Gray era obviamente mais pesado do que Lucy, o que fez Natsu sentir um pouco de culpa das vezes em que a tratava como se fosse um fardo impossível de carregar. Não que ele se sentisse culpado no momento. Tudo o que sentia era preocupação. Gray estava seriamente ferido, tão seriamente que não reclamou em ser carregado. Ele sempre reclamaria, era de sua natureza querer ser independente.
Estavam caminhando já há dez minutos quando algo estranho ocorreu. Algo estranho se levasse em conta que o normal era achar um local seguro e então todos saírem dali o mais rápido possível, sem nenhuma sequela. Um sonho utópico.
- Lucy. – o grito de Gajeel parecia realmente aterrorizado, o que fez o ruivo se virar para trás rapidamente causando um gemido em Gray.
Não gostou do que viu. Não gostou nada. A loira estava na porta, parecia lutar para se manter de pé, a mão direita esfolada. Mas ele havia visto isso e ela disse que estava bem, certo? Certo. O mais preocupante estava no rosto, o nariz deixava com que o sangue saísse em uma quantidade considerável e junto com os olhos perdidos, ela logo sucumbiria.
- A cabeça. – Gray falou tentando se afastar de Natsu. – Eu cai quase em cima da cabeça dela. – teve que segurar o amigo com foça, caso contrario, iria correr na direção da loira.
- Calma, alguém vai ajudar a Lucy, fique... - a fala morreu ao observar um enorme grupo na direção dela.
De alguma forma ela fugiu e fechou a porta de metal com força, causando um barulho realmente alto o que chamou a atenção de muitos dos infectados que faziam parte da horda ou não. Era obvio que a porta não iria aguentar. Mas ao menos tinham tempo, um tempo em que poderia ser salva. Deveria ser salva.
- Fique aqui. – murmurou se afastando de Gray. Havia uma janela, era alta e as chances de ser pego por um infectado eram grandes. Não que importasse.
- Não. – Erza o segurou firme no segundo passo que o ruivo havia dado.
- Não vou deixar ela lá. – se afastou tentando correr, contudo em um segundo a ruiva o jogou no chão e imobilizou. – Me solta, porra! Eu não vou deixar a Lucy! – não havia como se soltar, não um humano, Erza não era temida ate por professores de luta à toa.
- Ela vai morrer de todo jeito, Natsu. – a voz da ruiva estava embargada. – Aquele sangue no nariz, ela deve estar com hemorragia interna. – a garota já soluçava e então o ruivo fechou as mãos em punhos.
- E você é médica? – tentou se soltar causando dor em seus braços. – Enquanto ela estiver respirando ela esta viva, porra! – e ela estava viva, ela estava dentro da casa. Ainda poderia ser salva.
- Vocês dois calem a boca e vamos embora. – Gajeel se aproximou. – Agora não adianta mais nada, não dá mais para ir ate eles. - puxou Erza para cima e Natsu se ergueu de uma vez. O braço que havia sido torcido não estava muito bem em se mover.
- Não... - era verdade, a casa estava toda contornada. Desde a porta ate parte das casas laterais. Isso ignorando a porta já estava praticamente arrombada. – Lucy. – murmurou sentindo a boca do estomago doer, era como um murro dado pela vida.
O número não parava de crescer, como um formigueiro e alguns já notavam o restante do grupo. Se eles não se apressassem o futuro seria o mesmo.
- Cadê o Sting? – Erza perguntou e Natsu não conseguiu nem sentir a dor da pergunta enquanto olhava o entorno. Simplesmente havia entrado em choque.
- Dentro da casa com a Lucy, onde mais? – Gajeel se caminhou até Gray e então ajudou o moreno que agora tinha o rosto cheio de lagrimas e ainda tentava se arrastar na direção da casa. – Vamos porque também estamos em perigo.
- Você... Você o deixou ir. – Erza parecia brava, extremamente brava. – Por que não o impediu? Porque deixou que ele entrasse lá? - o rosto começava a ficar vermelho e os olhos se encherem de água. Era a pior situação quando ela ficava tão triste e desesperada que convertia tudo em cólera.
