— Estava linda. — Natsu admitiu e ela fez um sinal positivo. — Você na infância foi o motivo de gostar de loiras com roupas cor de rosa e só usava essa cor no acampamento, me irritava. — Isso a fez ficar surpresa.
— Por isso era tão grosso. — Murmurou e ele fez uma pequena careta.
— Entre outros motivos. — Maneou a cabeça e ela sabia, era o menor dos motivos.
— Fui de rosa de proposito, sabia que gostava. — Admitiu o fazendo abrir um sorriso. O mais bonito que conseguiria dar no momento, porque foi o primeiro natural e não forçado.
Ele estava se esforçando, conversando sobre assuntos que sabia que ela gostaria de saber, mesmo que para isso tivesse que parecer um idiota falando do seu passado e como se sentia. Parecendo animado e tranquilo, dando todo o apoio possível. Já tinha descrito toda a sua infância de garoto apaixonado, e então, floreado a adolescência, retirando a parte da raiva e deixando claro o interesse.
O passado era a única coisa boa que ela poderia pensar no momento, mas abismado, Natsu chegava a conclusão que não havia um passado tão bom para se lembrar, então se esforçava em cada detalhe bom que encontrava. Conseguiria o que sempre fez desde a infância, melhorar mesmo que minimamente, a forma que como Lucy se sentia.
Já Lucy, pouco se importava com as histórias em si. Sinceramente, não ligava para o que ele sentia antes. Não mudava nada no fim das contas, o que a deixava melhor era a tentativa dele e a preocupação, a forma como continuava presente, mesmo que a conhecesse melhor agora e tivesse a visto passar pelo que passou. Algo em sua mente gritava que era menos por isso, mas os gritos eram baixos quando Natsu mantinha uma conversa se esforçando para a ver bem.
Ele se importar, depois de Lucy já ter até mesmo desistido do relacionamento de ambos. Ela conseguir o que sempre quis, depois de ter certeza que nunca teria. Queria se fechar em seu mundinho e ficar ali para sempre.
Lucinda parecia cada vez mais longe.
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— Éramos péssimos em qualquer matéria. — Erza deixou bem claro. — Se bem que em português eu nunca tive tantos problemas. Não era uma Lucy gênio, mas — Moveu os ombros.
— Terceira vez que te chamam de gênio em menos de dez minutos de conversa. — A cozinheira lhe sorriu com a boca com poucos dentes. Lucy pensou que tinha menos do que da primeira vez que conversaram. Tinha certeza que havia ao menos um na frente e agora, só as laterais.
— Era a mais inteligente da cidade. — Explicou e os demais prisioneiros soltaram exclamações de surpresa a parabenizando e dizendo sobre o quão ainda se mostrava inteligente nas conversas.
Todos estavam se esforçando em manter o assunto mais leve desde que haviam voltado do trabalho, mas Lucy notava o medo de todos olhando em volta. Achavam que Jackal ou Tempester poderiam voltar a qualquer momento. Ela não queria pensar nisso, mas já tinha combinado com Erza o que fazer se ocorresse.
A ruiva tinha concordado em a estrangular até a morte se visse os homens se aproximarem. A cozinheira estava mais perto naquele dia pois desconfiava que a ruiva não conseguiria completar o serviço, se fosse o caso, o completaria.
Lucy estava agradecida a todos.
Seria apenas aquele dia de tensão, no dia seguinte ocorreria a venda e Polly estava certa sobre a compra de Lucy e Natsu. Ao que parecia a garotinha ter visto toda a cena que causou problemas para os Expedicionários. Levavam crianças a sério naquele lugar.
— Mais inteligente, mais rica e mais bonita. — Erza lembrou e Lucy rodou os olhos. Estavam a elogiando demais, já parecia um pouco de falsidade.
— Parece mesmo. — A voz de Polly se manifestou. Ela não estava na cela e sim do lado de fora. Ao seu lado um carcereiro diferente, mas que ninguém se importou, não era um dos homens de Tempester. — Lucy, preciso que me siga. — Ela entrou no lugar e ergueu a mão.
— Nem pense! — Natsu afastou a mão da mulher de imediato.
