Ainda estava escuro. Foi a primeira coisa que Lucy notou, então a garganta doente e foi o suficiente para se lembrar, estava sendo estrangulada por Erza. Deixou o ar entrar e se levantou de imediato, mesmo que isso tivesse lhe causado dores em todo o corpo.
- Calma. – Quem estava na sua frente era um desconhecido. Ou melhor, uma desconhecida. Rosto magro, pele extremamente enrugada e fios ralos e entre o ruivo e o branco. Os olhos avermelhados e escuros a encaravam um pouco assustados.
- Quem é você? – Abaixo de si, o chão era de metal frio, estava com outras roupas, velhas demais. Uma camiseta larga apenas. – Minhas roupas. – Se afastou da velha e bateu em alguém.
- Lucy, fique quieta. – Reconheceu a voz e por isso se virou na direção contrária.
Erza, a amiga que havia tentado lhe estrangular.
- Você – Sentia as mãos da ruiva sobre seu pescoço ainda e mais do que dor, o que sentia a magoa de traição, nunca pensou que a amiga faria algo assim. Então notou, no pescoço da ruiva havia algo também, não marcas, mas metal. Olhou para cima. Correntes que ligavam a argolas de metal. Tira essa que estava em barras também metálicas.
Era uma prisão?! O coração pareceu congelar e o pavor foi tão forte que teve gosto, amargo.
Olhou em volta e quase três dezenas de rostos desconhecidos surgiam. Todos presos pelo pescoço a barras metálicas e com uma característica em comum, o nada. Era assustador olhar para as pessoas que estavam ali, o que surgia em seus rostos, era a completa falta de esperança, estavam tão mortos quanto os infectados. Dizem que a esperança é a última que morre, mas ela, claramente não estava mais presente naquelas pessoas.
- Fique calma que vamos te deixar a par de tudo que aconteceu. – Novamente era a velha quem falava. Lucy não a encarou, os olhos estavam em Natsu. Um pouco mais distante e próximo a Gray, os dois pareciam dormir sentados. Ambos apenas com calças, o moreno tinha hematomas por todo o corpo, principalmente no rosto, mas Natsu parecia pior, tinha uma parte da calça jeans rasgada e amarrada em volta da panturrilha da perna direita, o que surgia do restante da perna estava roxa e machucada, assim como o ombro que parecia até desproporcional ao corpo, ali, era possível ver um buraco, não parecia limpo, não parecia estar.
- Onde estamos? – Mesmo tendo a estrangulado, Erza ainda era o seu ponto de segurança, ainda assim, sua voz apavorada, saiu em um sussurro.
- Presas. – Era a velha quem respondia, como se Erza se recusasse a falar tal coisa. – Foram pegas pelos expedicionários e trazidas. – Lucy obviamente não entendeu. – Eles são sobreviventes, montaram um lugar para continuarem a sobreviver.
- Estão montando. – Uma garota avisou, aproximadamente quinze anos e de cabelos brancos cacheado que desciam até o meio das costas, a pele alva e olhos grandes cinzas. Mesmo sendo albina, ficavam claros seus traços negros e apesar da sujeira, parecia bonita.
- Isso, ainda estão montando. – A velha concordou.
- E por que estou presa? – Novamente a atenção estava em Erza.
- Porque nós somos mercadoria. – A ruiva olhava tudo com tanta raiva. Lucy não entendeu, definitivamente isso não fazia sentido. Como assim mercadoria? – Escravos, Lucy, escravos! – Agora sim, a palavra ela entendeu.
Entendeu, mas não compreendeu.
Sabia o significado de escravo, havia estudado tudo a respeito na escola e fora também, afinal, estudar era uma de suas principais atividades, não era a mais inteligente da cidade apenas por ter nascido assim. Queria sempre as melhores notas para impressionar o pai. Então ela tinha conhecimento de toda a história, não apenas a brasileira, como também de grande parte do mundo.
Só não sabia como isso, escravidão, se adaptava ao século 21 em um mundo destruído e cheio de infectados. Não seria esse o momento em que a humanidade deveria se unir?
Ainda assim, observando a situação. Aquilo se assemelhava tanto a uma senzala. Ou chegava próximo a isso. Pouco a pouco a informação havia de fato se adaptado a situação e o desespero começou a surgir a partir da primeira constatação. Só poderia ser um pesadelo, um terrível pesadelo. Ela estava bem, estava com Sting em uma briga e...
