Entro no quarto e Audrey já está vestida.
- o que ele disse? – ela diz passando a mão no cabelo, coisa que faz sempre que está irritada.
- Disse pra gente ir lá no depósito agora. Ou a Emma morre. – completo baixinho.
- mas que merda! Quando a gente vai ter paz? – ela pega a bolsa e me puxa pelo braço. Nossa, ela está realmente irritada.
- calma Audrey! – solto dela e me afasto. - calma? Calma, porra? Sua prima foi sequestrada e você me pede calma? – ela tá praticamente gritando.
- PARA DE DESCONTAR EM MIM CARALHO! – grito também, meus olhos se enchendo de lágrimas. Ela arregala os olhos.
- aí meu deus, me perdoa! – ela se aproxima e me abraça. – me desculpa... eu...– ela limpa algumas lágrimas. – você é quem eu menos quero fazer chorar!
Balanço a cabeça e saio sem responder. Entro no carro e coloco minha touca, e Audrey entra. Vou quieta e nervosa o resto do trajeto.
Quando chegamos lá, vemos o carro de Eli encostado.
- vou entrar pela frente, você vai pelos fundos. – digo e ela concorda.
Entro devagar e novamente aquela cena. O depósito está escuro, e eu me sinto como se estivesse em Phoenix. Olho pra um canto e vejo Emma sentada. Eli não está aqui. Se está, ele não quer aparecer.
- Emma? Emma? – chamo, mas ela não responde.
- ela levou uma pancada forte quando tentou fugir. –Eli aparece e dá de ombros. – acho que temos alguma coisa errada. – ele olha em volta. – Opa, ela tentou entrar pelos fundos... Agora que eu me lembrei. – ele ri e então vai no lugar de onde veio e puxa o corpo de Audrey. Um desespero enorme me toma, uma vontade de matar ele, impedir ele de tocar no meu amor. Mas eu não consigo sair do lugar. – Amarre ela ali. Não tente nada. Lembre se do que acontece se tentar alguma coisa.
Ele joga o corpo de Audrey no chão perto de mim.
- anda, piranha!
- acho engraçado você, Eli. – digo enquanto pego Audrey pelo braço e tento colocar ela na cadeira. – você diz que me ama e tal, mas fica me tratando assim. Por quê? – termino de amarrar Audrey e olho fixamente pra ele. – Nós poderíamos ser tão felizes se você tivesse sido um pouco mais insistente! – me aproximo dele e toco seu rosto, tentando ganhar sua confiança. Ele para de respirar e abaixa a cabeça.
- você me rejeitou muitas vezes.
- eu era difícil. Só isso. – tento sorrir. – deixe a Audrey viva.
- Tá brincando? Você ainda é! Mas agora nós podemos ficar juntos! – ele sorri. – nós só temos que nos livrar delas. Não posso deixar a Audrey viva. Ela seria um risco pra nós. Você tem que matar ela. Se quiser, eu mesmo o faço. – ela toca meu peito e eu volto um passo para trás automaticamente. Ele me olha e ergue uma sobrancelha.
- tenho que me acostumar, desculpa. – dou um passo pra frente e coloco (com muito esforço e raiva) a mão dele no meu seio. Ele sorri e aperta. Sinto nojo mas aguento o teatrinho.
- sempre me imaginei fazendo isso. – ele se aproxima e me beija. Se não fossem as circunstâncias, eu teria gostado do beijo dele. Quando me afasto, ele me dá uma pistola.
- atire na Emma.
Olho nervosa dele pra ela, e balanço a cabeça.
- desculpa, não consigo. – meus olhos se enchendo de lágrimas.
Ele acaricia meu rosto, e eu quase volto pra trás novamente.
- tudo bem. – e do nada, ele dá três tiros em Emma. Eu tento impedir mas ele me joga de um lado. – não tente interferir já que não consegue cumprir o trabalho! – ele grita. A barriga de Emma começa a sangrar, e logo sua camiseta está cheia de sangue. Grito e choro.
- cala a boca, porra! Lembre-se que Audrey não sabe que você é assim.
- por que matar a Emma? – pergunto em meio aos soluços.
- Uma testemunha a menos. – ele dá de ombros. – Sua namorada tá acordando. – ele aponta pra Audrey. Tento parar de chorar. É impossível! Emma era importante para mim! Minha amiga quando ninguém mais queria ser... engulo o choro. Audrey acorda desnorteada, e quando me vê ao lado de Eli, fica chocada e boquiaberta.
- sua vagabunda. – ela murmura.
Meus olhos começam a lacrimejar de novo, e eu balanço a cabeça. Ela não sabe de nada, tem todo o direito de me xingar.
- desculpe, Audrey.
Eli ri.
- parece que hoje em dia ninguém mais é confiável. – ele me agarra e me beija sem a minha vontade. – ela é minha cúmplice, sabia? – ele sorri pra Auds. Ela olha pra mim com uma cara de ódio. Quando Eli vai pra um canto, aproveito a chance e pisco para Audrey, ela conhece essa técnica, que eu usava pra poder mentir pra tia Maggie às vezes. Pelo sorriso discreto dela, vejo que entendeu. Ela sabe que estou armando.
- portanto, a sua namoradinha aqui, vai te matar Audrey! Eu ensinei ela muito bem! – ele se gaba de si mesmo. Quando ele me entrega a arma, eu aponto para Audrey.
- Foi um prazer iludir você, Audrey Jensen. Eu nunca amei você. – rio forçadamente e Eli também ri. Vejo que é isso que ele quer. Então entro no jogo dele. – Quando Eli me disse que eu teria que mentir que era lésbica, e ficar com você, sinceramente, eu pensei muito a respeito. Foi extremamente necessário planejar tudo. Ser cuidadosa, uma boa atriz. Tudo. – seguro o choro. Eu sei que o que estou falando não e verdade, mas mesmo assim dói.
- ela é uma ótima atriz. Agora vamos parar de papo. Sua amiga aí já morreu. – ele aponta pra Emma, e vejo que Auds ainda não tinha percebido o sangue na camiseta da Emma. Seus olhos marejam e ela chora. Algumas lágrimas teimosas descem no meu rosto.
- parem de baboseira. Anda logo. – Eli me aproxima de Audrey. – Atire. Ou eu mesmo vou atirar.
Olho pra Audrey nervosa mas confiante do que vou fazer. Ela diz um “eu te amo” sem som, seus olhos se enchendo de lagrimas. Nós não sabíamos que aquele seria o último “eu te amo”. Pelo menos dito por mim.
Aponto para Audrey e destravo a arma. Num movimento rápido, dou uma cotovelada em Eli, derrubando ele no chão. Ele se levanta rapidamente e me derruba, me dando chutes na barriga, costas e costela. Com a visão embaçada pelas lágrimas, aponto pra ele e atiro. Ele cai no chão. Deixo a arma e vou correndo até Audrey, que está gritando desesperadamente. Tento soltar ela, mas eu estou meio fraca, Eli desferiu 4 chutes no meu estômago. Quando estou quase soltando, ouço Audrey gritar “cuidado”, mas até eu me virar e me defender, sou atingida na cabeça por uma coronhada. Sinto uma dor alucinante, e minha visão escurece. Só consigo ouvir um barulho de tiro novamente. Audrey! Não!
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