Deixei meu coração cair
E enquanto ele caía, você se ergueu para reivindicá-lo
Estava escuro e eu estava acabada
Até que você beijou meus lábios e me salvou
Minhas mãos eram fortes
Mas meus joelhos eram muito fracos
Para permanecer em seus braços
Sem cair aos seus pés
Set Fire to the rain - Adele
- Ei, Blondie! – a frase dita de forma gentil foi a primeira coisa que ouviu no momento em que acordou. Moveu-se, queria permanecer na cama. – Ei, acorda. – sentiu um beijo no pescoço e então outro na bochecha.
- Sting, me deixa! – resmungou e ouviu a risada rouca dele. De manhã ele tinha uma risada assim, rouca e bonita.
- Hora de acordar, Blondie. – sussurrou mordendo o lóbulo da orelha dela. Foi o suficiente para despertar a garota. – Isso te acorda? – questionou em seguida mordendo o pescoço.
- Sting. – reclamou se virando para o garoto. – Não me chama de Blondie. – murmurou sorrindo.
- Hm, tanto faz. – beijou seu rosto e então os lábios. Não um beijo demorando, mas amável.
- Gajeel já está de pé? – ela perguntou já que Sting estava vestido, provavelmente havia acordado há algum tempo. Isso explicava o humor.
- Sim. – se deitou. – Mas podemos o fazer esperar. – a encarou sorrindo. – Aproveitar que ainda não se vestiu e apenas me livrar das minhas roupas. – sugeriu a fazendo sorrir.
- Bom...
- Os dois andem rápido! – as batidas firmes na porta fizeram Sting cerrar os olhos e Lucy riu alto. Era quase como se o moreno estivesse esperando o momento certo para apressá-los.
- Acho que não podemos o fazer esperar. – sentou sendo acompanhada pelo loiro. – Pode ir descendo, daqui a pouco eu vou também. – garantiu movendo os braços, o corpo doía bastante, ela sabia o motivo, mas nunca tinha lido que iniciar sua vida sexual causassem dores e agora não tinha a internet para pesquisar. Pensou em perguntar Sting, mas sabia que ele atribuiria tudo a seu bom desempenho e talvez fosse, mas ela não o daria esse gostinho. Perguntaria para Erza assim que possível.
- Quero ficar aqui. – a puxou para si e então beijou. De forma terna e carinhosa, era estranha, mas pouco a pouco o loiro começava a ser mais desta forma.
Adaptava-se ao relacionamento sério. No dia anterior ele havia a ajudado a mudar o fundo de tela do computador e Lucy ficou intrigada com o quão isso, a alteração, o deixou satisfeito. Mais satisfeito do que quando se deitaram.
Havia algo obscuro em Sting sobre Natsu e ela ao começar a notar isso, conseguia juntar alguns pontos que havia deixado passar. Como o olhar do loiro assim que acordou, a forma fria que falava sobre o irmão. Tentava entender, mas quando o namorado queria esconder algo, conseguia com uma facilidade impressionante.
Deixou-se ser guiada novamente até o colchão pelo loiro e então o auxiliou a tirar a blusa vermelha de marca que usava. Ficava um pouco maior do que o que ele geralmente vestia, mas ao ser posta com um blazer bege e uma bermuda verde água, conseguia se tornar parcialmente estiloso. Até com as roupas do sogro, Sting conseguia se vestir bem.
Lucy gostava do estilo dele, mas tinha que admitir, estava criando uma predileção por Sting quando ele estava sem roupa.
- Vocês dois, é bom que eu não ouça gemidos ou vou arrombar essa porta, já passei por poluição sonora demais nessa casa, demais! – Gajeel gritou socando a madeira, o grito impediu Sting de terminar de abrir a bermuda.
- Vá a merda! – Sting gritou se sentando.
- Deixa para lá. – Lucy acabou fazendo o mesmo que ele, os olhos na “tatuagem” do loiro. Sentia certa posse ao observa-la e gostava disso.