- Porque era o que eu iria querer, entendeu? – Gajeel se virou para Erza, os olhos divididos entre a dor e a determinação. – Estar com a minha garota até o final, mesmo que eu morresse. Se a minha baixinha estivesse viva e ficasse presa dentro de uma casa, eu iria querer ir tentar fazer alguma coisa. Não me perdoaria por deixa-la para trás. – suspirou, a tristeza era evidente, o que era estranho, o lutador não deixava seus sentimentos transparecerem. – Morrer com quem se ama, é melhor do que viver com a perda. – completou enquanto arrastava Gray pela rua.
No fim restou Natsu e Erza se encarando. Ele não chorava e nem expressava nada. A mente gritava o nome do loiro tão alto que nada mais era ouvido. Tremula a ruiva se aproximou.
- Va... Vamos! – segurou de leve nas mãos dele. O sempre quente Natsu, já não tinha nenhuma temperatura. Os olhos foram em direção a ela. – Vamos, só... Só temos que ficar vivos. – ela chorava e o puxou. Ele continuou, em choque, imóvel. O irmão e Lucy de uma vez havia sido demais. – Por favor, Natsu só... Só vamos! – ela estava quase implorando.
Ele ergueu o rosto em direção a casa e aos seres que se aproximavam deles. Só então as lágrimas surgiram e ele se moveu. Não tinha armas, mas não se importava, mataria todos com o próprio corpo. Salvaria os dois independente da quantidade de infectados. Porque... Como olharia para a mãe e a irmã dizendo que deixou Sting pra trás? Como se perdoaria por abandonar Lucy? Ele havia dito de boca pra fora.
- Natsu! – Erza quase berrou. Ele não ouviu, fechou a mão em punho como se apenas o seu ódio e sua raiva fossem capazes de acabar com todos. Iria atacar o primeiro, mas não fez.
Atrás de si, Erza havia o segurado em uma chave de braço. Natsu tentou se soltar de todas as formas, de inicio com força e pouco a pouco a falta de ar o incapacitou para em seguida o desacordar. – Isso é o que o Sting iria querer. – foram as ultimas palavras que ouviu.
Gray parecia mais pálido do que o recomendável. Estava deitado em uma maca e ninguém sabia ao certo se estava consciente ou não. Apenas tinha os olhos abertos encarando o teto e os únicos sons que emitia era o de sua respiração pesada. Ignorava os três pares de olhares preocupados que lhe eram dirigidos. O seu braço havia sido limpo e enfaixado, embora as faixas já se mostrassem manchadas de sangue.
- Por quanto tempo vamos ficar aqui? – Gajeel questionou quando o silêncio chegou a um nível insuportável. Ele havia odiado o local desde que chegou. Uma casa completamente branca, telha de madeira escura, uma placa com as letras "UPA" era o que indicava que estavam em um centro de ambulatório ou posto de saúde, não sabia ao certo o que era o local, mas odiava, assim como odiava qualquer centro médico. Assim como odiava o que a vida havia se tornado.
- O suficiente para que o Gray se recupere ao menos um pouco. – Erza respondeu, a voz distante, não demonstrava nenhuma emoção. Após o episodio em que Sting e Lucy haviam ficado para trás, morrido, dentro de uma casa qualquer, a ruiva havia tomado essa expressão. Todos estavam sofrendo demais, ela tinha que ser forte. Havia impedido Natsu de ir atrás do irmão, não tinha direito de chorar. Ela tinha que ser forte.
- Se é assim... – Natsu se ergueu, o silêncio dele desde que despertou, era estranho. Natsu era barulhento, mas as lágrimas que saíram não deixaram nenhum som ser emitido. – Vamos voltar. – ele tinha aquele olhar, louco e determinado que no geral era animador, mas apenas encheu Erza de pavor.
