.
Finalmente concluindo, esticou o corpo como havia feito antes e se levantou. Constatou que já era noite quando saiu e que Yuji provavelmente estava na oficina. E então, foi para o quarto e, minutos depois, já entrava no banheiro, ligando o chuveiro. Um banho relaxante era sempre muito bem vindo para aliviar a tensão.
Assim que voltou para o quarto e começou a se vestir, o namorado entrou, sorriu e foi até o cesto de roupas, retirando as suas para também se limpar. Mas antes que o ômega ficasse perdido com aquela visão, o mesmo saiu rapidamente do cômodo, chegando logo até a cozinha.
Sem ficar pensando muito dessa vez, Megumi começou a preparar algo leve na sanduicheira e estava quase terminando quando Itadori chegava até ali, terminando de vestir uma camiseta branca depois do banho quente.
– Quantos você quer? – O moreno perguntou, registrando que o outro rapaz estava com uma bermudinha leve e com os cabelos rosados, úmidos. Não pôde deixar de percorrer os olhos por ele, até chegar no sorriso.
Yuji se aproximou devagar, como se estivesse incerto de seus passos. Ele havia notado aqueles olhares algumas vezes durante a tarde, de uma forma que estava com saudade de sentir. Mas sentia um pouco de insegurança, pairando no ar. Chegou perto do outro, ainda sorrindo, e olhou para a mesa.
– Exatamente esse tanto. Mas também quero batatas. E... – Olhou novamente para o namorado, que estava um pouco mais perto. Logo se esqueceu das batatinhas e de qualquer coisa que poderia dizer, deixando a frase sem conclusão e aproximou mais ainda os rostos, tocando as mechas escuras com os dedos delicadamente.
Megumi não conseguia desviar os olhos dos lábios macios logo a sua frente, nem pensar em comida alguma. Tudo o que tomava sua mente era a ansiedade por ter aqueles braços em volta de seu corpo e o tocar de volta, de sentir pele contra pele.
Por fim beijaram-se timidamente, e logo o moreno puxou o alfa para si, se apertando a ele com saudade. Os corações batiam descompassados e de toques delicados,fez-se um tumulto de braços e lábios.
Yuji o ergueu e o sentou na mesa, suspirando com a mão que sentia em sua barriga, por dentro da camiseta. Os cheiros que amavam inundavam seus sentidos, gengibre e mel, naquela combinação única.
E Megumi o afastou no mesmo instante, com as sobrancelhas franzidas. Ambos estavam quase ofegantes e pareciam confusos.
– Eu... não estou no clima. – O moreno falou um pouco baixo e olhando para outro canto. Ele finalmente percebeu que não queria fazer sexo e era por isso que havia desviado o olhar, tantas vezes naquele dia. Ele não queria desejar o namorado, porque resultaria nesse ato. Não queria mais uma surpresa, por mais que se cuidassem. Ele não queria passar por aquilo de novo...
– Tudo bem. – Yuji respondeu, pegando uma das mãos e a beijando delicadamente, enquanto os olhos azuis se voltavam para ele novamente. Depois, desviou o assunto, tentando pensar em outra coisa. – Vamos comer na sala? Além de batata, também quero refrigerante.
E recebeu um sorriso de volta, com essa atitude. Era muito difícil continuar se sentindo aflito quando olhava para aqueles olhos castanhos ensolarados – ao menos, não no exato momento em que fazia isso.
– Só toma cuidado para não derrubar. – Foi o que o ômega respondeu, enquanto se afastavam e pegavam tudo o que precisavam. E varreu aqueles pensamentos ruins de sua cabeça.
Por fim, foram até a sala e se aconchegaram no sofá, comeram enquanto assistiam a TV, e depois trocaram carinhos despretensiosos ainda com os olhos grudados na tela. E assim, finalizaram aquele sábado em meio a dias cansativos e cheios de sentimentos complicados.
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