- O quê? – os olhos dele estavam arregalados.
- Vou colocar uma roupa. – se ergueu indo até o armário.
- Eu vou matar esse lutador de sumo. – Sting colocava a blusa novamente, não tão irritado quanto deveria. Talvez por estar observando o corpo nu da namorada.
- Vai lá falar com ele e prepara o café. – ela piscou para o loiro que apenas fez um sinal positivo colocando o blazer.
- Não demora muito. – a deu um beijo no pescoço. – Gostosa.
Lucy sorriu enquanto o encarava sair do quarto. Vez ou outra se sentia cruel com o mundo, ela possuía uma felicidade que não conseguia compreender, justo naquele momento. Deveria ser um pecado estar tão feliz assim.
A felicidade é uma ilusão não condizente com a realidade, se lembrou da frase do pai e então parou encarando as roupas penduradas. Os olhos arregalados e o corpo tremendo. De canto de olho, era como se conseguisse ver o corpo do pai pendurado e balançando no meio do quarto.
Conseguia ouvir o som da corda, mas o que saia do pai não eram gemidos e sim uma risada de deboche.
Fez um sinal negativo e levou a mão até o lado esquerdo do peito. Então encarou o quarto. Amplo, bonito, organizado e vazio. Não havia nenhum pai pendurado e rindo dela. Era apenas coisa de sua cabeça, o pai não estava mais vivo e presente, ele não tinha como a impedir de ser feliz... Sim... Era tudo coisa da sua cabeça.
.
- Se eu melhorar um pouco mais. – Gaajel levava os pedaços enormes de carne até a boca. Era ele quem havia feito o almoço e Lucy sabia que nunca mais deixaria isso ocorrer. Só ele comia a carne. Ela sentia que os dentes eram menos duros e resistentes do que o preparo de Gajeel. – Posso usar a Filó? – questionou.
- Se melhorar muito mais. – não estava nos planos de Lucy deixar que ele ficasse com a arma. Durante o treinamento da manhã Gajeel não havia atirado sem parar em qualquer direção, mas continuava descontrolado.
- Vai achando que é fácil. – a voz de Sting mostrava que ele estava concentrado e se esforçando, esforçando em cortar a carne.
- Não preciso ser o melhor, para isso temos a Lucy. – o lutador apontou para ela enquanto a garota pensava que o fato dele comer pedaços grandes, era porque não conseguia cortar em menores.
- Essa história novamente. – Sting suspirou não muito satisfeito e ganhou um olhar irritado de Gajeel.
- Ela é a melhor nisso, não há dúvidas. – foi tudo que comentou.
- Gajeel, é como eu já te expliquei. – desistiu de comer, o assunto e a dificuldade em se alimentar haviam a desanimado. – Independente das minhas habilidades, não é do meu feitio fazer isso, não quero. – se lembrava de Sting falando algo assim. Era só ser firme e dizer não. – Não vou fazer isso, quando fiz foi apenas e somente porque estava em uma situação de extremo desespero. – completou o fazendo sorrir.
- O mundo está tomado por essas coisas, sempre vai estar em uma situação de desespero. – para ele parecia obvio e até conveniente. Era duro e prático, não considerava seu emocional, apenas as suas habilidades.
- Não podemos contar com isso. – Sting parecia incomodado com a fala do moreno. – E trabalharemos para evitar isso. De toda forma, eu irei aprender a mexer com essas coisas. – completou.
- Você nunca vai ser tão bom, suas habilidades são... – fez uma careta.
- Mas não ouviu o que ela falou?! – Sting deixou de prestar a atenção no prato e encarou o amigo. – Ela não quer. – falou lentamente. – Ninguém aqui é um líder tirano obrigando os outros a fazerem algo. – a fala dura em nada se assemelhava ao loiro sorridente de sempre.