— Garoto, eu fui a primeira a tentar protege-la, sabe que não a levaria para nenhuma situação deplorável. — O tom estava sério e com a mão que não havia sido afastada, ela segurava a outra deixando claro que havia se assustado com a forma bruta de Natsu. Havia algo nele quanto a necessidade de proteger a mulher que o deixava quase perigoso. — Lucy. — Notando que o ruivo estava inflexível, tentou mudar a estratégia. Estava claro que Natsu concordaria com tudo que ela quisesse.
Por um segundo a loira não quis se mover, mas algo nos olhos de Polly a deixava parecer sincera e ao menos tempo doce. Muitos a olhavam com pena e compaixão, um olhar doce e ao mesmo tempo amargo. Polly não era diferente.
— Tudo bem — Concordou, o que causou uma reação dos demais. Ninguém concordava.
Com a mão unida a da mulher, desceu da cela. O meio das pernas era o que mais doía, mas os demais músculos também mostravam dor, assim como a cabeça. No momento que os pés bateram no chão e ela encarou a infectada sem braços, quis voltar correndo para Natsu e o ar faltou.
— Calma menina! — Pollyusica deu pequenos tapinhas em suas costas enquanto a guiava. Com um olhar fixo em Natsu e cheio de desespero, ela se afastou dele, que de pé parecia logo tentar abrir ou quebrar as grades. Como se ele já não tivesse quebrado os dedos das mãos tentando fazer isso durante... Não, ela não se lembraria. — Você está desenvolvendo uma dependência daquele garoto. — Foi a avaliação da velha ao notar que o desespero de Lucy aumentou no momento que não o viu mais. — Não estou te julgando, tudo bem, é uma reação natural e na situação, o máximo que pôde fazer. — Novamente as mãos em torno de si eram gentis. — Ele é do tipo que se possível, teria morrido antes de deixar algo ocorrer com você.
Sim, era uma característica de Natsu, ele morreria sem pensar duas vezes pelas pessoas, não apenas ela, mas os amigos e antes, pela família. Esse pensamento era assustador. Natsu não estar ali era mais que assustador.
Lucy nada respondeu enquanto caminhava pelo acampamento. Passou pela casa maior e observou o lugar. Tudo era tão precário, estava no início ainda. Poucas casas eram feitas de madeira realmente, apenas as primeiras. As pessoas a encaravam como se a sua presença a incomodasse.
— Quando voltarmos vai permitir que eu te limpe. — Polly estava com a voz dura e só então Lucy notou que as pernas ainda estavam sujas de sangue. Era esse o problema, não apenas tinha acontecido algo terrível no dia anterior, ela estava esfregando isso na cara de todos, era um incomodo para eles.
Não tinha como esquecer e fingir que nada tinha acontecido se a vissem assim, acabada e suja de sangue. Com esse pensamento e enquanto entrava em uma das primeiras casas, essa já de madeira na maior parte, chegou à conclusão que não iria se limpar. Queria que todos encarassem o que eram, não iria os permiti se esquecer do monstro que estavam se tornando.
— Pode ficar aí. — Pollyusica falou com o homem que as seguia.
A casa era escura, mesmo que ainda fosse dia, era apenas um cômodo e ela não soube identificar o piso, sabia que era diferente e liso. Ao fundo, próximo de uma abertura, aparelhos de cozinha ou o mais próximo disso que um fogão, um balde com água, talheres e um armário velho poderia ser. Um fio na parte superior com um lençol deixava claro que ele fazia as vezes de parede quando necessário. Então uma mesa com três cadeiras, nenhum dos três itens eram iguais, sendo que uma das cadeiras parecia ter sido feita pelos prisioneiros e a lateral tinha uma cama. Cama mesmo, nada arcaico, deveria ter sido trazido.
Sentado na cama estava Sting e a primeira coisa que ela notou foram os cortes no peito dele. Formavam seu nome e não pareciam cicatrizados, embora tivesse alguma erva já quase seca. Quando os olhos dele chegaram aos dela, ocorreu uma mistura de sentimentos, vergonha e surpresa.