- O quê? – se virou para ele. – Não! – foi firme. – Estamos parcialmente cercados, nem podemos fazer barulho direito, caso contrário, seremos mortos. - era verdade, antes de acharem o posto haviam ido à construção principal. Não era um hospital, era uma igreja. O fato de serem devotos, ao que parecia fervorosos, quando vivos, não tornou ninguém melhor quando morto. Ainda eram zumbis e ainda os perseguiram. Tiveram que correr, encontrar o posto foi uma sorte absurda e o fato do local estar parcialmente vazio fazia a ruiva pensar que era a forma que Deus tinha de fazer com que as almas de seus seguidores se sentissem melhor, por ter os corpos perseguindo os vivos.
- É só tomarmos cuidado...
- Não. Não vai adiantar. - cortou o garoto, com uma voz tão fria que conseguiu o impossível, o calou. – Também não gosto de encarar isso, mas você sabe que não vai adiantar. – se ergueu também.
- Erza... – murmurou cerrando os punhos. Quando a amiga tinha se tornado isso? – Você não é o tipo de pessoa que abandona seus amigos. Essa não é você! – não sabia se sentia raiva ou desespero. Sabia que doía, estar sem o Sting doía, estar sem Lucy doía e ele tinha que fazer alguma coisa. Qualquer coisa! Tinha que amenizar a dor.
- Estamos morrendo Natsu! – cerrou as mãos, os olhos se enchendo de água. – Você obviamente já notou, pouco a pouco estamos morrendo, eu não quero perder vocês... Eu não posso! – o medo transbordava em sua voz, as lágrimas transbordavam dos olhos.
- O seu medo vai fazer com que eles morram por serem deixados para trás. – acusou e a ruiva ergueu os braços, como se as palavras de Natsu fossem ataques físicos. – Meu irmão não vai morrer porque você resolveu fraquejar e quer impor isso para todos!
- Natsu. – mais parecia uma suplica, um pedido para que ele se calasse.
- Se quiser, me deixe pra trás e considere que está fazendo o melhor, não me importo, mas não vou deixar ninguém morrer apenas porque estou...
- Eles estão mortos! – quase gritou fazendo o ruivo arregalar os olhos. Limpou as lagrimas que corriam pelo rosto, não iria querer parecer descontrolada. Qualquer sinal de descontrole faria com que Natsu saísse correndo atrás dos outros dois. Seria dura, fria e cruel, mas faria o necessário para manter seus amigos vivos. - E eu farei o impossível para que ninguém aqui morra também. – decretou firme e mesmo assim o ruivo implacável como sempre.
- Não sei se notou, não estou pedindo a sua permissão. – as palavras de Natsu e ele a dando as costas foi o suficiente para que Erza sentisse o desespero a sufocando. Não poderia o perder. Não ele. Ninguém mais.
- Vai ficar e ficar quieto! – rebateu. – Se você acha que pode ter o luxo de morrer, ótimo, saia, mas ate onde sei, você tem o restante de uma família a qual se preocupar. – no momento em que deixou as palavras saírem sentiu a dor que causou nele e automaticamente em si. Os olhos já vermelhos e inchados de Natsu se viraram arregalado para ela. Erza odiava amigos que usavam a fraqueza do outro contra eles mesmos, mas faria, ela se odiou pelo que falou e iria falar, ainda assim continuou inabalável. – Pense neles quando for arriscar sua vida por algo que não tem mais como mudar. Quando se arrisca, coloca em risco a vida delas. Você sabe que sempre foi o que as manteve bem, não pense que tem algum direito de se sacrificar pelo que for... – mandou vendo o rosado de dividir entre o ódio e o desespero. Nunca imaginou que o amigo a mandaria esse olhar. Mas não se importava, ele poderia a odiar o quanto quisesse, isso porque apenas vivos podem odiar. – Você não tinha só o Sting antes e agora...
- Calem a boca. – a voz fraca de Gray se manifestou. – Eu estou implorando, só calem a merda da boca de vocês. – a última parte mal pôde ser ouvida. Erza sabia, como sabia, que o amigo moreno estava usando Lucy como um alicerce, era o que estava o mantendo vivo após a morte de Juvia. Tinha medo de pensar em como Gray iria agir agora que além de Juvia e Lucy, havia perdido Sting, um dos melhores amigos. Oh, psicologicamente Gray sempre foi o mais instável, mais ainda que Natsu.