Por um momento, Lucy novamente se lembrou da família e a forma de tomar decisões. Como Sting, depois que a mãe, avó ou até mesmo o pai já haviam decidido algo, eles não questionavam, apenas comunicavam.
Sting estava comunicando, Lucy não queria e então ele iria a substituir. Gajeel não tinha que ter opinião, porque ela não teria peso.
- Todos devem ajudar. – chamou a atenção de ambos. – Não quero te garanti que farei uma coisa que bem, não farei. – era quase um pedido de desculpas.
Gajeel ficou em silêncio. Os olhos que encaravam os dois se dividiam entre a satisfação de ver como estavam agindo juntos e o divertimento. Ele se divertia com a forma que tudo se desenrolava, que até mesmo Sting fazia pouco caso de Lucy em uma super-proteção bonita, mas desnecessária. Gajeel conseguia ver o potencial de uma lutadora.
- Você não entende, não é Lucy? – questionou e inclinou o corpo na direção do dela. – Quando realmente precisar, se esse momento chegar, eu consigo ver em seus olhos, você é capaz de fazer. – era uma frase com muito peso na opinião da loira.
O silêncio se instalou na mesa do jardim em que estavam almoçando, ainda no esquema de sempre trocarem de lugar a cada refeição, foi suficiente para que o desconforto surgisse. Lucy não gostava tanto da fé que Gajeel tinha em si, principalmente quanto a algo ruim que ela pudesse fazer. Ele via algo nela que Lucy não sabia o que era, ou ao menos não queria saber.
- Acha que vamos lá fora? – ela questionou e os dois a encararam.
- Espero que nunca mais. – Sting foi sincero, por ele, aproveitavam a mansão para sempre. Depois que a comida acabasse, poderiam começar a plantar. Ou talvez até existisse algo como uma horta nos jardins do lugar.
- Vamos sim. – Gajeel concordou. – É só o tempo do Natsu acordar, sabemos que ele não vai desistir da família. – completou.
- Não é desistir, elas estão mortas! – Sting foi enfático. – Se até os Heartfilia, com essa segurança inteira sucumbiram, imagine o que aconteceu com a Sakura cansada dos turnos de trabalho e a Aries incapaz de fazer qualquer coisa a não ser chorar. – a fala era dura e o descaso cruel, mas sincero. – Sabe que não estou sendo desonesto aqui, se alguém está sendo desonesto nesta merda toda, não sou eu!
Todos sabiam das condições da família de Natsu, a mãe, para sustentar os filhos, vivia em turnos pesados de trabalho e Aries nunca foi o tipo forte de garota. Sempre sendo protegida pelo pai, irmãos e então, qualquer pessoa, uma vez que inspirava isso. As possibilidades delas, Lucy sabia, eram mínimas.
- Ele não vai desistir até ter certeza. – Gajeel comentou, não disse nenhuma palavra que ia contra o que Sting havia dito, concordava. – E nós, como amigos, vamos o ajudar nessa. – completou decidido.
- Claro. – Sting não concordava. – Só que vocês já pensaram, no caso de um de nós morrerermos por causa disso, dessa vontade absurda que o Natsu possui de ter certeza do obvio? – a frase era pesada. Pesada demais. Novamente a sensação de que algo havia abalado os irmãos se apoderou de Lucy e ela encarou o loiro.
- É a família dele, as pessoas que ele mais ama. – a loira deu sua opinião. – Claro que ele não vai desistir, enquanto restar esperanças... – não terminou de falar. Não precisava, mas a questão era como Sting a encarou, era a família dos dois, não só de Natsu.
- E ele tem essas esperanças, tanto que mesmo pensando que iria morrer, te pediu para achar as duas. – Gajeel tinha o rosto sério. – Ele confiou em você e no que você faria e sentiria. – uma acusação e como resposta Sting franziu a testa.