- O Sting, ele – Olhou para a ruiva.
- Está melhor do que todos nós. – A velha se manifestou e ela franziu a testa, sendo acompanhada de Erza em uma risada exageradamente amarga.
- Está vivo e quase bem. – A amiga parecia não querer falar sobre o assunto. Vivo, a palavra se tornou um acalento para ela.
- Natsu, como ele está? – Não parecia bem e não fosse o fato de ser o único dormindo, parecer precisar de dormir, ela já teria ido até ele.
- O ruivo? – Era fácil saber, já que Lucy prestava atenção nele a cada segundo. –Vai se recuperar, os tiros foram em lugares que consegui tirar as balas. – A velha afirmou. – Logo ele vai estar pronto para a venda. – Venda? Eram informações demais para Lucy compreender.
- Calma! – Pediu respirando fundo. – Devagar, eu não ‘tô conseguindo acompanhar nada! – Estava desesperada e aliviada ao mesmo tempo, os dois sentimentos em nada a ajudavam a compreender.
- Quando paramos no posto e vocês entraram, eles surgiram. – Erza parecia sentir mais raiva a cada segundo. – Com armas e nos rendendo, não havia o quê ser feito, Natsu mal se aguentava de pé e fomos pegos de surpresa. – Estava explicando o motivo de não ter reagido, mas a explicação parecia mais para si mesma do que para Lucy. – Esperava que eles fossem logo e assim, ao menos você e o Sting, eles não os veriam, mas vocês saíram da loja e – Respirou fundo. – Aconteceu tudo aquilo com ambos e depois aquele homem louco. – Olhou para a velha.
- Jackal, ele é um grande problema, mas o menor deles, podem apostar. Estão impactadas ainda. – Colocou a mão no ombro de Lucy a dando apoio, de alguma forma, Lucy preferia que ela se afastasse.
Não queria o contato, não queria aquela realidade.
- Isso, quando o que quer que tivesse ocorrendo lá acabou e você foi apagada, a besta do Natsu correu até vocês e foi atingido. Por sorte, eles acharam que éramos interessantes para qualquer se seja a merda de razão e não o mataram. – Levou a mão até o rosto, limpava lágrimas finas e quase imperceptíveis, a força que usou para fazer isso, deixava o ato mais parecer uma agressão. – Então nos trouxeram para cá.
- Você me – Levou a mão até a garganta.
- Sim, desculpe – E agora o arrependimento realmente se mostrava presente na ruiva. – Era isso ou algo pior poderia acontecer. – Não fazia sentido para Lucy, nada fazia, mas quase a matar? O que seria pior que isso? – O Jackal não iria fazer nada com você se estivesse desmaiada, só que acordou e não parava quieta, eles já estavam vindo, eu tinha que te deixar quieta ou – É, ela se lembrava do homem, da língua em seu pescoço, sabia o que aconteceria. Entendeu o que poderia ser pior, do que a amiga quis a livrar. – Por fazer isso, por te deixar desmaiada ele – Levou a mão ao rosto. – Meu Deus, o Sting! – Agora sim, o choro era alto.
- O quê? – Olhou em volta assustada. Onde estava o loiro, sabia que estava vivo, mas onde? Precisava vê-lo. O desespero quase impedia o ar de entrar, como se tivesse tomado a imagem de um ser vivo e a estrangulasse novamente.
- Não se preocupe. – Novamente a velha parecia calma, tão calma que Lucy quis bater com a cara dela nas grades, dar um choque de realidade. Não tinha como estar calma ali! Ela não entendia?! – Ele está bem melhor que vocês, a capitã Brian parece ter se apaixonado por ele. – Quem? Paixão? As coisas pareciam rápidas demais para Lucy acompanhar. – Ela o deixou na tenda dela, eu estou cuidando dele. Ele vai sobreviver. – Os olhos eram cheios de compaixão, não só para ela, quanto para Erza. A mulher as puxou para um abraço maternal, o mal cheiro de sujeira e odores corporais a invadiu. – É o momento de começarem a se preocupar consigo mesmas. – Se afastou e encarou ambas. – As mulheres não sobrevivem muito tempo aqui.
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A velha se chamava Polyushka, ou apenas Polly, como gostava de ser chamada. Era uma enfermeira aposentada e embora a garotinha, Touka, a chamasse de vó, não tinham nenhum parentesco sanguíneo. Ainda assim, experimentavam uma relação bem parecida com isso.