Ao notar que na cama com ele estava Briar, Lucy soube o motivo da vergonha, ele estava se deitando com a mulher.
— Lucy. — Se ergueu e foi até ela, mas parou no meio do caminho, ambos os pés acorrentados o impediam de se aproximar demais. Então ele ficou ali, menos de dois metros dela e a forma que ele a encarou, como os olhos azuis deixavam sair os sentimentos ao avaliarem-na e chegar a conclusão do que tinha ocorrido.
Era uma faca lhe cortando a barriga e tirando a vida.
— Calma, garoto. — Polly pediu, mas não era como se ele pudesse ouvir.
— Melhor não se aproximar, está a assustando, meu amor. — E após as palavras de Briar, Sting arregalou os olhos e tremeu antes de cair no chão, onde continuou se debatendo por alguns momentos.
— Não, vai se machucar também. — Polly a segurou quando ela iria até ele, o loiro já babava quando parou desacordado. — Sabe que isso não é bom para o corpo dele, principalmente com os ferimentos. — Encarou Briar, que permanecia deitada na cama, com a roupa intima e um controle na mão. Lucy notou um dos pés de Sting estava queimado em volta da corrente. Carne viva e bolhas.
— Sei, mas ele é incorrigível. — Briar se sentou. Estava maquiada e bonita, mais do que quando a viu nas outras vezes, provavelmente Sting tinha alguma relação. — Me ajude a colocar ele novamente na cama. — Suspirou fundo e Polly se aproximou do loiro. Juntas, as duas o colocaram delicadamente sobre o colchão.
— Arrume outra forma de o controlar, vai acabar o matando. — Polly a advertiu se sentando próximo a ele e verificando seu pulso.
— Como ele está? — Não evitou se aproximar. Como a velha dizia que Sting estava melhor? Sua situação era tão ruim quanto a de qualquer outro, o tornozelo quase em carne viva e o peito com dificuldades em cicatrizar o deixava a mercê de uma psicopata.
— Vai sobreviver, ele sobreviveu ao adestramento de início. — Briar se ergueu, parecia incomodada com a presença de Lucy perto de Sting. Claro, acreditava que tinham um relacionamento. — Sente-se aí, Heartfilia. — A forma que falou o nome fez a loira ter certeza que a sua visita tinha algo com isso.
Após uma segunda olhada em Sting, acabou fazendo o que a mulher mandou. Para ela sobrou a cadeira feita pelos prisioneiros e quando se sentou teve medo de que caísse, mas aguentou bem. Conseguiu ficar de frente para Briar e observar a mulher fumando um cigarro.
Lembrou-se que apenas haviam parado naquele posto por causa daquilo. Nicotina. Tanto sofrimento por um cigarro.
— O quê? Você fuma? — Ela questionou sem entender.
— Não. — Balançou a cabeça e novamente olhou na direção de Sting, permanecia desacordado, mas como Polly não estava preocupada, pensava não ter nenhum problema.
— Vocês dois, são fofos. — Com o cigarro, Briar apontou para ela e então na direção do loiro. — Terminaram muito mal, neh? Ele me contou sobre como foi difícil. — Fez um sinal negativo. — Um conselho de alguém que está anos a sua frente. Se quer se aventurar pelos gominhos, mantenha esse tipo de homem na rédea curta, se puder ter um aparelho de choque, melhor ainda. Só assim para eles não quebrarem seu coração e eles vão fazer, porque homens assim, se sentem bem em saber que tem alguém sofrendo por eles. — Encarava o objeto. — Talvez te consiga um para o ruivo que está junto, um belo tipo também por sinal. Você tem bom gosto, garota! — A fala dela só a deixava mais grotesca aos olhos de Lucy.
De alguma forma ela sabia, Briar já estava atenta a um próximo eleito caso algo ocorresse com Sting. Só de pensar em algo assim, se enchia de ódio.
— Por que me chamou aqui? — Questionou, imaginava que não era para conselhos de relacionamento.