- Eu estou fazendo o que posso do que ele me pediu. Vocês não têm ideia do que conversamos ou eu sinto sobre isso. – foi tudo o que respondeu. – Só não vejo nenhum interesse em ir a uma missão suicida. Imagine, pior do que morrer, se alguém for mordido. – fez um sinal negativo e então olhou na direção da loira, os olhos escuros mostravam o quão essa possibilidade era assombrosa. – Se lembram da Juvia? – respirou fundo e a expressão dura se desfez para dar lugar a triste.
O grupo inteiro sentia falta da garota.
- Se isso acontecer comigo. – Gajeel havia desistido de comer também, provavelmente pelo assunto – Prefiro que me matem. – completou e Sting fez um sinal positivo.
- Antes de me transformar. – o loiro completou a fala de Gajeel.
- Já pensaram que pode existir uma cura? – Lucy questionou um pouco incomodada com o rumo da conversa.
- Mesmo que exista, não serei uma destas aberrações que estão por aí, nas ruas, comendo pessoas vivas e matando. Qual a cura para isso? O fato de ter matado alguém para mastigar sua carne? – a encarou de forma dura. – Essas coisas mataram a Levy, minha família, a dos meus amigos, destruíram tudo... Preferiria descer e queimar a minha bunda na chapa mais quente do inferno por me suicidar á me transformar. – ela o entendia, conhecendo a aversão e ódio que Gajeel sentia pelos seres, ela conseguia entender como ele se sentia.
- A questão é quem te mata. – murmurou pensativa. – A explicação para o que ocorreu é, uma doença. Simples. Ficou irracional e fez o que fez. Só que quem te mata não tem isso. Se existir uma cura, você apenas matou uma pessoa que poderia ser salva.
- Uma pessoa que iria querer comer seu cérebro. – Sting concertou e Gajeel fez um aceno positivo. Concordava com ele. – Qual a cura capaz de sarar um cérebro mastigado? – não via sentido no que ela pensava.
Mas a loira não via sentido em alguém continuar a caminhar mesmo após ter um cérebro mastigado. A lógica comum não teria que funcionar ali, o que ela sabia sobre a ciência era que, embora procurasse a exatidão, nunca era exata.
- Já te falei sobre isso, Lucy. – o moreno tinha um rosto sério. – Você nunca conseguirá fazer nada de pior do que o que já ocorreu com eles. Não se superestime tanto. – sorriu fazendo pouco caso. – E eu? Se um dia for mordido. – ergueu a mão até a cabeça com o indicador e o dedo do meio erguidos enquanto o polegar simbolizava um gatilho. – Atire na cabeça. – estalou o polegar como quem atira.
- Você é muito mórbido. – Sting comentou o encarando com estranheza. – O almoço com você, me faz lembrar um velório. – brincou causando a risada dos demais.
- Vire essa boca para lá. – Lucy mandou sorrindo. – Não iremos em um novo velório tão cedo.
.
Caminhou pela casa observando todos os lados. Gajeel simplesmente havia desaparecido, enquanto ela e Sting tomavam banho, o moreno atendeu ao telefone e então, sumiu. Já tinha gritado por ele e procurado. Mas não conseguiu nenhum resultado.
- E então? – perguntou para Sting assim que o viu. Como haviam acabado de sair do banho e a preocupação era grande demais, o loiro ainda estava de toalha e com o peito desnudo à mostra.
- Não, mas olhei na garagem e o carro que ele veio não está aqui. – explicou com um semblante sério. – Provavelmente voltou para a enfermaria. – completou e ela mordeu o lábio inferior com força.
- Acha que alguma coisa séria aconteceu? – o coração batia rápido.
- Não acho, Gajeel iria nos avisar. – não parecia se importar muito. – De toda forma, agora que sabemos que ele não está aqui, é só ligar na enfermaria para checar. – a solução era simples.
- Vou fazer isso. – murmurou correndo escada acima.