Polly também era a única que não ficava de fato presa. Não só pela idade avançada demais, mas também por ser a única com conhecimentos médicos. Ela ajudava todo o lugar, escravos ou não e tinha alguns benefícios para ela e para Touka, mas Touka ainda permanecia acorrentada. Reclamava que achava não ser mais capaz de andar. Não caminhava há quase três semanas, mas quando questionada o motivo, ela apenas dizia que preferia perder as pernas.
Lucy notou que a adolescente tinha certeza em suas palavras, o medo chocante vinha aos olhos.
Entender todo o esquema do lugar onde estavam, demorou mais um pouco. O fato de estar livre ajudou, pois ela pôde caminhar pela cela e observar em volta. Era um local aberto e de gramado. Cercado por algo estanho e tendas que pareciam estar tomando forma.
- Eles usam os escravos aqui para que possam fazer o trabalho pesado. – Polly havia a explicado quando Lucy notou as tendas que haviam começado a ter madeira e tomar forma de uma casa. – Isso e a plantação que iniciaram, planejam algo muito maior. – Pela forma que tudo ocorria, Lucy notava que sim. Planejavam algo ali, mas tinha medo do que surgiria dali.
- O que é isso? – A construção maior e mais forte se seguia logo à frente da cela deles.
- A casa do pastor, não fique olhando, vamos ficar o mais longe possível.
Com isso, a atenção de Lucy mudou para a parte detrás da cela, onde havia uma porta, ou algo semelhante a isso. Metálico e pesado, mas não parecia bem fixado. Um dos prisioneiros próximo a porta, a explicou que tentar fugir não era opção.
- Não se passa pelos arredores. – Completamente sem esperança ele nem mesmo erguia os olhos. – E eles têm castigos grandes para quem tenta fugir. – Ergueu a mão com apenas três dedos. – Eu tinha os cinco quando cheguei aqui, tive medo de ir, mas meu amigo tentou fugir, me associaram a ele, sabe como é. – E moveu os ombros, como se fosse natural. – Agora ele é a cerca, acho que está melhor agora.
E só então Lucy notou que a cerca não era apenas uma cerca.
Uma estrutura por vezes de metal e por vezes de madeira, de aproximadamente dois metros de altura e então os infectados eram presos. Não muito diferente dos escravos ainda vivos. Talvez por conseguirem ficar sentados, Lucy conseguia se considerar mais sortuda que os infectados da cerca, mas não era um tratamento tão melhor. Servindo como certa, os infectados estavam fixados pelo corpo de forma arcaica, mas firme o suficiente para que não saíssem e então, presos aos corpos que estavam sempre tentando se mover, atrás de carne, haviam outros. Geralmente cortados ao meio. Apenas o tronco com os dentes e os braços se movendo sem parar.
Eram fixados por cordas ao corpo, geralmente quadril, dos demais. Uma coisa asquerosa e desumana de tantas formas que Lucy desviou o olhar assim que compreendeu o que era.
- Isso é por toda a cerca? – Ela havia questionado horrorizada. Como poderiam fazer isso com corpos humanos? Independentemente do que haviam se tornado, tudo parecia desrespeitoso demais. Matar, não sabia se era certo, mas talvez fosse o melhor, era aceitável, mas isso?
- O cheiro afasta os outros da mesma espécie e os gemidos acabam disfarçando qualquer som, somos invisíveis aqui. – Polly encarava tudo com normalidade. Parecia tão gelada quanto a cerca. – Mas o portão de entrada é diferente, foi feito com os ossos. – A fala haviam feito Erza ter vomito e não era pela gravidez.
- Isso é terrível, eles foram humanos. – O pensamento alto fez a velha sorrir enquanto voltava ao seu lugar.
- Eles não acham que nós somos humanos, imagine esses pobres coitados.
Pollu estava explicando a lógica que seguiam, para isso precisou de uma explicação um pouco maior sobre o apocalipse, da bíblia, mas não parecia ter muito conhecimento a respeito. Um terceiro prisioneiro, o qual nem mesmo havia falado seu nome, como se tivesse se esquecido dele, tinha mais conhecimento e sempre a corrigia.
Mas Lucy ignorou tudo quando seu nome foi chamado.