- Gray. - o ruivo encarou o amigo, em seus olhos determinação para continuar a discutir, precisaria ser bem mais quebrado pra talvez ser dissuadido. Ainda assim, a preocupação se manifestou.
- Eu... - suspirou pesado, era estranho que ela precisasse de um abraço também? Quem diria isso um dia? Mas a grande Erza só queria se esconder em um quarto escuro e ficar encolhida na cama, aguardado que tudo se resolvesse. Natsu estava certo, ela nunca havia sido assim, mas como ser diferente na atual situação? – Vou ver se encontro alguns medicamentos que podemos levar ao sairmos daqui. - decidiu, talvez se arrumasse alguma coisa para fazer conseguisse aguentar tudo. Esquecer que ela na verdade não aguentava.
- Vou vistoriar o local novamente. - Gajeel se ergueu rápido e saiu, a voz fraca e seca. Ele estava feliz em sair do quarto onde a cada segundo rebatiam na mesma peça, a morte de dois amigos.
Gray observou Erza sair também. Se lembrou de quando Lucy o disse que todos estavam sofrendo, na época ele não via isso. Embora o fato de ver que todos estavam sofrendo não amenizasse em nada a sua dor. A verdade era triste e egoísta como só poderia ser quando relacionada a ele. A verdade era que ele se sentia fraco ate para sentir dor, mesmo assim sentia, mesmo assim desejava que o braço parasse de existir e os ossos o dessem um descaço por ao menos um minuto. Era como se não passasse de um moribundo, a qual a única coisa que lhe foi concedida foi o pensamento, nos amigos que havia perdido.
Juvia o vinha como um tsunami. Fora a azulada quem o salvou quando ate mesmo sua mãe, Ur, já chorava a noite, quase desistindo do filho. Era Juvia quem ele amava, haviam jurado, ficariam juntos para sempre. E ele sempre acreditou nisso, não iria jamais superar a morte da namorada, porque não existia uma única porcentagem de si que aceitava o fato de que ao invés de viver com ela, havia a destruído. Seu corpo clamava pela garota e o costume de tê-la por perto. Incapaz de acreditar que no fim, não iria existir o para sempre.
Levi sempre fora uma amiga, na escola, além disso, era a sua salvação quanto as matérias. Antes mesmo de começar a namorar Gajeel, já conversava com Gray. Ele tentava se lembrar da azulada sorrindo com as piadas tão inteligentes que apenas ela entendia, mas toda a vez que se lembrava de Levi, o que surgia em sua mente, era a imagem de uma pedra e os sons do choro de Gajeel. Como um episódio apenas pode ser mais forte que toda uma existência?
Sting fora um dos seus melhores amigos. Ainda se lembrava do que o loiro da primeira vez que havia discutido seriamente com o loiro. Estava usando cocaína em uma das vielas afastadas do grupo e o fato de ver o astro da cidade e quem, na época, considerava um metido arrogante que lhe queria roubar o melhor amigo, não foi animador. Apanhou mais do loiro do que já havia apanhado da mãe e, ouvindo um sermão gigantesco sobre estar atrapalhando o irmão mais novo dele, Gray foi arrastado pelas ruas até a porta de Juvia. Na época odiou o loiro, mas entrou na reabilitação ao sentir vergonha de como a mulher que amava o viu. Sting surgiu tantas vezes lá, com o rosto sério e acompanhando Natsu que foi um dos que Gray mais agradeceu ao sair da reabilitação. O loiro não se importou, elogios e agradecimentos nunca tocavam o ego inflado demais de Sting.
Era um astro e não havia nada na cidade que conseguisse o afetar. Inalcançável, uma característica que o assemelhava a outro ponto gritante da cidade.
Lucy, Lucy Heartfilia. Gray teve sua vida inteira convivendo com a loira, mas sempre imaginando que alguém como ela jamais daria brecha. E não deu, então ele não se aproximou. Mesmo quando ela havia perdido a mãe, ele ignorou. Lembrava-se da mesma após a morte da mãe, como se afastou e nunca sorria ou demonstrava nada, era como se estivesse em um estado de choque constante, demorou tanto para que ela voltasse a sorrir. Mas Lucy nunca perdeu a tristeza, e mesmo que ela tivesse se aproximado dele o suficiente para que fosse considerada a pessoa mais importante no momento, ele nunca a perguntou o motivo da tristeza. Lembrou-se do conselho e dos olhos dela. Tão preso em si, jamais olhou para a loira.