Poderia ter ido para a sala, mas ao contrário disso, preferiu ir até seu quarto. Era onde ficava o telefone para entrar em contado com os empregados. Ela não se lembrava de quantas vezes havia usado, mas não eram muitas.
Assim que tirou o aparelho do gancho discou o ramal da enfermaria. Demorou um pouco para se lembrar, era péssima em guardar números, ainda assim o fez e passou de forma lenta e torturante pelo processo de ouvir o barulho de telefone tocando. Enquanto aguardava alguém atender, olhou na direção do banheiro, se sentia culpada por demorar quase duas horas com o loiro durante o banho. E se tivesse ocorrido algo com Gajeel enquanto os dois simplesmente transavam na banheira?
- Alô, Lucy, Sting? – Gray atendeu e ela respirou fundo.
- Ah, ei, aqui, o Gajeel desapareceu daqui de casa. Ele está aí? – questionou e observou Sting entrar no quarto.
- Sim, acabou de chegar. – o amigo concordou e a loira cerrou os olhos. Haviam se preocupado sem motivo.
- Ele desapareceu daqui e nós ficamos loucos procurando por ele. – Resmungou. Estava aliviada, mas também irritada.
- Pergunta se aconteceu alguma coisa. – Sting pediu e ela fez um sinal positivo.
- Teve algum motivo para a desconsideração repentina dele? – deixou claro que estava magoada com o que o lutador havia feito.
- Ele não contou para vocês? – Gray pareceu estranhar. – O Natsu, ele acordou. – a animação que surgiu na voz era grande.
- Não! – arregalou os olhos e sorriu. – Graças a Deus! – olhou para Sting sorrindo. – Como ele está? – a felicidade era tanta.
- Bem, um pouco fraco, mas falando. – explicou também feliz.
- A gente vai para aí! – garantiu sorrindo.
- Vem mesmo, o idiota já perguntou de vocês. É só isso que ele faz, perguntas. – Gray poderia estar reclamando, mas a alegria era tanta que quase não deixava isso transparecer.
- Daqui a pouco estamos aí. – o sorriso dela era tão grande que poderia rasgar suas bochechas.
Após uma breve despedida de Gray. Colocou o telefone no gancho. Queria fazer uma oração agradecendo a qualquer ser divino. À vida e até mesmo à natureza. Natsu estava vivo e bem. Não tinha como algo ficar melhor.
- E então? – Sting a encarava sem expressão, apenas um pouco curioso.
- Estava falando com o Gray e adivinha! – sorriu abraçando o namorado. – O Gajeel saiu daqui como um louco, porque o Natsu acaba de acordar, isso não é o máximo? – apertou demais o loiro contra sim.
- É. – foi a única coisa que saiu dos lábios dele.
E foi o suficiente para fazer com que o corpo de Lucy gelasse.
Sting não retribuía o abraço, por isso foi fácil se afastar dele. Parecia mais frio do que nunca.
Por um momento, atrás do loiro, ela conseguiu ver o corpo sem vida do pai balançando e como de manhã, ouvia de longe uma risada. A felicidade é uma ilusão não condizente com a realidade, novamente a frase veio em sua cabeça.
- Sting? – questionou sem entender.
Como resposta recebeu apenas os olhos sem vida e desanimados do namorado. Não havia nenhuma felicidade pela melhora no estado do irmão, pelo contrário. Era como se Sting estivesse insatisfeito com isso.
Engoliu seco enquanto o encarava.
- Vou trocar de roupa para que a gente possa sair. – murmurou e então o deu as costas.
Era assim que trataria tudo. Assim como tratava o desconforto em relação ao sentimento que o loiro sentia. Iria ignorar.
Assim como ignorou no dia inteiro a sensação ruim em seu peito, assim como ignorava o som da risada de seu pai que insistia em ouvir enquanto procurava sua roupa. Lucy iria ignorar e tudo daria certo.
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