- Natsu. – Murmurou engatinhando até ele. Só andava assim, Polly havia explicado que era bom não chamar atenção ficando de pé, assim que notassem que ela estava acordada, a prenderiam nas correntes. – Como está? – Avaliando os ferimentos, não parecia bem. – Por que saiu correndo? – O ombro estava tão roxo e inchado.
- É um idiota. – Gray foi quem respondeu e Lucy não se evitou o abraçar. Era provavelmente a primeira vez que respirava de forma mais leve ali. – Vou te passar minha calça. – Avisou quando ela se afastou.
- O quê? – Só ela que não entendia, Natsu parecia compreender, como se já tivessem conversado sobre isso.
- Está com pouca roupa. – O ruivo explicou. A mão se ergueu para o pescoço dela, o maior machucado, embora a cabeça doesse mais.
- Erza falou que iria salvar minha vida. – Os dedos dele eram delicados e carinhosos, ela acabou se aproximando mais e movendo o rosto, como um gato atrás de afagos do dono e fechou os olhos.
- Provavelmente. – Ele concordou a puxando para perto de si e abraçando. – Vou dar um jeito nisso, não sei qual. – Sussurrou. – Mas não vamos ficar aqui. – Era uma promessa, mas após algumas horas de terror, onde começou a conhecer o lugar, ela tinha mais medo do que confiança.
- Natsu – Ainda com os braços dele em torno de seu corpo, o encarou. – Não vá fazer nada imprudente! – Estava quase implorando antes de se afastar.
- Claro que não, também ouvimos as histórias. – Gray concordou a erguendo a calça, ficaria apenas de cueca, ela pensou em negar, mas a forma que ele a encarava, não teria chances. Ao tentar pegar a peça de roupa, ele a puxou para outro abraço. – Mas não podemos ficar aqui. – Sussurrou e Lucy compreendeu o motivo dos abraços, não eram de carinho, mas para que conseguissem se comunicar sem que os demais ouvissem. – Vamos salvar o Sting e dar o fora daqui. – Garantiu lhe sorrindo, o primeiro sorriso que havia visto desde que acordou.
Olhar para Gray e Natsu a fazia ter um pouco mais de força, de alguma forma, fazia.
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Lucy observou o acampamento enquanto as mãos alisavam a gargantilha metálica em seu pescoço. Uma casa principal à frente e então quatro fileiras de barracas. Não era algo pequeno, mas o tamanho considerado com sua mansão, deveria ser risório. Não tinha mais do que vinte casas e ela começava a pensar que o número de prisioneiros fosse maior ou equivalente ao de “moradores”.
- É uma comunidade religiosa o que temos aqui. – Um dos prisioneiros comentou ao notar seu interesse. Ela havia sido presa longe de Erza e os demais amigos. Na extremidade oposta e sabia que os demais prisioneiros não gostavam de conversas altas, chamava a atenção dos carcereiros, então não conseguia se comunicar com eles. – Acreditam que não existe alma dentro dos mortos, que foram arrebatados. – Isso chamou a sua atenção.
Já tinha ouvido sobre o arrebatamento. Existia um filme sobre isso, tinha em casa um DVD.
- Religiosos, acham que o que fazem é em nome de Deus ou algum ser? – Murmurou incrédula, os humanos eram surpreendentes.
- Acham. – O homem concordou rindo. Tinha olhos castanhos e aproximadamente trinta anos, não era realmente bonito, mas o sorriso se destacava. – Sentem como se nós, os ímpios não fossemos nada e eles, uma sociedade cristã, que após observarem que estavam errados, se redimiram, têm mais direito.
- Isso não tem sentido. – Fez um sinal negativo.
- Para quem quer tenha, tem. – Moveu os ombros e contra esse argumento, ela não tinha nenhuma replica.
- O Maccao é professor de português. – Uma mulher, a única além da menina e da velha, comentou. Acima do peso e sem alguns dentes, na frente apenas um na parte de cima e um na de baixo.
- Se eu te der uma frase e der a mesma para todos aqui dentro, como estão desesperados, as interpretações serão inúmeras. – O homem concordou com a mulher, era professor. – Imagine uma bíblia, eles encontraram a oportunidade perfeita para serem cruéis e se sentirem superiores e usam as escrituras como desculpa. – Parecia revoltado, talvez fosse religioso antes, talvez estivesse só irritado com o problema enorme que surgia apenas por falta de interpretação, Lucy nunca saberia.