Ergueu a mão a qual não estava machucada ate os olhos e então as lagrimas saíram. O choro foi alto o suficiente para que chamasse a atenção de algo que estivesse próximo a ele. Não se importava, assim deixaria de ser um moribundo. Não queria se recuperar, não queria viver. Gray só queria a morte e desta vez não havia mais nenhuma loira para fazê-lo pensar o contrário. Porque Lucy havia partido, assim como seus amigos e Juvia. E ele não queria viver em um mundo sem eles.
...
Erza conseguiu colocar uma quantidade media de medicamentos sobre a mesa principal do consultório. Ao menos foi o que ela concluiu que a sala branca, de piso claro que continha uma mesa e um armário de vidro, seria. Estava lendo bula e qualquer informação que os remédios tivessem, isso a ajudava a deixar a mente mais dispersa e ajudar Gray assim que possível.
- Tem lugar para mais um aqui? – Natsu questionou, estava parado na porta, parecia abatido e ela não questionou o motivo. Já sabia. Ele não estava ali para brigar. – O Gray está meio desesperado e eu... Não sei o que fazer!
- Dê um tempo a ele. – murmurou abraçando o ruivo com tanta força que os braços doeram, mas ele pareceu não notar, apenas a abraçou de volta, algo que Erza não sabia que precisava tanto até o momento. - Deve ser complicado, ele era bem próximo não só ao Sting, como da Lucy também. – explicou se forçando a não chorar. Os braços de Natsu caíram e ele se afastou. – Natsu? – questionou, estaria ele ainda sentindo o ódio de sempre pela loira?
- Eu estou me sentindo um idiota. - murmurou, os passos foram em direção ao armário. – Meu melhor amigo esta em uma maca morrendo, acabei de perder o Sting e simplesmente me odeio. Eu tendo que me preocupar tanto com eles... Ele, o Sting. – parou por alguns momentos, como se a dor de falar do loiro fosse tão forte que o impedisse de realizar qualquer ato. – Me preocupar com o Gray. Ainda tem a Lucy. – a mão foi ate o coração e Erza o encarou por alguns instantes. A forma que ele agia, seria possível que estivesse tendo uma recaída? - Ainda sinto vontade de chorar porque ela morreu, droga! Eu não deveria ter sido um bosta com ela! - as lágrimas correram pelos olhos.
- Você conviveu com ela, a gente se surpreendeu com a verdadeira Lucy não sendo o que imaginávamos. É normal que você também esteja triste. - não adiantaria em nada falar sobre como ele se sentia, não agora que a loira não estava viva. Ana havia morrido e agora Lucy, ambas garotas que Natsu gostava. Pra piorar Sting também e Erza não sabia quem conseguiria segurar a barra de Natsu se a família não estivesse bem. Era essa chance que o mantinha vivo agora.
- É, e talvez seja apenas culpa. - murmurou se lembrando da loira. – O Sting me falou tanto pra não tratar ela daquele jeito! Odeio como aquele cretino estava sempre certo. – completou quase soluçando. Então respirou firme, uma, duas, três vezes. Balançou a cabeça e então ergueu as mãos ate um remédio qualquer. - E esse? Não vai levar? - mudou completamente de assunto, o que indicava apenas que ele não concordava em nada com o que havia murmurado antes.
- Hum? – ergueu as sobrancelhas sem entender a mudança de assunto, não estavam falando sobre sentimentos? Ah, claro. Natsu havia se cansado de pensar no que não queria. - Não sei, estou lendo para o quê cada um serve. Vai ser mais útil quando precisarmos usar. – explicou observando uma caixa branca com escritos na cor cinza. - Pra quê serve essa? - talvez o ruivo também precisasse de algo para ocupar a mente.