— Quero manter uma boa relação, oras! — Ergueu os ombros ossudos, magros, mas fortes. — Mulheres maduras não sentem ódio da outra só porque é a ex-namoradinha do seu homem. — O quanto que ela acreditava nisso, que Sting era dela, realmente, ninguém ali era são. — Até porque, somos cunhadas, não é mesmo? — A pergunta fez com que Lucy se questionasse o quanto Briar e Sting haviam conversado? Não era como se ele falasse disso com frequência.
— Quer ser — Murmurou devagar, não conseguia acompanhar tudo. — Minha amiga? — Por que ainda se surpreendia? Nada ali tinha sentido!
— O que mais eu iria querer ser da dona do único ponto de refugiados que presta existente na América do Sul? — Deixou um sorriso surgir. Lucy não mudou a expressão, apenas ergueu uma sobrancelha. Não poderia deixar que Briar soubesse que ela não tinha ideia do que estava falando.
— Pensei que achavam que era do anticristo. — Se lembrava do professor falando. De canto de olho, via que Polly parecia chocada com a revelação.
— Não sou uma devota louca e nem uma caipira desesperada. — Respirou fundo. — Sinceramente, essa é a forma de viver que a maioria conseguiu aqui, tem muita gente louca nesse lugar, que acredita nessa coisa de fim do mundo, mas a maioria? — Colocou ambos os antebraços sobre a mesa. — Se você está sozinho em um mundo destruído, com uma população que quer te comer vivo e consegue proteção e uma chance de sobreviver em nome de fingir adorar um religioso louco, o que você faz?! — Encarou fixamente Lucy, o suficiente para que a loira se perguntasse o que faria. — Bom, eu digo amém! — Deixou uma risada sair.
Não era como se Lucy conseguisse dizer que não faria o mesmo, dizer sim para a nova sociedade ou ser ímpio, como gostavam de chamar os demais. Não era uma escolha difícil, as coxas cheias de sangue deixavam isso claro.
— Ainda assim, me trouxe aqui. — Não conseguia parar de mexer e esfregar as pernas, estava nervosa e desconfortável. Queria sua cela, queria voltar para Natsu e ouvir assuntos desinteressantes.
— Sou tenente do exército, tenente Munhoz. — Soprou a fumaça no ar. — Não algo importante para fazer parte da festa de quem quer sobreviver, se me entende. — As expressões dela eram engraçadas, não fosse a situação, seria uma pessoa interessante de se conversar. Uma mulher, forte, espirituoso e decidida. Infelizmente apoiava pessoas loucas, o que poderia ser compreensível para a situação, mas Lucy jamais entenderia a tortura com Sting. — Esses idiotas todos veem aqui, achando que vão conseguir salvação dos militares. — Fez um sinal negativo. — Alguns conseguem, não sei o motivo, parecem precisar de pessoas algumas vezes ou quando abre vagas, o que eu duvido muito que seja. — Havia total descaso. — O fato é que a maioria morre tentando chamar a atenção deles, seja pela quantidade enorme dessas bestas que estão em volta, seja porque eles mesmos dão um jeito. Inútil e muito arriscado. — Fez um sinal negativo.
— Comigo, conseguiria entrar.
— Vejo que sua capacidade de raciocínio continua boa mesmo após o trauma. — Briar sorriu, não se importava muito com o trauma. — E com isso, posso presumir que você não considera ficar aqui uma opção. — Soltou a fumaça. — Nada que a Bisca queira vai importar, é uma mulher, elas não têm muita utilização além de dar prazer e talvez gerar filhos. — Maneou a cabeça. — Entende o que estou fazendo aqui — Se aproximou um pouco. — Heartfilia? — O nome foi dito devagar e com satisfação. Lucy não respondeu nada. Não sabia o que aquela conversa significaria futuramente e o que suas respostas causariam. — Estou te oferecendo meus serviços, a chance de salvar sua vida. — Havia um tom de emoção, como o de quem deseja criar um “clima” para as suas palavras. Dramático. — E como pagamento, quero uma vaga lá dentro. — O que ela pedia, Lucy nem mesmo sabia se poderia oferecer.
Ela não sabia nada da base que ao que parecia lhe pertencia.