- Querem se preparar para uma guerra. – Novamente a mulher participava da conversa. Apontou para a casa com maior construção. – Sou cozinheira na casa do pastor, lá tem mais armas do que bíblias ou fé. – E assim, Lucy sabia onde estava o seu arsenal.
- Uma guerra contra quem? – Questionou incrédula. – Parecem se dar bem com os corpos sem alma. – Se lembrava da cerca.
- Se dão bem com tudo de ruim que assola esse mundo. – A mulher riu, como se fosse divertida a contradição dos seus donos. – Acredito que seja contra o governo, a sede. – Olhou para o homem que concordou.
- Provavelmente, estão pegando pessoas no entorno. – Não tinha muita certeza.
- Sede? – Não entendia do que estavam falando. Eram informações demais o tempo todo.
- Vocês não sabem de nada, onde estavam esse tempo todo? – A mulher questionou rindo, mas então, olhou em volta avaliando Erza, Gray e Natsu. – É uma pergunta séria. – Murmurou para si mesma. – Os quatro são bonitos, bem cuidados, nem parecem ter vivido nesse mundo. – Olhou para o Professor, quem concordou. Lucy apenas pensava que eles tinham sim, mudado muito.
- Mas estávamos. – Embora o mundo dela não contasse com humanos assassinos, o problema eram apenas os infectados.
- A Sede é o único ponto seguro no país. – Maccao começou a falar. A forma que explicava fez com que Lucy se lembrasse de alguns dos seus professores do ensino médio.
- Dizem que tem uma na Amazônia, no meio da floresta. – A mulher parecia pensativa. – Faz sentido, ouvi dizer que os índios lá eram canibais, estavam preparados antes de nós.
- Deixe de falar merda! – O professor bufou, Lucy estava quase falando o mesmo. – Existe um lugar seguro, mas só se pode entrar nele se os militares permitirem, ninguém sabe ao certo onde é. – Voltou a atenção para a loira. – Todos que eu conheço, os sobreviventes ao menos, estão atrás disso, desta chance. Qualquer um que você perguntar aqui, foi capturado por estarem procurando por eles. – Apontou com o rosto para toda a cela.
- Estávamos indo para lá. – Ela concordou.
- É, esses birutas sabem disso também. – Ele explicou e ela compreendeu, era tudo uma emboscada o que faziam, nunca tiveram chance, porque nunca pensaram que existiria uma armadinha para humanos feita por humanos. – Os expedicionários querem isso. – Completou.
- Expedicionários são as pessoas que me pegaram. – Confirmou, mas sabia que sim.
A “sociedade” deles era baseada em três classes de pessoas. Os líderes religiosos, os trabalhadores e os expedicionários. O primeiro grupo era endeusado pelos dois restantes, diziam ser evoluídos e que haviam ficado apenas para ajudar os demais a cumprirem os designíos, o segundo consistia em quem trazia mais comida e agora estrutura, haviam feio uma plantação que já começava a dar frutos e controlavam as construções, havia engenheiros, arquitetos, pessoas inteligentes que não demonstravam sua inteligência ao seguir pessoas tão loucas, o terceiro grupo consistia em uma parte militar ou de loucos que conseguiam atirar. Briar era uma antiga tenente do exército e se tornara capitã e líder deles. Eram responsáveis pelos carcereiros. Os alimentos vindos de fora e a moradia deles eram garantidos pelos trabalhadores e em troca ofereciam escravos, alguns alimentos diferentes e proteção. Os líderes recebiam tudo apenas por ser quem eram, lideres superiores.
- Isso, mas sabe, logo vão morrer. – O Professor confidenciou. – Não podem ir contra a base militar, teve muito investimento e estavam preparados. Isso aqui, devem saber que ocorre e riem da nossa cara.
- Eu gosto de rir da cara deles. – A mulher parecia se divertir.
- Mesmo na nossa situação? – Lucy não entendia.
- Oras, se chorarmos vai ter alguma diferença? – Ela parecia não entender o pensamento da menina. – Veja bem, você não acha engraçado? Eles têm tanta certeza de estarem seguindo Deus, gosto de rir ao pensar na expressão deles quando descobrirem que estão garantido uma vaga levando vara do diabo pela eternidade. – Levou a mão até a boca e tampou o sorriso desdentado. – Eles podem ser o que quiserem aqui, mas não são imortais, isso vai acabar para eles. Ai, será só o começo.
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