- Deixa eu ver. - abriu a caixa retirando um frasco, Erza aproveitou para pegar uma segunda caixa. - Bom, palavra difícil, palavra difícil, não sei... Hum... Ao que parece é mais uma vacina. – colocou novamente dentro da caixa e devolveu para o armário.
- Eu peguei um bom para tuberculose, eles têm esse tipo de remédio aqui? - franziu a testa, achava o local mal estruturado demais para tal medicamento.
- Talvez. - o ruivo deu ombros pegando outra caixa, essa branca e verde claro. - Talvez esse local seja tipo, cuidamos de tudo aqui e ou o paciente morre ou vive. - deu ombros dando qualquer explicação, mesmo que sem nenhum raciocínio logico.
- Ou contrabandeavam remédios. Tipo mercado negro. - deu sua opinião.
- Quem sabe? - parecia diferente dela, ele não parecia tão empenhado em observar os remédios.
- Esse locais afastados são perigosos. - fez um sinal positivo. - E esse do que é? – não permitiu que o desanimo a atingisse, iria fazer com que todos melhorassem, superasse e então sobrevivesse. Ela não sabia o que fazer sem eles, sempre iria cuidar de cada um.
- Bom, parece um remédio para... - parou e encarou a ruiva. - Hemorroidas. - um sorriso pequeno surgiu em seus lábios. - Vamos levar para o Gajeel. - com esse comentário fez a ruiva dar um sorriso fraco.
- Deixa eu ver. – escolheu uma caixa branca e alaranjada, um alaranjado claro. - Oh, uma pomada. - ainda não haviam achado nenhuma ate o momento. Natsu exagerou uma forçada cara de impressionado. – Parece ser algo profissional para se tratar de queimaduras. - um sorriso enorme surgiu nos lábios da ruiva. - É exatamente o que a Lucy precisa para melhorar o - a frase morreu de acordo com que a expressão de Natsu se transformava.
O silêncio se instalou na sala. Erza encarava a caixa em sua mão. Se lembrava da amiga sofrendo pelo pé. Com certeza Lucy era a que havia sido ferida, ainda assim só reclamava de não ser útil pelo resto do grupo. A imagem de Lucy na mangueira atrás da manga mais apetitosa, mesmo sendo perigoso e então o inicio de Lucy e Sting, a loira a ajudando a cozinhar para os amigos. Naquele dia Erza acreditou que tudo estivesse bem, ou ao menos que um dia, tudo voltaria a ficar bem. Agora não acreditava em mais nada, só tentava manter seus amigos vivos para não enlouquecer, ou talvez já tivesse enlouquecido.
- Erza? - Natsu perguntou, a voz preocupada do amigo trouxe a ruiva de volta.
- Eu...- um soluço a avisou que ela estava chorando, não só chorando, mas em prantos. De que adiantava toda a encenação de garota forte, se não conseguia mais esconder o desespero? Não conseguia esconder que queria seus amigos de volta. - Desculpe. - murmurou colocando as mãos nos joelhos, não largou o remédio, a caixa apenas se amassou quando foi apertada. - Só... Só me desculpe. - quase implorou.
- Erza. - Natsu a puxou. - Todos aqui somos amigos e entendemos o fato de que você também sofrer. - sentiu os braços dele em volta de si. - Mas você tem que entender, que não precisa ser forte, se não for dividir isso com os amigos, com quem vai? - questionou e a ruiva suspirou o afastando.
- Eu... Eu só não me sinto confortável assim. - só não queria que eles a vissem sofrer, queria ser o porto seguro deles. Jamais abalar. Era assim que Erza agia. - Eu vou, só vou ir em algum lugar. - decidiu.
- Não. Pode ficar, eu tenho algumas coisas a fazer. - a encarou sem expressão. Erza não conseguiu nem mesmo se preocupar, só estava agradecida por ele sair.
- Me desculpem. - murmurou se sentando no chão e então apoiando as costas na mesa. Ela não iria sobrecarregar os amigos com os problemas dela. Não mesmo. Quando saísse daquela sala seria a Erza firme de sempre e ajudaria os amigos a continuarem firmes também, porque nunca se perdoaria se fizesse algo diferente.
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