— Eu... — Olhou na direção de Polly e Sting, queria um ponto de apoio, uma forma de conseguir tirar proveito da situação. Queria ser inteligente como sempre foi e resolver tudo como uma garota de negócios, mas encarar os olhos de Briar a dava apenas medo e a possibilidade de ser novamente vítima de Jackal.
Ela se lembrava de Erza prometendo a matar para impedir o pior.
A cozinheira que a cada dia perdia mais dentes próxima para garantir sua morte.
A executiva morta usada como cerca e sem braços.
Lucy queria correr e se esconder em Natsu. Por que ela estava ali? Não queria estar ali. Queria os batimentos dele.
— Entendo seu amor pelo loirinho, mas quanto mais peso mais dificuldades. — Briar havia interpretado de forma errônea o olhar de Lucy. A fala fez a garota cerrar os dentes. Nem mesmo havia pensado em Sting ou qualquer outro sendo salvo.
Só quis estar salva, não sentir medo e aproveitar a chance para fugir. Não imaginou o restante nessa fuga e quais as chances.
Que tipo de pessoa egoísta ela era? Se odiou, era um lixo de ser humano. Sabia que ela sumir e deixar alguém para trás era o mesmo que o condenar a tortura, se lembrava do homem sem dedos, ele havia ficado e se comportado.
Mas isso não importava, não era mesmo?
— Como iria ocorrer? — Questionou apenas, a voz mais imparcial do que todo o turbilhão que ocorria em seu interior, no fundo de sua mente. Briar sorriu em concordância com a forma que Lucy agia, o egoísmo do sobrevivente. Como se colocar desta forma fosse menos cruel.
— Não posso te passar detalhes, você não me é tão confiável, desculpe por falar isso na sua frente de forma tão grosseira. — Moveu a mão como se não se importasse. — Irei preparar tudo apenas, como disse, a volta do local é rodeada por essas bestas, não podemos apenas chegar lá e pronto.
— Quanto tempo eu tenho? — Quanto tempo Jackal a daria. Não passaria por aquilo novamente.
— Relaxa, um pouco de tempo, o suficiente. — Extremamente vaga de novo. Lucy se moveu incomodada na cadeira desconfortável. Não saber de nada e ficar à mercê desta forma era tão desconfortável. — E só para te avisar, é bom não tentar achar outra pessoa para te ajudar, esse povo pensa merda — Riu se referindo ao restante. — Dependendo de com quem falar, vai acabar queimada como a filha do anticristo, ou o próprio anticristo que veio para tentá-los. — E ela sabia, Briar não estava exagerando tanto.
A lógica não fazia sentido ali.
Não respondeu nada. Não tinha muito o que falar. Briar tagarelou por mais um tempo, coisas sem sentido ou razão logica, mas Lucy não se importou. Apenas deu conta do que estava ocorrendo quando saia do casebre de madeira e sentia o ar da noite em seus pulmões. Ali nunca tinha um ar agradável, o cheiro de carniça, sujeira e sangue estava sempre presente, mesmo com o ar frio, estavam presos em um inferno, até os que não eram escravos.
Era isso ou a morte e como dissera Briar, o ser humano fazia tudo para sobreviver. Ela era culpada por isso? Por querer sobreviver?
— Você não escolheu errado. — Polly colocou as mãos em seus ombros. — Se não aceitasse por bem, ela te tiraria daqui a força e levaria, não conhece a Briar. Você não tem nenhuma opção além de abandona-los. — Tentava passar tranquilidade.
Lucy moveu a cabeça em concordância. Mas discordava, sempre existia opção, só que algumas eram mais duras e o ser humano acabava escolhendo o caminho mais fácil. Os que não acreditavam na religião poderiam escolher tentar viver por si mesmos e não participarem da barbárie, ela poderia escolher lutar de alguma forma, mesmo que terminasse morta.
Sempre escolhia opções.
Só que as escolhas optadas sempre eram as que causavam menos estragos, estragos para o que teve que realizar o ato. No momento, ela passava pelo que a maioria dos habitantes daquele acampamento havia passado. O que escolheria? Sua vida e integridade ou sua moral?
Ela só poderia escolher uma das opções, mas não poderia dizer que não tinha escolha.
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